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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Secos e Molhados - "Secos e Molhados" (1973)


"Foi meu jardim da infância,
um jardim da infância bem
barra pesada (risos).
Enfrentamos o Brasil,
o governo, a polícia,
era transgressão pura."
Ney Matogrosso



Eles foram, assim, uma espécie de mistura de New York Dolls, com Kiss, com David Bowie pelo caráter teatral, pela maquiagem, pela androginia, pela sensualidade, mas no que diz respeito à música, extremamente originais e vanguardistas na proposta, compondo uma sonoridade de influências múltiplas sem abrir mão, no entanto, da brasilidade e das raízes da cultura nacional.
Os Secos e Molhados estreavam em disco em 1973 com um trabalho recheado de ritmos variados, exotismo, lendas, folclore, poesia, psicodelia e rock'n roll. Um grupo de maquiagens exageradas, figurinos extravagantes, performances impressionantes que trazia à frente o expressivo vocalista Ney Matogrosso, um tipo exótico, provocante, cheio de requebrados, trejeitos tresloucados, de atuação singular e interpretações vocais marcantes e impecáveis. Ney chamava mais a atenção por todos os atributos enumerados, mas sua retaguarda, com os músicos Gérson Conrad, Marcelo Frias (que não permaneceu na banda) e João Ricardo, o principal letrista e compositor da banda, eram a garantia de uma sustentação perfeita além de composições precisas, inspiradas e geniais.
O clássico "Sangue Latino", cuja base marcante veio a ser utilizada, tempos depois pelos Titãs na introdução da música "Eu Não Aguento", abre o disco e, como supõe o nome, é cheia de latinidade, numa toada lenta e insinuante, com uma interpretação notável e irreparável de Ney Matogrosso. A segue outro clássico: "O Vira", ilustrado por magias, lendas e personagens fantásticos, e que mesmo com toda a evidente influência do ritmo português que lhe dá o nome, é um rock guitarrado, pesado e cheio de vitalidade.
"O Patrão nosso de Cada Dia" que vem na sequência é uma balada com ares barrocos mais uma vez com o talento de Ney extrapolando os limites; seguem a ótima "Amor", um soul-rock que muita banda por aí sonha em conseguir fazer; o blues psicodélico "Primavera nos Dentes", de belíssima introdução de piano; o rock'n roll bem percussionado de "Assim Assado"; o free jazz acelerado de "Mulher Barriguda"; e "El Rey" de Gérson Conrad (em parceria com João Ricardo, é claro) , uma curta vinheta de belíssimo trabalho de violões.
"Rosa de Hiroshima" uma balada lamentosa, cuja beleza contrasta com o pessimismo da poesia de Vinícius de Morais é outro clássico em mais uma interpretação absurda de Ney nos vocais.
Depois vem a boa, porém comum, "Prece Cósmica"; "Rondó do Capitão", adaptação do poema de Manuel Bandeira; "As Andorinhas", que assim como "O Vira" também remete à música portuguesa; e o fecha o disco de maneira magnífica com "Fala", em mais um show particular de Ney Matogrosso.
Um marco da música nacional! Um disco corajoso. Afrontador na ideia, no conceito, na atitude, na sutileza da poesia. Ícone do rock brasileiro. Do rock,sim! Por mais que em muitos momentos possa não parecer um disco de rock efetivamente, tal a singeleza das letras, a leveza dos vocais, os arranjos de viola ou de cordas, "Secos e Molhados" inova na linguagem alavancando o rock nacional a outro patamar criativo. disco essencial extremamente influente para qualquer banda do cenário pop rock que tenha aparecido depois dele.
antes de finalizar, não poderia deixar de falar da capa, igualmente uma das mais marcantes, criativas e emblemáticas da discografia nacional e que curiosamente, surgiu quase que por acaso, meio de improviso, na hora, no estúdio fotográfico. A ideia de utilizar os produtos de secos e molhados (nome dado a comércio de produtos alimentícios) já existia, no entanto, o lampejo de colocar as cabeças em bandejas, dando uma conotação um tanto antropofágica à imagem, veio na hora, ficando assim os integrantes sentados em tijolos sob a mesa, apenas com as cabeças colocadas em furos feitos nela, com as bandejas encaixadas aos seus pescoços.
Até a capa é espetacular!

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FAIXAS:
1. "Sangue Latino" (João Ricardo/Paulinho Mendonça) 2:07
2. "O Vira" (J. Ricardo/Luhli) 2:12
3. "O Patrão Nosso de Cada Dia" (J. Ricardo) 3:19
4. "Amor" (J. Ricardo/João Apolinário) 2:14
5. "Primavera nos Dentes" (J. Ricardo/J. Apolinário) 4:50
6. "Assim Assado" (J. Ricardo) 2:58
7. "Mulher Barriguda" (J. Ricardo/Solano Trindade) 2:35
8. "El Rey" (Gerson Conrad/J. Ricardo) 0:58
9. "Rosa de Hiroshima" (G. Conrad/Vinicius de Moraes) 2:00
10. "Prece Cósmica" (J. Ricardo/Cassiano Ricardo) 1:57
11. "Rondó do Capitão" (J. Ricardo/Manuel Bandeira) 1:01
12. "As Andorinhas" (João Ricardo/C. Ricardo) 0:58
13. "Fala" (J. Ricardo/Luli)


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Ouça:
Secos e Molhados 1973


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Rock In Rio - Bon Jovi, Tears For Fears, Ney Matogrosso com Nação Zumbi, Jota Quest, Alterbridge (22/09/2017)



Minha primeira experiência em um Rock In Rio, embora totalmente normal, sem nenhum contratempo ou incidente, não posso dizer que tenha sido das mais positivas. Não sei se eu tô ficando velho, se não tenho mais paciência pra algumas coisas, se é porque a gente vai adquirindo mais critérios com o passar do tempo, mas aquela coisa toda, todo aquele complexo de entretenimento não me desce. É muito grande, tudo é muito difícil, pra se chegar num outro palco, numa praça de alimentação, num banheiro, tem que se percorrer quilômetros e pra piorar desviando de milhares de pessoas e tropeçando em outras que estão estendidas pelo chão. um festival desse é um incentivo pra quem quer deixar de beber porque conseguir uma cerveja, em determinado momento, foi um ato de perseverança e heroísmo. E é tanta roda-gigante, montanha-russa, tirolesa, joguinhos, brindezinhos que no fim das contas o público que está ali, está mais interessado em todas essas bobagens do que no que está rolando nos palcos, disperso e alheio aos shows. Aliado a escalações de artistas muito heterogêneos e atrações pouco interessantes, esta atitude neutra do público acabou se refletindo nas apresentações, até mesmo nos principais nomes que se esforçaram, fizeram seu melhor mas tiveram que lidar com um público frio e indiferente.
Não é a toa que volta e meia o palco Sunset, com um público mais interessado e atrações com propostas mais mais interessantes, rouba a atenção, e de certa forma, não foi diferente no dia em que fui.
Mas vamos então a uma breve impressão das atrações que vi no festival:



Palco Rock District

  • Evandro Mesquita and The Faboulous Tab

O palco Rock District foi uma 
atração interessante.
Ainda quando estava adentrando no complexo, uma banda tocava um rock do bom nu trecho de passagem, perto de um corredor de área de alimentação. Para minha surpresa era Evandro Mesquita comandando um bom time de músicos que incluía Arnaldo Brandão, ex-Hanoi-Hanoi, no projeto denominado The Fabulous Tab, mandando ver em versões de clássicos do rock. Evandro, que nunca foi lá essas coisas como cantor, assim, num show mais restrito, escancarou suas deficiências vocais, mas o lance tava tão espontâneo, tão gostoso, que mesmo o parco potencial vocal do ex-Blitz não prejudicou a jam session. Destaques para as execuções de "Honk Tonk Woman" e "Let It Bleed" dos Rolling Stones, "Walk of Life" do Dire Straits, "Going to California" do Led Zeppelin  numa versão mais embalada e a já clássica mix, pela não casual semelhança, de "Knockin' on Heaven's Door" de Bob Dylan com "Dois Passos do Paraíso" da Blitz.


Palco Sunset

  • Ney Matogrosso e Nação Zumbi

Nação Zumbi com a lenda
Ney Matogrosso no palco.
Quando cheguei, o show de Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo já havia terminado, mas se perdi este que deve ter sido bastante interessante, tive a felicidade de assistir a o encontro de Ney Matogrossoo com a Nação Zumbi que, apesar de potencialmente ter sido mais do que foi, ainda assim, valeu muito a pena. A proposta rítmica da Nação dialoga bem com a artística de Ney e isso fez com que as intervenções da banda nos clássicos, especialmente dos Secos e Molhados, funcionassem bem, de um modo geral. Senti falta de mais músicas da Nação, algumas que fariam muito sentido no atual contexto sócio-político e ainda levantariam a galera como "Maracatu do Tiro Certeiro" e "Banditismo, Uma Questão de Classe" mas imagino que fugisse da concepção de show pensada que, pelo jeito, privilegiava o repertório da banda original de Ney Matogrosso. "Mulher Barriguda" teve um ganho de peso com a guitarra de Lúcio Maia; "Sangue Latino" ficou grandiosa; "Fala" foi linda" e "Maracatu Atômico" de Jorge Mautner, um dos poucos hits do grupo pernambucano que rolaram no show, foi simplesmente... atômica. Bom show!



Palco Mundo

  • Jota Quest

Vi pouco. Ouvi mais de longe enquanto me deslocava por algum motivo (cerveja, banheiro, comida...) mas é mais ou menos aquilo, né... Nada demais. Uma bandinha pop sem maiores pretensões e sem grande ascendência. Alguns hits, pra ser bem justo; um coro com a galera aqui, um discursinho pela paz ali e era isso. Não acrescentou nada.


  • Alterbridge

Não tinha nenhuma expectativa com essas figuras, aí o show começa e a minha impressão se confirma. Uma coisa indefinida: não sabiam se eram pop, hard rock, glam, metal farofa ou sei lá o que. Lá pelas tantas explodem num trash metal furioso que parecia um Megadeth quase me fezendo bater cabeça e ter uma esperança em algo melhor dali pra frente. Alarme falso! Voltaram à mesma lenga-lenga. Terrível!


  • Tears For Fears

Show competente. Bom repertório mas a impressão que dava é que eram a banda errada no lugar errado. Tem bandas que são pra 10.000 pessoas e outras que são pra 100.000. Eles estão no primeiro caso e por mais que tenham desfilado sucessos e hinos pop, não conseguiram dar conta daquilo tudo.


  • Bon Jovi

Apesar dos pesares, Bon Jovi agradou aos fãs.
Olha, eu não gosto muito de Bon Jovi. Tenho que admitir que fui para acompanhar minha esposa, mas também tenho que admitir que é uma banda ainda que totalmente previsível musicalmente, extremamente competente, com uma baita duma estrada, um balaio de fãs e uma pilha de hits. Só que, independente do meu gosto, por constatação do que vi no local, tenho também que dizer que John Bon Jovi e sua banda não conseguiram empolgar a Cidade do Rock. Em parte por culpa da banda, na minha opinião com uma distribuição equivocada de repertório; em parte pelo público que, como eu disse, anteriormente, pela heterogeneidade e por interesses paralelos parecia não estar nem aí para o que estava acontecendo no palco. Sim, havia os fãs, lá na frente, no gargarejo que não paravam, que sabiam cantar todas, que topavam o que viesse, mas grande parte das pessoas estava mais interessada em transitar, mexer nos celulares e comprar cerveja. Aí, lá de vez em quando, na hora do mega-hit, levantavam as mãos e cantavam junto o refrão e era isso o que quem não estava lá via pela TV quando parecia que a Cidade do Rock inteira estava cantando. A impressão que deu era que a maioria estava lá só para ouvir e cantar as músicas dos álbuns "Slipery When Wet" e do "New Jersey" só que, além de Bon Jovi ser um artista bem resolvido que a essas alturas não precisa mais ficar se esforçando para ganhar o público, a banda tinha que vender seu peixe e quis apresentar coisas novas de seu último trabalho "This House Is Not For Sale" e aí, acho que reside a outra parte da "falha", por assim dizer, do entrosamento banda-público. Acho que tem, sim, que apresentar as coisas novas, tem que manter uma linha de repertório próxima da turnê convencional, mas entendo também que em festival deve-se fazer algumas concessões e uma delas seria ter uma ordem de músicas mais conveniente a um evento assim onde nem todo mundo é fã de carteirinha. Por exemplo: não começa com uma nova, vai numa pra incendiar a galera logo de cara. Só para que se tenha uma ideia, a massa só foi à loucura mesmo, na quarta música, em "You Give Love a Bad Name". Tá bom, não precisava gastar sua melhor arma no início, mas uma banda com tantos sucessos poderia tranquilamente arrastar algum deles lá pro início e pôr tudo abaixo já de cara.
Outra reclamação que ouvi de muitas fãs foi a ausência de alguns clássicos indispensáveis. E aí os caras privilegiam músicas novas ou a balada acústica "Someday I'll Be Saturday Night" que ninguém ia dar falta em detrimento de "Never Say Goodbye", "These Days", "Blaze of Glory" ou da reclamadíssima "Always". Bom, se tem alguém que pode cometer estes pecados e mesmo assim sair com saldo positivo é o Bon Jovi uma vez que, de um modo geral, mesmo com algumas ressalvas de repertório e um quase consenso sobre a qualidade da voz do cantor que estaria bem inferior às últimas turnês, as fãs gostaram, compreenderam e perdoaram as ausências. Eu sou suspeito, não sou muito do som deles mesmo, mas posso garantir que a patroa curtiu.
No fim das contas, para mim, que achava que seria o show do Bon Jovi seria uma espécie de tortura apache, o que posso comparar é com aquela criança que a mãe fica avisando por meses que ela vai tomar vacina e  aí quando chega no dia, o pirralho tá se borrando, tipo, "Vai doer, vai doer...", e chega na hora da injeção o guri percebe que foi só uma picadinha de nada. Pois é... Doeu menos do que eu imaginava.


Bon Jovi - "You Give Love a Bad Name"
do meio do público do Rock In Rio



Cly Reis

sábado, 12 de outubro de 2013

"A Arca de Noé" - 1 e 2 - Vinícius de Moraes, Toquinho e Convidados (1980/1981)




“A poesia é capaz de coisas que você nem imagina.
Eu sou a porta que o poeta imaginou”
“A Porta”, de Vinicius de Moraes


Numa das conversas que tivemos sobre as nossas infâncias, confessei ao Clayton e ao Daniel, com muita emoção que “A Arca de Noé” é a trilha sonora que eu mais gostava e lembrava a minha primeira infância. Nada em termos fonográficos, nenhum outro disco podia se comparar a “Arca de Noé” e olha que o páreo tinha as obras “Os Saltimbancos”, “Sítio do Pica-pau Amarelo”, "Plunct-Plact-Zum!", “Pirlimpimpim” e o “Grande Circo Místico” só para começar a listinha básica de musicais das crianças que cresceram entre 1973 a 1983.

Na época da Arca, eu, uma guria entre 7 e 8 anos de idade, me divertia com a minha irmã repetindo muitas vezes as canções que minha mãe ajudava a gente a lembrar, porque não tínhamos os LPs. “A Arca de Noé” ficou na minha memória musical depois que assisti ao programa de televisão de mesmo nome exibido no início da década de 80, na Rede Globo. Os registros sonoros se fixaram tão fortemente nas minhas retinas, ouvidos e coração, que por muitos anos, lembrava dos detalhes visuais de cada apresentação. Lembrava dos gestos e dos figurinos/cenografias dos convidados que fazem parte do elenco musical dos volumes 1 e 2.

Eu e minha irmã na época em
que conhecemos "A Arca de Noé"
Muitos anos se passaram e já adulta me deparei com os dois volumes da Arca em CD e relembrei, faixa a faixa, cada poema. As músicas estavam tão vivas em mim que cheguei a apresentar “Corujinha”, da “Arca de Noé 1”, numa audição em 2008 promovida por todos os estudantes da Profª de música Maria Beatriz Noll. Aliás, foi ela também quem me mostrou a versão italiana de “A Casa”, no LP “L´Arca – Canzoni per bambini” a partir da produção de Sergio Endrigo  que reuniu vários intérpretes italianos em versões das canções do volume 1 feitas por Vinícius de Moraes.

Cada vez que escuto a “Arca de Nóe” de Vinicius de Moraes, acompanho em poesia as vozes e a respiração de Milton Nascimento, Moraes Moreira, Alceu Valença, MPB 4, Elis Regina, Frenéticas, Fabio Jr., Boca Livre, Ney Matogrosso, Marina e Walter Franco só para citar os intérpretes do volume 1. O mais interessante é que parte deles já fazia parte do repertório diário que eu colocava na vitrola, após chegar da escola diariamente para fazer meus shows dublados com o som no volume máximo.

A “Arca de Noé” é o último trabalho poético-musical de Vinicius de Moraes lançado nos anos de 1980 e 1981 – este último, póstumo. Em entrevista ao jornalista Tárik de Souza, o produtor Fernando Faro reafirma que Vinicius trabalhou até pouco antes de morrer. “Na madrugada em que se foi, vertia do italiano para o português os poemas da Arca. E cobrava de mim: ‘Faro, me dá logo esse treco!’. Ele respirava esse disco, atento a todos os detalhes”, conta o produtor dos shows e dos álbuns da dupla Toquinho-Vinicius.

No volume 2, alguns intérpretes se repetem, mas as participações de Fagner, Jane Duboc, Elba Ramalho, Grande Otelo, Clara Nunes, Céu da Boca e Paulinho da Viola são muito especiais, diversificando os temas e os gêneros musicais.

A poesia de Vinicius é tão imensamente bela e se ampliou tanto na voz desses intérpretes que  está na memória de crianças, jovens e adultos por sua qualidade, irreverência e pureza. A poesia d’“A Arca de Noé” é capaz de coisas que você nem imagina, como, por exemplo, reencontrar a sua criança toda a vez que a escuta. Experimente.

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FAIXAS - "Arca de Nóe 1":
1 - A Arca de Noé-Abertura - Chico Buarque e Milton Nascimento
2 - O Pato - MBP 4
3 - A Corujinha - Elis Regina
4 - A Foca - Alceu Valença
5 - As Abelhas - Moraes Moreira
6 - A Pulga - Bebel
7 - Aula de Piano - Frenéticas
8 - A Porta - Fábio Jr.
9 - A Casa - Boca Livre
10 - São Francisco - Ney Matogrosso
11 - O Gato - Marina
12 - O Relógio - Walter Franco
13 - Menininha - Toquinho
14 - Final - Instrumental

FAIXAS - “Arca de Noé 2”:
1 - Abertura - A Arca de Noé - Dionísio Azevedo
2 - O Leão - Fagner
3 - O Pinguim - Toquinho
4 - O Pintinho - Frenéticas
5 - A Cachorrinha - Tom Jobim
6 - O Girassol - Jane Duboc
7 - O Ar (O vento) - Boca Livre e Vinicius de Moraes
8 - O Peru - Elba Ramalho
9 - O Porquinho - Grande Otelo
10 - A Galinha d'angola - Ney Matogrosso
11 - A Formiga - Clara Nunes
12 - Os Bichinhos e o Homem - Céu da Boca
13 - O Filho Que Eu Quero Ter - Paulinho da Viola

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terça-feira, 15 de maio de 2018

Criolo - "Nó na Orelha" (2011)




"Posso dizer que Gil e Caetano são gênios. Eu, na verdade, sou um trabalhador contumaz, sou obsessivo. Aí, quando entra o Milton e o Criolo, pronto."
Tom Zé

Confesso que resisti um pouco a Criolo. Em 2011, por sugestão de meu primo-brother Lúcio Agacê, ouvi o então recém-lançado “Nó na Orelha” e me impressionei de cara. Conhecendo-me bem, Lucio acertara que eu iria gostar de um rapper de São Paulo até então chamado Criolo Doido, que tinha tomado um “banho de loja” e produzira um disco de se prestar atenção. Como sempre, fui na dele, que nunca dá dica furada. E, caramba: que musicalidade era aquela?! Ao mesmo tempo em que destrincha hip hop com estilo próprio de letras incomuns e rimas ligeiras, forjando quase uma nova linguagem que junta o vocabulário da periferia com um entendimento profundo do português culto, também mandava ver com naturalidade outros ritmos (às vezes, mesclando a este rap tão original), como samba, afrobeat, reggae e soul.

Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, Ney Matogrosso, Tom Zé, Martinho da Vila e Milton Nascimento ou seja, a nata da MPB – o elogiavam. Era tão legal, que cheguei a desconfiar. Pensei em escrever sobre o disco no calor do impacto, mas meu cérebro buscou comparações e parâmetros que, embora não devessem ter nada a ver com o simples ato de gostar, foram suficientes para, preconceituosamente, rechaçar a minha ideia de imediato. Para ajudar, um infeliz tributo a Tim Maia ao lado de Ivete Sangalo, no qual Criolo se sujeitou a participar, em 2015, ajudou a alimentar minha antipatia por ele.

Entretanto, “Nó...” resistiu a mim. Por isso, faço aqui o que não tive coragem seis anos atrás depois daquela primeira audição. Afinal, o disco se mantém intacto em sua qualidade, simbolizando aquilo que na época já era uma certeza: a chegada do maior artista da música brasileira dos últimos tempos. Com a luxuosa produção e arranjos de Daniel Ganjaman (Planet Hemp, Sabotage, Otto, Racionais MC’s, Nação Zumbi, entre outros, no currículo) e poucas mas preciosas participações (como da excelente cantora Juçara Marçal, da Metá Metá, nos backings), “Nó...” traz essa originalidade letrística e sonora, algo evidenciado já na faixa de abertura, “Bogotá”. Um ritmo latino com beats e sopros afiados muito bem cantado com a voz melodiosa e agradável de Criolo. Não é rap, mas namora com o estilo na força da mensagem e no approuch, mostrando o quanto o artista, já no segundo disco, havia ampliado sua musicalidade.

Avança-se somente mais um pouco para provar definitivamente esta afirmação em “Subirusdoistiuzin”. Este, sim, um rap, com direito aos tradicionais beats funk, scratches e samples. Mas cheio de groove, numa atmosfera de jazz-soul – adensada pelo elegante trompete de Rubinho Antunes e o baixo acústico de Marcelo Costa, coarranjador do disco. Novamente muito bem cantada por Criolo, destaca-se, antes de mais nada, pela letra de rimas improváveis e pela divisão silábica quebrada, como bem fazem Tom Zé e Marlui Miranda. E o que dizer desses versos? “Mandei falá/ Pra não arrastá/ Não botaram fé/ Subirusdoistiozin/ O baguio é loco/ O sol tá de rachá/ Vários de campana aqui na do campin/ Má quem quer preta/ Má quem qué branca/ Todo azule/ Requer seu rejuntin/ Pleno domingão/ Flango ou macalão/ Se o negócio é bão/ Cê fica é chineizin/ Cença aqui patrão/ Aqui é a lei do cão/ Quem sorri por aqui/ Quer ver tu cair/ É, é... justo é Deus/ O homem não/ Ouse me julgá/ Tente a sorte, fi”.

Na sequência, um dos motivos da reverência dos papas da música brasileira: “Não Existe Amor em SP”. Cantada por seu autor ao lado de Caetano no Video Music Awards daquele ano numa apresentação que “chancelara” a posição de Criolo no rol da MPB, a canção, contundente e melodiosa, já se tornou naturalmente um clássico e um novo hino popular sobre a cidade paulistana. O título, cuja menção à grande metrópole brasileira é pronunciada na forma de sigla (“essepê”), desvenda a mensagem: “Um labirinto místico/ Onde os grafites gritam/ Não dá pra descrever”. Lembra, em poética e raciocínio, outro talentoso rapper de Sampa, o amigo Mano Brown, nos versos de “Vida Loka nº 1”, dos Racionais MC’s, quando diz “em São Paulo, Deus é uma nota de 100”, principalmente comparada com esta parte da música de Criolo: “Os bares estão cheios de almas tão vazias/ A ganância vibra, a vaidade excita/ Devolva minha vida e morra/ Afogada em seu próprio mar de fel/ Aqui ninguém vai pro céu/ Não precisa morrer pra ver Deus”.

“Mariô” vem dar ainda mais sentido à ideia jazzística lançada em “Bogotá” e “Subirusdoistiuzin”, uma vez que intensifica a pegada de jazz moderno, haja vista que é coescrita com Kiko Dinucci, o principal compositor da Metá Metá, a inovadora banda paulistana do novo jazz brasileiro. Emulando sons e vocabulários do matiz africano, típico da musicalidade de Dinucci, remonta ao “pop nagô” de Marku Ribas pela mistura de sonoridades funk, soul, samba e batuque de terreiro.

Surpreendendo novamente, Criolo traz o bolero "Freguês da Meia-Noite". Balada brega ao estilo Nelson Ned e Reginaldo Rossi, contextualiza mais uma vez a São Paulo urbana, aqui no clima decadente e rasgado da boemia noturna. “Meia Noite/ Em pleno Largo do Arouche/ Em frente ao Mercado das Flores/ Há um restaurante francês/ E lá te esperei”. Já “Samba Sambei”, embora o título faça supor o estilo musical, é, na verdade, um reggae, engendrando a tirada metalinguística de canções como “Samba da Minha Terra”, de Dorival Caymmi, na versão heavy dos Novos Baianos, o rock-exaltação “A Bossa Nova é Foda”, de Caetano, ou “Amigo Punk”, a milonga (e não um punk-rock) do grupo gaúcho Graforréia Xilarmônica.

Claro, a raiz de Criolo não poderia deixar de estar presente. Com a mesma desenvoltura que passeia por outras formas musicais, o artista também articula seu inato rap. Caso de "Grajauex", com os criativos versos rimados em “écs” (“É o play 3 na golfera te sai, chanex/ É o ouro branco o pó mágico e o poder de Rolex/ Na favela com fome atrás dos Nike Air Max/ Os canela cinzenta que não tem nem cotonets/ Os Mc das antiga é dinossauro T-Rex/ Pra fazer bobaginha cole ali com Jontex/ Pra zoar na rua com os cachorro é pex pex/ E as princesinha na nóia de um papel faz bo...”); "Sucrilhos", crítica social em que exercita sua poética sui generis (“Calçada pra favela/ Avenida pra carro/ Céu pra avião/ E pro morro descaso/ Cientista social/ Casas Bahia e tragédia/ Gosta de favelado mais que Nutella”); e "Lion Man", de excelente construção melódica e harmônica.

“Nó...” encerra revelando outra habilidade que Criolo traria mais vezes a partir de então – inclusive em parcerias com Martinho da Vila e Tom Zé –, que é o domínio do samba. Partido alto estiloso, que lembra os bambas da velha guarda, "Linha de Frente" faz uma brincadeira com os nomes dos personagens da Turma da Mônica, inserindo-os na realidade do tráfico de drogas na periferia. Os versos iniciais dizem: “O nó da tua orelha ainda dói em mim/ E Cebolinha mandou avisar/ Que quando a ‘fleguesa’ chegar/ Muitos pãezinhos há de degustar”. O refrão é ainda mais interessante: “O dinheiro vem pra confundir o amor/ O santo pesado que tá sem andor/ Na Turma da Mônica do asfalto/ Cascão é rei do morro e a chapa esquenta fácil”.

Dentre as várias qualidades de “Nó...” está a que o trabalho trouxe de vez a turma do rap para o patamar dos músicos, vencendo a pecha de meros “coladores de música dos outros” ou de “vozes da favela”. Criolo representa a nova geração mestiça brasileira, saída das classes baixas e sintonizada com a política, com a produção cultural e com a realidade social, personalidades que têm (e se põem no) compromisso de pensar o Brasil. Além disso, o convencimento de que rapper não sabe (e nem precisa) só fazer rap. Mas mesmo com toda a diversidade sonora e de referências conceituais que carrega, “Nó...” é, contudo, um disco saboroso de se ouvir, mesmo que desafiador – desafio este que, de pronto, não me permiti vencer em relação a Criolo. Mais do que a “repaginada” a qual meu primo se referiu ao me indicar a audição, o disco é a afirmação de um artista que tem muito a dizer e que veio para ficar. Talvez por tudo isso, o disco tenha dado em meu pretenso conhecimento e gosto musical um verdadeiro nó na orelha. Acho que, com todas estas linhas escritas, eu agora tenha desenosado.

FAIXAS:
1. "Bogotá" - 4:40
2. "Subirusdoistiozin"  - 3:33
3. "Não Existe Amor em SP" - 4:40
4. "Mariô" - 3:37
5. "Freguês da Meia-Noite" - 4:09
6. "Grajauex" - 2:36
7. "Samba Sambei" - 3:42
8. "Sucrilhos" - 4:00
9. "Lion Man" - 3:25
10. "Linha de Frente" - 4:30
Todas as composições de Criolo, exceto “Mariô”, de Criolo e Kiko Dinucci

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OUÇA O DISCO

Daniel Rodrigues

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

“Chico: Artista Brasileiro”, de Miguel Faria Jr. (2015)



Estão sempre tentando pegar Chico Buarque. Acusações por apoio ao PT, pela não-defesa das biografias não-autorizadas, por trair a ex-mulher, por ser um tiozão que “pega” meninas, pela linhagem nobre dos Buarque de Holanda, por ser “esquerda caviar”, por usar a fama como músico para vender-se como escritor. Até culpá-lo por ter olhos azuis já ouvi algo do tipo. Parece-me salutar e pertinente que, justamente no momento em que se lança o já sucesso de bilheteria “Chico: Artista Brasileiro”, de Miguel Faria Jr., aconteça mais um episódio do tipo: a tão noticiada discussão do artista com um passante cujo motivo junta às imbecilidades mencionadas acima mais uma delas: a de Chico ter um apartamento em Paris (!...).

Essa manifestação raivosa e incontida dessa direita burguesa, invejosa e preconceituosa – que, como diz Eric Nepomuceno, saiu do armário, e isso desde os protestos de 2013 –, é mais um dos casos em que se tenta enquadrar Chico e ele sai, se não ileso, íntegro. O filme passa isso: a integridade de um artista cujas bases e conceitos estão profundamente ligadas ao Brasil mais expressivo, seja em suas belezas ou moléstias. Com uma narrativa que intercala depoimentos de amigos e admiradores com as do próprio Chico de dentro de seu maravilhoso AP no Alto Leblon (mais longas que as falas dos outros), traz ricas imagens de arquivo entre fotos e vídeos, algumas surpreendentes pois muito raras, como um trecho da histórica apresentação de “Cotidiano” dele com Caetano Veloso no Teatro Castro Alves (presente no disco ao vivo da dupla de 1972). Igualmente surpresa é o depoimento de Vinícius de Moraes – ao qual eu pelo menos não conhecia – dizendo que o amigo era alguém acima da média.

Chico em um dos depoimentos do filme.
O recorte do documentário é muito bem pensado, pois delimita tanto a quantidade de entrevistados quanto a função narrativa dos mesmos. E olha que teria muita gente interessante para falar sobre Chico! A única parente a depor, por exemplo, é a irmã Miúcha. E chega por aí. Nada de filhos, sobrinhos, genros, outros irmãos. No máximo, os netos, que aparecem tocando com ele sem entrevistas. Afinal, o contexto familiar e a importância da hereditariedade já estão devidamente representados e inseridos. De Marieta Severo – provavelmente convidada e que teve a sensibilidade de não expor a ela e nem ao ex-marido, mas que autorizou que lhe referissem – os próprios registros documentais a trazem naturalmente, seja no encontro com Chico, nos anos 60 (contado pelo saudoso Hugo Carvana), seja nos vídeos e fotos antigos. Ela também é indiretamente mencionada quando Chico fala com franqueza e descomplicarão sobre a solidão dos tempos atuais, embora revele que jamais pensara viver sozinho (“Saí de um casamento de anos achando que virando a esquina ia me casar de novo”, confessa).

Os assuntos, entremeados entre si mas recorrentemente redirecionados à questão da família, são profundos, mas conduzidos pela serenidade de Chico. Ele passa a impressão de literalmente não dever nada a ninguém. Ou melhor, deve, mas a si mesmo, uma vez que o próprio diz que sempre cai na encruzilhada de não se repetir, por mais consagrado que seja aquilo que realizou até então. O negócio dele é se experimentar, aprender, inovar-se – um dos motivos pelos quais caiu tão de cabeça na literatura dos anos 90 para cá. Entra-se, igualmente, em assuntos como política, censura, fracasso, sucesso, memória, Brasil, morte, futebol e paixões. Tudo dito por ele e seus parceiros (Edu LoboTom JobimMaria BethâniaRuy Guerra, entre outros) com leveza e sinceridade, sem superdimensionar nada, porém sabendo-se da grandeza da vida e obra do autor de incontáveis clássicos do cancioneiro brasileiro como “Olhos nos Olhos”, “Cálice” e “Roda Viva”.

Outro elemento interessante do filme, característico dos documentários de Faria Jr., são as apresentações em estúdio com músicas do autor. Além de muito bem cenografadas e iluminadas, trazem duas com o próprio Chico cantando (“Sinhá”, no começo, e “Paratodos”, no fim) e outras com artistas convidados, como Milton Nascimento, Carminho, Adriana Calcanhoto e Mart’nália. Esses momentos musicais, que provocam obrigatoriamente pausas no fluxo narrativo, não o quebram, entretanto. O que para muitos foi danoso no documentário que o diretor fizera sobre o poetinha (“Vinicius”, 2005), pois incorria justamente nessa instabilidade (quando o expectador estava engrenando na história, vinha uma declamação duvidosa da Camila Morgado pra chatear), em “Chico...” funciona bem, pois os números se integram de algum modo à narrativa. É o que acontece quando Chico está falando sobre a complexidade inconsciente de alguns temas que compôs e, na sequência, vem, na voz de Mônica Salmaso, “Mar e Lua”, canção que explora temas espinhosos como homossexualismo e suicídio. Afora isso, todas as apresentações são muito boas: Milton e a portuguesa Carminho juntos (um arraso em “Sobre todas as coisas”); Calcanhoto e Mart’nália, em um dueto ótimo (“Biscate”); Ney Matogrosso (“As vitrines”), impecável como de costume; Moyseis Marques (“Mambembe”), lindo, uma revelação para mim; e até o “pagodeiro” Péricles (“Estação Derradeira”) mandando bem sobre o especial arranjo do diretor musical do filme e do próprio Chico, Luiz Cláudio Ramos.

Até Péricles se saiu bem interpretando Chico.
Porém, o que realmente conduz todo o filme – sem que o expectador perceba isso de início – é a busca pela essência a que Chico se impõe. Tendo como mote seu último romance, "O Irmão Alemão", no qual ele como protagonista vai à procura das pistas de um filho que seu pai tivera na Alemanha nos anos 30 antes de voltar ao Brasil e se casar com sua mãe, Chico se mostra, chegado à terceira idade, com a consciência daquilo que lhe pertence como indivíduo. Nisso, claro, ao longo do filme, vão se acessando questões da sua hereditariedade e, principalmente, as que se referem a seu pai, como a convivência, a distância emocional e a influência (positiva e negativa) que este exercera sobre ele como pessoa e artista.

A caça a essa “nova velha” história do irmão da Europa, uma reconstrução tão hipotética quanto passivelmente improvável (haja vista que, jogado na aventura da descoberta, poderia não achar nada significativo que lhe fornecesse nexo suficiente), dá um toque muito especial ao longa. Tal como é comum mais na ficção, Faria Jr. (um bom ficcionista) joga com os três níveis básicos do cinema: interno, externo e espectatorial, uma vez que esse elemento, a figura/ideia do irmão (o qual podemos classificar como “interno”) é desconhecido tanto do “protagonista” (Chico, no caso), quanto do espectador, configurando-se num “gancho” gerador de curiosidade e suspense a todos, dentro e fora da tela. Como o grande documentarista Eduardo Coutinho tão bem fizera no clássico “Cabra Marcado para Morrer” (1984), em que a busca aos atores de seu filme interrompido nos anos de Ditadura Militar serve de motivo para uma ressignificação metalinguística cuja aleatoriedade imputa-lhe o teor crítico almejado.

Saborosamente biográfico, “Chico...” já seria bom por vários outros fatores – as canções, as histórias engraçadas, a reverência dos colegas e amigos, as identificações que se têm com alguém tão admirável como ele –, mas o “elemento-irmão” é a cereja do bolo. Mal comparando, traz uma sensação semelhante a que tive com o desfecho que Martin Scorsese forjou em “No Direction Home”, sobre Bob Dylan (2005), naquela cena em que se esquece a câmera ligada apontando para o teto no fatídico show no Manchester Free Trade Hall, em 1966. Qualquer ser minimamente normal excluiria aquilo como sendo um erro de gravação. Scorsese, não: com atenção e sensibilidade, resgatou-a e compôs com aquilo o significado mais expressivo e simbólico do filme.

Em respeito aos que ainda não assistiram a “Chico...”, claro, não vou contar exatamente a que me refiro para não estragar a surpresa. Independente disso, contudo, só o fato de contar a história de alguém vivo e em atividade, tanto quanto o de expô-la com sensibilidade e critério, já vale a sessão. O que se confirma é a coerência da obra de Chico, sempre afinada com seu íntimo e consciência, seja na música, no teatro, no cinema ou na literatura. Uma dignidade admirável jamais abalável por um mero ataque verbal nas calçadas da vida. Chico Buarque, o grande artista brasileiro e mundial, é muito maior que essas más-resoluções do brasileiro ignorante e “vira-lata”, o que, sem precisar forçar, o filme deixa muito claro.


trailer oficial "Chico: Um Artista Brasileiro"



sábado, 24 de setembro de 2022

Copa do Mundo Gilberto Gil - classificados da primeira fase


Definidos os classificados!
Nossa turma de especialistas teve bastante dificuldade em muitos jogos. alguns confrontos precoces que poderiam, facilmente, ocorrer em fases mais avançadas. 'Punk da Periferia' vs. 'Esperando na Janela', 'Cérebro Eletrônico' vs. 'Se eu quiser falar com Deus', 'Luar' vs. 'Panis Et Circenses'... Mas fazer o quê? Copas são assim, mesmo. 
E a primeira fase já apresentou algumas "zebras", se é que se pode chamar assim: pérolas como 'Vamos Fugir', Só chamei porque te amo', 'A Novidade', 'Não chore mais' e 'Esperando na janela', já deram adeus à competição. 
Então chega de conversa e confira abaixo os resultados e veja quem partiu para “aquele abraço” na segunda fase.


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resultados de Rodrigo Dutra:




Buda Nagô 2x3 Lugar Comum

Apesar de Buda ser o grande Dorival, Lugar Comum foi feita com Donato que mora no meu coração. Além disso, Gil gravou Buda Nagô com a Nana... e ele namorou a Nana, Bolsominion lunática. Não pode ganhar de jeito nenhum.

As Coisas 1x3 Zumbi, A Felicidade Guerreira
Apesar de As Coisas ter a marca notória do Arnaldo Antunes, a ode a Zumbi com Waly Salomão é mais rica e potente na letra e na batida oitentista.

Quanta 0x1 Queremos Saber
Quanta é lindo. Dueto com Milton então, nem se fala. Mas Queremos Saber ressignificou a geração Cássia Eller mais de 20 anos depois e hoje é um clássico.


Pela Internet 2x2 Procissão (Versão 68) (4x5 nos pênaltis)
Parada dura essa porque sempre foi admirável Gil, Caetano e a geração deles mergulhar nas modernidades transformando em música. Mas esse álbum do Gil é um dos meus preferidos de toda a MPB, tinha que ganhar, nem que seja nos pênaltis.


Lamento de Carnaval 0x3 Parabolicamará
Não conhecia Lamento de Carnaval e achei bem legal a letra e o dueto com Lulu. Mas sou noveleiro e essa é clássica de Renascer. Não tem como.


O Amor Aqui de Casa 0x5 Back in Bahia
A trilha de Eu Tu Eles eu conheço bem pois vendi muito CD na época que trabalhava no Guion CD's. Talvez se Lamento Sertanejo enfrentasse Back in Bahia, poderia dar um empate. Fora isso, é quase imbatível.


Sebastian 3x4 A Paz
Outro disco que vendi bastante esse com o Milton. É a música carro-chefe do disco, homenagem ao Rio e tal, mas na verdade queremos paz pra invadir nossos corações dia 02 de outubro. A paz ganha no fim.


Kaya N'gan daya 1x0 Deixar você
Essa baladinha é muito gostosa, mas Kaya é Bob, Kaya é reggae, Kaya é tudo. Vitória consistente.


Copo Vazio 1x0 Vamos fugir
Essa é meio que uma zebra. Vamos fugir tem lugar na história, no pop reggae, no Skank...mas tocou tanto, tanto, que a fofa Copo Vazio se sobressai, principalmente no recente dueto com Chico.


O som da pessoa 4x0 Não tenho medo da morte
Apesar de dar a real em Não tenho medo da morte, O som da pessoa é inventivo, criativo, brinca com as palavras...não quero pensar em morte pra Gil, por isso a goleada.


La Renaissence Africane 2x1 Aqui e agora
Aqui e agora é outro clássico, mas a linda homenagem à África é poderosa demais.


O Oco do mundo 0x4 Barato Total
Não conhecia O oco do mundo. Poderia surpreender frente ao gigante Barato Total. Mas o que já era difícil ficou impossível na nova versão da série Em Casa com os Gil, onde as mulheres da família Gil fazem uma performance invencível.


Fé na Festa 0x1 Filhos de Gandhi
Não conhecia Fé na Festa e adorei a potência alegre nordestina, não só dessa música, mas de todo o disco. Mas Filhos de Gandhi é a pura Bahia, é a ONU, é a Índia, é a África, é o Candomblé, é o Carnaval.


As Camélias do Quilombo do Leblon 4x5 Nêga
Esse placar apertado demonstra o quanto eu gosto de As Camélias. Feita com Caetano, lembro de adorá-la no momento em que ouvi pela primeira vez na turnê dos 50 anos deles. Mas Nêga é apaixonante, Gil no exílio, numa Londres fascinante.


Pipoca moderna 0x1 Three Little Birds
Eu amo a pipoca da Banda de Pífanos de Caruaru, mas de novo a influência de Bob Marley é definidora. Além do clipe de massinha que é muito fofo e marcou meus vinte e poucos anos.


Luar 1x3 Panis et Circenses
Gil oitentinha tem o seu valor. Gosto muito! Mas Panis é um patrimônio brasileiro. Crítica, inventividade, antropofagia, a caretice que ainda está em voga nas famílias conservadoras. Ganha com excelência.


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resultados de Leocádia Costa:


Serafim 7x0 Abra o olho                           
“Serafim” ganhou de lavada, 7x0, porque apresenta uma canção com a base espiritual de Gil e o seu afoxé inconfundível. Ainda que "Abra o Olho" carregue muito da presença dele em meio aos processos políticos, arregalando a atenção de todos em plena ditadura de 1974, a escolha dessa disputa está feita pela beleza que é escutar o chamado de Gil a todos os Orixás.  

Quilombo, o Eldorado Negro 3 x 0 Retiros Espirituais
A canção tema do filme “Quilombo”, que poderia abrir esse jogo de forma apoteótica, já deu a dica do placar do jogo: 3x0. Essa trilha todinha eu assisti no cinema, junto com meu pai e irmã no ano em que foi lançado (a classificação era livre). Porém, a canção adversaria é um marco na carreira de Gil, sendo uma das primeiras em que ele reflete sobre essa busca espiritual que sempre pontuou a sua vida. Linda! Mas deu “Quilombo”

  
Logunede 0X4 Domingo no Parque 
Mais uma partida em que todas as atenções estavam no time do Parque. Essa canção que para mim está entre aa clássicas de Gil. Representa tanta coisa e se reergue cada vez que é cantada, como uma grande espiral do povo nordestino com sua simplicidade e grandeza ímpares. O jogo mesmo antes de começar já estava ganho! Placar de 4x0 e sorvetinho no final!   


Lente do Amor 3X4 Oriente 
Aqui o placar foi apertado: 4x3. Explico o porquê: é que "Lente do Amor" é uma canção linda, que traz essa forma de falar sobre o sentimento que todos nós queremos. Porém, "Oriente" tem uma força que só percebi quando a escutei ao vivo, num show em Porto Alegre em que o Love e eu fomos no Teatro do Sesi. Essa mesma força, embora com um arranjo diferente, está na versão original e, por isso, apesar da disputa ter sido acirrada, "Oriente" ganhou a partida.  
  

 Flora 3X0 Louvação
Aqui foi bem fácil, porque não se pode separar o compositor de suas musas. “Flora” representa as mulheres que tão bem são homenageadas por Gil em suas canções. Não é uma canção que eu mais gosto, mas “Louvação” não teve chance: 3x0 e explico porque: é que quando escuto “Louvação” me lembro da versão dos Trapalhões que fizeram paródia da canção e daí não tem espaço para essa versão original na minha cabeça.     


Metáfora 0X7 Esotérico
Sabe aquela canção que você fica esperando tocar no seu playlist? “Esotérico” é a canção. Então, ela não pode faltar no campeonato e é uma das clássicas. Adoro! 7x0 sem chance de prorrogação ou definição nos pênaltis.                
                                     
          
Punk da Periferia 4X3 Esperando na Janela
Aqui a partida foi muito difícil. Teve prorrogação e ufa! Deu aquela aflição até o jogo se definir. “Punk da Periferia” é uma canção da minha pré-adolescência, que escutei várias vezes com minha irmã e que fazia a gente dançar. Lembro de Gil no videoclipe passando por partes da cidade que eu nunca havia ido. Fui com ele e comecei a entender mais sobre as pessoas que vivem na periferia. Para mim é um hino de inquietude, um manifesto que explica esse lugar de fala que Gil sempre ocupou. Já "Esperando na Janela" me atira no cinema, me leva a escutar a gaita de Dominguinhos e aquela atmosfera nordestina que tanto me fascina. Mas como já teve jogo ganho com "Só quero um xodó", essa partida quem ganhou foi o Punk. Placar: 4x3.  
    

Banda Um 0X5 Só Quero um Xodó
Partida ganha só na escalação: 5x0 pra “Só Quero um Xodó”, porque quando se apresenta esse ritmo nordestino, os jogadores trocam as chuteiras por um baita arrasta-pé daqueles que atravessam à noite. Me lembra Luiz Gonzaga, a quem escuto desde criança e a quem Gil faz reverência.
 

Extra 2 0x4 Aquele Abraço
Então: sabe aquele time que reúne tudo de bom? "Aquele abraço" tem irreverência, suingue, fala de pessoas, lugares e fatos que são ícones brasileiros. Os primeiros acordes já despontam na sua cabeça quando você sai do Rio de Janeiro ou do país. É uma ode à nossa cultura. Me faz chorar sempre, apesar de ser uma canção alegre. 4x0. (“Extra 2” nunca me arrebatou. Sempre me dá uma sensação estranha ao escutar).


Feliz por um Triz 3x7 Toda Menina Baiana
Uma vez percebi que Gil era um mestre em esticar as vogais levando a gente a repetir, “aaaaa que Deus deu/ oooo, que Deus dá!”, e por aí vai. Quem já esteve na Bahia sabe que a música é muito real quando reverencia a essa terra que concentra um axé único. 7x3 foi o placar. É que a outra canção, bem anos 80, podia ter sido cantada por Cazuza ou Ney Matogrosso e me agrada um pouco, mas não é uma das mais escutadas por mim.


Roque Santeiro, o Rock 1X5 Tradição
Foi uma partida difícil, mas ao mesmo tempo fácil. Já conhecia a primeira canção, mas “Tradição” ecoou em mim desde o “Tropicália 2” em que Gil e Caetano a cantam. É uma canção linda e cheia de imagens, você enxerga as cenas ali descritas, como um cinema musical. Lavada: 5x1 pra “Tradição”.


Oração pela Libertação da África do Sul 4(0)X4(1) Refavela
O jogo começou tenso porque ambas as canções são geniais. Cada uma me toca profundamente e tem uma ligação entre si. Em “Oração...” vemos toda a narrativa de um povo e sua luta por liberdade. Em “Refavela” vemos os passos dados, na direção do povo preto brasileiro ocupando novos espaços com a autoestima renovada. “Refavela” é um marco na trajetória de Gil, rendeu turnê recentemente, é um discos prediletos da Sr. Gilberto e não pode voltar neste campeonato. Jogo terminado empatado 4x4, com muito choro e vela, decidido por 5x4 na prorrogação pra “Refavela”.     
   

Só Chamei Porque te Amo 3x4 Amarra o teu Arado a uma Estrela
Cresci escutando Stevie Wonder e o reencontrei quando conheci a coleção de discos do Love. Gil encontrou Stevie e são amigos e parceiros musicais. Ambos são muito harmônicos e, juntos, uma potência. Essa canção vertida para o português por Gil é romântica e tocou muito nas rádios. Mas eu gosto dela em inglês e cantada por Stevie. Já "Amarra teu Arado a uma Estrela" é tão mágica e poesia pura e altamente necessária! 4x3 em jogo pegado, quase um Gre-Nal daqueles bem quentes.


Um Trem para as Estrelas 3x4 Drão
“Um Trem para as Estrelas” foi vencida pelo intérprete. Escuto Cazuza cantando. Apesar da versão original ser a de Gil, ela cabe na rouquidão, no tédio e displicência que Cazuza a interpreta. Tem Noel Rosa nessa canção! Tem um país que vive nessa corda bomba, buscando soluções para viver melhor. Porém, “Drão” é precedida por João Donato, por amigos que saem para caminhar numa madrugada e voltam para casa com essa declaração de amor finalizada. É lindo, é triste, é humano e acima de tudo faz a gente sentir aquela dor e aquele amor indo embora e se transformando. Placar: 4x3 com o gol ao final dos 45 min do segundo tempo pra “Drão”. 


O Eterno Deus Mu Dança! 3X2 Não Chore Mais
Bem, eu amo o Ed Motta! Do seu jeito aparentemente mal-humorado, ele abre a boca e invade os nossos tímpanos. Chama atenção para a melodia! É um grande intérprete e aqui participa da versão original ainda bem jovem. Já “Woman no Cry” é um hino a tudo que vai melhorar e a tudo o que precisamos deixar pra lá para seguir em frente. Com variados dribles, e até gol de bike, chegamos ao placar final de 3x2 para o ritmo, os corais e a mensagem do “O Eterno Deus Mu Dança!” 
      

De Bob Dylan a Bob Marley, um Samba-Provocação 0x4 Lamento Sertanejo      
Quem me conhece já sabe qual foi o resultado da partida: “Lamento Sertanejo” é uma das minhas canções prediletas de Gil, me liga com outras passagens literárias, com outros filmes, com o povo brasileiro. Me emociona demais! 4x0 sem espaço pra resenha. Passou a régua e fez 4 dancinhas pras câmeras de TV!     


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resultados de Cly Reis:


Preciso aprender a só ser 1 X 2 Chuck Berry Fields Forever
Preciso é linda mas o rockão Chuck Berry mata a pau. Vitória apertada.


João Sabino 4 X 0 Bananeira
Clássico da Banana! Vitória fácilde João Sabino porque,
pra mim, Bananeira é mais João Donato do que Gil.
E a versão do Gil Ao Vivo 1974 é fantástica.


Menina Goiaba 1 X 3 Cinema Novo
Olha..., Cinema Novo só ganha porque é espetacular porque, para meu critério, 
as canções gravadas em parceria levam desvantagem. Mas aqui, não tem como não ganhar.


Pai e Mãe 3 X 1 Emoriô
Emoriô é outro caso de música que é mais do Donato do que do Gil.
Não teria como ganhar, ainda mais da belíssima Pai e Mãe. Lindíssima.


Ê, povo, ê 2 X 1 Rebento
Clássico Re-Re (Relace vs. Refazenda)
Esse é um daqueles confrontos espetaculares, já na primeira fase.
Jogo dificílimo!
Ê, povo, Ê ganha nos acréscimos. Jogo ganho no detalhe.


Meditação 2 X 5 Andar com fé
Meditação, linda, de arranjo incrível, deu o azar de pegar uma das mais fortes concorrentes logo na primeira rodada.
Não teve jeito.


O Rouxinol 1 X 2 Extra
Outro jogo, daqueles "absurdos"!!!
A composição rebuscada e complexa de Rouxinol contra o balanço do reggae-pop
precioso de Extra.
Sou obrigado a me render ao embalo de Extra. 


Jurubeba 0 X 2 Nos barracos da cidade
Jurubeba é ótima, mas sai em desvantagem por ser gravação em parceria.
Mas Nos Barracos é demais e, por si só, mesmo sem esse detalhe teria potencial para ganhar naturalmente.


A bruxa de mentira 0 X 4 Ilê Ayê
A Bruxa é gostosa, é simpatica, é um doce, mas contra Ilê Ayê não dá nem pra saída.
Vitória fácil.


Sarará Miolo 2 X 3 Batmacumba
Batmacumba quase tropeça no quesito parcerias,
mas essa, mesmo estando em um álbum coletivo, é muito Gil.
É muito fantástica para não levar essa.

É 0 X 1 São João Xangô Menino
Jogo esquisito... Uma "descartada" de um álbum (É), e outra que só tem registros ao vivo.
Passa São João Xangô Menino. Por pouco.


O seu amor 1 X 3 Marginália 2
O Seu Amor é linda mas Marginália II passa pela pertinência e atualidade.


No norte da saudade 3 X 1 Ladeira da preguiça
Ladeira é mais gostosa. Simples assim.


Babá Alapalá 1 X 6 Super-Homem (a canção)
Que azar  Baba teve em pegar Super-Homem!!! Aliás, seria azar para qualquer uma.
Não dá, né?


Sandra 0 X 5 Refazenda
Refazenda é das fortes candidatas, hein!


Refestança 1 X 3 Ela
Refestança é um rock gostoso, muito legal, mas, além de álbum conjunto,
foi pegar logo Ela pelo caminho...
Ela é daquelas aberturas lindas de um álbum. Não teria como perder esse confronto.



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resultados de Daniel Rodrigues:


Beira-Mar 1 X 3 Cores Vivas
Jogão, mas com um dos times daqueles que veio disposto a ganhar campeonato. Beira-Mar marca de saída na poética Caetano/Gil, mas a adversária, gozando o bom-viver, tasca-lhe um, dois, três gols um em seguida do outro. 3 x 1, placar final.


Ensaio Geral 0 X 2 Palco
Outro confronto com um time claramente superior, embora o respeitoso adversário seja um dos primeiros clássicos de Gil - gravado por Elis, te mete! Mas não tem contra Palco, entra em campo com a alma cheirando a talco. Palco faz 2 x 0 fácil e diz pra Ensaio: "Fora daqui!"
 

Roda 1 X 2 Tenho Sede
Jogo mais parelho. Empolgante, Roda larga marcando, mas no segundo tempo Tenho Sede empata. Quando parecia que ia acabar assim, no intervalo Tenho Sede volta mais hidratada e, num pênalti, não desperdiça. 2 x 1.
 

Viramundo 3 X 4 Cálice
Grande jogo! Com variações, jogadas e oportunidades de ambos os lados. A experiência de Viramundo contra a rebeldia de Cálice. A igualdade se reflete no placar: impressionantes 3 a 3 até a segunda etapa! Mas Cálice tem um diferencial no plantel: um atacante chamado Chico, contratado do Politeama, que tem o chamado “sentimento diagonal do homem-gol”. É ele quem marca o quarto naquele que foi dos melhores confrontos da primeira fase. 4 x 3 pra Cálice.
 

Frevo Rasgado 0 X 1 Raça Humana
 Mesmo com o ritmo contagiante do frevo, o futebol nordestino alegre, a dona da casa, mesmo com estádio lotado, não conseguiu segurar o jogo cadenciado deste reggae filosófico de respeito. 1 x 0 Raça Humana.


Miserere Nobis 1 X 2 Expresso 2222
Dois clássicos, um tropicalista típico; o outro, um forró cosmopolita. Mas com um adversário consistente como Expresso 2222, não tem vez. Placar apertado, mas com um vencedor de respeito: Expresso tira um dos 2 do seu título pra vencer pela diferença de um gol: 2 x 1.
 

Cérebro Eletrônico 2 X 3 Se eu quiser falar com Deus
 Mais um jogo difícil. O estilo elétrico de Cérebro encontra o ritmo leve de Se Eu Quiser..., que nem por isso deixa de ser contundente quando ataca. Aliás, é a balada que sai na frente. Não dá muito tempo, mete outro! E outro! Que isso, goleada? Cérebro esboça uma reação, descontando e depois chegando ao segundo. Mas, no fim, cérebro eletrônico nenhum lhe dá socorro no seu caminho inevitável para a morte, e o placar final fica 3 x 2 pra Se Eu Quiser Falar com Deus.


Volkswagen Blues 1 X 2 Maracatu Atômico
Duas tropicalistas de pegadas diferentes: o rock blues de Volks e o maracatu atômico de... a própria. Mesmo não aproveitando todas as qualidades do esquema tático de Mautner/Jacobina (Chico Science provaria isso anos mais tarde), é ela que, num placar clássico, avança de fase: 2 x 1 pra Maracatu.
 

Vitrines 2 X 1 Eu vim da Bahia
A graciosidade bossa-novística de Eu Vim... bem que tenta marcando primeiro. Mas falta fôlego pra segurar a vanguarda tropicalistística de Vitrines, que iguala e mais pro fim faz o da vitória. 2 x 1 Vitrines.
 

Mamma 0 X 3 Haiti
Mamma é bonita, feita na fase londrina para a mãe de Gil, mas segurar Haiti, convenhamos, não dá, né? Só não foi lavada, porque respeita a própria mãe. 3 x 0 com direito a comemoração com gestual de rapper e dancinha de axé-music. Haiti não veio pra brincadeira e deixa o recado pros próximos adversários: “Pensem no Haiti!”
 

O Sonho Acabou 0 X 2 Realce
Partida agradável de se ver, com jogo alegre das duas partes. A serelepe O Sonho Acabou, com um estilo meio inglês de jogar, acerta na trave e assusta, mas quem abre o placar mesmo é Realce, que faz um gol de tabelinha como quem dança numa pista. Fora isso, a música tem torcida organizada tipo Coligay na arquibancada. Com parafina e purpurina, Realce vai lá e mete outro. Alegria nos pés. 2 x 0 é o placar final.


Madalena 0 X 2 Sítio do Pica-Pau Amarelo
Madalena fez sucesso e é antiga no repertório de Gil, visto que aparece lá no pré-exílio Barra 69 para só depois, em 1991, ser gravada em Parabolicamará. Mas nem toda essa campanha faz de música combatível a uma das mais graciosas e queridas do repertório do baiano, que é Sítio do Pica-Pau Amarelo. Placar clássico: 2 x 0 para Sítio.
 

Meio de Campo 1 X 0 Estrela
Pintou zebra na Copa Gil! Estrela tocou nas rádios, é das baladas que os fãs adoram, toca em shows mas, por aqueles acasos da vida, pegou pela frente a “braba” Meio de Campo. E aí, meu filho, se meter com música feita pra voz de Elis Regina é outra história. Numa partida bem disputada, o jogo foi resolvido, sem trocadilhos, no meio de campo. Mais bem esquematizada no seu samba-jazz, Meio de Campo faz o golzinho numa bola alçada pra área e era isso. Vitória magra por 1 x 0. 


Essa é pra tocar no rádio 3 X 1 A Novidade
A Novidade é daqueles grandes sucessos de Gil, parceria com Herbert Vianna, letra poderosa. O que ela faz? Tira vantagem e logo de cara marca o seu e assim fica até o fim do primeiro tempo. Acontece que no segundo ela não esperava que seu adversário fizesse modificações no elenco que mudariam completamente o panorama da partida. Ao invés da versão de Refazenda, Essa é Pra Tocar no Rádio, num estilo jazzístico ligeiro, volta com a formação de Gil & Jorge, mais sambada e cadenciada. Aí, o jogo foi outro. 1, 2, 3 e só não teve quarto porque faltou tempo. De virada, Essa é Pra Tocar no Rádio faz 3 x 1 em A Novidade.

 
O Compositor me disse 1 X 3 Tempo Rei
Lembra quando a gente falou que música feita pra Elis saía naturalmente em vantagem? Pois é: nem sempre. Aqui, não valeu de nada ter sido composta pra voz da Pimentinha, porque a música pegou pela frente a clássica Tempo Rei.  O jogo foi transcorrendo, transformando, e Tempo Rei achando os espaços e navegando por todos os sentidos do campo. Até que, água mole em pedra dura, tanto bateu que foi lá e abriu o placar. Depois foi fácil até o fim. 3 x 1. 


Iansã 1 X 2 Geleia Geral
Dois timaços, hein? Iansã, rainha dos raios, mandou uma chuvarada no céu partido ao meio no meio da tarde. Como pra ela tempo bom é tempo ruim, aproveita e larga na frente. Só que iansã tem na frente um adversário qualificadíssimo. Diria até munido de muitos recursos. Com brasilidade no pé, Geleia Geral dribla as dificuldades e empata. O jogo vai pra prorrogação, e somente nos últimos minutos Geleia Geral faz o da vitória apertada, mas que lhe dá a classificação. 2 x 1. 


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CLASSIFICADAS PARA A SEGUNDA FASE:
Lugar Comum
Quilombo, o Eldorado Negro
Queremos Saber
Procissão
Parabolicamará
Back in Bahia
A Paz
Kaya N'gan daya
La Renaissence Africane
Copo Vazio
O Som da Pessoa
Barato Total
Filhos de Gandhi
Nêga
Three Little Birds
Panis et Circenses
Serafim
Domingo no Parque 
Oriente
Flora
Esotérico
Punk da Periferia
Aquele Abraço
Toda Menina Baiana
Tradição
Rafavela
Amarra o teu arado a uma estrela
Drão
Lamento Sertanejo
O Eterno deus Mu Dança!
Zumbi
Chuck Berry Fields Forever
João Sabino
Cinema Novo
Pai e Mãe
Ê, povo, ê
Andar com fé
Nos Barracos da Cidade
Ilê Ayê
Extra
Batmacumba
São João Xangô Menino
Marginália 2
No norte da saudade
Super-Homem
Refazenda
Ela
Geleia Geral
Tempo Rei
Essa é pra tocar no rádio
Meio de Campo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Realce
Haiti
Vitrines
Maracatu Atômico
Se eu quiser falar com Deus
Expresso 2222
Raça Humana
Cálice
Palco
Cores Vivas
Tenho Sede
Só quero um xodó



Em seguida, sortearemos e informaremos os confrontos da segunda fase.
Fique ligado!  😉

terça-feira, 19 de setembro de 2017

As minhas músicas preferidas de Chico Buarque (e as deles também)

Chico Paratodos os gostos

Por ocasião do recente lançamento do disco novo de Chico Buarque, “Caravanas” – o qual ainda não escutei integralmente, mas tudo que ouvi me agradou bastante – a Ilustrada da Folha de S. Paulo publicou uma matéria interessantíssima trazendo uma enquete com 40 personalidades afins com o músico e escritor, que fizeram, cada um, a seleção de suas três canções preferidas dele. Pronto, tocou em duas coisas que adoro: Chico Buarque e listas.

Bem abrangente, a publicação da Folha traz, entre os votantes, pessoas diretamente ligadas ao artista, como a irmã Miúcha, o genro Carlinhos Brown e a companheira de estrada Gal Costa, mas também nomes bem distintos, como o carnavalesco Alexandre Louzada, autor do enredo "Chico Buarque da Mangueira", com o qual a escola foi campeã em 1998; Adelia Bezerra de Meneses, autora dos livros "Figuras do Feminino na Canção de Chico Buarque" e "Desenho Mágico: Poesia e Política em Chico Buarque"; e o cineasta Bruno Barreto, diretor de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), que tem na trilha a inesquecível “O Que Será?”.

"Construção": a
campeã
Das escolhidas, várias se repetem de um votante para outro, mostrando o quanto são temas que realmente arrebatam os admiradores de Chico. Caso de “Construção”, a campeã em menções, 9 no total, “O Que Será” (8), “As Vitrines” (6), “Roda Viva” (5) e outras, como “Vai Passar” (“Mais atual do que nunca”, segundo o diretor de teatro João Falcão), “Futuros Amantes”, “O Meu Guri” e “Todo o Sentimento”.

É de se destacar que não apenas os clássicos consagrados pelo tempo entraram na seleção. Aparecem também obras das novas safras de Chico, como “Sinhá” (do seu penúltimo álbum, “Chico”, de 2011, parceria com João Bosco vencedora do Prêmio Tim de Música do Ano) e as recentes “As Caravanas” e "Tua Cantiga" – esta última, entre as preferidas de Zé Celso Martinez Corrêa e Miúcha.

Nessa linha, fico feliz (até por não tê-las conseguido incluir entre as minhas) em ver citados temas mais "escondidos" do cancioneiro de Chico, ou seja, aquelas músicas que não são necessariamente as mais populares e que, uma vez escolhidas, denotam um profundo apreço por parte de seu eleitor. Dentre estas, "Meio Dia Meia Lua", "Uma Canção Desnaturada", "Mil Perdões", "Quando o Carnaval Chegar" e "O Futebol". Senti falta, entretanto, de "Samba do Grande Amor" e "João e Maria", comumente queridinhas dos fãs. Porém, como se sabe, trata-se de uma obra gigantesca e qualificadíssima, por isso ausências como estas são mais do que justificáveis.

Então, vão aqui as listas das eleitas de cada participante e, claro, a minha também. Missão difícil, quase impossível. Mas como eu mesmo escrevo esta matéria, dou-me, ao menos, à liberdade de escolher não apenas três, mas 10 faixas. Eu posso.


A MINHA LISTA:
1 - “Construção” (em “Construção”, 1971)
2 - “A Bela e a Fera” (com Edu Lobo, em “O Grande Circo Místico”, por Tim Maia, 1982)
3 - “Futuros Amantes” (em “Paratodos”, 1992)
4 - “O Cio da Terra” (com Milton Nascimento, em “Chico & Milton”, 1977)
5 - “Cotidiano” (em “Construção”, 1971)
6 - “Meu Caro Amigo” (com Francis Hime, em “Meus Caros Amigos”, 1976)
7 - “O Meu Guri” (em“Almanaque”, 1981)
8 - “Estação Derradeira” (de “Francisco”, 1987)
9 - “Vida” (em “Vida”, 1980)
10 - "Valsinha" (com Vinícius de Moraes, em "Construção"), "Rosa dos Ventos" (em "Chico Buarque de Hollanda nº 4", 1970) e "Amando sobre os Jornais" (em "Mel", por Maria Bethânia, 1979)


.....................................

ALEXANDRE LOUZADA
Carnavalesco
[1] "Carolina" (1967) 
[2] "Quem te Viu, Quem te Vê" (1966) 
[3] "Cálice" (com Gilberto Gil - 1973) 

ADELIA BEZERRA DE MENESES
Professora da USP
[1] "Cala a Boca, Bárbara" (com Ruy Guerra - 1972/73) 
[2] "Todo o Sentimento" (com Cristóvão Bastos - 1987) 
[3] "O Que Será" (1976) e "Construção" (1971) 

BETH CARVALHO
Gravou "O Meu Guri" e inúmeras canções do compositor
[1] "Apesar de Você" (1970)
[2] "O Meu Guri" (1981) 
[3] "Sinhá" (com João Bosco - 2010)

BIBI FERREIRA
Atriz da primeira montagem de "Gota d'Água" (1975)
[1] "Gota d'Água" (1975)
[2] "Basta Um Dia" (1975)
[3] "Bem Querer" (1975)

BRUNO BARRETO
Cineasta, dirigiu, além de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), episódios de "Amor em Quatro Atos" (2011), baseada em canções de Chico 
[1] "O que Será"
[2] "As Vitrines" (1981) 
[3] "Folhetim" (1977/78) 

CACÁ DIEGUES
Cineasta, encomendou a Chico canções para "Quando o Carnaval Chegar" (1972; aqui, o cantor também atua), "Joanna Francesa" (1973) e "Bye Bye, Brasil" (1980), entre outros
[1] "Morro Dois Irmãos" (1989)
[2] "Joana Francesa" (1973) 
[3] "A Banda" (1966) 

CADÃO VOLPATO
Jornalista e autor de conto inspirado em música de Chico para a antologia "Essa História Está Diferente" (Companhia das Letras)
[1] "Flor da Idade" (1973)
[2] "Quando o Carnaval Chegar" (1972) 
[3] "Joana Francesa" 

CARLINHOS BROWN
Cantor e pai de dois netos de Chico
[1] "Trocando em Miúdos" (com Francis Hime - 1978)
[2] "As Vitrines"
[3] "Olhos nos Olhos" (1976)

CAROLA SAAVEDRA
Escritora, assinou conto para o livro "Essa História Está Diferente"
[1] "Mil Perdões" (1983) 
[2] "Construção" 
[3] "Roda Viva" (1967) 

CHARLES MÖELLER
Diretor de "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos" (2014) e "Ópera do Malandro" (2003)
[1] "O Que Será" - A primeira ("Abertura")
[2] "Mil Perdões" 
[3] "Bye Bye, Brasil" (com Roberto Menescal - 1979)

CRIOLO
Rapper, compôs nova letra para "Cálice" e foi elogiado por Chico
[1] "O Que Será" 
[2] "Cálice" 
[3] "Construção" 

DIOGO NOGUEIRA
Gravou com Chico "Sou Eu"
[1] "Roda Viva"
[2] "Homenagem ao Malandro" (1977/78)
[3] "Sou Eu" (com Ivan Lins - 2009)

ELBA RAMALHO
Participou da primeira montagem da "Ópera do Malandro" (1978)
[1] "O Meu Amor" (1977/78) 
[2] "Todo o Sentimento" 
[3] "As Vitrines”

ELIFAS ANDREATO
Ilustrador de discos de Chico como "Ópera do Malandro" (1979) e "Almanaque" (1981)
[1] "Sobre Todas as Coisas" (com Edu Lobo - 1982) 
[2] "Tempo e Artista" (1993) 
[3] "Todo o Sentimento" 

FERNANDO DE BARROS E SILVA
Diretor de Redação da "piauí" e autor de "Folha Explica Chico Buarque" (Publifolha, 2004)
[1] "Beatriz" (com Edu Lobo - 1982) 
[2] "Pelas Tabelas" (1984)
[3] "O Futebol" (1989) 

GABRIEL VILLELA
Diretor de "A Ópera do Malandro" (2000), "Os Saltimbancos" (2001) e "Gota d'Água" (2001)
[1] "Uma Canção Desnaturada" (1979)
[2] "O Meu Guri" 
[3] "Brejo da Cruz" (1984) 

GAL COSTA
Intérprete de "Folhetim", dedicou "Mina d'Água do Meu Canto" (1995) à obra de Chico e de Caetano
[1] "Folhetim" 
[2] "Desalento" (com Vinicius de Moraes, 1970) 
[3] "As Vitrines" 

GEORGETTE FADEL
Atriz da montagem "Gota d'Água - Breviário" (2006)
[1] "Valsa brasileira" (com Edu Lobo - 1987-88)
[2] "Gota d'Água" 
[3] "Bárbara" (com Ruy Guerra - 1972-73) e "Roda Viva" 

HELOISA STARLING
Professora da UFMG e autora de "Uma Pátria Paratodos - Chico Buarque e as Raízes do Brasil" (Língua Geral)
[1] "Construção"
[2] "Futuros Amantes" (1993) 
[3] "Sinhá" 

HUMBERTO WERNECK
Jornalista, autor da reportagem biográfica de "Tantas Palavras" (Companhia das Letras)
[1] "Futuros Amantes" 
[2] "As Vitrines" 
[3] "Vai Passar" (com Francis Hime - 1984) 

JOÃO FALCÃO
Diretor de "Cambaio" (2001) e "Ópera do Malandro" (2014)
[1] "Futuros Amantes" 
[2] "Leve" (com Carlinhos Vergueiro - 1997) 
[3] "Vai Passar" - Mais atual do que nunca

JOÃO FONSECA
Diretor de "Gota d'Água" (2007)
[1] "O Que Será" 
[2] "Construção" 
[3] "Beatriz" 

LAILA GARIN
Atriz de "Gota d'Água [A Seco]" (2016)
[1] "As Vitrines"
[2] "Uma Palavra" (1989) 
[3] "Uma Canção Desnaturada"

LEILA PINHEIRO
Gravou com Chico "Renata Maria" e participou de álbuns dele como "Dança da Meia-Lua" (1988)
[1] "Futuros Amantes" 
[2] "Valsa Brasileira" 
[3] "Retrato em Branco e Preto" (com Tom Jobim, 1968) 

MIÚCHA
Cantora e irmã de Chico
[1] "Maninha" (1977) 
[2] "Tua Cantiga" (com Cristóvão Bastos, 2017) 
[3] "As Caravanas" (2017) 

MÔNICA SALMASO
Gravou com Chico "Imagina", além do disco "Noites de Gala, Samba na Rua" (2007), todo dedicado à obra dele
[1] "Beatriz"
[2] "Construção"
[3] "Sinhá" - Encontro arrebatador de mestres sobre a história do Brasil

MONIQUE GARDENBERG
Diretora do filme "Benjamim" (2004), adaptado do livro homônimo de Chico
[1] "Apesar de Você"
[2] "Joana Francesa" 
[3] "A Rita" (1965) 

NANA CAYMMI
Gravou com Chico "Até Pensei" e participou de projetos dele, como a trilha de "O Corsário do Rei" (1985)
[1] "Até Pensei" (1968)
[2] "O Que Será"

[3] "Gota d'Água"

NEY MATOGROSSO
Gravou o disco "Um Brasileiro" (1996), dedicado à obra de Chico
[1] "Construção" 
[2] "Almanaque" (1981) 
[3] "Tatuagem" (com Ruy Guerra, 1972/73) 

OLIVIA BYINGTON
Gravou diversas canções de Chico e participou de trabalhos dele, como a trilha de "Para Viver um Grande Amor" (1983)
[1] "Eu te Amo" (com Tom Jobim - 1980) 
[2] "Tatuagem"  
[3] "Apesar de Você" 

OSWALDO MONTENEGRO
Gravou um disco em torno da obra de Chico ("Seu Francisco", 1993)
[1] "Construção"
[2] "Todo o Sentimento" 
[3] "Roda Viva" 

RAFAEL GOMES
Diretor de "Gota d'Água [A Seco]" (2016)
[1] "Você Vai Me Seguir" (com Ruy Guerra - 1972/73) 
[2] "A Voz do Dono e o Dono da Voz" (1981) 
[3] "Meio Dia Meia Lua (na Ilha de Lia, no Barco de Rosa)" [com Edu Lobo, 1987/88] 

REGINA ZAPPA
Autora de "Chico Buarque para Todos" (Ímã Editorial) e "Chico Buarque - Cidade Submersa" (Casa da Palavra), entre outros
[1] "Construção"
[2] "Joana Francesa" 
[3] "O Meu Guri" 

RICARDO CALIL
Jornalista e codiretor do documentário "Uma Noite em 67", que mostra o Festival de MPB em que Chico apresentou "Roda Viva" com o MPB 4
[1] "Construção" 
[2] "Olhos nos Olhos" 
[3] "Cotidiano" (1971) 

SYLVIA CYNTRÃO
Professora da UnB e autora de "Chico Buarque, Sinal Aberto!" (7Letras)
[1] "O Que Será" 
[2] "Roda Viva" 
[3] "Sem Fantasia" (1967) 

TADEU JUNGLE
Roteirista e diretor de episódio da série "Amor em Quatro Atos"
[1] "Geni e o Zepelim" (1977/78) 
[2] "Sem Açúcar" (1975) 
[3] "Todo o Sentimento" 

VIVIAN FREITAS
Fundadora e vocalista do bloco Mulheres de Chico, dedicado à obra buarquiana
[1] "O Que Será (À Flor da Terra)" 
[2] "Roda Viva" 
[3] "Geni e o Zepelim" 

WALTER CARVALHO
Cineasta e fotógrafo, diretor de "Budapeste" (2009), baseado no livro homônimo de Chico
[1] "A Banda" 
[2] "Apesar de Você" 
[3] "Feijoada Completa" (1977)

ZÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA
Diretor da montagem original de "Roda Viva" (1967)
[1] "Sem Fantasia”
[2] "O Meu Amor”
[3] "Tua Cantiga" 

ZIZI POSSI
Intérprete de "Pedaço de Mim", está montando show dedicado às parcerias de Chico com Edu Lobo
[1] "Cantiga de Acordar" (com Edu Lobo, 2001)
[2] "Beatriz"
[3] "O Circo Místico" (com Edu Lobo, 1982)


por Daniel Rodrigues