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domingo, 29 de julho de 2012

Anarquia em Porto Alegre - Noite de autógrafos de Daniel Rodrigues - Pinacoteca Café (19/07/2012)




Tinha ficado devendo imagens e algumas considerações sobre o lançamento do livro "Anarquia na Passarela" (ed. Dublinense, 2012) do meu irmão, jornalista, parceiro-colaborador deste blog e dono blog do O Estado das Coisas Cine, Daniel Rodrigues.
Bom, pra começar, voltar a Porto Alegre para mim é sempre um prazer e ainda mais em circunstâncias festivas e alegres como esta, neste caso especialmente numa realização pessoal do Daniel e que por extensão enche de orgulho a todos nós da família.
O evento em si estava um grande barato. Tudo muito bacana, muito alegre, muito amistoso e ambiente aconchegante do bar Pinacoteca Café. Amigos, familiares, desconhecidos, curiosos, todos ali dando uma conferida, cumprimentando o escritor e demonstrando grande interesse pelo tema que num primeiro momento parece estranho mas que olhando em volta se vê o quanto é comum.
Tive a oportunidade de encontrar parentes queridos como minha adorada tia-prima Isaura, amigos de tempo como o Christian Ordoque e a Iris Borges, amigos até então virtuais como a Valéria Luna e o Eduardo Wolff, rever meu outro 'irmão' velho, meu primo e ex-parceiro de banda, o Lúcio Agacê detonando um punk rock nas 'picapes', e até topar com uma das lendas do punk-hardcore gaúcho, o ex-vocalista da Atraque, Leandro Padraxx, que dava uma banda por lá.
Grande noite. Grande honra e prazer ter estado lá com todas essas pessoas. E, mais uma vez parabéns, Daniel! Sucesso e que venham outros e outros livros por aí.


Abaixo algumas das cenas da noite captadas pela lente de Leocádia Costa, que igualmente tive o prazer de conhecer nesta visita:

"Anarquia na Passarela", já à venda
Família presente prestigiando o evento.
Lucio Agacê comandando o som:
Replicantes, Kennedy's, Pistols, Joy, e  por aí vai.
O autor, Daniel, na mesa de autógrafos,
atencioso com os visitantes
...tudo isso 'embalado' pela saborosa
cachaça Da Chica
Daniel com o grande Eduardo Wolff, resenhista
de vários ÁLBUNS FUNDAMENTAIS
aqui no blog,...
... com sua adorável namorada, Leocádia. 
... e revivendo a extinta HímenElástico,
com este blogueiro que vos escreve (dir.) e com Lúcio Agacê.
Irmãos
Autógrafos
Daniel Rodrigues e seu livro


fotos: Leocádia Costa
Luís Ventura


domingo, 24 de outubro de 2010

Public Enemy - "Apocalypse 91... The Enemy Strikes Back" (1991)


O INIMIGO PÚBLICO NÚMERO 1


"Combata o poder."
Public Enemy



Desde moleque eu tinha uma mente meio rebelde; nada muito pesado, mas eu já pensava em fazer coisas diferentes. Jamais pensei que um dia conheceria o PE.
Foi em meados de 1991/1992 eu acho, enquanto o mundo ainda vagava pela Acid-house, ou pelo Grunge , eu misturava o Rap com Hardcore, influenciado por uma música que tinha escutado. Eu pensava em mudar o mundo junto com mais alguns malucos e, ao mesmo tempo que isso acontecia na minha mente, estava acontecendo no mundo uma outra revolução: o Hip-hop. E junto a uma avalanche de artistas um grupo em especial me chamou a atenção: o PUBLIC ENEMY.
O grupo nasceu quando o estudante de design gráfico e fã de hip hop, Chuck D  resolveu criar um projeto musical com cujos objetivos eram basicamente modernizar as bases e batidas do rap e levar para o gênero as discussões políticas e sociais dos EUA. Para isso contou com Terminator X., Professor Griff e Flavor Flav. Em 1987 lançavam seu primeiro álbum, "Yo! Bum Rush the Show" e já o ano seguinte, apareceram com "It Takes A Nation of Millions to Hold Us Back". Com os sucessos "Don't Believe the Hype" e "Rebel without a Pause", alcançaram sucesso de crítica e extrapolaram as fronteiras do hip hop. Com "Fight de Power", presente na trilha de "Faça a Coisa Certa" (89), de Spike Lee, o Public Enemy atacava ídolos brancos, como John Wayne e Elvis Presley (o grupo depois iria amenizar essas críticas). No mesmo ano, Professor Griff era expulso da banda após supostas declarações anti-semitas dadas ao jornal "The Washington Post" mas a banda continuaria a conservar sucesso de crítica e público com "Fear of a Black Planet" (90) e "Apocalypse 91...The Enemy Strikes Black" (91). Em 1992, causaramm polêmica com o clipe "By the Time I Get to Arizona", que protestava contra o Arizona, um dos dois estados dos EUA que não consideravam feriado a data de aniversário do líder negro Martin Luther King (1929-68). A partir daí, a banda entrou em recesso criativo, lançando álbuns irregulares, o melhor deles sendo "He Got Game" de 1998.
Eu os conheci com o álbum "Fear of a Black Planet", e esse álbum me fez rever conceitos, e tenho certeza que de muitas pessoas também. A meu ver, foi o responsável pelo sucesso dos caras para o mundo, com músicas como "Fight the Power" e "911 is a Joke".
Depois comprei o "Apocalypse 91... The Enemy Strikes Back", e é desse álbum que vou falar:
Esse disco foi o que eu precisava ouvir para me sentir uma pessoa melhor, e acreditar finalmente que era possível ser um negro sem precisar empunhar uma arma, ou ter que sofrer com o preconceito.O movimento brasileiro de Hip-Hop, que vem aumentando até hoje e melhorando musicalmente, foi o que resgatou essa auto-estima de vários jovens pelo Brasil
Foi com o "duplão" dos PE que embalei boas sessions de skate pelos parques da capital gaúcha e mais tarde rolei em alguns campeonatos. Cara esse disco faz parte da minha vida até hoje carrego na case por onde vou.
Destaque para "Rebirth", "Shut Em Down" e "Bring The Noise", esta última gravada junto com a banda de metal Anthrax, o que daria início a mais uma revolução... mas isso é assunto pra outro texto.

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FAIXAS:
1. Lost At Birth
2. Rebirth
3. Night train
4. Can’t Truss It
5. I Don’t Wanna Be Called Yo Niga
6. How To Kill A Radio Consultant
7. By the Time I Get To Arizona
8. Move!
9. 1 Million Bottle bags
10. More News At 11
11. Shut Em Down
12. A Letter to the New York Post
13. Get the F— Outta Dodge
14. Bring the Noise

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Ouça:
Public Enemy Apocalipse 91... The Enemy Strikes Black



por Lúcio Agacê




Luciano Reis Freitas (Lúcio Agacê) é músico, DJ, produtor e radialista. Inquieto, está constantemente atuando em diversos projetos simultâneos especialmente na região metropolitana de PortoAlegre. Tem raízes musicais sobremaneira no punk, no rap, hip-hop, no funk e suas origens mas mantém sempre as antenas ligadas em todo o som que acontece à sua volta. Foi integrante, entre tantas outras, das bandas HímenElástico, Código Penal, Caixa Preta e atualmente está ligado às bandas Digue, Porlacalle, Grosseria e mais outros tantos projetos paralelos.
Sites dele:
http://meugritofazvocepensar.blogspot.com/
http://djbrasil.ning.com/profiles/profile/show?id=lucioagace&xg_source=facebookshare
http://www.myspace.com/lucioagace


sábado, 21 de setembro de 2013

ClyBlog 5+ Shows


Em época de grandes apresentações ao vivo por essas bandas, é interessante também saber com os amigos quais foram os grandes espetáculos musicais que presenciaram. Palco, luzes, a banda ali pertinho, o empurra-empurra, pegar a palheta do guitarrista, filas, subir no palco pra fazer jump-stage, poguear na roda-punk, ir ao camarim, ouvir a banda tocar sua música preferida, são coisas que só quem esteve lá pôde sentir. Por isso, em mais uma dos 5 anos do clyblog, 5 convidados nos contam quais os 5 shows que, de alguma forma marcaram suas vidas.
Com vocês clyblog 5+ shows:



1 Marcos Rocker Mattos
analista de logística e DJ
(São Paulo)
"O Peter Murphy, no Carioca Club, foi muito bacana, esse ano."


Peter Murphy em ação, em SP

1. Einstürzende Neubauten - SESC Belenzinho- São Paulo/ SP
2. The Cure - (Hollywood Rock 1996) - Pacembu- São Paulo/ SP
3. Teenage Fanclub (Whisky Festival) - The Week- São Paulo/SP
4. Primal Scream - HSBC Hall - São Paulo /SP
5.  Peter Murphy - Carioca Club- São Paulo/ SP




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2 Anderson Reis
estudante
(Porto Alegre)

"O Nightwish foi incrível 
mas no Lacuna Coil a vocalista me viu e abanou pra mim."




1. Guns'n Roses (Chinsese Democracy Tour) - FIERGS - Porto Alegre/RS
2. Ozzy Osbourne - Gigantinho - Porto Alegre/RS
3. Nightwish - Opinião - Porto Alegre
4. Lacuna Coil - Opinão - Porto Alegre/RS
5.  Evanescence - Pepsi on Stage - Porto Alegre/RS



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3 Christian Ordoque
consultor de História
colaborador do ClyBlog
(Porto Alegre)
"This boy 'craiou' horrores "

1. Paul McCartney - Beira-Rio - Porto Alegre/RS
2. The Cure - Arena Anehmebi - São Paulo/SP


3. Echo and the Bunnymen - Opinião - Porto Alegre/RS
4. Legião Urbana (turnê "O Descobrimento do Brasil") - Gigantinho - Porto Alegre/RS
5.  Camisa de Vênus (turnê "Viva") - Gigantinho - Porto Alegre/RS

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4  Lucio Agacê
músico, DJ
colaborador do ClyBlog
(Sapucaia do Sul/RS)

"Teve vários, mas o ParaNóia foi o primeiro de todos
e a minha incursão no movimento Punk RS.
Suicidal e Biohazard, no Opinião, foram shows nos quais
tive o prazer de abrir, com a Grosseria"


Tá pensando que é só show de rock que é bacana? 
Bezerra detonou, na opinião de Lúcio Agacê

1. Insanidade (Festival "Não ParaNóia 0) - Novo Hamburgo/ RS
2. Bezerra da Silva - Auditório Araújo Vianna - Porto Alegre/RS
3. B-Negão com Autoramas (Fórum Social Temático) - São Leopoldo - Porto Alegre/RS
4.  Suicidal Tendencies - Opinião - Porto Alegre/RS
4.  Biohazard - Opinião - Porto Alegre/RS



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5 Tiago Bagesteiro Mafra
funcionário de transportadora
baterista
(São Bernardo do Campo/SP)

"Teria muito mais pra colocar nessa lista.
Tentei escolher os melhores."


1. Rolling Stones - Pacaembu - São Paulo/SP
2. The Cure (Hollywood Rock 1996) - Pacaembu - São Paulo/SP
3. Aerosmith (Hollywood Rock 1994) - Pacaembu - São Paulo/SP
4. Ramones - Palace - São Paulo/SP
5.  Foo Fighters (Lollapalooza 2012)  Jockey Club -São Paulo/SP

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Beastie Boys - "Check Your Head" (1992)


" Foi uma abordagem diferente quando começamos 'Check You Head'.
Antes disso, muito do que tínhamos tocado era mais pro lado rock e hardcore."
Adam Yauch


Os americanos do Beastie Boys tiveram que vencer as desconfianças por serem um grupo rap de brancos, para só então se firmarem neste cenário musical específico tão característico e dominado pelos negros. Mas a bem da verdade não demorou muito para superarem essa barreira. Bastaram seus dois primeiros discos para conquistarem de vez público, crítica e músicos com seu hip-hop/hardcore bem-humorado, irreverente, cheio de embalo e peso. Para se ter uma ideia do quanto o punk, as distorções fazem parte do universo dos rappers branquelas, já na sua estreia no primeiro álbum, “License to Ill”, por exemplo, contaram com a participação do guitarrista do Slayer em algumas faixas, envenenando mais os nervos da rapaziada. Aliás o peso, o punk, o hardcore, o metal são elementos constantes no rap incrementado dos Beastie Boys.
Cara, resolvi falar deles por serem outro grupo que influenciou muito na minha formação e não consigo ver o planeta sem a trilha sonora dos três malucos nova-iorquinos com músicas como “Hey ladyes” ,”(You Gotta) Fight for your Rigth (To Party)”, “Sabrosa”,”No Sleep Till Brooklyn”, e a clássica "So What'cha Want" entre outras.
Em “Check Your Head” de 1992, terceiro trabalho da banda, além da já citada “So What’cha Want”, uma das melhores músicas não só do disco mas do grupo; “Gratitude” com seu baixão distorcido; “Pass the Mic” com aqueles samples e scratches furiosos e “Funky Boss”; outra das grandes do trio, merecem especial. atenção.
Nada melhor do que uma session de skate ouvindo o “Check Your Head”, mais uma dica dos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS.

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FAIXAS:
1. Jimmy James
2. Funky Boss
3. Pass The Mic
4. Gratitude
5. Lighten Up
6. Finger Lickin’ Good
7. So What’Cha Want
8. The Biz Vs. The Nuge
9. Time For Livin’
10. Something’s Got To Give
11. The Blue Nun
12. Stand Together
13. Pow
14. The Maestro
15. Groove Holmes
16. Live At P.J.’s
17. Mark On The Bus
18. Professor Booty
19. In 3′s
20. Namaste

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Ouça:


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

3ª Festa de Rua da Bento Figueiredo – Bairro Bonfim – Porto Alegre/RS (25/09/2016)

 



Visão geral da entrada da rua.
Convidados por nossa hermana Carolina Costa, Leocádia e eu fomos a uma agradável feira a céu aberto ocorrida na Rua Bento Figueiredo, uma pequena travessa do bairro Bonfim acostumada a, durante a semana, comportar apenas a correria dos automóveis, uma vez que funciona como passagem entre duas vias de bastante movimento, a Felipe Camarão e a Ramiro Barcellos, as quais se ligam uma a outra por meio desta primeira. Neste domingo de uma tarde nublada, entretanto, a via serviu de abrigo para a feira, esse belo tipo de iniciativa que aos poucos Porto Alegre vai adotando a exemplo de Rio de Janeiro e São Paulo: a da ocupação de espaços públicos para ações comunitárias e alternativas ao comércio pasteurizado.
Tinha de tudo um pouco na feira: antiguidades, roupas, bijuteria, brechó, artesanato. Havia também vinis, os quais, claro, dei uma boa parada para ver. Muito bons, tanto em conservação quanto de diversidade e qualidade na banca da Bugio Discos, que, organiza, inclusive, a Feira do Vinil de Porto Alegre, a qual acontece na Casa de Cultura Mário Quintana e já é um sucesso de público em sua 5ª edição. Nesta feira, entretanto, eles eram os únicos a oferecer discos, tanto reimpressões novas quanto usados. Coisas bem variadas de rock internacional, MPB e um pouco de jazz. Grata surpresa foi encontrar uma edição do “Tubarões Voadores”, do Arrigo Barnabé, de 1985 (que o meu primo e clyblogger Lúcio Agacê me apresentou lá nos anos 80), contendo o encarte original, que é um HQ, de autoria do cartunista Luiz Cê, super raro. Tão raro, que justificava o valor do disco: R$130,00. Contentei-me em levar, a um preço bem mais em conta, um João Bosco, “Gagabirô”, de 1984, um dos de maiores vendagens do cantor e compositor mineiro, que contém o hit “Papel Machê”.
Fora isso, tinham brincadeiras coletivas para crianças, como bolhas gigantes, além de musica mecânica e apresentações artísticas, como a de um espirituoso mambembe e suas acrobacias. Paramos para assisti-lo, e não é que, sob os olhares atentos de adultos e pequenos, o sol, até então escondido por detrás da espessa camada de nuvens, deu de aparecer? Não por muito tempo, pois a nebulosidade logo o cobriu de novo e a noite chegou para selar de vez a tarde. Mas enquanto esteve presente, fosse com os raios pelas frestas das nuvens ou mesmo por entre elas, o astro-rei nos permitiu enxergar com olhos mais atentos aquela rua de construções antigas bonitas, as quais não raro se anulam no vai e vem acelerado da maior parte dos dias da semana. É como se nos projetássemos em um tempo e como se aquela rua ali ganhasse uma aura mágica – a qual, na verdade, é uma magia que já lhe pertence. A nós é que cabe reduzir a marcha um pouquinho e apreciar as coisas do jeito que elas são. Na nossa bela tarde mais nublada que ensolarada, deu para fazer isso.

Público conferindo a Feira

Roupas e acessórios independentes.

Tem de tudo na feira da Bento Figueiredo
Vinis da Bugio foram devidamente apreciados.

Sapatos à venda no brechó

Leocádia conversa com o dono do brechó Gama

As hermanas Leocádia e Carolina caminham pela feira

Carolina se senta com a criançada para assistir ao show

E agora as facas.

Snoopy e charlie Brown encontraram companhia.

A Kombi nos levou de volta à era hippie







por Daniel Rodrigues

quinta-feira, 9 de abril de 2020

N.W.A. - "Straight Outta Compton" (1988)




"Foda-se a policia!
Vindo diretamente do submundo
Um jovem negro só se fode só porque é escuro
E não da outra cor
aí a polícia acha
Que tem autoridade para matar uma minoria."
trecho de "Fuck tha Police"



Então resolvi sentar e finalmente escrever sobre um grupo que simplesmente revolucionou a
história do rap hip-hop moderno.
O N.W.A. foi simplesmente, na minha opinião, um marco zero entre o velho e o novo
movimento hip-hop. Os caras trouxeram uma visão urbana direto dos guetos para nossa casa,
tipo o que os Racionais fizeram aqui no Brasil nos anos 90.
Na contramão dos rappers tradicionais como Kool Moe Dee, Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa, os garotos de Compton, Califórnia, trouxeram para as ruas um discurso afiado
cheio de gírias e muita raiva, causando uma verdadeira revolução por onde passavam. Aos gritos
de "Fuck tha Police" e outros hinos como "Straigth outta Compton" e "Real Niggaz", criaram um estilo agressivo e diferente tanto no ritmo das batidas criadas pelo monstro Dr. Dre, quanto nas
rimas de Ice Cube e Eazy-E, fazendo o planeta vestir, ouvir e swer N.W.A.
E nesse ÁLBUNS FUNDAMENTAIS falo desse disco, "Straight Outta Compton",que acredito
que todos devam ter em casa!
Esse disco, em especial, é um marco histórico criado por esses monstros que até hoje seguem
fazendo rap de verdade pelo mundo!

* Para saber um pouco mais sobre o grupo, uma boa pedida é dar uma conferida no ótimo filme que leva o nome deste álbum, "Straight Outta Compton", indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original que conta a trajetória da banda com total credibilidade, até por contar, não somente com o aval, mas também com a produção dos ex-integrantes Dr. Dre e Ice Cube.

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FAIXAS:
1. Straight Outta Compton (4:18)
2. Fuck Tha Police (5:46)
3. Gangsta Gangsta (5:36)
4. If It Ain't Ruff (3:34)
5. Parental Discretion Iz Advised (5:15)
6. 8 Ball (Remix) (4:52)
7. Something Like That (3:35)
8. Express Yourself (4:25)
9. Compton's N The House (Remix) (5:20)
10. I Ain't Tha 1 (4:54)
11. Dopeman (Remix) (5:20)
12. Quiet On Tha Set (3:59)
13. Something 2 Dance 2 (3:22)


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Ouça:
NWA - Straight Out A Compton


por Lúcio Agacê

domingo, 9 de março de 2014

Santana - "Abraxas" (1970)



“Não dá para tomar LSD e não encontrar sua voz, porque não há onde se esconder."
Carlos Santana


Uma recordação musical legal que eu tenho, ali quando começava a me interessar por música, lá pela metade dos anos 80, na explosão do rock nacional, é de, na antiga casa da minha avó, no bairro Cefer, em Porto Alegre, meu tio Jorge me apresentar ao "Abraxas" (1970) da banda Santana. Chamou a mim e a meu primo Lúcio Agacê para ouvir um cara que segundo ele era "um baita guitarrista". Pirralho, imaturo, achando que o RPM era a melhor coisa que já tinha ouvido,e provavelmente com uma expectativa de ouvir guitarras rascantes, riffs  e levadas ruidosas, não dei o devido valor àquele som. Ouvimos várias faixas, a maior parte eu torci o nariz na época, mas uma em especial me marcou: "Samba Pa Ti", uma balada instrumental swingada e sensual, num crescendo envolvente e com uma guitarra, até para um jovem incrédulo, inegavelmente espetacular. Mas valem destaques também para "Oye Como Va" e para o espetacular blues "Black Magic Woman/Gypsy Queen".
Hoje não há como não reconhecer que aquela guitarra técnica, cheia de embalo, de jazz, de latinidade, foi um marco para o rock mundial e fundamental para a expansão de músicos latinos nesse universo. Maná, Fito Paez, Caifanes e outros devem o fato de figurarem num cenário internacional de música pop/rock a Carlos Santana com a banda que leva seu sobrenome, e que, depois da apresentação marcante em Wodstock especialmente, praticamente abriu as portas para bandas de língua espanhola e ritmos ditos tropicais dentro do rock.
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FAIXAS:
  1. "Singing Winds, Crying Beasts" (Carabello) – 4:48
  2. "Black Magic Woman/Gypsy Queen" (Green/Szabo) – 5:24
  3. "Oye Como Va" (Puente) – 4:19
  4. "Incident at Neshabur" (Gianquinto/Santana) – 5:02
  5. "Se Acabó" (Areas) – 2:51
  6. "Mother's Daughter" (Rolie) – 4:28
  7. "Samba Pa Ti" (Santana) – 4:47
  8. "Hope You're Feeling Better" (Rolie) – 4:07
  9. "El Nicoya" (Areas) – 1:32

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Ouça:
Santana Abraxas


Cly Reis


terça-feira, 15 de maio de 2018

Criolo - "Nó na Orelha" (2011)




"Posso dizer que Gil e Caetano são gênios. Eu, na verdade, sou um trabalhador contumaz, sou obsessivo. Aí, quando entra o Milton e o Criolo, pronto."
Tom Zé

Confesso que resisti um pouco a Criolo. Em 2011, por sugestão de meu primo-brother Lúcio Agacê, ouvi o então recém-lançado “Nó na Orelha” e me impressionei de cara. Conhecendo-me bem, Lucio acertara que eu iria gostar de um rapper de São Paulo até então chamado Criolo Doido, que tinha tomado um “banho de loja” e produzira um disco de se prestar atenção. Como sempre, fui na dele, que nunca dá dica furada. E, caramba: que musicalidade era aquela?! Ao mesmo tempo em que destrincha hip hop com estilo próprio de letras incomuns e rimas ligeiras, forjando quase uma nova linguagem que junta o vocabulário da periferia com um entendimento profundo do português culto, também mandava ver com naturalidade outros ritmos (às vezes, mesclando a este rap tão original), como samba, afrobeat, reggae e soul.

Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, Ney Matogrosso, Tom Zé, Martinho da Vila e Milton Nascimento ou seja, a nata da MPB – o elogiavam. Era tão legal, que cheguei a desconfiar. Pensei em escrever sobre o disco no calor do impacto, mas meu cérebro buscou comparações e parâmetros que, embora não devessem ter nada a ver com o simples ato de gostar, foram suficientes para, preconceituosamente, rechaçar a minha ideia de imediato. Para ajudar, um infeliz tributo a Tim Maia ao lado de Ivete Sangalo, no qual Criolo se sujeitou a participar, em 2015, ajudou a alimentar minha antipatia por ele.

Entretanto, “Nó...” resistiu a mim. Por isso, faço aqui o que não tive coragem seis anos atrás depois daquela primeira audição. Afinal, o disco se mantém intacto em sua qualidade, simbolizando aquilo que na época já era uma certeza: a chegada do maior artista da música brasileira dos últimos tempos. Com a luxuosa produção e arranjos de Daniel Ganjaman (Planet Hemp, Sabotage, Otto, Racionais MC’s, Nação Zumbi, entre outros, no currículo) e poucas mas preciosas participações (como da excelente cantora Juçara Marçal, da Metá Metá, nos backings), “Nó...” traz essa originalidade letrística e sonora, algo evidenciado já na faixa de abertura, “Bogotá”. Um ritmo latino com beats e sopros afiados muito bem cantado com a voz melodiosa e agradável de Criolo. Não é rap, mas namora com o estilo na força da mensagem e no approuch, mostrando o quanto o artista, já no segundo disco, havia ampliado sua musicalidade.

Avança-se somente mais um pouco para provar definitivamente esta afirmação em “Subirusdoistiuzin”. Este, sim, um rap, com direito aos tradicionais beats funk, scratches e samples. Mas cheio de groove, numa atmosfera de jazz-soul – adensada pelo elegante trompete de Rubinho Antunes e o baixo acústico de Marcelo Costa, coarranjador do disco. Novamente muito bem cantada por Criolo, destaca-se, antes de mais nada, pela letra de rimas improváveis e pela divisão silábica quebrada, como bem fazem Tom Zé e Marlui Miranda. E o que dizer desses versos? “Mandei falá/ Pra não arrastá/ Não botaram fé/ Subirusdoistiozin/ O baguio é loco/ O sol tá de rachá/ Vários de campana aqui na do campin/ Má quem quer preta/ Má quem qué branca/ Todo azule/ Requer seu rejuntin/ Pleno domingão/ Flango ou macalão/ Se o negócio é bão/ Cê fica é chineizin/ Cença aqui patrão/ Aqui é a lei do cão/ Quem sorri por aqui/ Quer ver tu cair/ É, é... justo é Deus/ O homem não/ Ouse me julgá/ Tente a sorte, fi”.

Na sequência, um dos motivos da reverência dos papas da música brasileira: “Não Existe Amor em SP”. Cantada por seu autor ao lado de Caetano no Video Music Awards daquele ano numa apresentação que “chancelara” a posição de Criolo no rol da MPB, a canção, contundente e melodiosa, já se tornou naturalmente um clássico e um novo hino popular sobre a cidade paulistana. O título, cuja menção à grande metrópole brasileira é pronunciada na forma de sigla (“essepê”), desvenda a mensagem: “Um labirinto místico/ Onde os grafites gritam/ Não dá pra descrever”. Lembra, em poética e raciocínio, outro talentoso rapper de Sampa, o amigo Mano Brown, nos versos de “Vida Loka nº 1”, dos Racionais MC’s, quando diz “em São Paulo, Deus é uma nota de 100”, principalmente comparada com esta parte da música de Criolo: “Os bares estão cheios de almas tão vazias/ A ganância vibra, a vaidade excita/ Devolva minha vida e morra/ Afogada em seu próprio mar de fel/ Aqui ninguém vai pro céu/ Não precisa morrer pra ver Deus”.

“Mariô” vem dar ainda mais sentido à ideia jazzística lançada em “Bogotá” e “Subirusdoistiuzin”, uma vez que intensifica a pegada de jazz moderno, haja vista que é coescrita com Kiko Dinucci, o principal compositor da Metá Metá, a inovadora banda paulistana do novo jazz brasileiro. Emulando sons e vocabulários do matiz africano, típico da musicalidade de Dinucci, remonta ao “pop nagô” de Marku Ribas pela mistura de sonoridades funk, soul, samba e batuque de terreiro.

Surpreendendo novamente, Criolo traz o bolero "Freguês da Meia-Noite". Balada brega ao estilo Nelson Ned e Reginaldo Rossi, contextualiza mais uma vez a São Paulo urbana, aqui no clima decadente e rasgado da boemia noturna. “Meia Noite/ Em pleno Largo do Arouche/ Em frente ao Mercado das Flores/ Há um restaurante francês/ E lá te esperei”. Já “Samba Sambei”, embora o título faça supor o estilo musical, é, na verdade, um reggae, engendrando a tirada metalinguística de canções como “Samba da Minha Terra”, de Dorival Caymmi, na versão heavy dos Novos Baianos, o rock-exaltação “A Bossa Nova é Foda”, de Caetano, ou “Amigo Punk”, a milonga (e não um punk-rock) do grupo gaúcho Graforréia Xilarmônica.

Claro, a raiz de Criolo não poderia deixar de estar presente. Com a mesma desenvoltura que passeia por outras formas musicais, o artista também articula seu inato rap. Caso de "Grajauex", com os criativos versos rimados em “écs” (“É o play 3 na golfera te sai, chanex/ É o ouro branco o pó mágico e o poder de Rolex/ Na favela com fome atrás dos Nike Air Max/ Os canela cinzenta que não tem nem cotonets/ Os Mc das antiga é dinossauro T-Rex/ Pra fazer bobaginha cole ali com Jontex/ Pra zoar na rua com os cachorro é pex pex/ E as princesinha na nóia de um papel faz bo...”); "Sucrilhos", crítica social em que exercita sua poética sui generis (“Calçada pra favela/ Avenida pra carro/ Céu pra avião/ E pro morro descaso/ Cientista social/ Casas Bahia e tragédia/ Gosta de favelado mais que Nutella”); e "Lion Man", de excelente construção melódica e harmônica.

“Nó...” encerra revelando outra habilidade que Criolo traria mais vezes a partir de então – inclusive em parcerias com Martinho da Vila e Tom Zé –, que é o domínio do samba. Partido alto estiloso, que lembra os bambas da velha guarda, "Linha de Frente" faz uma brincadeira com os nomes dos personagens da Turma da Mônica, inserindo-os na realidade do tráfico de drogas na periferia. Os versos iniciais dizem: “O nó da tua orelha ainda dói em mim/ E Cebolinha mandou avisar/ Que quando a ‘fleguesa’ chegar/ Muitos pãezinhos há de degustar”. O refrão é ainda mais interessante: “O dinheiro vem pra confundir o amor/ O santo pesado que tá sem andor/ Na Turma da Mônica do asfalto/ Cascão é rei do morro e a chapa esquenta fácil”.

Dentre as várias qualidades de “Nó...” está a que o trabalho trouxe de vez a turma do rap para o patamar dos músicos, vencendo a pecha de meros “coladores de música dos outros” ou de “vozes da favela”. Criolo representa a nova geração mestiça brasileira, saída das classes baixas e sintonizada com a política, com a produção cultural e com a realidade social, personalidades que têm (e se põem no) compromisso de pensar o Brasil. Além disso, o convencimento de que rapper não sabe (e nem precisa) só fazer rap. Mas mesmo com toda a diversidade sonora e de referências conceituais que carrega, “Nó...” é, contudo, um disco saboroso de se ouvir, mesmo que desafiador – desafio este que, de pronto, não me permiti vencer em relação a Criolo. Mais do que a “repaginada” a qual meu primo se referiu ao me indicar a audição, o disco é a afirmação de um artista que tem muito a dizer e que veio para ficar. Talvez por tudo isso, o disco tenha dado em meu pretenso conhecimento e gosto musical um verdadeiro nó na orelha. Acho que, com todas estas linhas escritas, eu agora tenha desenosado.

FAIXAS:
1. "Bogotá" - 4:40
2. "Subirusdoistiozin"  - 3:33
3. "Não Existe Amor em SP" - 4:40
4. "Mariô" - 3:37
5. "Freguês da Meia-Noite" - 4:09
6. "Grajauex" - 2:36
7. "Samba Sambei" - 3:42
8. "Sucrilhos" - 4:00
9. "Lion Man" - 3:25
10. "Linha de Frente" - 4:30
Todas as composições de Criolo, exceto “Mariô”, de Criolo e Kiko Dinucci

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OUÇA O DISCO

Daniel Rodrigues