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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Jorge Ben, "Samba Esquema Novo" (1963)



“Uma noite no Bottle’s Bar, ainda meio vazio, ouvi um mulato forte e bonito cantando e tocando um violão muito diferente(...) Ele não dedilhava o violão mas tocava-o com a mão inteira, rítmico e percussivo, à maneira dos bluesmen. Mas o que ele tocava era indiscutivelmente samba, mas um samba muito diferente...”
Trecho de “Noites Tropicais”,
de Nélson Motta


Acabei de adquirir, há poucos dias, substituindo o meu “piratinha”, um dos mais importantes álbuns da discografia nacional; um daqueles discos revolucionários em linguagem, estilo e inovação. Trata-se do clássico “Samba Esquema Novo” disco de estréia de Jorge Ben, lançado em 1963 mas que permanece vanguardista e influente até hoje.
Toda essa onda de samba-rock; Seu Jorge, Otto, Lenine, Mundo Livre S/A; todos estes e muitos outros não seriam quem são nem teriam feito o que fazem sem a existência do “Samba Esquema Novo”. Diria mais: talvez de forma indireta, talvez por conexões desconhecidas, talvez pela própria expansão natural interfronteiras da música ou por correntes marinhas do Atlântico, mas vejo no pop rock inglês, principalmente do início dos ’90, muito da linguagem proposta neste álbum e que viria a se aprimorar e ficar mais clara nos discos seguintes, principalmente no grande "Tábua de Esmeraldas" de ‘74.
Sempre lembro da descrição de Nélson Motta, no seu ótimo “Noites Tropicais”, da primeira vez que ouviu Jorge Ben: “ele não dedilhava o violão, mas tocava com a mão inteira”. Tocava samba como se tocasse rock. E seria simplificar dizer que aquilo se resumisse a um dos dois estilos ou que fosse apenas uma conjugação dos dois. Era mais. Era jazz, funk, soul, blues, gafieira e um “misto de maracatu” como anunciava a letra da sua “Mas que Nada”. Jorge Ben talvez não soubesse o que estava fazendo ali, mas com “Samba Esquema Novo” ele revolucionava de novo a música brasileira, mesmo inserido num contexto absolutamente criativo e inovador como era a Bossa-Nova.
A já citada “Mas que Nada”, abrindo o disco, já dava o cartão de visitas, apresentando todo aquele misto inusitado até então. “Tim Don Don”, que a segue, é a única não composta por Jorge, mas se presta perfeitamente para esmiuçar a levada, com onomatopéias atribuídas ao som do violão que quase explicavam o som que o garoto estava fazendo ali.
“Rosa, Menina Rosa”, uma das melhores do disco, que acrescenta à mistura do cantor uma atmosfera meio espanhola por conta de seus metais, dá o recado de que aquele samba é capaz de passar muita gente pra trás. “Menina Bonita Não Chora” é outra das grandes do álbum, e as conhecidas “Chove Chuva” e “Balança Pema”, regravada depois por Marisa Monte, são outros grandes momentos do álbum. “Por Causa de Você, Menina”, que encerra a obra em grande estilo, traz aquele “voxê” que o cantor fazia em homenagem a uma pequena fã, e que muita gente na época acreditava ser um problema de dicção. Mesmo que fosse isso... Mesmo que fosse gago, não invalidaria o baita disco que é esse “Samba Esquema Novo”.

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FAIXAS:
1. Mas que Nada (Jorge Ben)
2. Tim dom dom (João Mello - Clodoaldo Brito)
3. Balança Pema (Jorge Ben)
4. Vem Morena, Vem (Jorge Ben)
5. Chove Chuva (Jorge Ben)
6. É Só Sambar (Jorge Ben)
7. Rosa, Menina Rosa (Jorge Ben)
8. Quero Esquecer Você (Jorge Ben)
9. Uala Ualalá (Jorge Ben)
10. A Tamba (Jorge Ben)
11. Menina Bonita Não Chora (Jorge Ben)
12. Por Causa De Você, Menina (Jorge Ben)

“O samba de Jorge Ben, da batida de seu violão à linha melódica e letra de suas composições revela um novo caminho nos horizontes de nossa música popular. É o esquema novo do samba(…) Seu inato talento musical proporcionou-lhe descobrir uma nova puxada para o nosso samba, fazendo do violão um instrumento, sobretudo, de ritmo (…) Somente o violão de Jorge já da a necessária marcação dispensando, portanto, aquele instrumento de ritmo. O balanço do acompanhamento repousa quase sempre no seu violão”.
Trecho do texto da contracapa original de 1963, de Armando Pittiglianni

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mundo Livre S/A - "Samba Esquema Noise" (1994)


"Se a Terra é um rádio
Qual é a música?
Manguebit"



Cavaquinhos envenenados, frevos rasgados, guitarras distorcidas, batucadas explosivas, sambas ácidos... Com estes elementos, letras bem sacadas, composições complexas, crítica social e irreverência, o Mundo Livre S/A no seu mix de cultura brasileira e elementos pop e eletrônicos nos apresentava um dos discos mais legais e interessantes que a música brasileira já viu.
Em "Samba Esquema Noise" (1994) tem lugar para tudo: um frevo invade naturalmente um ska ("Manguebit"); uma levada de cavaquinho de repente dá lugar a uma explosão de guitarra distorcida ("Livre Iniciativa"); um berimbau se confunde com a guitarra num reggae sinuoso e serpenteante como em "Rios (Smart Drugs), Pontes e Overdrives"; ou ainda simplesmente predominam experimentações eletrônicas, samples e efeitos como no caso de "Sob o Calçamento (Se Espumar é Gente)".
O disco é cheio de tiradas inteligentes e antenadas com referências tecnológicas, filosóficas e literárias que vão de Kafka a Homero, sem contudo, ficar chato ou pedante, sem falar das inúmeras referências a Jorge Ben, uma espécie de mentor espiritual da banda. A começar pelo nome do álbum inspirado no "Samba Esquema Novo" primeiro trabalho de Jorge Ben, as referências passam, por exemplo, pelo samba alucinado "O Rapaz do B... Preto", aludindo à canção "O Homem da Gravata Florida" do disco "A Tábua de Esmeraldas"; ou mesmo meramente pela sonoridade dominante em toda a obra que vai completamente ao encontro do conceito que o inspirador já desenvolvia lá em 1963.
Uma das minhas prediletas, "Musa da Ilha Grande", é uma samba-rock de primeira, também bem ao estilo Babulina, com uma participação vocal mínima de Malu Mader, mas que é suficiente para conferir todo um toque de sensualidade. Gosto muito também de "Terra Escura", um samba chapado cantado quase sem forças acompanhado por um surdo alto e vibrado; "Cidade Estuário", muito soul e cheia de metais, também é das mais bacanas; "Rios (Smart Drugs), Pontes e Overdrives" traz a percussão preciosa de Naná Vasconcelos; "Sob o Calçamento" vem com a participação do vocal poderoso de Sérgio Boneka; e o álbum encerra com a faixa que lhe dá nome, ainda que a expressão "Samba Esquema Noise" não seja cantada nela e sim na faixa "Livre Iniciativa" , e que esta curiosamente não tenha barulho algum, tratando-se de um lamento acústico lento e pessimista sobre as oportunidades na vida.
Disco notável da banda que divide com a Nação Zumbi de Chico Science, a honra de terem promovido, como já falei no post sobre o "Da Lama ao Caos", o último grande movimento musical relevante no Brasil.

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FAIXAS:
1.Manguebit
2.A Bola do Jogo
3.Livre Iniciativa
4.Terra Escura
5.Saldo de Aratú
6.Uma Mulher com W... Maiúsculo
7.Homero, o Junkie
8.Rios (Smart Dugs), Pontes & Overdrives
9.Musa da Ilha Grande
10.Cidade Estuário
11.O Rapaz do B... Preto
12.Sob o Calçamento (se Espumar é Gente)
13.Samba Esquema Noise

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Ouça:
Mundo Livre SA Samba Esquema Noise





Cly Reis

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Tom Zé - "Estudando o Samba" (1976)



“[Tom Zé] pensou e realizou este disco, onde procurou reunir uma variedade de tipos e de formas rurais e urbanos do samba, dando a cada música a vestimenta que achou mais adequada.”
Elton Medeiros


Nos anos 90, o destino pôs diante de Tom Zé o 'talking head' David Byrne, que o trouxe do ostracismo para uma posição de artista cult e mundialmente reverenciado. Mas o início desta história hoje já conhecida nasceu de uma audição despretensiosa de um dos vários LP’s de MPB que Byrne comprara numa vinda ao Brasil. Dentre aqueles bolachões, um lhe fez a diferença. Foi este que o motivou a procurar saber quem era aquele artista e, em seguida, conhecê-lo e gravá-lo. Este álbum era “Estudando o Samba", de 1976, sem dúvida o melhor trabalho do baiano de Irará.

Metalinguístico, atonal, serialista, revisionista. Todos estes atributos “difíceis” estão certos quando creditados a “Estudando o Samba”. Mas tudo tem pouca importância quando o negócio é simplesmente ouvi-lo. Um deleite! Trata-se de um disco indiscutivelmente conceitual, o que já lhe garante certa aura de complexidade. É, talvez, o grande disco-conceito da música brasileira depois do “Coisas” do Moacir Santos, de 1965 (neste quesito, nem “Tropicália”, de 68, em que Tom Zé participa junto com toda a turma de Caetano, Gil, Gal, Nara e Mutantes, é tanto). Mas, acima de tudo, é delicioso escutar o álbum do início ao fim e curtir músicas como “Tô”, “Hein?” e “Vai”, onde Tom Zé desconstrói o gênero samba para, didaticamente, mostrá-lo de maneira híbrida em suas mais variadas vertentes.

Comecemos pelo fim. Afinal, sou daquela teoria de que todo grande disco tem uma obra-prima de desfecho, de abertura ou as duas coisas juntas. No caso de “Estudando...” a faixa final não é bem um espetáculo, mas, com certeza, original e incomum, por isso o destaque. Intitulada “Índice”, traz na letra de frases fragmentadas e de sentido vago um verdadeiro índice remissivo em que se repassam os títulos de todas as músicas anteriores. Aí o motivo tanto de a letra ser quase silábica, pois todos os títulos (exceto “A Felicidade” e a própria “índice”) são formados por palavras que não passam de quatro letras, quanto, também, do teor fortemente conceitual do disco, visto que a obra se autoreferencia a todo instante.

Se o final do disco é interessante, porém não musicalmente estonteante, o início é. “Mã”, samba modernista repleto de referências aparentemente díspares, é a tradução da obra de Tom Zé (não à toa o próprio artista a regravou com outras letras mais de uma vez depois). Num clima entre a ópera e o ritualístico, mistura batuque de terreiro, canto de trabalho das lavadeiras nordestinas, coro sacro-religioso, ruídos da São Paulo urbana, entrecruzamentos vocais ao modo das vanguardas europeias (Ligeti, Stockhausen) e riff de rock (tocado não na guitarra, mas cavaquinho de samba!). Tudo está ali: tradição e vanguarda, lundu e tropicália, popular e erudito, roça e asfalto; e de uma forma intensa, poderosa. Já tendo criado ótimas músicas até então (o samba concretista “Todos os Olhos”, o sertanejo-pop “Sabor de Burrice” ou o funk-rock “Jimi Renda-se”), “Mã” é, definitivamente, marco da maturidade musical de Tom Zé como músico.

Na sequência, a única do disco que não é de sua autoria: o clássico “A Felicidade”, de Tom e Vinícius. A escolha, claro, não foi à toa: tocada em ritmo de valsa-rancho, Tom Zé canta lindamente em tom baixo acompanhado só de violão, que sincopa o compasso. Ainda, esparsos acordes de baixo e frases de orquestra de metais ao estilo de George Martin ou Rogério Duprat. Através desta economia de elementos, Tom Zé põe a nu a belíssima estrutura melódica original da canção, homenageando não apenas a famosa dupla de autores, mas a bossa nova como um dos gêneros sambísticos. Ainda, para arrematar, depois de um dos últimos “soluços” da síncope, entra uma cozinha de pagode na diagonal do compasso, desconexão rítmica esta que não estraga a música. Pelo contrário: cai tão bem que faz deixar ainda mais clara a percepção de que os criadores da bossa nova muito se inspiraram no que vinha do morro.

Outra que merece todos os elogios é “Toc”, talvez o único samba serial da história! Próximo ao que o maestro francês Pierre Boulez inventou, o serialismo (método de composição que usa séries de notas, ordenando-as e variando suas durações, intensidades e ataques), “Toc” representa, em tese, uma sequência de sons infinitos e contínuos. Só não é assim porque, como um jogo de xadrez, o compositor “joga” com as notas e as séries sonoras, tirando-as, adicionando-as, repetindo-as, deslocando-as, num esquema matemático em que as variáveis são intermináveis. Sem nenhuma percussão, esta “brincadeira” instrumental ainda traz um dos “inventos” de Tom Zé: o agogô no esmeril, uma serra de verdade adaptada como instrumento musical, o que faz deste samba soar mais barulhento do que muito rock pesado.

“Tô” é outra pérola; das minhas preferidas. Parceria com o sambista Elton Medeiros e de letra filosófica, mas pegajosa (“Eu tô te explicando pra te confundir/ Eu tô te confundindo pra te esclarecer/ Tô iluminado pra poder cegar/ Tô ficando cego pra poder guiar”), é um sambão urbano a la Riachão. O disco ainda passa pelo samba brejeiro (“Ui!”), o samba minimalista (“Dói”), o samba-canção (“Só”), o samba-marchinha (“Vai”) e o samba “dor de cotovelo” (“Se”: “Ah, se maldade vendesse na farmácia/ Que bela fortuna você faria”). Tudo de forma revisitada, revisada, irônica e filtrada pelo olhar tropicalista de Tom Zé.

“Estudando o Samba” significa, na história da MPB, um passo adiante na linguagem do gênero não por inventar um novo conceito, mas por montar uma “enciclopédia do samba”, evidenciando, ao decompor a espinha-dorsal dos seus subestilos, as mil e uma possibilidades que ainda poderia vir a ser explorado. E deu certa a experiência em laboratório. Estão aí Towa Tei, Beastie Boys, Sean Lennon, Ed Motta e Fantastic Plastic Machine que não me deixam mentir. Todos adicionaram a seu paradigma de referências o samba, invariavelmente usando-o entre outros estilos. Afinal, foi Tom Zé mesmo quem disse: “estudando [o samba] pra saber ignorar”.

FAIXAS:
1. Mã
2. A Felicidade
3. Toc (Instrumental)
4. Tô
5. Vai
6. Ui!
7. Dói
8. Mãe
9. Hein?
10. Só
11. Se
12. Índice
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Ouça “Estudando o Samba”:
Tom Zé Estudando o Samba
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Além de “Estudando o Samba”, vale ouvir outros três discos super representativos da longa obra de Tom Zé: “Todos os Olhos” (1973), a “mais completa tradução” da São Paulo moderna; “The Hips of Tradition” (1992), o marcante primeiro trabalho gerado após a redescoberta por David Byrne; e a linda trilha do balé “Parabelo” (1997), composta em parceria com José Miguel Wisnik para o Grupo Corpo.

Ouça “Todos os Olhos”:
Todos os Olhos

Ouça “The Hips of Tradition”:
The Hips of Tradition

Ouça “Parabelo”:
Parabelo

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por Daniel Rodrigues

sábado, 13 de novembro de 2010

Jorge Ben - "A Tábua de Esmeralda" (1974)



"É VERDADE
SEM MENTIRA
CERTO MUITO
VERDADEIRO"


Por diversas vezes já li por aí que seria este o maior disco da música brasileira.
É provavelmente o disco mais declaradamente influente na discografia nacional: canso de ver, ler, ouvir artistas dos mais variados dizerem que este, "A Tábua de Esmeralda"  fora o disco que mais influenciara seus trabalhos: Samuel Rosa do Skank, Fred 04 do Mundo Livre S.A., Falcão dO Rappa, Mano Brown dos Racionais, e por aí vai.
Talvez o disco brasileiro que mais tenha causado aquela vontade de tocar, de ter uma banda, de fazer um som, provavelmente por conter toda aquela brasilidade, aquele swing, aquele balanço, mas com uma linguagem (incrivelmente) tão universal, com todo aquele rock, com doses de reggae, de funk, de soul e tudo mais de todos os ritmos negros possíveis.
Depois de uma estréia incrível com o ótimo "Samba Esquema Novo", Jorge Ben meio que se repetiu na sequência com “Ben é Samba Bom” e “Sacudin Ben Samba”, e mesmo mantendo um nível de qualidade bastante interessante, não apresentou nada de muito impressionante nos discos seguintes, exceção feita, na minha opinião a “Ben” de 1972, que também merece destaque especial. No entanto, sua evolução era notória, era gradual, e agregando um elemento daqui, outro dali, experimentações, influências, experiência musical, em 1974, com “A Tábua de Esmeralda”, Jorge atingia então um patamar superior na sua obra e na música brasileira como um todo.
Sob a luz de suas novas descobertas e estudos acerca de misticismos, escritos antigos, alquimistas, santos, magos e outros assuntos metafísicos, o ‘sambista-roqueiro’ concebia então um álbum verdadeiramente mágico. Uma obra criativa, coesa, refinada e de uma sofisticação que talvez nem ele mesmo tivesse noção naquele momento. 
A produção é mais trabalhada e detalhada que nos discos anteriores, em parte, até para transmitir uma sensação etérea, algo cósmica, com ecos e efeitos; mas não se limitava a isso: há cordas em várias canções, os côros tem uma orientação direcionada ao que se pretende de cada sonoridade, o violão de Jorge Bem soa diferente a cada faixa. É primoroso.
O disco abre com “Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas” e seu côro condutor marcante, num samba bem no seu estilo característico com aquela levada forte do violão mas já com uma letra que dá a tônica do disco: o lado místico do universo. O assunto ronda praticamente todo o disco, desde a capa com gravuras que o alquimista Nicolas Flamel encontrou no livro de Abraão, passando por uma citação ao título do livro de Erich Von Däniken, “Eram os Deuses Astronautas?” na faixa “Errare Humanun Est”, ou por uma letra adaptada de um escrito antigo que o faraó Hermes Trismegisto teria feito em uma lâmina de esmeralda, gerando uma inusitada 'parceria' do músico com o tradutor da tábua, o alquimista Fulcanelli como letrista, por assim dizer; ou ainda mesmo em faixas que aparentemente não tem nada a ver com a coisa toda, como a excelente “O Homem da Gravata Florida”, que reverencia o alquimista Paracelso.
Mas fora a coisa toda de misticismo, esoterismo e coisa e tal, é mesmo musicalmente que o álbum manda ver: “Menina Mulher da Pele Preta”, uma das grandes do disco é um daqueles sambas sensuais que o cara sabia fazer como poucos; a já citada "Errare Humanum Est" vai num crescendo mágico até finalizar num ápice de cordas acompanhado de uma contagem regressiva pra subir pro espaço; “O Namorado da Viúva” é um sambinha irreverente e gostoso também bem típico dele assim como a delicada “Magnólia” que traz um saboroso refrão. “Zumbi”, uma de suas melhores letras, é um samba cheio de swing também contando com arranjo de cordas e com uma retaguarda vocal bem bacana que dá peso e força à música; a genial “Brother” é um funk cadenciado com toques de gospel e uma letra num inglês tão tosco que faz de uma música que tinha tudo pra ser apenas uma cópia de estilos americanos, torne-se algo extremamente original; e o disco fecha em grande estilo com a melancólica “Cinco Minutos (5 Minutos)” com uma interpretação fantástica, inspirada e emocionante de Jorge, com um violoncelo choroso criando toda uma atmosfera de despedida. Grand finale!
Um dos discos mais IMPORTANTES da música brasileira e um dos melhores dela. Um dos poucos que é praticamente unanimidade entre público, críticos e músicos. Infelizmente nem todos que o ouviram, se inspiraram nele, conseguiram fazer algo de bom: o tal samba-rock se popularizou e vulgarizou e no fim das contas virou um balaio de gatos só. Mas se existe tal termo e se tem alguém que possa merecer ser considerado mestre na matéria é Jorge Ben, e um disco que simbolize toda sua qualidade e criatividade, é "A Tábua de Esmeralda".
Alquimia pura!
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FAIXAS:
  1. Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas
  2. O Homem da Gravata Florida (A gravata florida de Paracelso)
  3. Errare Humanum Est
  4. Menina Mulher da Pele Preta
  5. Eu Vou Torcer
  6. Magnólia
  7. Minha Teimosia, Uma Arma para te Conquistar
  8. Zumbi
  9. Brother
  10. O Namorado da Viúva
  11. Hermes Trismegisto e sua Celeste Tábua de Esmeralda (Tratado Hermético Escrito Pelo Faraó Egpicio Hermes Trimegisto e Traduzido Por Fulcanelli)
  12. Cinco Minutos (5 minutos)
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Ouça:
Jorge Ben A Tábua de Esmeralda


Cly Reis


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Jorge Ben - "Solta o Pavão" (1975)



"Pavão Real, Pavão Dourado
Procedente da África e da Índia [...]
Sua cauda, de uma plumagem azul. verde e ouro
Formando um lindo e majestoso leque
Na Idade Média
O pavão, pela sua figura bonita e livre
Era visto como uma ave real e da sorte." 
Jorge "Sanctus" Ben,
do texto da contracapa original do disco 


Na metade dos anos 70, Jorge Ben, que ainda não tinha se tornado o Benjor que assumiria a guitarra elétrica no lugar do violão, já havia alcançado tudo que um artista popular podia. Estouro no disco de estreia, altas e baixas vendagens, idolatria e ostracismo, adesão a movimentos (sambalanço, soul, tropicalismo), participação e vitória em festivais, hits nas paradas, gravações internacionais e até briga judicial por plágio (vencida por ele sobre um Rod Stewart metido a esperto). Mas principalmente, desde que começara a carreira, o “Babulina” foi responsável pela talvez mais extensa e irreparável sequência de discos de um artista na indústria fonográfica no Brasil. Somente nos primeiros cinco anos daquela década, enfileirou os álbuns “Força Bruta”, “Negro é Lindo”, “Ben” e “10 Anos Depois”, isso sem falar dos registros ao vivo com o Trio Mocotó e dos clássicos absolutos “Gil & Jorge/Xangô Ogum” e “A Tábua de Esmeralda”. Com estes dois, principalmente o segundo, o autor de “Chove Chuva” atingia o ápice da criatividade e forjava uma linguagem totalmente peculiar, com melodias de alta inventividade, harmonias despojadas, estilo de cantar próprio e ritmo, muito ritmo. Seu samba-rock, carregado de referências ao esoterismo, à religião, à filosofia e a uma visão humanista do mundo, é igualmente sustentado na cultura popular da ginga, do país tropical, do amor, das moças bonitas e da cordialidade.

O que faltava, então, a um artista consagrado por crítica e público? Explodir. Isso que é “Solta o Pavão”: uma explosão de sonoridade, de balanço, de misticismo, de religiosidade, das paixões. Aquilo que Ben trouxera em “A Tábua...” se intensifica neste seu último disco antes da adoção de vez da guitarra, ocorrido um ano depois noutro disco emblemático, “África Brasil”. Está nele toda a bruta brasilidade de Ben, encharcada de matizes africanas e influenciada por elementos da cultura pop, do funk norte-americano ao gospel, da soul ao blues, do rock ao jazz. “Solta...”, assim, com seus riffs inspiradíssimos, sua percussão carregada e arranjos modernos, tem o despojamento e o peso de um disco de rock – sem dever nada em densidade a outros de roqueiros daquele ano, como “Fruto Proibido”, de Rita Lee, ou “Novo Aeon”, de Raul Seixas –, mas ainda com um pé no Jorge Ben do “Samba Esquema Novo”: o da batida percussiva no violão de nylon, malemolente, suingado, malandro, enraizado no morro.

A abertura dignifica todas essas qualidades: um riff de violão como um Neil Young acústico e a batida potente da percussão ao fundo. Prenúncio do arrasador samba que irá começar: “Zagueiro”, uma ode ao “anjo da guarda da defesa” no futebol. Quem sustenta a coesa cozinha, além da Admiral Jorge V Group (João “Van da Luz”, piano; Dadi “Aroul Flavi”, baixo; João “Zim” da Percussão, ritmo; e Gusta “Von” Schroeter, bateria) são os Cream Crackers, grupo formado por ninguém menos que o percussionista e arranjador Zé Roberto, o não à toa intitulado Mestre Marçal e um jovem pernambucano já muito afim com o samba chamado Bezerra da Silva. Todos comandados pela batuta de Jorge “Sanctus” Ben.

O pensamento sobre o ser humano ganhava suma importância na obra de Ben àquela época. Se o filosofia alquimista do Egito de 1.300 a.C. fora responsável pela letra de “Hermes Trismegisto Escreveu” em “A Tábua...”, agora Ben volta sua abundante musicalidade para dar cores aos densos escritos do filósofo oficial da Igreja da Idade Média: São Tomás de Aquino. Capaz de musicar até bula de remédio (e torná-la suingada!), Ben adapta trechos do complexo livro “Suma Teológica”, escrito no século XIII, e o transforma num samba cheio de molejo. Em “Assim Falou Santo Tomás de Aquino” ele consegue imprimir no hermético texto escolástico frases sonoramente cantaroláveis, como: “Senhor, que tens tido feito o nosso refúgio” ou “Estão enganados, puramente enganados/ Estão errados, puramente errados”.

O clima de devoção sambada continua na sequência numa das melhores do disco – e, por que não, da carreira de Ben. “Deus todo poderoso eterno pai da luz, da luz/ De onde provem todos bens e todos dons perfeitos/ Imploro vossa misericórdia infinita, infinita/ Deixai-me conhecer um pouco de vossa sabedoria eterna”. Esses versos dão a ideia da contrição contida na lindíssima "Velhos, Flores, Criancinhas e Cachorros", misto de prece franciscana e canto humanista. De ritmo vibrante e contagiante, passa longe de ser piegas. Pelo contrário, a música tem uma aura especial, tanto por causa da melodia quanto pelo coro alto e intenso, que traz o mesmo “Ôôô” de “Os Alquimistas Estão Chegando”, de “A Tábua...”, porém, usados em outro tom para dar uma atmosfera de canto litúrgico. Ben, como em todo o disco, está solto, tocando o violão com total desembaraço, brincando com vocalizes e melismas e inventando cantos na hora da execução.

Por falar em brincadeira, a divertida "Cuidado com o Bulldog" é, além disso, um show de musicalidade. Começa em um ritmo de rock com o band leader esmerilhando o violão e Dadi mandando ver numa base de baixo no melhor estilo Novos Baianos, ambos acompanhados por uma bateria que abusa dos rolos. Até que, de repente, um breque, e a música dá uma virada para se transformar num samba gingado daqueles de não deixar ninguém parado. A impressão é de farra, mas os músicos estão fazendo um samba-jazz do mais alto nível. Ben aproveita para se divertir com o tema, lançando grunhidos como se estivesse sendo mordido pelo cão (um desses, sampleado pela Nação Zumbi no início de “Cidadão do Mundo”, do disco “Afrociberdelia”, de 1996) e bolando frases engraçadas como: “Bulldog, mandíbulas de ouro” ou “Bulldog não perdoa, Bulldog morde”. Registro ao vivo no estúdio – assim como tudo dos álbuns dele à época –, lembra a naturalidade e a descontração das jam sessions com Gilberto Gil do então recente “Gil & Jorge”. Impagável.

"O rei chegou, viva o rei", com sua linha de metais tropicalista, segue o conceito letrístico de prosa medieva (“Então vierem os cavaleiros com seus uniformes brilhantes/ Garbosos e triunfantes/ Um abre-alas lindo de se ver/ E logo atrás/ Separado por lanceiros/ Vinha a guarda de honra, orgulhosa, polida, agressiva/ Porém bonita/ Anunciando e protegendo o rei”), estilo que serviria, entre outras semelhantes de Ben, de inspiração a Caetano Veloso para escrever “Alexandre”, do disco “Livro”, de 1997. Também prosada e tomada de suingue, "Luz Polarizada" (“Coloque o teu grisol sob a luz polarizada/ Ó meu filho/ Lava as escórias com a água tri-destilada/ Pois aquele que forja a falsa prata/ E o falso ouro/ Não merece a simpatia de ninguém”) lembra a psicodelia de “O Homem da Gravata Florida”, do disco anterior. Ben, totalmente à vontade com os companheiros no estúdio, chama-os para o “La, la, la, la, la, la” do refrão dizendo: “Quero ver o coral agora!”

Mas se tem algo que está no mesmo pé que a religiosidade e o esoterismo em “Solta...” são elas: as musas. Como um menestrel medieval apaixonado, Ben canta para várias delas: "Dumingaz", um samba “maravilha” e “sensual”, como classifica o próprio enquanto canta; “Luciana”, a “canção singela” feita pra lembrar-se do seu trovador quando se ouvir no rádio (clara homenagem a Gil por "Essa é pra Tocar no Rádio", que gravaram juntos em "Gil & Jorge" um ano antes); "Jesualda", samba-rock de riff puxado no assovio que conta a história da mulata saída da favela que ganhou a vida no exterior; e "Dorothy", outra irretocável, com destaque para o arranjo de flautas de Ugo Marotta.

“Solta...” ainda tem a gostosa "Se Segura Malandro", tema do filme homônimo de Hugo Carvana (na linha de “O Namorado da Viúva”, de “A Tábua...”) e um dos mais inspirados temas da história da música brasileira: “Jorge da Capadócia”. Um hino da MPB, regravado por Caetano, Fernanda Abreu e Racionais MC’s, que virou um símbolo do próprio autor, xará do Santo Guerreiro e filho de Ogum, o correspondente ao santo católico no Candomblé pelo sincretismo. Musicando a oração de São Jorge, Ben atinge um clímax como apenas em especiais momentos de sua carreira conseguira – talvez, parecidas, só “5 Minutos” e “Zumbi”, faixas que cumprem o fechamento dos discos “A Tábua...” e “África Brasil”. Isso porque, ao evocar as preces ao Jorge dos Céus, o Jorge da Terra o faça com tamanha potência que a música acaba ganhando uma dimensão mais profunda, etérea e espiritual. O Coral do Kojac entoa o título da canção repetidas vezes num samba marcado e intenso sob um riff de guitarra (sim, de guitarra!). Porém, a exaltação se arrefeça para, aí sim, serem declamados os emocionados versos: “Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge/ Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem/ Para que meus inimigos tenham mãos e não me toquem/ Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam/ E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal”. Ben, com sua voz oscilante, funde canto de escravos à dicção do morro. Um teclado entra para fazer a base, enquanto o violão sola e a percussão, estilo jazz-fusion, desenha um compasso arrastado e assimétrico. Para terminar, retorna a melodia da abertura, porém ainda mais enérgica, mais volumosa, mais expressiva. Um desbunde.

Guardadas as devidas proporções, “Solta...” é o “Magical Mystery Tour” de Jorge Ben: ao mesmo tempo em que é a continuidade natural de uma obra-prima revolucionária (“Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, no caso dos Beatles, “A Tábua...”, para o músico brasileiro), também a consolida, redimensionando-lhe as ideias e conceitos originais. Assim, tanto este quanto o da banda inglesa passam longe de serem meros “volumes 2” das obras-irmãs, haja vista que são tão únicos quanto estas e até mais ousados. “Solta...” é, sim, um feliz acontecimento da música brasileira de um momento em que Ben, figura única no panteão da MPB, está com toda vitalidade e alegria. Um artista pleno, que concebeu, na linha evolutiva de sua própria obra, o mais livre e completo trabalho. Majestoso e colorido como a cauda de um pavão.

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FAIXAS:
1. "Zagueiro" - 3:05
2. "Assim Falou Santo Tomaz de Aquino" - 3:04
3. "Velhos, Flores, Criancinhas e Cachorros" - 3:16
4. "Dorothy" - 3:58
5. "Cuidado com o Bulldog"  - 2:53
6. "Para Ouvir no Rádio (Luciana)" - 4:20
7. "O rei chegou, viva o rei" - 3:03
8. Jorge de Capadócia"  - 3:53
9. "Se Segura Malandro" - 2:53
10. "Dumingaz" - 3:30
11. "Luz Polarizada"  - 2:20
12. "Jesualda" - 4:06
todas as composições de autoria de Jorge Ben

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OUÇA O DISCO:
Jorge Ben - "Solta o Pavão"


Daniel Rodrigues

sábado, 22 de janeiro de 2011

Jorge Ben - "Dez anos Depois" (1973)

Me recomendaram ouvir, escutei e achei bem legal mesmo o disco Jorge Ben "10 Anos Depois".
Com 10 anos passados de sua estreia com o magistral "Samba Esquema Novo", o Babulina apresentava então uma série de releituras de seus sucessos com alguns pout-pourris interessantíssimos, versões mais rápidas e agitadas e reintepretações vigorosas, cheias de liberdade e improvisos.
Vale a pena ouvir.
Bem bacana.





Ouça:
Jorge Ben 10 Anos Depois




C.R.

sábado, 24 de setembro de 2022

Copa do Mundo Gilberto Gil - classificados da primeira fase


Definidos os classificados!
Nossa turma de especialistas teve bastante dificuldade em muitos jogos. alguns confrontos precoces que poderiam, facilmente, ocorrer em fases mais avançadas. 'Punk da Periferia' vs. 'Esperando na Janela', 'Cérebro Eletrônico' vs. 'Se eu quiser falar com Deus', 'Luar' vs. 'Panis Et Circenses'... Mas fazer o quê? Copas são assim, mesmo. 
E a primeira fase já apresentou algumas "zebras", se é que se pode chamar assim: pérolas como 'Vamos Fugir', Só chamei porque te amo', 'A Novidade', 'Não chore mais' e 'Esperando na janela', já deram adeus à competição. 
Então chega de conversa e confira abaixo os resultados e veja quem partiu para “aquele abraço” na segunda fase.


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resultados de Rodrigo Dutra:




Buda Nagô 2x3 Lugar Comum

Apesar de Buda ser o grande Dorival, Lugar Comum foi feita com Donato que mora no meu coração. Além disso, Gil gravou Buda Nagô com a Nana... e ele namorou a Nana, Bolsominion lunática. Não pode ganhar de jeito nenhum.

As Coisas 1x3 Zumbi, A Felicidade Guerreira
Apesar de As Coisas ter a marca notória do Arnaldo Antunes, a ode a Zumbi com Waly Salomão é mais rica e potente na letra e na batida oitentista.

Quanta 0x1 Queremos Saber
Quanta é lindo. Dueto com Milton então, nem se fala. Mas Queremos Saber ressignificou a geração Cássia Eller mais de 20 anos depois e hoje é um clássico.


Pela Internet 2x2 Procissão (Versão 68) (4x5 nos pênaltis)
Parada dura essa porque sempre foi admirável Gil, Caetano e a geração deles mergulhar nas modernidades transformando em música. Mas esse álbum do Gil é um dos meus preferidos de toda a MPB, tinha que ganhar, nem que seja nos pênaltis.


Lamento de Carnaval 0x3 Parabolicamará
Não conhecia Lamento de Carnaval e achei bem legal a letra e o dueto com Lulu. Mas sou noveleiro e essa é clássica de Renascer. Não tem como.


O Amor Aqui de Casa 0x5 Back in Bahia
A trilha de Eu Tu Eles eu conheço bem pois vendi muito CD na época que trabalhava no Guion CD's. Talvez se Lamento Sertanejo enfrentasse Back in Bahia, poderia dar um empate. Fora isso, é quase imbatível.


Sebastian 3x4 A Paz
Outro disco que vendi bastante esse com o Milton. É a música carro-chefe do disco, homenagem ao Rio e tal, mas na verdade queremos paz pra invadir nossos corações dia 02 de outubro. A paz ganha no fim.


Kaya N'gan daya 1x0 Deixar você
Essa baladinha é muito gostosa, mas Kaya é Bob, Kaya é reggae, Kaya é tudo. Vitória consistente.


Copo Vazio 1x0 Vamos fugir
Essa é meio que uma zebra. Vamos fugir tem lugar na história, no pop reggae, no Skank...mas tocou tanto, tanto, que a fofa Copo Vazio se sobressai, principalmente no recente dueto com Chico.


O som da pessoa 4x0 Não tenho medo da morte
Apesar de dar a real em Não tenho medo da morte, O som da pessoa é inventivo, criativo, brinca com as palavras...não quero pensar em morte pra Gil, por isso a goleada.


La Renaissence Africane 2x1 Aqui e agora
Aqui e agora é outro clássico, mas a linda homenagem à África é poderosa demais.


O Oco do mundo 0x4 Barato Total
Não conhecia O oco do mundo. Poderia surpreender frente ao gigante Barato Total. Mas o que já era difícil ficou impossível na nova versão da série Em Casa com os Gil, onde as mulheres da família Gil fazem uma performance invencível.


Fé na Festa 0x1 Filhos de Gandhi
Não conhecia Fé na Festa e adorei a potência alegre nordestina, não só dessa música, mas de todo o disco. Mas Filhos de Gandhi é a pura Bahia, é a ONU, é a Índia, é a África, é o Candomblé, é o Carnaval.


As Camélias do Quilombo do Leblon 4x5 Nêga
Esse placar apertado demonstra o quanto eu gosto de As Camélias. Feita com Caetano, lembro de adorá-la no momento em que ouvi pela primeira vez na turnê dos 50 anos deles. Mas Nêga é apaixonante, Gil no exílio, numa Londres fascinante.


Pipoca moderna 0x1 Three Little Birds
Eu amo a pipoca da Banda de Pífanos de Caruaru, mas de novo a influência de Bob Marley é definidora. Além do clipe de massinha que é muito fofo e marcou meus vinte e poucos anos.


Luar 1x3 Panis et Circenses
Gil oitentinha tem o seu valor. Gosto muito! Mas Panis é um patrimônio brasileiro. Crítica, inventividade, antropofagia, a caretice que ainda está em voga nas famílias conservadoras. Ganha com excelência.


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resultados de Leocádia Costa:


Serafim 7x0 Abra o olho                           
“Serafim” ganhou de lavada, 7x0, porque apresenta uma canção com a base espiritual de Gil e o seu afoxé inconfundível. Ainda que "Abra o Olho" carregue muito da presença dele em meio aos processos políticos, arregalando a atenção de todos em plena ditadura de 1974, a escolha dessa disputa está feita pela beleza que é escutar o chamado de Gil a todos os Orixás.  

Quilombo, o Eldorado Negro 3 x 0 Retiros Espirituais
A canção tema do filme “Quilombo”, que poderia abrir esse jogo de forma apoteótica, já deu a dica do placar do jogo: 3x0. Essa trilha todinha eu assisti no cinema, junto com meu pai e irmã no ano em que foi lançado (a classificação era livre). Porém, a canção adversaria é um marco na carreira de Gil, sendo uma das primeiras em que ele reflete sobre essa busca espiritual que sempre pontuou a sua vida. Linda! Mas deu “Quilombo”

  
Logunede 0X4 Domingo no Parque 
Mais uma partida em que todas as atenções estavam no time do Parque. Essa canção que para mim está entre aa clássicas de Gil. Representa tanta coisa e se reergue cada vez que é cantada, como uma grande espiral do povo nordestino com sua simplicidade e grandeza ímpares. O jogo mesmo antes de começar já estava ganho! Placar de 4x0 e sorvetinho no final!   


Lente do Amor 3X4 Oriente 
Aqui o placar foi apertado: 4x3. Explico o porquê: é que "Lente do Amor" é uma canção linda, que traz essa forma de falar sobre o sentimento que todos nós queremos. Porém, "Oriente" tem uma força que só percebi quando a escutei ao vivo, num show em Porto Alegre em que o Love e eu fomos no Teatro do Sesi. Essa mesma força, embora com um arranjo diferente, está na versão original e, por isso, apesar da disputa ter sido acirrada, "Oriente" ganhou a partida.  
  

 Flora 3X0 Louvação
Aqui foi bem fácil, porque não se pode separar o compositor de suas musas. “Flora” representa as mulheres que tão bem são homenageadas por Gil em suas canções. Não é uma canção que eu mais gosto, mas “Louvação” não teve chance: 3x0 e explico porque: é que quando escuto “Louvação” me lembro da versão dos Trapalhões que fizeram paródia da canção e daí não tem espaço para essa versão original na minha cabeça.     


Metáfora 0X7 Esotérico
Sabe aquela canção que você fica esperando tocar no seu playlist? “Esotérico” é a canção. Então, ela não pode faltar no campeonato e é uma das clássicas. Adoro! 7x0 sem chance de prorrogação ou definição nos pênaltis.                
                                     
          
Punk da Periferia 4X3 Esperando na Janela
Aqui a partida foi muito difícil. Teve prorrogação e ufa! Deu aquela aflição até o jogo se definir. “Punk da Periferia” é uma canção da minha pré-adolescência, que escutei várias vezes com minha irmã e que fazia a gente dançar. Lembro de Gil no videoclipe passando por partes da cidade que eu nunca havia ido. Fui com ele e comecei a entender mais sobre as pessoas que vivem na periferia. Para mim é um hino de inquietude, um manifesto que explica esse lugar de fala que Gil sempre ocupou. Já "Esperando na Janela" me atira no cinema, me leva a escutar a gaita de Dominguinhos e aquela atmosfera nordestina que tanto me fascina. Mas como já teve jogo ganho com "Só quero um xodó", essa partida quem ganhou foi o Punk. Placar: 4x3.  
    

Banda Um 0X5 Só Quero um Xodó
Partida ganha só na escalação: 5x0 pra “Só Quero um Xodó”, porque quando se apresenta esse ritmo nordestino, os jogadores trocam as chuteiras por um baita arrasta-pé daqueles que atravessam à noite. Me lembra Luiz Gonzaga, a quem escuto desde criança e a quem Gil faz reverência.
 

Extra 2 0x4 Aquele Abraço
Então: sabe aquele time que reúne tudo de bom? "Aquele abraço" tem irreverência, suingue, fala de pessoas, lugares e fatos que são ícones brasileiros. Os primeiros acordes já despontam na sua cabeça quando você sai do Rio de Janeiro ou do país. É uma ode à nossa cultura. Me faz chorar sempre, apesar de ser uma canção alegre. 4x0. (“Extra 2” nunca me arrebatou. Sempre me dá uma sensação estranha ao escutar).


Feliz por um Triz 3x7 Toda Menina Baiana
Uma vez percebi que Gil era um mestre em esticar as vogais levando a gente a repetir, “aaaaa que Deus deu/ oooo, que Deus dá!”, e por aí vai. Quem já esteve na Bahia sabe que a música é muito real quando reverencia a essa terra que concentra um axé único. 7x3 foi o placar. É que a outra canção, bem anos 80, podia ter sido cantada por Cazuza ou Ney Matogrosso e me agrada um pouco, mas não é uma das mais escutadas por mim.


Roque Santeiro, o Rock 1X5 Tradição
Foi uma partida difícil, mas ao mesmo tempo fácil. Já conhecia a primeira canção, mas “Tradição” ecoou em mim desde o “Tropicália 2” em que Gil e Caetano a cantam. É uma canção linda e cheia de imagens, você enxerga as cenas ali descritas, como um cinema musical. Lavada: 5x1 pra “Tradição”.


Oração pela Libertação da África do Sul 4(0)X4(1) Refavela
O jogo começou tenso porque ambas as canções são geniais. Cada uma me toca profundamente e tem uma ligação entre si. Em “Oração...” vemos toda a narrativa de um povo e sua luta por liberdade. Em “Refavela” vemos os passos dados, na direção do povo preto brasileiro ocupando novos espaços com a autoestima renovada. “Refavela” é um marco na trajetória de Gil, rendeu turnê recentemente, é um discos prediletos da Sr. Gilberto e não pode voltar neste campeonato. Jogo terminado empatado 4x4, com muito choro e vela, decidido por 5x4 na prorrogação pra “Refavela”.     
   

Só Chamei Porque te Amo 3x4 Amarra o teu Arado a uma Estrela
Cresci escutando Stevie Wonder e o reencontrei quando conheci a coleção de discos do Love. Gil encontrou Stevie e são amigos e parceiros musicais. Ambos são muito harmônicos e, juntos, uma potência. Essa canção vertida para o português por Gil é romântica e tocou muito nas rádios. Mas eu gosto dela em inglês e cantada por Stevie. Já "Amarra teu Arado a uma Estrela" é tão mágica e poesia pura e altamente necessária! 4x3 em jogo pegado, quase um Gre-Nal daqueles bem quentes.


Um Trem para as Estrelas 3x4 Drão
“Um Trem para as Estrelas” foi vencida pelo intérprete. Escuto Cazuza cantando. Apesar da versão original ser a de Gil, ela cabe na rouquidão, no tédio e displicência que Cazuza a interpreta. Tem Noel Rosa nessa canção! Tem um país que vive nessa corda bomba, buscando soluções para viver melhor. Porém, “Drão” é precedida por João Donato, por amigos que saem para caminhar numa madrugada e voltam para casa com essa declaração de amor finalizada. É lindo, é triste, é humano e acima de tudo faz a gente sentir aquela dor e aquele amor indo embora e se transformando. Placar: 4x3 com o gol ao final dos 45 min do segundo tempo pra “Drão”. 


O Eterno Deus Mu Dança! 3X2 Não Chore Mais
Bem, eu amo o Ed Motta! Do seu jeito aparentemente mal-humorado, ele abre a boca e invade os nossos tímpanos. Chama atenção para a melodia! É um grande intérprete e aqui participa da versão original ainda bem jovem. Já “Woman no Cry” é um hino a tudo que vai melhorar e a tudo o que precisamos deixar pra lá para seguir em frente. Com variados dribles, e até gol de bike, chegamos ao placar final de 3x2 para o ritmo, os corais e a mensagem do “O Eterno Deus Mu Dança!” 
      

De Bob Dylan a Bob Marley, um Samba-Provocação 0x4 Lamento Sertanejo      
Quem me conhece já sabe qual foi o resultado da partida: “Lamento Sertanejo” é uma das minhas canções prediletas de Gil, me liga com outras passagens literárias, com outros filmes, com o povo brasileiro. Me emociona demais! 4x0 sem espaço pra resenha. Passou a régua e fez 4 dancinhas pras câmeras de TV!     


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resultados de Cly Reis:


Preciso aprender a só ser 1 X 2 Chuck Berry Fields Forever
Preciso é linda mas o rockão Chuck Berry mata a pau. Vitória apertada.


João Sabino 4 X 0 Bananeira
Clássico da Banana! Vitória fácilde João Sabino porque,
pra mim, Bananeira é mais João Donato do que Gil.
E a versão do Gil Ao Vivo 1974 é fantástica.


Menina Goiaba 1 X 3 Cinema Novo
Olha..., Cinema Novo só ganha porque é espetacular porque, para meu critério, 
as canções gravadas em parceria levam desvantagem. Mas aqui, não tem como não ganhar.


Pai e Mãe 3 X 1 Emoriô
Emoriô é outro caso de música que é mais do Donato do que do Gil.
Não teria como ganhar, ainda mais da belíssima Pai e Mãe. Lindíssima.


Ê, povo, ê 2 X 1 Rebento
Clássico Re-Re (Relace vs. Refazenda)
Esse é um daqueles confrontos espetaculares, já na primeira fase.
Jogo dificílimo!
Ê, povo, Ê ganha nos acréscimos. Jogo ganho no detalhe.


Meditação 2 X 5 Andar com fé
Meditação, linda, de arranjo incrível, deu o azar de pegar uma das mais fortes concorrentes logo na primeira rodada.
Não teve jeito.


O Rouxinol 1 X 2 Extra
Outro jogo, daqueles "absurdos"!!!
A composição rebuscada e complexa de Rouxinol contra o balanço do reggae-pop
precioso de Extra.
Sou obrigado a me render ao embalo de Extra. 


Jurubeba 0 X 2 Nos barracos da cidade
Jurubeba é ótima, mas sai em desvantagem por ser gravação em parceria.
Mas Nos Barracos é demais e, por si só, mesmo sem esse detalhe teria potencial para ganhar naturalmente.


A bruxa de mentira 0 X 4 Ilê Ayê
A Bruxa é gostosa, é simpatica, é um doce, mas contra Ilê Ayê não dá nem pra saída.
Vitória fácil.


Sarará Miolo 2 X 3 Batmacumba
Batmacumba quase tropeça no quesito parcerias,
mas essa, mesmo estando em um álbum coletivo, é muito Gil.
É muito fantástica para não levar essa.

É 0 X 1 São João Xangô Menino
Jogo esquisito... Uma "descartada" de um álbum (É), e outra que só tem registros ao vivo.
Passa São João Xangô Menino. Por pouco.


O seu amor 1 X 3 Marginália 2
O Seu Amor é linda mas Marginália II passa pela pertinência e atualidade.


No norte da saudade 3 X 1 Ladeira da preguiça
Ladeira é mais gostosa. Simples assim.


Babá Alapalá 1 X 6 Super-Homem (a canção)
Que azar  Baba teve em pegar Super-Homem!!! Aliás, seria azar para qualquer uma.
Não dá, né?


Sandra 0 X 5 Refazenda
Refazenda é das fortes candidatas, hein!


Refestança 1 X 3 Ela
Refestança é um rock gostoso, muito legal, mas, além de álbum conjunto,
foi pegar logo Ela pelo caminho...
Ela é daquelas aberturas lindas de um álbum. Não teria como perder esse confronto.



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resultados de Daniel Rodrigues:


Beira-Mar 1 X 3 Cores Vivas
Jogão, mas com um dos times daqueles que veio disposto a ganhar campeonato. Beira-Mar marca de saída na poética Caetano/Gil, mas a adversária, gozando o bom-viver, tasca-lhe um, dois, três gols um em seguida do outro. 3 x 1, placar final.


Ensaio Geral 0 X 2 Palco
Outro confronto com um time claramente superior, embora o respeitoso adversário seja um dos primeiros clássicos de Gil - gravado por Elis, te mete! Mas não tem contra Palco, entra em campo com a alma cheirando a talco. Palco faz 2 x 0 fácil e diz pra Ensaio: "Fora daqui!"
 

Roda 1 X 2 Tenho Sede
Jogo mais parelho. Empolgante, Roda larga marcando, mas no segundo tempo Tenho Sede empata. Quando parecia que ia acabar assim, no intervalo Tenho Sede volta mais hidratada e, num pênalti, não desperdiça. 2 x 1.
 

Viramundo 3 X 4 Cálice
Grande jogo! Com variações, jogadas e oportunidades de ambos os lados. A experiência de Viramundo contra a rebeldia de Cálice. A igualdade se reflete no placar: impressionantes 3 a 3 até a segunda etapa! Mas Cálice tem um diferencial no plantel: um atacante chamado Chico, contratado do Politeama, que tem o chamado “sentimento diagonal do homem-gol”. É ele quem marca o quarto naquele que foi dos melhores confrontos da primeira fase. 4 x 3 pra Cálice.
 

Frevo Rasgado 0 X 1 Raça Humana
 Mesmo com o ritmo contagiante do frevo, o futebol nordestino alegre, a dona da casa, mesmo com estádio lotado, não conseguiu segurar o jogo cadenciado deste reggae filosófico de respeito. 1 x 0 Raça Humana.


Miserere Nobis 1 X 2 Expresso 2222
Dois clássicos, um tropicalista típico; o outro, um forró cosmopolita. Mas com um adversário consistente como Expresso 2222, não tem vez. Placar apertado, mas com um vencedor de respeito: Expresso tira um dos 2 do seu título pra vencer pela diferença de um gol: 2 x 1.
 

Cérebro Eletrônico 2 X 3 Se eu quiser falar com Deus
 Mais um jogo difícil. O estilo elétrico de Cérebro encontra o ritmo leve de Se Eu Quiser..., que nem por isso deixa de ser contundente quando ataca. Aliás, é a balada que sai na frente. Não dá muito tempo, mete outro! E outro! Que isso, goleada? Cérebro esboça uma reação, descontando e depois chegando ao segundo. Mas, no fim, cérebro eletrônico nenhum lhe dá socorro no seu caminho inevitável para a morte, e o placar final fica 3 x 2 pra Se Eu Quiser Falar com Deus.


Volkswagen Blues 1 X 2 Maracatu Atômico
Duas tropicalistas de pegadas diferentes: o rock blues de Volks e o maracatu atômico de... a própria. Mesmo não aproveitando todas as qualidades do esquema tático de Mautner/Jacobina (Chico Science provaria isso anos mais tarde), é ela que, num placar clássico, avança de fase: 2 x 1 pra Maracatu.
 

Vitrines 2 X 1 Eu vim da Bahia
A graciosidade bossa-novística de Eu Vim... bem que tenta marcando primeiro. Mas falta fôlego pra segurar a vanguarda tropicalistística de Vitrines, que iguala e mais pro fim faz o da vitória. 2 x 1 Vitrines.
 

Mamma 0 X 3 Haiti
Mamma é bonita, feita na fase londrina para a mãe de Gil, mas segurar Haiti, convenhamos, não dá, né? Só não foi lavada, porque respeita a própria mãe. 3 x 0 com direito a comemoração com gestual de rapper e dancinha de axé-music. Haiti não veio pra brincadeira e deixa o recado pros próximos adversários: “Pensem no Haiti!”
 

O Sonho Acabou 0 X 2 Realce
Partida agradável de se ver, com jogo alegre das duas partes. A serelepe O Sonho Acabou, com um estilo meio inglês de jogar, acerta na trave e assusta, mas quem abre o placar mesmo é Realce, que faz um gol de tabelinha como quem dança numa pista. Fora isso, a música tem torcida organizada tipo Coligay na arquibancada. Com parafina e purpurina, Realce vai lá e mete outro. Alegria nos pés. 2 x 0 é o placar final.


Madalena 0 X 2 Sítio do Pica-Pau Amarelo
Madalena fez sucesso e é antiga no repertório de Gil, visto que aparece lá no pré-exílio Barra 69 para só depois, em 1991, ser gravada em Parabolicamará. Mas nem toda essa campanha faz de música combatível a uma das mais graciosas e queridas do repertório do baiano, que é Sítio do Pica-Pau Amarelo. Placar clássico: 2 x 0 para Sítio.
 

Meio de Campo 1 X 0 Estrela
Pintou zebra na Copa Gil! Estrela tocou nas rádios, é das baladas que os fãs adoram, toca em shows mas, por aqueles acasos da vida, pegou pela frente a “braba” Meio de Campo. E aí, meu filho, se meter com música feita pra voz de Elis Regina é outra história. Numa partida bem disputada, o jogo foi resolvido, sem trocadilhos, no meio de campo. Mais bem esquematizada no seu samba-jazz, Meio de Campo faz o golzinho numa bola alçada pra área e era isso. Vitória magra por 1 x 0. 


Essa é pra tocar no rádio 3 X 1 A Novidade
A Novidade é daqueles grandes sucessos de Gil, parceria com Herbert Vianna, letra poderosa. O que ela faz? Tira vantagem e logo de cara marca o seu e assim fica até o fim do primeiro tempo. Acontece que no segundo ela não esperava que seu adversário fizesse modificações no elenco que mudariam completamente o panorama da partida. Ao invés da versão de Refazenda, Essa é Pra Tocar no Rádio, num estilo jazzístico ligeiro, volta com a formação de Gil & Jorge, mais sambada e cadenciada. Aí, o jogo foi outro. 1, 2, 3 e só não teve quarto porque faltou tempo. De virada, Essa é Pra Tocar no Rádio faz 3 x 1 em A Novidade.

 
O Compositor me disse 1 X 3 Tempo Rei
Lembra quando a gente falou que música feita pra Elis saía naturalmente em vantagem? Pois é: nem sempre. Aqui, não valeu de nada ter sido composta pra voz da Pimentinha, porque a música pegou pela frente a clássica Tempo Rei.  O jogo foi transcorrendo, transformando, e Tempo Rei achando os espaços e navegando por todos os sentidos do campo. Até que, água mole em pedra dura, tanto bateu que foi lá e abriu o placar. Depois foi fácil até o fim. 3 x 1. 


Iansã 1 X 2 Geleia Geral
Dois timaços, hein? Iansã, rainha dos raios, mandou uma chuvarada no céu partido ao meio no meio da tarde. Como pra ela tempo bom é tempo ruim, aproveita e larga na frente. Só que iansã tem na frente um adversário qualificadíssimo. Diria até munido de muitos recursos. Com brasilidade no pé, Geleia Geral dribla as dificuldades e empata. O jogo vai pra prorrogação, e somente nos últimos minutos Geleia Geral faz o da vitória apertada, mas que lhe dá a classificação. 2 x 1. 


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CLASSIFICADAS PARA A SEGUNDA FASE:
Lugar Comum
Quilombo, o Eldorado Negro
Queremos Saber
Procissão
Parabolicamará
Back in Bahia
A Paz
Kaya N'gan daya
La Renaissence Africane
Copo Vazio
O Som da Pessoa
Barato Total
Filhos de Gandhi
Nêga
Three Little Birds
Panis et Circenses
Serafim
Domingo no Parque 
Oriente
Flora
Esotérico
Punk da Periferia
Aquele Abraço
Toda Menina Baiana
Tradição
Rafavela
Amarra o teu arado a uma estrela
Drão
Lamento Sertanejo
O Eterno deus Mu Dança!
Zumbi
Chuck Berry Fields Forever
João Sabino
Cinema Novo
Pai e Mãe
Ê, povo, ê
Andar com fé
Nos Barracos da Cidade
Ilê Ayê
Extra
Batmacumba
São João Xangô Menino
Marginália 2
No norte da saudade
Super-Homem
Refazenda
Ela
Geleia Geral
Tempo Rei
Essa é pra tocar no rádio
Meio de Campo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Realce
Haiti
Vitrines
Maracatu Atômico
Se eu quiser falar com Deus
Expresso 2222
Raça Humana
Cálice
Palco
Cores Vivas
Tenho Sede
Só quero um xodó



Em seguida, sortearemos e informaremos os confrontos da segunda fase.
Fique ligado!  😉