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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ultraje a Rigor - "Nós Vamos Invadir Sua Praia" (1985)

“...'Inútil' foi nossa melhor sacada, quando conseguimos sintetizar tudo que queríamos falar.
Na época todos tínhamos um inimigo comum
que era a ditadura.
Muitas vezes me perguntavam se eu
considerava todo mundo inútil.
Eu dizia que não, que estavam fazendo
o brasileiro de inútil,
mas que também muitas vezes “somos inútil” porque nós temos até hoje uma mentalidade complicada e
muitas vezes penso que nem queremos mudar. "
Roger




Frequentemente ouço questionarem porquê Roger Rocha Moreira, vocalista, guitarrista e letrista do Ultraje a Rigor, não ultiliza melhor seu Q.I. superior a 140 , um dos maiores entre famosos no Brasil... Olha, acho que, a seu modo, ele faz bom uso dele. E tenho certeza que o utilizou bastante bem, pelo menos, para conceber um dos grandes discos da história do rock nacional, o ótimo "Nós Vamos Invadir Sua Praia" de 1985.
"Nós Vamos Invadir sua Praia" é um discaço de rock'n roll apoiado em letras inteligentíssimas que abordam temas como comportamento, adolescência, diferenças
sociais, relacionamentos, mainstream, política, com malícia e bom-humor sem precedentes no rock nacional.
"Ciúme" e Zoraide" representam o melhor do rock ultrajeano em duas canções que vão direto nas relações entre casais e todas as suas chatices e particularidades; a maliciosa "Marylou" é um country-rock estilizado e exagerado com menções um tanto picantes a certos bichinhos 'safados' da fazenda. "Jesse Go", que o guitarrista Maurício certa vez disse que serviria para o Paulo Ricardo do RPM, ataca com ironia os ídolos fabricados da indústria musical e o estrelismo que os acomete depois da fama; e a ótima "Eu Me Amo" é um genial exercício psicanalítico sobre descoberta de si próprio e autovalorização, na que deve ser provavelmente a única auto-canção de amor da história da música.
"Inútil", com sua concordância propositalmente errada e provavelmente com o riff mais bacana já feito no rock brasileiro, ao contrário do que sempre se disse por aí, não desvaloriza o brasileiro, mas sim, pelo contrário, reafirma a capacidade deste país de fazer tudo tão bem ou melhor que qualquer outro, e à sua maneira, irônicos e escrachados, questionam os motivos pelos quais, mesmo com tanto potencial, tudo o que via-se, naquele Brasil bem menos desenvolvido e promissor do que hoje dos anos 80, eram constantes insucessos e impedimentos nos mais diversos segmentos. "Mim Quer Tocar", outra genial e uma exceção no que diz respeito à ênfase rock'n roll do disco, é um reggae 'preguiçoso' que brinca com a visão estrangeira em relação ao Brasil que supunha muitas vezes ser um país ainda habitado por um bando de índios e selvagens, mas alfineta também a própria auto-depreciação que o povo acabou assumindo em relação ao próprio país.
"Rebelde Sem Causa" talvez a melhor composição do disco, é um surf rock com cores new-wave, com um excente trabalho de guitarra de Roger e uma letra genial na qual um jovem relata o quanto sua vida  é 'chata' pelo excesso de atenção, carinho, bens materiais e tudo o que poderia desejar, numa sutil crítica comportamental (que se estende ao social) a todo mundo que se queixa da vida de barriga cheia. Extremamente atual se formos pensar em bad-boys que queimam índios, chutam negros, agridem prostitutas e homossexuais; filhinhos-de-papai que saem atropelando todo mundo com seus carrões e ficam impunes; babacas que provocam brigas em festas, etc., e cuja grande alegação muitas vezes é que têm problemas psicológicos, não tiveram atenção dos pais, ou que são 'traumatizadinhos'. Ora, veja!
A faixa que dá nome ao disco por sua vez não tem maiores ambições intelectuais e se contém algum recado implícito é apenas o de "Cuidado, nós estamos chegando e não tem como escapar". E não teve mesmo: "Nós Vamos Invadir Sua Praia" não demorou a invadir nas rádios e conquistar o público com seu ritmo contagiante, seu astral muito pra cima, e provavelmentee também, pela identificação das situações bem farofeiras de praia colocadas na letra. A faixa é uma verdadeira festa com participações de Lobão, Ritchie, Selvagem Big Abreu e Léo Jaime se revezando na ordem dos versos do refrão ou soltando pequenos improvisos como o famosa pergunta do Lobão, "cadê a minha farofinha, Roger?" dita lá pelas tantas durante a música como várias outras gracinhas dos outros convidados e integrantes da banda. Provavelmente devia estar uma grande bagunça no estúdio.
A mais fraca do disco é com certeza a faixa "Se Você Sabia" um rockzinho interessante musicalmente e que até tem um solo legal no refrão do baterista Leospa, mas que no fim das contas se revela excessivamente pueril com sua letrinha primária e juvenil sobre o 'drama' de um rapaz que descobre que a namoradinha está grávida.
Para fechar, uma faixa gravada ao vivo extamente para contar com a participação do público que nos shows respondia ao refrão de "Independente Futebol Clube" com uma efusiva saudação. Aquilo tinha que ser registrado em disco. E foi. E ficou um barato. Um rock'n roll gostoso com uma letra aparentemente tola, mas que na verdade não era nada mais nada menos do que uma manifestação de respeito à individualidade. Roger lançava aquele "Nós somos livres, Independente Futebol Clube" e a galera respondia com um entusiasmado "Êêêêêêê!!!
A propósito de show, recentemente a banda voltou a ser comentada depois de ter sido impedida de continuar seu show no Festival SWU pelo pessoal da produção do Peter Gabriel. A galera ficou do lado do Ultraje no incidente e provou que ainda tem a turma do Roger em alta conta e que a banda ainda é uma das mais queridas do país mesmo passados 26 anos desde seu clássico álbum de estreia. Muita dessa solidariedade deve-se também, em parte, à visibilidade que voltaram a ter por conta participação num talk-show na TV. Aí até quem nunca sequer ouviu o "Nós Vamos Invadir Sua Praia" ou alguma coisa da banda na vida, mas que curte o programa acabou apoiando os caras e lembrando que existe (ou existiu) um 'rock nacional'.
Roger com certeza não é o maior gênio da história da música, não é um Dylan escrevendo, não é um McCarteney compondo. Longe disso! Aliás muitas vezes passa por paspalhão. Mas se de alguma coisa lhe serviu ter um Q.I. tão alto como se comenta, ele aplicou a inteligência que o tal índice possa ter-lhe proporcionado para produzir um dos melhores da música nacional de todos os tempos. Álbum que com "Cabeça Dinossauro" dos Titãs, "Selvagem?" dos Paralamas,  "Revoluções por Minuto" do RPM, e o "Dois" da Legião Urbana, completa o quinteto fundamental de grandes álbuns brasileiros dos anos 80.
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A reedição em CD saiu ainda com uns extras, como a censurada "Ricota", a hilária "Hino dos Cafajestes", uma versão marchinha para "Marylou" e versões originais de "Mim quer Tocar", com a letra um pouco diferente, e de"Inútil", bem mais crua e um pouco mais arrastada.
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FAIXAS:
01. Nós Vamos Invadir Sua Praia
02. Rebelde Sem Causa
03. Mim Quer Tocar
04. Zoraide
05. Ciúme
06. Inútil
07. Marylou
08. Jesse Go
09. Eu Me Amo
10. Se Você Sabia
11. Independente Futebol Clube


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Ouça:
Ultraje a Rigor Nós Vamos Invadir Sua Praia




Cly Reis

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

"Barbosa", de Ana Luíza Azevedo e Jorge Furtado (1988)

 


O Medo do Goleiro Diante da Vida

por Daniel Rodrigues

"Eu já pensei naquela bola um milhão de vezes". 
Barbosa


Cult movie por excelência, o filme “O Medo do Goleiro Diante do Pênalti”, primeiro longa do genial cineasta alemão Wim Wenders (1972) tem como protagonista uma figura dificilmente destacada e, por isso, raramente observada: o arqueiro de futebol. Aquela máxima futebolística de que “goleiro só é lembrado quando acontece coisa ruim” serve de mote simbólico para a vaga trama escrita pelo jovem Wenders à época do nascente cinema novo de seu país. A invisibilidade do goleiro ante os outros 10 jogadores de seu próprio time, tão atletas quanto ele, pelo simples fato de jogar diferente e estar “lá atrás”, onde o olhar de ninguém está direcionado, funciona como uma metáfora para a saga do personagem Joseph Bloch (Arthur Brauss), um jovem alemão cético, narcisista e sem propósitos na vida. Era um reflexo de toda uma geração de artistas da terra de Goethe fruto do pós-II Guerra, que arrasou a Alemanha física e moralmente, e que vazou para todas as artes, inclusive cinema.

Claro que essa situação de angústia existencial e esvaziamento de nexos gera aquilo que o título do filme de Wenders evidencia: medo. Uma nação enganada pelo fascínio do nazismo como a alemã e que viu, após anos de destruição, suas bases morais e materiais ruírem, só poderia mesmo carregar consigo muita culpa e ilogicidade. Isso, na Alemanha, repleta de história, industrializada, rica e um dos berços da cultura ocidental. Agora imagine uma nação jovem, colonizada, pobre, fortemente rural e forjada sobre bases escravocratas como o Brasil da primeira metade do século 20! Dá para imaginar como um goleiro no futebol brasileiro era tratado. Só existem duas possibilidades: ou ele defende tudo e é um herói ou, se deixa escapar uma bola que seja, vira vilão. Caso de “Barbosa”, personagem do filme semidocumental de Ana Luíza Azevedo e Jorge Furtado (1988).

Assim foi a vida de Moacyr Barbosa Nascimento, goleiro mítico do Vasco da Gama desde 16 de julho de 1950: a de um vilão. O fatídico dia do Maracanaço, quando o Brasil perdeu a final da Copa do Mundo daquele ano para o Uruguai dentro de casa, em pleno Maracanã superlotado de todas as almas nacionais, é também o dia que se decretou a morte simbólica de um jovem de 29 anos até a sua partida material em 7 de abril de 2000. O medo do goleiro, abstrato na obra de Wenders, foi, no entanto, totalmente real para Barbosa. O medo da culpa. A responsabilidade da frustração de uma nação inteira recaiu sobre os ombros daquele jovem, não coincidentemente negro e de origem pobre.

O injustiçado Barbosa em cena do filme de Furtado

Refém de um povo imaturo e preconceituoso, Barbosa levou toda a responsabilidade pela tragédia. Haveriam de achar um “bode expiatório”, e melhor que esse fosse uma figura vulnerável: um jogador entre os 11, negro e “sem defesa” (como as palavras podem ser cruéis e certeiras em certas situações...). A opinião pública, frustrada pois pouco madura para administrar a própria expectativa, não teve nenhum preparo para absorver uma derrota que aconteceu dentro das quatro linhas. A “intelligentsia” brasileira, tão infantil quanto, não só se eximiu de ajudar como inflamou mais os ânimos. Nelson Rodrigues, em cima do lance, cunhou o termo do “complexo de vira-lata”: “entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.”

No curta-metragem (Melhor edição no Festival de Gramado e Melhor filme de ficção no Festival de Havana), o próprio Barbosa, uma figura tristemente triste, queixa-se em entrevista do estigma que o imputaram e do qual nunca mais conseguiu se livrar. Motivado pelo trauma da infância, o personagem fictício vivido por Antônio Fagundes volta ao passado numa máquina do tempo para tentar promover uma correção histórica. Mas a história é mais implacável e dura do que a consciência do herói do futuro. De certa forma, denota-se que o Brasil de 1988, quando o filme foi filmado, ainda não havia compreendido maduramente o episódio da Copa de 50 e, consequentemente, elaborado a injustiça para com Barbosa. Por autocondenação, por “síndrome de vira-lata”, por egoísmo, por imaturidade. Por racismo. Se a ressaca que acometia Arthur do filme de Wenders era por algo que sua nação havia feito, a de Barbosa, muito menos subjetiva, era por algo que a nação não havia tido condições de fazer.

Fagundão voltando no Brasil dos
anos 50 pra tentar impedir o pior
Afora isso, para quem acompanha futebol e tenta compreender sua evolução tanto tática quanto física e até aerocinética dos corpos, é ainda mais exagerada a culpabilidade de Barbosa. Ele não pegou aquele chute do uruguaio Giggia por motivos plausíveis até hoje, mesmo transcorridas mais de sete décadas. A começar, a bola foi entre a trave e o seu corpo, o que dificulta um movimento curto lateral e para baixo. O atacante Bebeto, tetracampeão pela Seleção, valia-se deste "macete" contra os goleiros, de meter na menor distância, geralmente com sucesso. Segundo, porque a bola veio rente ao gramado, rápida e na diagonal, ou seja, menos de milésimos de segundo de visualização por parte do arqueiro. E terceiro: passou rente à trave. Para pegá-la, um goleiro provavelmente precisaria se estatelar na própria goleira e talvez nem assim resolvesse. Um lance como aquele renderia uma defesa difícil até hoje, mesmo com toda a evolução técnica e física dos goleiros. Para uma época ainda primária do esporte bretão, em que muitos gols saíam de jogadas absurdas, muitas vezes dos próprios goleiros, não dá para considerar aquela jogada do segundo gol do Uruguai como uma falta grave de Barbosa e muito menos um "frango". Impossível de pegar? Hoje, não. Talvez naquela época também não, mas com certeza é aceitável tanto antes quanto agora não receptá-la. Na verdade, ocorreu o que o brasileiro dificilmente admite: mérito do adversário, e não demérito seu.

É mais forte do que qualquer raciocínio ponderado, no entanto, a depreciação de uma nação pueril que acreditou, por falta histórica de ferramentas para um auto entendimento, na falácia darwinista do evolucionismo. Povo mestiço: então, necessariamente "inferior", "incapaz", "indolente", "imprestável". Era o que se ouvia das bocas (in)cultas de Gobineau, Monteiro Lobato, Oliveira Viana, Roquette-Pinto. Interessante perceber que o filme de Furtado e Ana Luiza se dá na época da “seca” do Brasil em Copas do Mundo (o que só seria “superado” dali quase a 10 anos, em 1994, com a conquista da Copa nos Estados Unidos) e que termos como os ditos antigamente voltavam à baila. Basta ver a música “Inútil”, da Ultraje a Rigor, de 1985, que, criticando o ser brasileiro, repete o adjetivo inclusive para associá-lo ao futebol: “A gente joga bola e não consegue ganhar”.

Acontece que as razões para a autodepreciação do brasileiro para consigo mesmo é muito mais profunda do que apenas derrotas ou vitórias dentro de campo. No máximo, esses resultados do esporte são reflexos, mas nunca derrocada ou muito menos solução. Nelson Rodrigues, ingenuamente, afirmava que a “síndrome de vira-lata” se dissipara quando, oito anos depois daquele fatídico jogo no Rio de Janeiro, a Seleção Brasileira vencera a Copa do Mundo na Suécia. Mera ilusão. A valorização como povo e, principalmente, o reconhecimento de suas capacidades como nação única e indivisível ainda está longe de ser alcançado no Brasil do séc. 21. A extrema polarização política que se deflagrou no País há menos de uma década dá motivos para se pensar assim. Em 1958, Pelé e Garrincha nos deram arte, mas não resolviam quase nada. Tanto que o Brasil seria lindamente tricampeão em 1970 sob a sombra do pior momento político-social da sua história, quando as liberdades e os direitos humanos eram barbaramente infligidos pela Ditadura Militar. Isso sim é degradação moral.

A reparação história a que Barbosa fora merecedor pelo massacre público a que foi objeto nada mais é, noutra escala, do que o sistema de cotas e as políticas para corrigir as discrepâncias e erros cometidos com negros excluídos da sociedade. Barbosa morreu sem presenciar o Mineiraço, os 7 x 1 da Seleção da Alemanha sobre a do Brasil na segunda Copa do Mundo no Brasil. Talvez ele pudesse perceber que hoje em dia, um pouco mais madura 64 anos depois, a responsabilidade não é atribuída a apenas uma pessoa. Talvez tivesse ficado um pouco confortado. Mas com certeza seu olhar sofrido e perspicaz teria notado também que o goleiro, tão pouco culpado quanto ele, era branco. E aí, é bem mais fácil de lidar.

filme "Barbosa", de Ana Luíza Azevedo e Jorge Furtado (1988)



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Iron Maiden - "Piece of Mind" (1983)





“Voe, pelo seu caminho, como uma águia
Voe tão alto como o sol
No seu caminho, como uma águia
Voe, e toque o sol”
"Flight of Icarus"



"A Hard Day's Night" dos Beatles, "The Head on the Door" do The Cure, "Machine Head" do Deep Purple, Electric Café do Kraftwerk, "Violator" do Depeche Mode e outros discos possuem a mesma característica, quero ver se vocês adivinham... Mais um tempinho... Bom, vou dizer hein... Todos estes discos são discos de discografia normal de suas bandas mas de tantas músicas boas e icônicas para suas respectivas bandas parecem um "The Best Of...".

E este é o caso deste disco, "Piece of Mind"(1983), do Iron Maiden, banda que na época eu chamava assim e no final do texto explico como chamo agora. Estava eu na gloriosa Galeria Chaves, aqui em Porto Alegre, quando vi uma camiseta dos Replicantes na Discoteca e pedi dinheiro para minha mãe e ela me deu um pouco mais para comprar a camiseta e dava para mais um disco. Comprei este disco pela capa mesmo e pensei “o que esta múmia (mais tarde viria a saber que é o mascote da banda) com camisa-de-força está fazendo nesta capa ?”. Foi meu primeiro disco comprado com o livre arbítrio (Michael Jackson "Thriller", Ultraje a Rigor e As Aventuras da Blitz ganhei de presente).

Cheguei em casa, abri minha vitrola laranja portátil da Philips e coloquei o disco para tocar. E daí a coisa toda muda de figura. Conhecia através do metal e tinha agora meu primeiro disco de Rock. Li, reli, revirei o encarte e fiquei impressionado com a banda olhando o cérebro na mesa em uma foto. Comecei a comprar todos os discos do Iron Maiden desde então e tive todos os LP´s até o "Seventh Son". Depois veio a era do CD e os discos foram se perdendo.

Clássicos do metal como 'Where Eagles Dare", "Flight of Icarus", "Die With Your Boots On" (com uma risadinha bem sem vergonha do Dickinson pelo meio da música), e a inesquecível e gloriosa "The Trooper" que eles tocam em todo show (seria ela a "Satisfaction" do Iron Maiden ? Pode ser hein...). Foi neste disco que pela primeira vez ouvi uma frase gravada ao contrário em um disco. A bem da verdade o Lado B do disco prenuncia o que viria a ser seu próximo trabalho, o "Powerslave", com músicas não tão mais empurradas no triunvirato formado por 2 guitarras e pelo baixo do dono da banda Steve Harris. Exceção é a maravilhosa "Sun And Steel" que é uma daquelas pérolas que somente os fãs mesmo conhecem e dão o valor.

A propósito disso, cara que conhece as músicas do Iron Maiden aos poucos vai ficando íntimo da banda e vai deixando o “Maiden” de lado, chamado carinhosamente de Iron. E tu, vais te arriscar a escutar este disco? Olha que daqui a pouco tu podes estar chamando os guris de Iron.

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FAIXAS:
  1. Where the Eagles Dare
  2. Revelations
  3. Flight of Icarus
  4. Die With Your Boots On
  5. Ther Tropper
  6. Still Life
  7. Quest of Fire
  8. Sun and Steel
  9. To Tame a Land

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Ouça:






terça-feira, 13 de julho de 2021

Grinders - "Grinders" ou "Skatepunkmusic" * (1987)









"E algum tempo depois,
Um skate eu montei
Ando todos os dias
E feriados também."
trecho de "Minha Vida"

"Ande de skate ou  morra!"
trecho de "Ande de Skate Ou Morra"



Meu primo Lucio Agacê, tradicional colaborador aqui do blog, na época das nossas formações musicais e descobertas sonoras, volta e meia nos apresentava, a mim e ao meu irmão Daniel, alguma novidade dos sons que acabara de conhecer. Recém iniciado no punk e hardcore, empolgado, chegava para nós com aqueles discos esquisitos, barulhentos, com sonoridades agressivas, rascantes, acabamento pobre, não só sonoro mas também gráfico, com artes feitas de colagens muito primárias ou com ilustrações de qualidade bastante deficiente. Eu, na época, ainda muito absorvido pelo rock que tocava nas rádios, na época da explosão do rock nacional, com bandas como Legião Urbana, Ultraje a Rigor, RPM, nem sempre valorizava muito àquelas coisas que meu entusiasmado primo trazia a meu conhecimento e apreciação. Com exceção um que outro que tinha alguma produção um pouco mais caprichada como Inocentes, Cólera, em alguns momentos, e um pouco mais adiante, Ratos de Porão, aquele som do punk nacional me soava excessivamente tosco e mal acabado. No entanto, em meio a esse universo pouco convidativo para meu 'paladar' sonoro, algo me chamou atenção. Uma banda chamada Grinders parecia ter um pouco mais de técnica, seu som era mais limpo, não se limitava aquela chiadeira que mais parecia um vespeiro em polvorosa e, claramente, havia um pouco mais de cuidado, de trato na produção.

Curiosamente, a primeira impressão não foi exatamente positiva pelos motivos certos. Meu primeiro contato com Grinders se deu quando o próprio Lucio me mostrou a coletânea "Ataque Sonoro", na qual a banda tinha duas músicas. Uma delas, "Skate Gralha", para mim estava mais para engraçada do que propriamente para boa, uma vez que, o vocalista, com uma interpretação acelerada, quase indecifrável, depois de esculachar, na letra, um suposto skatista muito ruim, que só atrapalhava na pista, culminava a execração do coitado dando-lhe, no refrão, a sentença definitiva de "animal" ("Pega o skate desse gralha /Sai da pista, animal /Se você quer tesourar /Vai pra casa animal /ANIMAL, ANIMAL, ANIMAL!"). Era engraçado, era divertido, brincávamos imitando aquele refrão mas, para mim, passava longe de ser algo que me agradasse musicalmente e, embora não fosse exclusivamente o que pesasse na minha antipatia, efetivamente, não havia como negar que aquela versão, presente na legendária compilação punk, era bastante precária.

Algum tempo depois, já mais aberto e tolerante, tive a oportunidade de ouvir o disco de estreia dos Grinders e lá estava "Skate Gralha", que, embora ainda totalmente "animal", claramente estava bem mais limpa e mais bem acabada.

Trato mais cuidadoso que, por sinal, todo o disco tinha, até mesmo nas mais ruidosas e selvagens como "Destrua Um Monstro Nazista", "Ande de Skate ou Morra" e "Explorados". Mas não era só a questão do trabalho de estúdio, os Grinders sabiam tocar, tinham bala na agulha, as músicas tinham bons riffs e podia-se até mesmo notar uma pegada meio surf-music e do punk californiano. As duas peças instrumentais, a que leva o nome da banda e abre o disco, "Grinders", e a cover do tema do Homem-Aranha, são exemplares indesmentíveis dessas influências.

Chama atenção também como os gritos da galera punk daquela época, incrivelmente, continuam tão válidos e procedentes ainda hoje, e talvez até mais pertinentes agora do que naquele momento pós-abertura, quando parecia haver uma série de conscientizações em relação a diversos temas e problemas do país por parte da sociedade. "Amém", denunciando os falsos religiosos que se utilizam da ignorância do povo para lucrar, a irônica "Serviço Militar", contra o militarismo, "Destrua Um Monstro Nazista", bem a calhar diante das inúmeras manifestações de extrema-direita que surgem por todo canto, e "Como É Que Pode", que chama atenção para a desigualdade social e a fome, infelizmente, mostram-se extremamente atuais e urgentes. "Ruas de Soweto", uma das melhores, com seu riff vigoroso e sua letra mínima porém sintética ("Os dias são negros pelas Ruas de Soweto"), se hoje não é mais tão atual em relação ao Apartheid sul-africano, não perde a validade, dadas as mostras escancaradas de racismo pelo mundo, e em especial no Brasil, cujo procedimento é apoiado pelo discurso discriminatório do próprio presidente da República.

Mas, em meio a tantos assuntos sérios, há  espaço para o skate, prática muito comum entre o pessoal do punk e hardcore, na época, e que é tema de destaque no disco, não somente com a já destacada, "Skate Gralha", mas também com a ótima "Minha Vida", que relata a satisfação de ter um skate e poder usufruir dele, e a marcante "Ande de Skate ou Morra", lema do pessoal das rodinhas, elevado à condição de hino skatista hardcore pelos Grinders.

O disco ainda tem a pérola, que o finaliza, "Puta Vomitada", que relata o day after de uma noitada, aquela ressaca e os efeitos da bebedeira, numa manhã de domingo em que, tudo que se encontra numa tentativa de assistir TV, é Programa Sílvio Santos, Menudo, RPM , numa crítica à massificação do entretenimento promovido pelas mídias, naqueles idos dos anos 80. Apesar de gostar de RPM, na época e ainda hoje, é um encerramento de disco espetacular que ainda fica melhor com o som de uma descarga de banheiro que joga para o esgoto toda aquela porcaria.

Edições posteriores, em CD, tem alguns extras bem interessantes como uma cover instrumental, ao vivo, de "California Über Alles", dos Dead Kennedy's, que só confirma ainda mais aquela impressão da influência do punk californiano; "Amém" com uma introdução de "oração"; e algumas inéditas, em versão demo, como "Trem Lotado", "Danceteria" e a preconceituosa, porém divertida "Eu Não sou Break".

Ainda que um pouco mais bem produzido que seus contemporâneos, "Grinders" mantém aquela pureza característica punk nacional, na sonoridade, nas composições e nas letras. Aquela crueza, aquela "barulheira" que de início era exatamente o que me incomodava, no fim das contas é o diferencial do punk raiz, do punk proletário, do punk suburbano, e que atesta, sobremaneira, a autenticidade de sua atitude e de seu discurso. 

Dia do Rock e época de Olimpíadas, nada melhor do que trazer toda a força do rock, sua essência, sua atitude, seu caráter contestador, e misturar com esporte, nas mais radicais manobras sobre as quatro rodinhas. E, cá entre nós, poucos esportes têm tanta atitude como o skate.

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FAIXAS:
1. Grinders
2. Skate Gralha
3. Amém
4. Homem-Aranha
5. Minha Vida
6. Destrua Um Monstro Nazista
7. Explorados
8. Serviço Militar
9. Ande De Skate Ou Morra
10. Ruas De Soweto
11 Como É Que Pode
12. Puta Vomitada

Ao Vivo no Woodstock Music Hall(1987)
13. Grinders
14. Skate Gralha
15. Homem-Aranha
16. Amém
17. Como É Que Pode
18. Minha Vida
19. Califórnia (cover instrumental de "California Über Alles", dos Dead Kennedy's)

Demo Tape(1985)
20. É Domingo
21. Grinders
22. Skate Or Die
23. Como É Que Pode?
24. Trem Lotado(TL)
25. Eu Não Sou Break
26. Danceteria

Ao Vivo na Broadway(1985)
27. É Domingo
28. Eu Não Sou Break

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Ouça:

* nome dado à reedição em CD de 2001

por Cly Reis


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Lulu Santos - "Lulu" (1986)


"O cara fuma, bebe, cheira
Fuma, bebe, cheira
Fuma e quer pegar no meu pau.
Cheira a noite inteira, Fala sem parar
E quando chega o dia
não quer mais me contratar."
trecho de
"Ro-Que-Se-Da-Ne (Junte as Sílabas e Forme Novas Palavrinhas)"







Vamos combinar que Lulu Santos é possivelmente o maior hit-maker do Brasil, talvez só superado pelo Rei Roberto.
Estamos de acordo?
Acho que não tem muito o que contestar.
“De Repente Califórnia”, “O Último Romântico”, “Certas Coisas”, “Cara Normal”, “Adivinha o Que”, “A Cura”, “Assim Caminha a Humanidade”...Ufa! Sucessos são o que não faltam. Até por isso, muitos de seus disco poderiam ser destacados como básicos na discografia nacional, seu primeiro com a ótima “Tempos Modernos” que dá nome ao álbum, o segundo da marcante “Como uma Onda”, o 3º, “Tudo Azul” com a melosa “Lua-de-Mel” regravada por Gal Costa, etc. Mas “Lulu”, de 1986, além de confirmar a vocação para a produção de grandes sucessos radiofônicos, era um álbum mais coeso, completo e de musicalidade variadas.
“Lulu”, de capa muito legal, estilo Keith Haring, é um daqueles discos que a gente tem que pensar como um LP, pois seus lados são distintos e de características diferentes.
O lado A empilha hits e seu início é de tirar o fôlego. Abre com a gostosa e cativante “Casa” normalmente associada a uma espécie de volta de um "filho pródigo" ou algo do tipo, mas esclarecido pelo próprio autor que trata do prazer de encontrar a própria casa todos os dias; emenda com a excelente “Condição”, um pop cheio de variações e possibilidades, com guitarras distorcidas, bateria eletrônica, vocoder, entre outros recursos, passeando por diversos estilos mas mantendo a unidade com competência e qualidade; e traz na sequência a melancólica balada “Minha Vida”, bela e tristonha.
Depois da interessante e simpática “Pé Atrás”, a única do lado A que não tocou à exaustão por aí, a sequência de hits é retomada com “Um Pro Outro”, outro pop daqueles pegajosos, que teve sua popularidade aumentada ainda pela inclusão na trilha de uma novela. E o lado A, o lado hiper-pop, o lado dos sucessos se encerra.
O lado B é mais ousado, diversificado, até experimental, por assim dizer, abrindo com a excelente “Twist, o Disco” uma brilhante crônica de costumes sobre a volubilidade da moda e das tendências, que mistura rock, com mambo, com disco, com tango, numa das melhores músicas do disco e do próprio Lulu.
Segue com o ska animado “Duplo Sentido”; com o pop-rock básico “Telegrama”, possivelmente a menos interessante do disco; o reggae muito bacana cantado em inglês, “Demon”; e fecha com a espetacular “Ro-Que-Se-Da-Ne (junte as sílabas e forme novas palavrinhas)“ um punk rock escrachado cantado à la Roger do Ultraje, no qual Lulu chuta o balde, escangalhando a superficialidade das relações pessoais, mas sobretudo, escancarando a promiscuidade da indústria fonográfica. Um final matador para um baita disco.
Lulu Santos é o tipo do cara que a gente pode até não adorar mas, a rigor, não tem muito como dizer que é ruim, e seu interessantíssimo “Lulu”, lançado no auge da efervescência do rock BR dos anos 80, é um disco, em especial, que merece uma menção mais significativa no âmbito do pop-rock nacional daquele momento.
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FAIXAS:

Lado A
  1. Casa (O Eterno Retorno) - 5:06 
  2. Condição - 4:22 
  3. Minha Vida - 5:08 
  4. Pé Atrás - 3:35 
  5. Um Pro Outro - 3:54 
Lado B
  1. Twist , o Disco - 4:16 
  2. Duplo Sentido - 2:29 
  3. Telegrama (Lulu Santos e Scarlet Moon) - 3:50 
  4. Demon - 5:17 
  5. Ro-Que-Se-Da-Ne (Junte as Sílabas e Forme Novas Palavrinhas) - 2:24 

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Ouça:

Cly Reis




terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Legião Urbana - “Que País é Este?” (1987)

 

“E depois do começo o que vier vai começar ser o fim...”

Nos últimos dias do mês de novembro, fez 35 anos do lançamento do terceiro disco da banda brasiliense Legião Urbana, “Que País é Este?”. Eu já morava em Aracaju, vindo de Brasília, quando o disco chegou às lojas e as canções começaram a tocar nas rádios. Particularmente, gosto das nove faixas: “Que País é Este?”, “Conexão Amazônica”, “Tédio (com T bem grande pra você)”, “Depois do Começo”, “Química”, “Eu Sei”, “Faroeste Caboclo”, “Angra Dos Reis” e “Mais do Mesmo”. 

“Das favelas, do senado, sujeira para todo lado...”

Este LP foi composto por canções escritas entre os anos de 1978 e mil 1987, da época que o Renato Russo e os irmãos Fê e Flávio Lemos (Capital Inicial) formavam a banda Aborto Elétrico. Excetuando-se “Mais do Mesmo” e “Angra dos Reis”, que foram compostas após o disco “Dois”, da Legião Urbana, de 1986. 

“... A noite acabou talvez tenhamos que fugir sem você...”

Aqui abro parêntese para uma curiosidade pessoal: de 1978 até 1987, foi justamente o tempo em que morei em Brasília, vindo de Fortaleza com quatro para cinco anos e depois indo para Sergipe com 13 para 14 anos. O mais frustrante disso, é que mesmo morando na cidade na época em que a banda surgiu, e sendo muito fã, eu nunca consegui assistir ao show ao vivo deles. Lembro de um que teve, antes daquele de junho de 1988, que nunca acabou, acho que foi em 1986, pouco depois do lançamento do “Dois”, que minha mãe cortou meu barato e não me deixou ir com a galera lá da quadra. E em Aracaju eles nunca vieram tocar... 

“... Andar a pé na chuva às vezes eu me amarro, não tenho gasolina, também não tenho carro...”

Neste disco, a banda retorna ao som mais furioso e punk que a impulsionou no primeiro álbum, já que o disco “Dois”, outro grande sucesso, tinha uma linha mais melodiosa. A banda também consegue captar exatamente os anseios da juventude da época. Política, problemas sociais, solidão e rebeldia dão o tom das letras de Renato Russo, sempre poéticas e melancólicas. 

“... Intrigas intelectuais rolando em mesa de bar...” 

O álbum foi um grande sucesso de vendas e foi contemplado com disco de diamante. Este LP também marcou por ser a última participação do baixo contundente de Renato Rocha na banda. 

“Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel...” 

No ano de 2010, numa enquete realizada pela revista Veja, o LP ganhou como melhor disco de rock brasileiro dos anos 80, seguido de “Cabeça Dinossauro”, do Titãs, e “Vamos Invadir sua Praia”, do Ultraje a Rigor

“Ser responsável, cristão convicto, cidadão modelo, burguês padrão, você tem quer passar no vestibular..." 

Sem dúvida alguma, duas canções marcaram bastante este disco. A representativa “Que país é este?”, que virou um hino de protesto e a é épica e bobdyliana “Faroeste Caboclo”. Quem nunca cantou esta última, a plenos pulmões, ao lado dos amigos, todo exibido por saber de cor a extensa letra, não viveu completamente aquela época. 

“Ele queria sair para ver o mar e as coisas que ele via na televisão...”.

Ouça no volume máximo!

“Se fosse só sentir saudade, mas tem sempre algo mais...”.

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FAIXAS:
1. "Que País É Este" - 2:57
2. "Conexão Amazônica" (Renato Russo/ Fê Lemos) - 4:37
3. "Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você)" - 2:32
4. "Depois do Começo" - 3:13
5. "Química" - 2:19
6. "Eu Sei" - 3:10
7. "Faroeste Caboclo" - 9:04
8. "Angra dos Reis" (Renato Russo/ Renato Rocha/ Marcelo Bonfá) - 5:00
9. "Mais do Mesmo" (Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Renato Rocha/ Marcelo Bonfá) - 3:18
Todas as composições de autoria de Renato Russo, exceto indicadas

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OUÇA O DISCO

por Jowilton Amaral da Costa


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

“Brado Retumbante” – Sessão de autógrafos com Paulo Markun – Sala Álvaro Moreyra – Porto Alegre/RS



Markun autografa o meu
"Na Lei Ou Na Marra"
“Na democracia, você pode reclamar pedindo pela ditadura, que nada vai te acontecer. Mas vai fazer o contrário pra ver o que te acontece...” Estas sábias palavras podem parecer óbvias, mas não são. Em épocas de desconfiança do valor da democracia, acho saudavelmente significativo que um jornalista referencial como o paulista Paulo Markun esteja lançando não um, mas DOIS volumes sobre o tema. Pois estive, a convite dos amigos Márcio Pinheiro e Marcello Campos, na sala Álvaro Moreyra, no Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre, na sessão de autógrafos do projeto de Markun intitulado “Brado Retumbante”, livro composto de dois volumes: “Na Lei ou na Marra (1964-1968)” e “Farol Alto Sobre as Diretas (1969-1984)”. Ele comentou um pouco sobre a demorada e trabalhosa feitura do livro, abrindo para perguntas do público depois.
Os livros têm base em mais de 70 entrevistas com políticos, artistas, sindicalistas, intelectuais, jornalistas, artistas que protagonizaram ou testemunharam a redemocratização brasileira, como Leonel Brizola, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Lula, Mário Covas, Fernando Gabeira, José Dirceu, Otto Lara Rezende, Roger Moreira (Ultraje a Rigor), Maitê Proença, Fafá de Belém, Dom Evaristo Arns, entre outros. O resultado é um painel abrangente da história do País nas últimas décadas, 50 anos após o Golpe Militar e 30 desde o movimento “Diretas Já”. 
Mesmo que focando os acontecimentos políticos e sociais que levaram à vitória da democracia, demarcada pelo ano de 1989, é um jorro de luz sobre nossa consciência democrática combalida. Com tantas leituras por cumprir, comprei por enquanto o primeiro volume, este que o autor autografa para mim na foto. Já é mais do que um bom começo.


                                                                                                                                                  


quarta-feira, 29 de julho de 2020

Música da Cabeça - Programa #173


Você sabe com quem está falando? Nós sabemos: com todos que sintonizam com o Música da Cabeça! E não vamos só falar, como rodar Chico Buarque, Led Zeppelin, Ultraje a Rigor, The Velvet Underground, Neil Young e mais. Também, "Música de Fato" sobre mais um roubo de propriedade intelectual e um novo "Cabeça dos Outros". O MDC é assim: sem carteiraço e no maior respeito, às 21h, na igualmente respeitosa Rádio Elétrica. Produção, apresentação: Daniel Rodrigues - falando pra quem sabe.




Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/