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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Peter Hook & The Light - Teatro Rival Petrobrás - Rio de Janeiro/RJ (01/12/2016)



Peter Hook e sua banda, a The Light, numa noite de New Order e Joy Division.
No dia em que o New Order se apresentava em uma cidade e seu litigante ex-baixista em outra, tocando, a propósito, inclusive repertório desta sua ex-banda, mesmo não tenha visto ao vivo o grupo oriundo do Joy Division, por questão óbvia de localização acabei, sem muita hesitação optando por acompanhar mais uma vez o show de Peter Hook sua banda The Light. Não sei se o do New Order foi bom, até vi alguns comentários positivos em uma manchete que outra na internet mas o que posso afirmar é que dificilmente tenha sido melhor do que o que presenciei no Teatro Rival aqui no Rio de Janeiro. Peter Hook and The Light contagiaram o público com mais de duas horas de show desfilando na íntegra os álbuns "Substance" do New Order e do Joy Division e mais alguns B-sides de cada um deles. Energia pura! Emoção total! Afiadíssimos os músicos executaram impecavelmente a célebre coletânea do New Order considerada um dos clássicos dos anos 80, que numa impressão mais apressada pode parecer mais fácil por conta dos recursos eletrônicos, mas que exatamente por conta disso torna a execução ao vivo mais complexa exigindo uma sincronia mais perfeita com os instrumentos convencionais e nas transições para as intervenções de baixo do próprio Hook.
E foi exatamente com o repertório neworderiano que abriram a apresentação começando com três faixas menos conhecidas, lados B de singles e integrantes da edição completa do disco "Substance",  mas não por isso menos respeitadas pelos fãs e naõ menos festejadas assim que eram ouvidos seu primeiros acordes. Saíram com "Lonesome Tonight" canção meio raggae, nem tão vibrante assim mas que, como eu disse, não por isso deixou de ser empolgante; seguiram de "Procession", essa sim, uma transição potente entre as linguagens das bandas das quais o baixista fez parte, e completaram este, por assim dizer, prólogo com outra na mesma linha "Cries and Whispers", pegada e intensa mas já com os sinais do que viria a ser o New Order.
Um quase coadjuvante que revelou
grande aptidão para o protagonismo.
Mas aí sim começava o "Substance" com a faixa que abre do disco e que qualquer fã que sabe de cor e salteado aquela ordem sabe qual é: trata-se da hínica "Ceremony", canção ainda tocada pelo Joy Division nos últimos tempos antes da morte de Ian Curtis e que, ali no teatro, envolveu-nos a todos numa espécie de aura mágica à qual não fiquei incólume sendo irremediavelmente levado às lágrimas. "Everything Is Gone Green" de extrema competência, atenuou um pouco a emoção mas botou de vez lenha na fogueira; e a belíssima "Temptation" com sua inquieta programação-base encarregou-se de novamente carregar o lugar de uma energia diferenciada. "Blue Monday" um dos melhores exemplos da competência da banda e da perfeita integração do eletrônico com os instrumentos mais tradicionais, deu aquele ar de Festa Ploc* ao show com sua batida contagiante e ritmo convidativo. Seguiram "Confusion" mantendo no alto o clima e "Thieves Like Us", perfeita, baixando um pouco a rotação.
Como não poderia deixar de ser, um dos melhores momentos do show como um todo, independente de New Order ou Joy Division, foi "Perfect Kiss", na minha opinião uma das melhores obras do New Order e um momento grandioso no show. Uma daquelas que mesmo bem calcada no eletrônico tem participação fundamental e destacada do baixo solista e agudo de Peter Hook. Enquanto o filho, o competente John segurava as pontas no baixo fazendo a base, Papa Hook esmerilhava em linhas agressivas daquelas que só ele sabe fazer, com direito ainda a uma boa esticada no já maravilhoso final da música.
A sequência "Perfect Kiss", "Shellshock" e "Subculture" já é matadora no disco, ao vivo então mostrou-se catártica! Que coisa!!! Um petardo atrás do outro e a banda, volto a dizer, muito bem azeitada, praticamente emendava uma na outra não deixando tempo pr'a gente respirar demonstrando muito ensaio e total domínio do que fazia.
Veio a ótima "State of The Nation" de baixo marcante mas esta, na maior parte da música, mais por conta do filho John. A ela seguiu-se o clássico "Bizarre Love Triangle", talvez junto com "Blue Monday" a mais popular da banda. Redundância dizer que foi mais um show, não? Hook lacrou de novo! Música que, para muitos pode não parecer mas exige dele o tempo inteiro e na maior parte do tempo com aquela intensidade característica. "True Faith" despontou grandiosa para encerrar as faixas do álbum mas para minha grata surpresa ainda traria na carona mais uma "lado-B", a adorável "1963". E assim, saía o HookOrder e entrava o HookDivision. Ia começar o outro "Substance". Ia começar a festa punk.
Hook comandando a celebração dos "Substance".
Assim como na primeira parte, antecederam às faixas do disco algumas avulsas, na maioria músicas que não entraram em álbuns ou que só saíram em reedições do próprio "Substance". Mas em se tratando de Joy Division, banda de repertório relativamente curto dada a brevidade de sua existência e sendo tão cultuada como é, qualquer música é conhecida por seus fãs e tão respeitada quanto qualquer outra mais badalada. E não foi diferente com "No Love Lost" que abriu a segunda parte, recebida já nas primeiras notas do baixo com grande entusiasmo, estado de espírito que se traduziu para minha felicidade e, tenho certeza, para a satisfação de Peter Hook, que presenciou aquela grande cena punk inglesa dos final dos anos 70, numa selvagem e furiosa roda de pogo. Yeah!
"Shadowplay" que deu continuidade ao show foi juntamente com "Twenty Four Hours" que a seguiu exceções ao critério de músicas avulsas, tendo as duas aparecido nos dois únicos álbuns de carreira da banda, "Unknown Pleasures" e "Closer", respectivamente; mas "Komakino" e 'These Days" revalidaram o padrão de singles e completaram a sessão pré-substance.
Mas se o bicho já tava pegando, quando começou a "contagem" "3,5,0,1,2,5, Go!", o negócio veio abaixo! Era "Warsaw" a música que abre o "Substance" do Joy Division e um dos maiores símbolos da fase mais punk e crua do som da banda. Loucura era apelido!
E veio "Leaders of Men", outra paulada; e veio "Digital" com aquele "day in, day out" entoado em coro geral; veio "Autosuggestion" e nem nessa o pessoal da roda punk deu alívio aproveitando sua parte mais agitada pra mandar ver; e veio "Trasmission" também num coro selvagem para o famoso "dance, dance, dance, dance, dance to the radio".
"She's Lost Control", sempre ponto alto, parece ter uma entrega diferente de Hook tanto na performance instrumental quanto na vocal, destruindo no baixo e quase vociferando em alguns momentos. Espetacular!
"Incubation", punk instrumental originalmente pegado e cheio de energia, música da qual particularmente gosto muito, devo admitir que perdeu força funcionando quase apenas como uma música de transição, de preparação para o momento final. E, sim, e o momento final precisava mesmo de uma preparação, de alguns minutinhos pra respirar, pra pegar fôlego, pra preparar o coração. Seriam três atos finais de puro êxtase.
Conseguindo ainda transmitir toda aquela fúria angustiada de Ian Cutis, a perturbadora "Dead Souls" era apenas o primeiro desses três atos derradeiros que marcariam definitivamente aquela noite.
Sempre emocionante, a  elegíaca "Atmosphere" foi, muito apropriadamente, dedicada à Chapecoense, cujo acidente aéreo ocorrera havia uma semana, e como não podia deixar de ser comoveu a todos. E o ato final não poderia ser outro que não "Love Will Tear Us Apart", música que fecha o disco e que logicamente teria que dar ponto final `apresentação. Em termos de grande público certamente a mais conhecida e uma das que indicava uma linguagem que mais se aproximaria do que o New Order viria a assumir como identidade musical, "Love Will Tear Us Apart" teve seu refrão entoado entusiasticamente em coro pelo público e foi assim que tudo acabou: apenas com as vozes do publico. Depois que a banda já parara, se despedira e entrara para os camarins, lindamente as vozes continuaram "Love, love will tear us apart again/ love. love will tear us apart again...", até se desvanecerem aos poucos e morrerem na escuridão. Um final grandioso para um show grandioso.
Não sei como é que estava o show de lá mas não consigo imaginar que tenha sido melhor do que o daqui. Eu sempre digo (mentirosamente, eu sei, mas sempre digo) que não existe nada melhor do que New Order. Acho que esse show espetacular de Peter Hook, parte viva do Joy Division e integrante eterno do New Order, me fará ter que rever a minha afirmação ou, no mínimo, complementá-la. Talvez deva adaptá-la assim: Não existe nada melhor do que New Order... a não ser o próprio New Order.


"She's Lost Control" - Peter Hook and The Light
Teatro Rival - Rio de Janeiro -RJ



Cly Reis




domingo, 27 de novembro de 2016

Peter Hook & The Light - "Substance"



Já vi Peter Hook e sua banda na turnê que fizeram interpretando o álbum "Unknown Pleasures" do Joy Division e embora tenha gostado muito do show em si, permaneceu em mim muito fortemente a sensação de estar assistindo a um mero show caça-níqueis de um cara que em litígio com sua banda e nunca tendo emplacado grande sucesso com seus projetos paralelos ou independentes, apelava para o tiro certeiro de apoiar-se na aura mítica e cultuada de sua banda original. Pois neste meio tempo entre aquele show e o que se avizinha, no próximo dia 1º de dezembro no qual ele e a The Light, sua banda interpretarão os dois "Substance", o do Joy Division e o do New Order, esta impressão de mercenarismo musical foi amenizando-se em meu espírito, especialmente depois de ter lido a biografia "Joy Division: Unknown Pleasures - A biografia definitiva da cult band mais influente de todos os tempos" escrita por ele, na qual revelou-se, pelo menos pra mim, uma pessoa extremamente verdadeira, autêntica e de um envolvimento emocional tal com sua ex-banda, o Joy Division,  que lhe conferia, sim, legitimidade o bastante para ter o direito de tocar publicamente aquelas músicas.
E eis que agora o verei novamente, desta vez no Teatro Rival, aqui no centro do Rio, que está sendo chamado de Dia New Order no Brasil, uma vez que o restante da banda estará tocando em São Paulo na mesma data. Se da outra vez Hook e seus pupilos apresentaram um show bastante cru sonoramente, sem teclados ou efeitos, desta vez, pela proposta, creio que seja inevitável que tenham um aparato técnico maior até pelo fato de que muitas das músicas do "Substance" do New Order têm ênfase no eletrônico e até mesmo coisas do Joy Division da fase final, antes da morte de Ian Curtis já começavam a flertar com estes elementos.
Sinceramente não sei se na hipótese de ter New Order e Peter Hook no mesmo dia  e no mesmo lugar por qual eu optaria. Pesaria a favor do N.W. o fato de já ter visto Peter Hook na turnê anterior, mas a favor do baixista, o interesse pelo repertório de seu atual espetáculo. Decisão difícil... Bom, mas não precisei decidir: O New Order estará lá em Sampa e quem estará aqui, para minha igual satisfação é Peter Hook e se ele é um oportunista, mercenário, se sua turnê é um caça-níqueis, pelo menso, depois de conhecê-lo um pouco melhor nas páginas de seu livro, penso que ao menos é um caça-níqueis honesto.


fique com um drops do que vai rolar na quinta-feira
Peter Hook and The Light executando "Perfect Kiss" do New Order
no Wiltern, Los Angeles/CA em setembro deste ano.


C.R.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

"Unknown Pleasures: A Celebration of Joy Division" - Peter Hook & The Light - Circo Voador - Rio de Janeiro (18/06/2011)



 Não tive a oportunidade de conhecer o Joy Division na época de sua curta existência, até porque tinha apenas 5 aninhos quando lançaram seu primeiro álbum e só fui conhecê-los mesmo no início de minha adolescência, ali pelos 13 anos de idade; mas então Ian Curtis, seu vocalista, já estava 'do outro lado' e a banda, disposta a seguir a vida após a tragédia, já se tornara o New Order e botava o mundo pra dançar com sua eletrônica "Blue Monday". Assim que, tirando alguma eventual 'canja' do New Order não haveria como ouvir as míticas canções do Joy Division executadas por seus integrantes originais. Mas, de todo modo, já perdi de ver o N.O. duas vezes e ao que parece não vou ver mais porque (pela milésima vez) eles dizem ter-se separado.
Mas eis que Peter Hook, baixista original, juntou uma meninada, ensaiou bem as músicas e caiu na estrada para homenagear o primeiro disco da banda, o lendário "Unknown Pleasures" . Aterrisou por aqui e neste último sábado apresentou no Circo Voador, aqui no Rio, o show "Unknown Pleasures: A Celebration of Joy Division", tocando na íntegra as músicas do álbum. Ora!!! Não haveria como perder uma chance destas! Não seria o Joy Division inteiro, é verdade, Ian está morto e nada vai mudar isso, mas presenciar um integrante original tocando um álbum como este não deixaria de ter um grande valor físico, musical e emocional. E a apresentação foi realmente emocionante. Uma alegria enorme para qualquer fã. Um dos poucos shows que passei praticamente todo o tempo com os olhos marejados. Empolgante nos momentos certos, visceral quando tinha que ser, sombrio na medida certa, e especalmente mágico o tempo todo.
Pra começar a loucura, os caras entraram no palco ao som de "Trans-Europe Express" do Kraftwerk, o que já foi de arrepiar; aí abriram a sessão com a instrumental "Incubation", que eu adoro e que minha banda tocava de vez em quando no estúdio; seguiram numa linha bem Warsaw com "No Love Lost" e "Leaders for Men", me surpreendendo porque, ao contrário do que eu imaginava, Peter Hook, que eu achei que fosse ficar só no baixo e fosse trazer um vocalista com um timbre parecido com o de Ian, assume à frente dos vocais e manda bem. Aí vem "Digital" e o lugar quase vai abaixo com a galera cantando o "day in, day out" do refrão num coro alucinado, na última antes da execução das músicas do disco clássico.
O "Unknown Pleasures" começa e "Disorder", um punk-rock embalado e gostoso de poguear, provoca uma catarse coletiva. Segue a belíssima "Day of Lords" com seu andamento lento e pesado, bem executada pelos The Light, mas que, por mais esforçado que Hook estivesse nos vocais, acabou perdendo a dramaticidade conferida pela voz e pela interpretação de Curtis.
Até então Peter Hook cantava, gesticulava, posava com seu instrumento musical, jogava-o pras costas mas a verdade era que, depois da primeira música do show, na qual teve algum desempenho, não tirara mais uma nota sequer de seu reluzente contrabaixo vermelho deixando tudo à cargo dos seus competentes comandados. Só que isto àquelas alturas era um pouco decepcionante haja visto que sua forma de tocar baixo como quem toca guitarra (não só performaticamente mas sonoramente também) era um dos elementos aguardados por mim com expectativa. Mas aí o cara parou de fazer posição e jogar o baixo pra trás e tratou de esmerilhar as cordas. "Insight", se perdeu alguma coisa no que dissesse respeito à ausência dos efeitos da versão do disco, ganhou em peso e intensidade com dois contrabaixos e com a afinação muito peculiar de Peter Hook; em "New Dawn Fades", uma das melhores não só dos álbum em questão como da banda, Hook voltava a destruir tudo, desta vez com aquela levada mais grave, numa canção densa, sombria e espetacular.
Abre-se o lado B com outro clássico, "She's Lost Control", que, igualmente, mesmo sem o trabalho de estúdio para a bateria, manteve a força, a pegada e a magnitude. É quase redundância destacar, mas o baixo de Hook, bem agudo e agressivo nesta música, soava de maneira simplesmente arrasadora.
"Shadowplay" seguiu com aquela espécie de força surpreendente; "Wilderness" trouxe outro show das quatro cordas de Hook; "Interzone" foi selvagem; e "I Remember Nothing", talvez tenha sido a que mais perdeu em relação à sua gravação original, sem os efeitos de vidros quebrados, sem conseguir reproduzir bem aquela sensação de vácuo e sofrendo pela inevitável falta do seu intérprete de origem que nesta canção faz muita diferença. Mas mesmo assim muito boa. Ganhou em energia, força, ruídos, agressividade.
Estava encerrado o álbum. Eu havia visto e ouvido um membro do Joy Division tocar um dos meus álbuns favoritos.
Mas como não nos déssemos por satisfeitos com aquela dádiva, eu e todos os outros fanáticos ali, ficamos ali a exigir mais e mais... E felizmente tivemos mais:
Hook e seus parceiros voltam para uma "Atmosphere" que, na verdade, a mim, não agradou muito; mas por outro lado para uma "Ceremony" que, essa sim, me deixou com lágrimas nos olhos. Saíram do palco de novo e voltaram, agora com Hook vestindo uma camisa número 10 da seleção brasileira com seu nome, para um bis final. Aí veio a boa "These Days", outra pré-Joy, "Novelty"; a vibrante "Transmission" e aquele "dance, dance, dance to the radio" sendo entoado pela plateia inteira com as mãos para o alto; e fechando com, provavelmente o clássico maior da banda, "Love Will Tear Us Apart" para delírio geral.
Estávamos todos repletos, contemplados. Nenhum nome teria sido mais justo para aquele show, para aquela festa do que o que foi dado: "A Celebration of Joy Division". Foi isso. Aquilo ali havia sido uma grande celebração. Uma celebração que revelava agora, prazeres até então desconhecidos.

SET LIST:

1.Incubation
2.No Love Lost
3.Leaders Of Men
4.Digital
5.Disorder
6.Day Of The Lords
7.Candidate
8.Insight
9.New Dawn Fades
10.She's Lost Control
11.Shadowplay
12.Wilderness
13.Interzone
14.I Remember Nothing

Bis:
15.Atmosphere
16.Ceremony

Bis 2:
17.These Days
18.Novelty
19.Transmission
20.Love Will Tear Us Apart




Cly Reis

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

COTIDIANAS nº 550 ESPECIAL 10 ANOS DO CLYBLOG - O cara que expulsou Peter Hook do camarim



"O cara que expulsou Peter Hook do camarim"
por Castor Daudt



   
Peter Hook, foto: Kevin Cummings
E
m 1988, eu ainda era guitarrista do DeFalla, estávamos fazendo a turnê de lançamento do nosso 2° disco (It's Fuckin' Borin' to Death/BMG-Ariola/1988).
A banda vinha de uma maratona de quase 2 anos tocando, gravando e viajando sem parar, desde a formação clássica em 86 (Biba Meira/bateria, Castor Daudt/guitarra, Flu/baixo e EduK/voz).
Tínhamos boa reputação entre críticos, músicos e jornalistas especializados. Daí, quando bandas estrangeiras famosas vinham tocar no Brasil, se viável, a assessoria de imprensa do selo arrumava uns encontros. A banda australiana The Church, por exemplo, mandou ingressos e liberou backstage pra gente nós shows deles no Projeto SP, inclusive eles foram nos assistir no Aeroanta!
No show do New Order em 88, no Ibirapuera, em SP, não pudemos ir, pois tínhamos show na mesma noite.
Mas os caras do New Order, depois do show deles, foram nos assistir na famosa casa de shows, o Dama Xoc!
Depois do show eu fiquei sozinho no camarim, descansando. Era raro ter um minuto de sossego, na época.
De repente entra um cara meio estranho, no camarim, e eu, a contragosto, me vejo obrigado a dizer:
- "Oba amigo, desculpe, aqui é só pra banda, equipe e convidados, por favor saia!".
Rapidamente entrou um comitê de segurança explicando que os caras do New Order queriam oferecer cocaína pra gente cheirar com eles, (se fosse possível), no camarim!
Foi então que reconheci!
O cara era o Peter Hook, baixista!! Super gente fina, sou fã dele!
Tudo esclarecido, ficamos até altas horas em altos papos... nenhum retardado lembrou de tirar fotos...
(Ah...os caras tinham comprado 1 kg de cocaína e estavam deslumbrados! Eu lembro de avisá-los pra pegarem leve, que o negócio não era brincadeira!
O baterista parecia um zumbi, um cadáver ambulante: pálido, magro, cansado).
Enfim, foi uma noite inesquecível, muitas risadas, altos papos sobre música, arte, quadrinhos, cinema... só inutilidades que a gente gosta, né?
E até hoje, eu sou o cara que expulsou o Peter Hook do camarim... hahahahaha!
(Ah, nunca faço isso, foi azar do Hook...).



***








Castor Daudt é guitarrista, baterista, compositor e cantor do grupo DeFalla.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

"Joy Division: Unknown Pleasures - A biografia definitiva da cult band mais influente de todos os tempos", de Peter Hook - Ed. Seoman (2015)




" Este livro é a verdade,
somente a verdade
e nada mais que a verdade...
do modo que me lembro!"
Peter Hook





Que livro legal.
Que coisa boa de ler.
Peter Hook, baixista fundador da lendária Joy Division, surpreende pela desenvoltura e fluidez num relato honesto, sincero e bem-humorado. Hook, é verdade, às vezes se atrapalha um pouco, sai da linha de narração, volta para o ponto onde estava mas o faz bem e o andamento não fica prejudicado, o que para todo caso, pode ser socorrido por linhas de tempo ao final de cada período narrado pelo autor. Mas sua "desordem" não chega a se constituir num defeito. Pelo contrário, acho que confere mais espontaneidade à biografia e, de certa forma é um dos charmes dela.
Devo admitir que hesitei um pouco em adquirir e ler seu "Joy Division: Unknown Pleasures - A biografia definitiva da cult band mais influente de todos os tempos" acreditando que, em função das brigas com Bernard Sumner, das farpas com o New Order e dos processos judiciais que envolvem as partes, Hook viesse a ser muito parcial e tendencioso em seus relatos e análises dos fatos, mas isso com certeza não acontece. Ele revê erros, admite margem para possíveis equívocos, elogia e valoriza constantemente Barney, sem a mágoa, e constantemente se expõe, muitas vezes até de maneira comovente. 
"Joy Division: Unknown Pleasures" tem o grande benefício da memória de um dos integrantes que estava lá o tempo todo, e, por vezes, o charme da falta dela. Alguns episódios ficam nebulosos, mal contados mas o essencial, os momentos marcantes e importantes da banda são contados em detalhes  e, como eu falei, com a grande vantagem da impressão de alguém que vivenciou o instante. Os primeiros shows, o processo de composição, as gravações dos álbuns, os ataques de Ian. Nada melhor do que tudo isso ser relatado por alguém que fez parte daquilo tudo de maneira decisiva.
É bonito perceber o quanto ele admirava Ian Curtis, sua inteligência, sua presença de palco, sua liderança, e o quanto sente e ainda se questiona sobre o que poderia ter feito de diferente, de melhor para salvar o amigo. Legal também a enorme consideração que manifesta pelo produtor Martin Hannett, qualificando-o como gênio, mesmo admitindo discordâncias na época das gravações dos álbuns e até ainda hoje, alguma reprovação a alguns resultados finais para algumas músicas do Joy Division; saber que sua preferida é "Insight"; do orgulho de que um riff  seu, como o de "She's Lost Control", tenha sido cantado por alguém que admirava tanto quanto Ian e tenha se tornado um dos mais marcantes da banda; as pequenas pinceladas do que viria a ser o New Order; e as análises faixa a faixa das músicas dos dois álbuns da banda.
O livro traz diversas curiosidades, fatos engraçados, coisas de estrada, sacanagens entre bandas e muitas outras coisas que envolvem um grupo de rock, mas para mim uma das mais interessantes talvez tenha sido o fato de que um amplificador com defeito foi o que veio a definir o jeito de tocar de Peter Hook, nas notas altas, um dos baixistas que mais admiro e um dos estilos mais marcantes do mundo do rock.
Baita livro. Super-recomendo!


Cly Reis

terça-feira, 15 de setembro de 2015

"Joy Division: Unknown Pleasures", de Peter Hook - Ed. Seoman (2015)





"Este livro é a verdade,
somente a verdade
e nada mais que a verdade...
do modo como me lembro."
Peter Hook




Comprei há poucos dias a biografia, "Joy Division: Unknown Pleasures", que aabou de sair no Brasil, escrita por ninguém menos que seu baixista, Peter Hook. Na verdade, apesar de ser um amante de música, não era muito de biografias de bandas e cantores até pouco tempo atrás quando li a muito boa "There's A Light That Never Goes Out - A Biografia", dos Smiths que, não somente pela história da banda em si, mas também pela boa estruturação e escrita, me despertou esse novo hábito. No caso desta do Joy Division, uma das bandas mais cultuadas de todos os tempos, o que me estimulou a querer lê-la é o fato de ser escrita por um dos integrantes, um cara inteligente, autêntico e bem articulado (polêmico, também) que tem grande possibilidade de produzir um bom material escrito. Além do mais, pelas informações que tenho do livro, parece que Hook em "Unknown Pleasures" traz uma abordagem nostálgica e carinhosa da época e dos integrantes, esquecendo em parte todo o desconforto que existe atualmente com seus ex-colegas deJoy Division/New Order. É lógico que a visão positiva do autor sobre aquele momento não o faz esquecer os momentos duros e difíceis do temperamento do vocalista e amigo Ian Curtis, seus problemas de saúde e o fatídico suicídio, mas só o fato de não ter uma disposição meramente rancorosa, privilegiando, como ele mesmo diz na introdução os fatos como ele lembra, já tornam a biografia recomendável para os fãs.
Como ingrediente extra, como se não bastasse tudo, o livro tem ainda um interessante prefácio de Edgar Scandurra, do Ira!, cara que com certeza, pelas raízes, viveu a cena pós-punk paulistana e de uma forma ou de outra, como a maioria das bandas dos anos 80, teve um pouquinho de Joy Division no DNA.
Por ser o autor quem é, um dos membros, um dos caras que estava ali todo o tempo, vivendo as coisas, convivendo com o instável Ian Curtis, e pela proposta tão corajosa e verdadeira, desde já, "Unknown Pleasures" me parece um documento indispensável pra qualquer fã desta banda que parece, ainda hoje, uma espécie de entidade, algo que não é apenas musical, algo que está entre nós de alguma forma. Poucos conseguiram isso até o hoje. E por isso o Joy Division goza de tamanho respeito e admiração em todos os segmentos do meio musical pop/rock. É uma verdadeira lenda e o legal de "Unknown Pleasures" é que, ao que aprece, Peter Hook não vem disposto a desfazê-la e sim a revelá-la ainda maior.



Cly Reis






domingo, 27 de julho de 2014

New Order - "Substance" (1987)


"Perguntei a Bono quais eram
suas principais influências,
e ele me disse que
uma de suas maiores influências
havia sido exatamente o New Order.
O New Order,
uma das grandes influências do U2"
Peter Hook




Uma compilação de singles e remixes que virou clássico.
Bom, talvez por não se resumir a apenas uma mera coletânea como muitas retrospectivas comuns entre bandas que chegam a determinado ponto e repassam a carreira.
"Substance" de 1987 é um marco.
Um dos discos mais importantes para a linguagem pop dos anos 80 e o maior responsável pela explosão da música eletrônica no início da década que se seguiria. Muito por conta de "Blue Monday", hit lançado em 1983 apenas em single e que repetia o sucesso, desta vez de modo muito mais massivo com o lançamento de "Substance". Uma incrível peça musical basicamente eletrônica, extremamente dançante, de ritmo alucinante, tom grave e uma programação de bateria marcante e enlouquecedora. Não havia quem não conhecesse "Blue Monday" e não tivesse dançado com ela.
Mas "Substance" tinha outros trunfos que o tornavam especial em relação a outras coletâneas: pra começar, abria com "Ceremony", canção da banda-embrião do New Order, o Joy Division, que era apresentada em versão de estúdio pela primeira vez, canção que traduzia bem a transição do estilo soturno do grupo na época de Ian Curtis para a tendência dançante que se seguiria a partir da criação da nova banda.
O disco traz ainda, além de versões estendidas, diferentes das dos singles e de seus álbuns correspondentes, duas versões inéditas regravadas de antigos singles, "Confusion" e "Temptation", e uma inédita, naquele momento, a ótima "True Faith", um pop sofisticado, impecável, que imagino que seja tudo que os Pet Shop Boys sempre desejaram ter feito.
Tem "Subculture" em versão mais longa e diferente da do álbum original, com seus teclados monumentais da abertura soando ainda mais imponentes e grandiosos; "Shellshock", perfeita, com suas influências hip-hop, break e black music de rua dos anos 80; o mega-hit "Bizarre Love Triangle", um pop dançante de estrutura muito bem elaborada, mas que na mixagem da versão para a coletânea teve cometido o pecado da ausência do som do baixo, deixando a música muito mais dançante, é verdade, porém muito mais pobre musicalmente.
A épica "Perfect Kiss" que aparece no álbum "Low-Life" em versão editada, aqui, neste "Substance" mostra-se inteira até seu ápice num final extasiante que culmina num solo de contrabaixo, de Peter Hook, daqueles como só ele consegue fazer, como se fosse uma guitarra.
Aliás, se há um ponto negativo no álbum, é o fato de a partir dele ter-se associado necessariamente o New Order à música eletrônica, aquela mecânica, sem se dar o devido valor ao trabalho coletivo e instrumental do grupo, como se eles só apertassem os botões e a música começasse a tocar e sem considerar o grande número de músicas onde, na verdade, os teclados são parte menor no contexto. Grande equívoco! Trata-se de uma banda com alto poder criativo e capacidade instrumental individual bastante apreciável, sobretudo de Stephen Morris, um dos bateristas que melhor consegue conjugar os elementos eletrônicos com a execução acústica da bateria, e do baixista Peter Hook, de toque diferenciado, de afinações singulares e de uma maneira tão ímpar de tocar que faz com que seu instrumento seja o coração da banda.
Há muitas coletâneas importantes, muitas marcantes, mas poucas conseguem a eternização que "Substance" alcançou. Talvez por que esta tenha algo mais. Talvez porque tenha algo, assim, substancial... Substância.
*********************************

FAIXAS: 
1. "Ceremony" 4:23
2. "Everything's Gone Green" 5:30
3. "Temptation" 6:59
4. "Blue Monday" 7:29
5. "Confusion" 4:42
6. "Thieves Like Us" 6:36
7. "Perfect Kiss" 8:02
8. "Subculture" 4:48
9. "Shellshock" 6:28
10. "State of the Nation" 6:32
11. "Bizarre Love Triangle" 6:44
12. "True Faith"

*************************************
Ouça:


Cly Reis



quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Meus 10 melhores baixistas de todos os tempos

Não é a primeira vez – nem deve ser a última – que, abismado com alguma lista de supostos “melhores” publicada na imprensa, eu venha aqui por meio do Clyblog manifestar a minha contrariedade. E preferências. O modo de fazê-lo é, no entanto, não apenas criticando, mas montando a minha própria lista em relação àquele mesmo tema. Desta vez, o alvo é uma listagem publicada pela famosa revista de música britânica New Musical Express, que elencou os 40 maiores baixistas de todos os tempos (?!).

De novo, minha ressalva é pelos critérios. Como respeitar uma seleção que não inclui, pelo menos entre os 40, nomes fundamentais do instrumento para o desenvolvimento da música pop como Geddy Lee, do Rush, ou Steve Harris, do Iron Maiden? “Ah, Simon Gallup (The Cure) e Matt Freeman (Rancid) não são ‘dinossauros’ virtuosos”. Mas Krist Novoselic (Nirvana) nem Colin Greenwood (Radiohead) o são – e estão entre os votados. E mais: está lá – por merecimento, diga-se – o jazzista Charles Mingus. Ok, mas, se vai entrar na seara do jazz, da qual diversos músicos são de altíssima qualidade, técnica e influência, como não abarcar os óbvios nomes de Ron Carter, Paul Chambers, Jimmy Garrison, Stanley Clarke, Marcus Mïller e Dave Holland? Ou ainda: em 40, nenhum brasileiro? Nem Dadi, Bi Ribeiro ou Arthur Maia? Num mundo globalizado e conectado como o de hoje, foi-se o tempo em que músicos como eles eram meros desconhecidos de um país de música desimportante para o cenário mundial.

Como dizem por aí: “se não sabe brincar, não desce pro play”! Parece, sinceramente, que a tão consagrada NME não tem gente suficientemente entendedora daquilo que está tratando. As lacunas, sejam pelos critérios tortos, desconhecimento ou até preconceito, comprometem as escolhas largamente. Além disso, a ordem de preferências é bastante questionável. Parece terem optado por contemplarem baixistas de todos os estilos e subgêneros dentro daquilo que se considera música pop e deram “com os burros n’água”. Claro que há acertos, mas muito mais pela obviedade (seriam também loucos de não porem Jaco Pastorius, John Paul Jones, Kim Deal ou John Entwistle), fora que há aberrações como Flea aparecer numa ridícula 22ª posição - a Rolling Stone, em 2011, havia escolhido o baixista do Red Hot Chili Peppers como 2º melhor...

Pois, então, minimamente tentando “corrigir” o que li, monto aqui a minha lista de 10 preferidos do contrabaixo. Toda classificação deste tipo, inclusive a minha, é cabível de julgamento, sei. Porém, ao menos tento, com o conhecimento e gosto que tenho, desfazer algumas injustiças a quem ficou inexplicavelmente mal colocado ou, pior, nem incluso foi. E faço-o com algumas regrinhas: 1) sem ordem de preferência; 2) lançando breves justificativas e; 3) ao final de cada, citando três faixas em que é possível ouvir bons exemplos do estilo, performance e técnica de cada um dos escolhidos.

1 - Peter Hook
Um dos mal colocados da lista da NME, Peter Hook é certamente o baixista da sua geração que melhor desenvolveu sua técnica, tornando-se quase que o principal “riffeiro” do New Order. Entretanto, seu estilo próprio e qualidade já se notam desde o 1º disco da Joy Division. Baixo inteligente, potente e de muita personalidade.

Ouvir: “She’s Lost Control” (Joy Division); "Leave Me Alone" (New Order); “Regret” (New Order)



2 - Ron Carter
Qualquer um que pense em elencar os melhores contrabaixistas de todos os tempos, jamais pode deixar de mencionar o mestre do baixo acústico, cujo toque inconfundível tem inequívoca presença para a história do jazz, da MPB e da música pop moderna. O homem simplesmente tocou no segundo quinteto clássico de Miles Davis, participou da gravação de “Speak No Evil”, do Wayne Shorter, e tocou nos discos “Wave” e “Urubu” de Tom Jobim, pra ficar em três exemplos. Aos 80 anos, Ron Carter é uma lenda vida.

Ouvir: “Blues Farm” (Ron Carter); “O Boto” (com Tom Jobim); “Oliloqui Valley” (com Herbie Hancock)


3 - Flea
O cara parece de outro mundo. Compõe linhas de baixo complexas e não apenas sustenta tal e qual durante os show como o faz improvisando e pulando enlouquecidamente. Vendo Flea no palco, seja na mítica banda punk Fear, no Chili Peppers ou em participações como as com Jane’s Addiction e Porno for Pyros, parece fácil tocar baixo. Como diziam Beavis & Butthead: “Flea detona!”

Faixas: “Sir Psycho Sexy” (Red Hot Chili Peppers); “Pets” (Porno for Pyros); “Ugly as You” (Fear)


4 - Jaco Pastorius
Dos acertos da lista da revista. Afinal, como deixar de fora a maior referência do baixo do jazz contemporâneo? O instrumentista e compositor, presente em gravações clássicas como “Bright Size Life”, de Pat Metheny, e “Hejira”, de Joni Mitchell, equilibra estilo, timbre peculiar e rara habilidade. Como seria diferente vindo de alguém que se diz influenciado (nessa ordem) por James Brown, Beatles, Miles Davis e Stravinsky?

Ouvir: “Birdland” (com Weather Report); “The Chicken” (Jaco Pastorius); “Vampira” (com Pat Metheny)


5 - Geddy Lee
Quando o negócio é power trio, fica difícil desbancar qualquer um dos três no seu instrumento. Caso de Geddy Lee, do Rush. Mas acreditem: ele não está na lista da NME! Pois é: alguém que cria e executa linhas de baixo altamente criativas, de estilo repleto de contrapontos (e ainda toca teclado com o pé ao mesmo tempo), não poderia deixar de ser citado jamais. Pelo menos aqui, não deixou.

Ouvir: “La Villa Strangiato”; “Xanadu”, “Spirit Of The Radio


6 - Les Claypool
Outro dos gigantes do instrumento que não tiveram sua devida relevância na lista da NME (29º apenas). Principal compositor de sua banda, o Primus (outro power trio), Claypool, além disso, é um verdadeiro virtuose, que faz seu baixo soar das formas mais improváveis. Tapping, slap, dedilhado, com arco: pode mandar, que ele manja. Domínio total do instrumento.

Ouvir: “My Name is Mud”; “Tommy The Cat”; “Mr. Krinkle


7 - Simon Gallup
Se Peter Hook aperfeiçoou o baixo da geração pós-punk, colocando-o à frente muitas vezes da sempre priorizada guitarra no conceito harmônico do Joy Division e do New Order, o baixista do The Cure não fica para trás. Dono de estilo muito próprio, seu baixo é uma das assinaturas do grupo. Se a banda de Robert Smith é uma das bandas mais emblemáticas dos anos 80/90 e responsável por vários dos hits que estão no imaginário da música pop, muito se deve às quatro cordas grossas de Gallup.

Ouvir: “Play for Today”; “Fascination Street”; “A Forest


8 - Mark Sandman
Talvez a maior injustiça cometida pela NME – pra não dizer amnésia. Se fosse apenas pela mente compositiva e pelo belo canto, já seria suficiente para Sandman ser lembrado. Mas, além disso, o líder da Morphine, morto em 1999, era um virtuose do baixo capaz de inventar melodias com a elegância do jazz e a pegada o rock. Fora o fato de que seu baixo soava a seu modo, com a afinação totalmente fora do convencional, que ele fazia parecer como se todos os baixos sempre fossem daquele jeito: geniais.

Ouvir: “Buena”; “I'm Free Now”; “Honey White



9 - Bernard Edwards
A Chic tinha na guitarra do genial Nile Rodgers e no vocal feminino e no coro de altíssima afinação uma de suas três principais assinaturas. A terceira era o baixo de Bernard Edwards. O toque suingado e vivo de Edwards é um patrimônio da música norte-americana, fazendo com que a soul disco cheia de estilo e harmonia da banda influenciasse diretamente a sonoridade da música pop dos anos 80 e 90.

Ouvir: "Good Times" (Chic); “Everybody Dance“ (Chic); “Saturday” (com Norma Jean)"



10 - Bootsy Collins
Quando se pensa num contrabaixista tocando com habilidade e alegria, a imagem que vem é a de Bootsy Collins. Ex-integrante das míticas bandas Parliament-Funkadelic e da The J.B.’s, de James Brown, Bootsy é um dos principais responsáveis por estabelecer o modo de tocar baixo na black music. Quem não se lembra dele no videoclipe de “Groove is in the Heart” do Deee-Lite? A NME não lembrou...

Ouvir: “P-Funk (Wants to Get Funked Up)” (com Parliament); “Uncle Jam” (com Funkadelic); “More Peas” (com James Brown & The J.B.'s)



por Daniel Rodrigues
com a colaboração de
Marcelo Bender da Silva
e Ricardo Bolsoni

domingo, 19 de junho de 2011

Peter Hook & The Light - show "Unknown Pleasures"



Circo Voador - Lapa/RJ - Aqui, agora, diante de um representante original de uma das bandas mais legendárias do rock, Peter Hook, ex-Joy Division, executando na íntegra um dos álbuns mais marcantes e emblemáticos de todos os tempos.
Absolutamente fantástico!




C.R.










Cly Reis

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

New Order - "Brotherhood" (1986)




Não existe nada melhor que New Order


Eu tenho uma teoria (mentirosa) que não existe nada melhor do que New Order. É a sensação que eu tenho no auge do solo de baixo de “Perfect Kiss”, curtindo a melodia de “Bizarre Love Triangle”, no início da bateria eletrônica clássica de “Blue Monday”, enfim, parece que enquanto se está ouvindo New Order a sensação é de que aquilo é a melhor coisa do mundo. Lógico que aí vem à cabeça um Kraftwerk, os Stones, uns Smiths da vida e a gente cai na real e vê que não é tanto assim. Mas que é demais é. Principalmente ouvindo o excelente “Brotherhood”, de 1986, que mais do que qualquer outro da banda passa essa sensação. Com “Brotherhood” parece que o New Order acha o meio termo entre suas experimentações eletrônicas e seu veio de banda de rock, encontrando o melhor entrosamento entre teclados-sintetizadores-bateria eletrônica com guitarra-baixo-bateria.
“Paradise” que abre o disco já dá mostra disso, com uma entrada de bataria falando alto, uma base eletrônica mas com aquele vocal melodioso de Barney Sumner e com o baixo de Peter Hook, como de costume, funcionando como uma guitarra; no que aliás ele é singular.
As seguintes seguem também esta linha de interação de elementos, com uma curiosa, até então, atenção para as guitarras que não costumavam figurar na música dos caras.
Um dos maiores hits da banda “Bizarre Love Triangle” não foge à esta regra e embora tenha predominância de elementos eletrônicos, vale a pena desviar a audição dos teclados e tudo mais para se ouvir o contrabaixo de Hook conduzindo a música com uma beleza admirável.
“All Day Long” que a segue é um dos pontos altos com seu final apoteótico com teclados soando como uma orquestra de violinos; e a próxima, “Angel Dust” é uma viagem dançante com uns samples de vozes em árabe, e que culmina num surpreendente e empolgante solo de guitarra.
O disco fecha com a quase acústica “Every Little Counts”, leve e descontraída a ponto de Bernard Sumner rir da própria letra durante a música, que acaba estranha e curiosamente com uma mistura de ruídos, como de uma agulha arranhando um vinil.
Muita gente prefere o álbum anterior, “Low Life”, que direciona mais para esta tendência eletrônica da banda, mas que na minha opinião ainda fica devendo no acabamento da idéia; outros preferem o posterior, também excelente, “Technique”, que é uma lapidação e uma mistura dos conceitos dos dois anteriores, mas ainda fico com o “Brotherhood” que é tão bom, que quando a banda quis retormar o rumo, foi nele que buscou referências para fazer o, também interessante, álbum “Get Ready” de 2001. “Brotherhood” é meio rock, meio eletrônico, meio acústico, meio Joy Division, mas sobretudo é totalmente New Order e a história acabou provando isso e fazendo justiça a esse álbum que quando lançado não teve tão boa receptividade. Tanto que a mal recebida “Bizarre Love Triangle” é hoje, provavelmente o “cartão de visitas” da banda em qualquer lugar no mundo.
Sei que ouvindo o êxtase da “orquestra” de “All Day Long”, o inusitado solo de guitarra vibrante em “Angel Dust”, aquele incrível baixo sempre solando soando como uma guitarra, aquela integração de percussão eletrônica com acústica como só Stephen Morris sabe fazer desde os tempos do Joy, afirmo que, pra mim “Brotherhood” é sim, o melhor disco da banda e, digo-lhes também, senhores, que não existe nada melhor do que New Order.
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FAIXAS:
1."Paradise" – 3:50
2."Weirdo" – 3:52
3."As It Is When It Was" – 3:46
4."Broken Promise" – 3:47
5."Way of Life" – 4:06
6."Bizarre Love Triangle" – 4:22
7."All Day Long" – 5:12
8."Angel Dust" – 3:44
9."Every Little Counts" – 4:28
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Ouça:
New Order Brotherhood

sábado, 15 de janeiro de 2011

Joy Division - "Unknown Pleasures" (1979)




"Isto não é um conceito, é um enigma."
inscrição na contracapa do formato LP
de "Unknown Pleasures"



Lembro da primeira vez que ouvi Joy Division. Foi num programa da Rádio Ipanema FM de Porto Alegre, chamado Clube do Ouvinte, no qual um audiente qualquer escolhido pela emissora, comandava o programa e fazia um especial com seu artista ou banda preferida.
Peguei o programa já iniciado e não sabia o que era aquilo que estava ouvindo mas quanto mais ouvia, mais impressionado ficava. Aquele clima pesado, aquela voz dorida e angustiada me envolviam de uma maneira quase inexplicável. Na época estava muito ligado no chamado gótico, no dark, e aquela atmosfera sombria, depressiva  ia bem ao encontro dos meus gostos naquele momento. Descobri ao final do programa do que se tratava e logicamente fui buscar mais informações e material sobre os caras. Nisso descobri que não se restringia àquele darkismo e que tinha origens no cerne da cena punk inglesa do final dos anos 70. O primeiro disco que tive deles foi a coletânea "Substance" que, principalmente na primeira parte, revela sobremaneira este caráter: som minimalista, rápido, mais pesado, mais guitarrado, bem agressivo; no entanto, com o avançar das faixas e avanço do tempo nota-se cada vez mais a incorporação de recursos mais tecnológicos, o que faria definitivamente um diferencial do Joy em relação a seus contemporâneos. Mesmo sem muita técnica individual mas com ótimas ideias e com um excelente trabalho de estúdio do produtor Martin Hannet, que foi a fundo no som e nas possibilidades daqueles quatro rapazes de Manchester, ousavam em elementos eletrônicos, batidas programadas e sons pré-gravados, obtendo um som que ao mesmo tempo era inegavelmete punk, mas já se fazia prenúncio do gótico dos '80 e ao mesmo tempo já dava ares ao techno do início dos '90. Infelizmente toda essa avalanche criativa e potencial artístico musical foram interrompidos prematuramente pelo suicídio do vocalista Ian Curtis que já nas músicas gritava sua dor, seu desespero e efetivamente trazia com ele uma alma inquieta e angustiada que não suportou as pressões da vida e seus problemas de saúde.
"Unknown Pleasures", álbum que virou lendário por ter sido o único lançado durante a existência do grupo ("Closer", o outro de estúdio já estava quase pronto mas só foi lançado depois da morte de Ian Curtis) traz todas estas características sonoras e psicológicas: "Disorder" que abre o disco é um punk-rock clássico com batida acelerada, contrabaixo agressivo e guitarra ruidosa, mas com camadas de sintetizadores "flutuando" ao fundo o tempo todo; "Day of Lords" que a segue já tem uma levada mais marcada, mais lenta e melancólica mas sua letra é extremamente forte interpretada, principalmente na parte final, com uma emoção incrível por Ian Curtis; "Insight" é uma daquelas que já mostram o caminho eletrônico por onde os integrantes restantes iriam trilhar depois quando formariam o New Order: com uma condução bem uniforme do baixo de Peter Hook, é toda cheia de efeitos durante todo o tempo e culmina em 'refrões' sonoros que parecem uma espécie de guerra de raios laser. Uma pancada na mente!
"New Dawn Fades" uma das melhores do disco tem uma batida oca, uma linha lenta e grave e certamente a melhor guitarra dentre as músicas da banda, chegando a partir da segunda parte da canção a um êxtase absoluto juntamente com uma interpretação novamente destruidora de Curtis.
"She's Lost Control", outro grande exemplo da integração que o JD fazia como poucos dos recursos eletrônicos punk rock, tem uma batida praticamente tribal toda trabalhada e com efeitos, conjugada a um baixo que bem agudo e repetido, com uma guitarra distorcida e suja. Bateria e baixo chegam a parecer sampleados mas é só parte da maestria do malucão Martin Hannet atrás da mesa de produção. A propósito disso, um barato é ver no filme "A Festa Nunca Termina", Hannet tentando achar a melhor sonoridade para esta música e fazendo o baterista Stephen Morris (literalmente) levar a bateria para o telhado. Louco! (mas genial).

trecho do filme "A Festa Nunca Termina" de Michael Winterbottom (2002)


"Shadowplay", bem bacana, é um punkzinho um pouco mais tradicional, assim como "Interzone", só que esta mais agressiva até nos vocais; "Wilderness" tem um contrabaixo bem legal mas com um trabalho de bateria bastante interessante também; e "I Remember Nothing" que fecha o disco é daquelas que faz parecer que já se está 'do outro lado'. Uma batida seca ficando mais alta, um baixo mínimo e de repente o barulho de um vidro sendo estilhaçado dá a partida para mais uma daquelas interpretações desesperadas de Ian Curtis, constituindo algo como um vazio sonoro, uma música dentro do nada. Uma das melhores do álbum, uma das mais angustiantes e uma chave de ouro pra encerrar a obra.
Como se não bastasse toda a parte sonora, a parte mítica, as particularidades musicais, etc., o álbum tem ainda, na minha opinião, uma das melhores capas que conheço, com um gráfico de um medidor de pulsos captando a morte de uma estrela. Talvez Bernard Sumner, o guitarrista que sugeriu o conceito da capa não previsse mas acabou por ser, no fim das contas, muito significativo se formos analisar sob certo prisma, não?
Estrela, mito, lenda? Tudo isso e talvez nada disso. Se formos bem criteriosos vamos perceber que apesar das interpretações marcantes, Ian Curtis desafinava brutalmente em alguns momentos, principalmente ao vivo. Hook e Sumner eram toscos e Morris era quem estava um pouco mais pronto naquele momento. Mas fato é que com músicos, na época, bastante fracos, um vocalista doente limitado e com apenas um álbum, o Joy Division gravou, sim, seu nome na história do rock e este disco, "Unknown Pleasures" é daqueles, assim... FUNDAMENTAIS.
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FAIXAS:
  1. "Disorder" - 3:36
  2. "Day of the Lords" - 4:43
  3. "Candidate" - 3:00
  4. "Insight" - 4:00
  5. "New Dawn Fades" - 4:47
  6. "She's Lost Control" - 3:40
  7. "Shadowplay" - 3:50
  8. "Wilderness" - 2:35
  9. "Interzone" - 2:10
  10. "I Remember Nothing" - 6:00
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Ouça:
Joy Division Unknown Pleasures



Cly Reis

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

14 anos, 14 convidados

 








E o clyblog chega a seus 14 anos de idade.

Parabéns para nós!

E parabéns para nós, principalmente, por, durante todo esse período de existência, termos tido a honra de contar com colaborações valiosas de convidados das mais diversas áreas. Escritores, jornalistas, músicos, fotógrafos, artistas, deram suas contribuições a partir de suas experiências, preferências pessoais e respectivos repertórios culturais, abrilhantando momentos especiais do nosso blog em datas importantes, números redondos de publicações ou em nossos aniversários anteriores.

Para comemorar os 14 aninhos e essas colaborações maravilhosas, relembramos aqui, exatamente, 14 momentos, 14 participações especiais, 14 grandes convidados que nos proporcionaram publicações de altíssima qualidade e conteúdo valiosíssimo para o Clyblog.

Então aí vão 14 participações de convidados durante os 14 anos, até aqui, de ClyBlog:


1.
Em 2013, o escritor, teólogo, filósofo, ensaísta, crítico de arte, poeta e cronista gaúcho, Armindo Trevisan, nos deu de presente de Natal uma belíssima crônica que sugeria uma merecida reverência silenciosa a um momento tão importante como é o caso do nascimento de Cristo, no nosso 
Cotidianas Especial de Natal.

"(...)Que maravilhoso seria se, na comemoração do Natal, as nações cristãs, concordassem em instituir um minuto de silêncio em homenagem a tão grande Mistério!
Seria preciso que não se ouvisse som algum em nosso mundo!
Seria preciso que a paz, silenciosa como as estrelas (ao contrário de nossos ícones que, para serem ovacionados, inflamam as multidões) entrasse nos corações na ponta dos pés, e aí fizesse adormecer as almas ao som da Noite Feliz, traduzida para o português por um frei franciscano de Petrópolis, o qual preferiu o adjetivo feliz ao adjetivo original alemão stille: Noite Silenciosa! (...)"


Leia o texto na íntegra:

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2.
Marcando a publicação de número 200 dos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, convidamos um cara com autoridade para falar de sua banda favorita: Roberto Freitas, vocalista da banda The Smiths Cover Brasil, uma das mais respeitadas bandas cover do Brasil, revelou tudo sobre sua paixão pelo disco "Meat is Muder", o primeiro que teve da banda, e o álbum que o impulsionou a querer estar em cima de um palco.


"(...) As pessoas sempre me perguntam até hoje qual a minha musica preferida dos Smiths e eu respondo sem pensar muito :"Não tenho apenas uma tenho pelo menos umas dez e a maioria estão no álbum 'Meat is Murder' (...)"




Leia o texto na íntegra:


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3.
Em 2018, para os nossos 10 anos, o convidado Wladymir Ungaretti, fotógrafo e professor de jornalismo da UFRGS, compartilhou conosco um de seus ensaios fotográficos para a nossa seção Click, chamado "Imagens para melhor imaginar". Modelos em situações sensuais, no limite do vulgar, do sujo. Erótico com um toque de mistério. Não poderia ter sido mais preciso no conceito: fotos que mostram, mas que deixam muito para a imaginação.



"(...) Este é um espaço reducionista. Escrevemos a partir de muitos pressupostos. São muitas as variáveis na conceituação do que seriam fotos pornográficas ou, simplesmente, eróticas. Conceitos determinados por cada contexto histórico e por cada cultura. Uma obviedade muitas vezes esquecida. Fotógrafos estão olhando, sempre, o trabalho de outros fotógrafos. Mesmo quando, por absoluto egocentrismo, digam que não, Faço questão de "copiar". De me deixar influenciar por outros fotógrafos. Busco o despojamento do surrealista Man Ray. A "pornografia" do japonês Araki. Os cenários surpreendentes de Jan Saudek. Pode parecer muita pretensão. Não canso de olhar livros dos fotógrafos que, por razões muitas vezes nada precisas, tocam o meu "olhar". Fotografei estas modelos inspirado pela ideia de Vilém Flusser que diz: "produzimos imagens para melhor imaginar".



Veja o ensaio:
Imagens para melhor imaginar



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4.
Para falar de uma banda e de um álbum, nada melhor do que alguém que criou a banda, foi seu integrante, compôs músicas e tocou no álbum. Carlos Gerbase, hoje, doutor em comunicação social, em outros tempos foi baterista e vocalista da banda Os Replicantes e para o ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 5 anos do ClyBlog, falou sobre o lendário primeiro disco da banda, lá de 1986.


"(...) na hora de decidir como o nosso primeiro LP se chamaria, alguém sugeriu (provavelmente eu mesmo, mas não tenho certeza) que o disco se chamasse “O Futuro é Vortex”. Foi uma  boa escolha. Ele estava cheio de canções de ficção científica, e esse título era uma boa síntese (...)"




Leia o texto na íntegra:
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5.
O jornalista gaúcho Márcio Pinheiro, especialista na área de jornalismo cultural, com passagens pelas redações de jornais como Zero Hora, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo, autor do recém lançado livro "Rato de Redação - Sig e a História do Pasquim", amante de música, especialmente de jazz e MPB, nos deu o privilégio de compartilhar sua admiração pelo disco "Quem é Quem", de João Donato, nos nossos 
ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. Segue aí um trecho da resenha:


"[João Donato] Era um músico dos músicos, respeitado pelos seus pares mas pouco conhecido pelo público. Da convivência com o cantor Agostinho dos Santos, um grande incentivador de seu trabalho, nasceu a ideia de colocar letras nas suas músicas (...)"




Leia o texto na íntegra:

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6.
Cléber Teixeira Leão
, além de meu primo e um excelente músico, é professor de História e um de seus focos, nas aulas que ministra na rede estadual do Rio Grande do Sul tem sido as relações étnico-raciais, com foco no conceito do estudo crítico da branquitude. Nessa linha, falou para o Claquete do ClyBlog, sobre a representatividade negra nas mídias de entretenimento norte-americanas, nas comemorações de 12 anos do blog. Muito interessante o texto e análise do nosso convidado. Confere só:


"(...) Ainda que de forma ficcional, o Pantera Negra serviu e serve ainda hoje, como símbolo dessa quebra de padrões e imposições, além é claro de personificação imagética do antirracismo. Quando o Marvel Studios lançou em 2017 o filme "Pantera Negra" nos cinemas, a repercussão política e social do Blockbusters foi tanta, que gerou uma das maiores bilheterias da franquia de heróis até hoje (...)"




Leia o texto na íntegra:

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7.
Uma das histórias mais curiosas e engraçadas de bastidores já contadas no ClyBlog foi relatada por Castor Daudt, ex-guitarrista da banda DeFalla, sobre uma ocasião em que encontraram um integrante da banda New Order, num camarim de um show em São Paulo. Foi para o Cotidianas Especial de 10 anos do ClyBlog, em 2014. Não vou contar mais nada aqui porque vale a pena você mesmo ler.


"(...) Depois do show eu fiquei sozinho no camarim, descansando. Era raro ter um minuto de sossego, na época.
De repente entra um cara meio estranho, no camarim..."




Leia o texto na íntegra:


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8.
As andanças, por aí, dos nossos convidados também nos trazem colaborações muito interessantes. Fabrício Silveira, jornalista e escritor, quando de sua passagem por Manchester, na Inglaterra, cidade  berço de bandas como Joy Division, The Smiths, Stone Roses, The Fall, entre outras, presenciou, possivelmente, o surgimento de mais um nome para se guardar vindo daquele lugar: The Sleaford Mods, uma dupla de eletrônico, punk, minimalista..., estranha mas muito interessante. Nosso convidado nos contou da experiência de ter presenciado um show desses caras para o nosso ClyLive.


"Não há quase nada em cima do palco. Não há equipamento algum, além de um pedestal de microfone e uma mesa de bar, lado a lado. É até um pouco estranho encontrar ali aquele móvel rústico, com pernas dobráveis, trabalhado em madeira nobre. Sobre ele, há um laptop fechado, discreto, quase invisível, que se confunde aos desenhos e aos padrões cromáticos da toalha de mesa. Ao fundo, espessas cortinas de veludo escuro. Em contraste, há uma forte luz branca, opressiva e desconfortável. Este é o cenário. Não há mais nada em cima do palco (...)"



Leia o texto na íntegra:


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9.
Nosso convidado de um dos especiais dos 11 anos, lá de 2019, participou da gravação desse álbum histórico da música brasileira. Waldemar Falcão, músico, astrólogo e escritor, tocava na banda de Zé Ramalho quando o cantor gravou se clássico "Zé Ramalho 2" ou "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", de 1979. Ou seja, pouca gente estaria tão autorizada a comentar sobre a obra, as músicas, a atmosfera do álbum. Saca só...



"Quanto mais o tempo passa, mais nos damos conta de que ele na verdade voa mesmo... Quando penso que se passaram 40 anos desde que gravamos esse lendário LP (permitam-me...), chega a ser difícil de acreditar (...)"




Leia o texto na íntegra:

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10.
Um dos muitos convidados que participaram das nossas comemorações de 
10 anos, foi o ator e diretor de teatro Cleiton Echeveste que destacou para a nossa seção Claquete, o filme nacional "Tinta Bruta", de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, de 2018. E, na boa, se ele falou bem do filme, é porque é bom mesmo, porque de atuação e direção o cara conhece.



"(...) Na minha relação com a arte, busco ser o menos analítico possível ao vivenciá-la, esteja eu no lugar de criação ou de fruição. A análise é fria e requer distanciamento, e foi exatamente o contrário disso que “Tinta Bruta” me proporcionou: a vivência da minha humanidade, da minha falibilidade, de dores que são também minhas e que são, por isso, plenamente identificáveis(...)"




Leia o texto na íntegra:


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11.
Ele já havia sido 
ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, com seu disco  “Sambadi”, de 2013, e convidado a escrever sobre um disco de sua admiração para os 8 anos do Clyblog, o cantor, compositor e arranjador Lucas Arruda, escolheu falar sobre um dos trabalhos que mais o influenciara, "Robson Jorge & Lincoln Olivetti", de 1982. Um AF comentando sobre outro. Essa foi certamente uma participação especialíssima que tivemos.



"(...) Alegria imensa em poder falar um pouco deste álbum! Pessoalmente, é o disco que mais influenciou em termos de arranjo, sonoridade, composição. Minha bíblia! (...)"




Leia o texto na íntegra:


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12.
Esse cara sempre trazia coisas muito curiosas, interessantes e diversificadas pra o Clyblog. Cinéfilo, fã de cinema anos 70, filmes clássicos, faroeste, colecionador e admirador de cultura pop, além de conhecedor de literatura e folclore sul-americano, Francisco Bino colaborou com o blog durante alguns meses e sempre nos surpreendeu com assuntos instigantes e muita informação. 
Num desses textos, nos conta sobre as inspirações em religiões afro na clássica canção "Sympathy for the Devil", dos Rolling Stones. Dá só uma olhada:


"Em uma sexta-feira qualquer de 1968 depois de beber uma garrafa e meia de Jim Beam, Mick Jagger invadiu bêbado e meio "alto" a uma terreira de Candomblé em Salvador na Bahia (...)"



Leia o texto na íntegra:


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13.
Colaboração ilustre e internacional no ClyBlog nos nossos 
12 anos. A escritora angolana Marta Santos aceitou nosso convite para falar sobre algum disco importante, segundo sua opinião, e nos surpreendeu com a ótima dica do trabalho de seu conterrâneo Elias Dya Kymuezu, com o disco "Elias", de 1969, cuja qualidade e influência é reconhecida na música brasileira por nomes como Martinho da Vila e Chico Buarque de Holanda. Abaixo, um trecho da resenha da nossa convidada:



"(...) Elias Dya Kimuezu é bangāo, cheio de classe. Faz lembrar os clássicos  americanos. Podemos facilmente perceber a humildade dele e a sua sensibilidade. A sua música, ou melhor, a essência das suas músicas, as suas canções são de lamento de quem lamenta a morte de alguém. Naquela altura, quando ainda eram colonizados, não se lamentava, só isso se lamentava, o sofrimento do povo, e até hoje o cantor não sai da sua canção, do seu ritmo. Porque a sua canção é invocação. Invoca a mãe, a dor invoca toda uma sociedade (...)"



Leia o texto na íntegra:


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14.
Um Super-Álbuns Fundamentais! Isso foi o que o convidado Lucio Brancato, músico, jornalista, colunista musical e apresentador de TV e rádio, nos proporcionou no nosso aniversário de 
10 anos. Pedimos para que ele nos falasse sobre um disco de sua preferência e ele nos deu cinco de uma vez só: Crosby, Stills, Nash & Young, com  "Déjà Vu", de1970; Yes, com "Close to The Edge", de 1971; Dillard & Clark, com o disco The Fantastic Expedition of Dillard & Clark, de 1968; Faces, com seu "Oh La La", de1973; e Kinks, com o álbum Face to Face, de 1966. Não tinha maneira melhor de fechar essa lista de colaborações do que essa. 


"Mudei o pedido do Daniel Rodrigues para escrever sobre um disco importante na minha vida.
Foram tantos que ficaria muito difícil selecionar apenas um. E mesmo assim, esta lista nunca é definitiva.
Resolvi listar cinco fundamentais na minha formação e talvez os discos que mais escutei na vida."



Leia as resenhas completas:

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Obrigado a todos os que colaboraram com o ClyBlog até aqui.
Todos os que foram lembrados nessa pequena listagem e a todos que não aparecem nela
 mas igualmente nos honraram com suas experiências, conhecimentos, bagagem e qualidade.
Muito obrigado a todos!  




C.R.
D.R.