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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Morrissey - "Viva Hate" (1988)


"Sempre uma voz interior me sussurra: 
'permaneça puro' "
Morrissey,
sobre compor as próprias melodias



O fim do The Smiths, em 1987, uma das bandas mais cultuadas, amadas, idolatradas de todos os tempos, foi traumática para os fãs. Houve muito choro, inconformidade e há registros até mesmo de suicídios. Porém o anúncio quase imediato de que seu vocalista Stephen Morrissey seguiria em carreira solo dava um alento aos seguidores, mas não sem, ao mesmo tempo, despertar uma certa desconfiança quanto ao que poderia ele, Morrissey, letrista precioso de recursos ricos e variados na língua inglesa, oferecer ao público sem poder contar com sua metade musical, o excelente guitarrista Johnny Marr, compositor de todas as melodias da banda.
Para felicidade geral, o que se viu com "Viva Hate" de 1988 foi um álbum que poderia tranquilamente ter integrado a discografia dos Smiths. Contudo não tenta soar como mera imitação ou continuidade. "Viva Hate" tem personalidade e esta é resplandescente de luz própria. Tendo chamado o engenheiro de som dos últimos dois álbuns da ex-banda, Stephen Street, para a produção, Morrissey ousava mas não se afastava muito das próprias propostas e com Street compondo as melodias e optando por linhas melódicas e compositivas semelhantes às de Marr, mantinha uma identidade forte com seu público fiel.
"Alsatian Cousin", a primeira do disco, já se encarregava de mostrar que, por mais que depois viessem a aparecer coisas que nos remetessem a uma certa banda de Manchester, não se tratava de um novo disco dos Smiths . Sobre uma linha de baixo fankeada e agressiva e com a guitarra solando praticamente o tempo inteiro, Morrissey destila uma letra sobre traição, ressentida e cheia de ciúme e rancor numa das melhores faixas do álbum, abrindo o trabalho em grande estilo. Esta literalmente emenda com a segunda, "Little Man, What Now?", outra que mostra que a dupla dos Stephens, Morrissey e Street, não estavam pra brincadeira. Morrissey com um vocal frio, quase recitativo, apresenta-nos um ex-astro de TV relegado ao esquecimento, tendo como esteira sonora uma levada acústica à mexicana, à flamenco, com ares de western, e com uma batida sintetizada alta e repetitiva. Espetacular!
A faixa que segue foi um dos hits do álbum: "Everyday is Like Sunday" é uma das mais belas composições do disco, uma letra absolutamente sensível como de costume em se tratando de Morrissey, e uma grande felicidade de produção conferindo-lhe por uma lado uma aura melancólica, mas ao mesmo tempo uma ar todo grandioso.
"Bengali in Platforms" talvez seja a mais indesmentivelmente smithiana uma vez que é uma sobra da banda e fora descartada para ser o lado-B do single "Stop Me If You Think You've Heard This One Before".  e embora tenha recebido um tratamento diferente para o trabalho solo, não consegue apagar a origem. É uma Belíssima canção com uma melodia leve, doce, gostosa para os ouvidos porém com uma letra que, nestas ondas nacionalistas europeias dos últimos tempos, é passível de repente de alguma interpretação um tanto forçada. Mas...
"Angel, Angel, Down We Go Together" é uma das mais belas do disco com um arranjo de cordas magnífico e grandioso. Morrissey tem provavelmente uma de suas melhores interpretações cantando uma súplica pela desistência de um suicídio, de uma maneira absolutamente emocionante preciso a cada nota, a cada palavra, a cada verso.
Ouvindo a tal voz: "Permaneça puro"
"Late Night, Maudlin Street" é outro dos pontos altos do álbum: um épico de quase 8 minutos repleto de lembranças e nostalgia. no entanto, o grande hit do álbum, da carreira solo do cantor e um dos maiores sucessos das últimas décadas, é "Suedehead", uma canção pop preciosa com uma melodia simples e contagiante, letra intimista e um refrão fácil e 'pegajoso', numa daquelas canções que não fariam demérito algum a Johnny Marr se tivesse sido composta por ele.
"Break Up the Family" é embalada e ritmada com sua percussão eletrônica muito interessante e bem proposta; "The Ordinary Boys" tem um piano marcante, uma bel´ssima linha de baixo e mais uma interpretação espetacular de Moz sobretudo no final da canção; "I Don't Mind If You Forget Me" é uma daquelas letras características de Morrissey em que o cantor desdenha de um amor se desfazendo em pedaços, num rockzinho agitado bem simpático, com guitarras estridentes zunindo praticamente o tempo todo, ao fundo, como abelhas enlouquecidas.
"Dial-a-Cliché", uma balada leve sobre o crescer e ouvir (ou não) o que os outros palpitam, encaminha o final do disco de maneira competente e segura; chegando então ao final com "Margareth on Guillotine", balda semiacústica que repete "Bigmouth Strikes Again" dos Smiths, porém desta vez não se limitando a sugerir apenas uma boas porradas na então primeira-ministra inglesa e sim desta vez, indo mais longe, e exigindo mesmo o pescoço de Mrs. Tatcher. Termina com um belíssimo solo de bandolim interrompido abruptamente pela queda da lâmina da guilhotina, provavelmente separando a cabeça do corpo da ex-Dama de Ferro do Reino Unido.
Por mais que não se queira fazer comparações com a carreira de Morrissey com os Smiths, elas são inevitáveis até pelo hiato muito curto entre um projeto e o outro. menso de uma não depois da separação ele já nos aparecia com essa pérola. Já que inevitável, então, analisando assim, comparativamente, o trabalho solo do vocalista não ficava devendo muito à maioria dos trabalhos da banda, ainda mais se formos nos fixar no último trabalho do grupo, " 'Strangeways' Here We Come", onde a banda já estava desgastada e o resultado final acabara deixando um pouco a desejar.
Infelizmente os trabalhos seguintes de Morrissey não estiveram à altura desta brilhante estreia solo.  Com exceções talvez ao simpático "Kill Uncle", ao coeso "Your Arsenal", ao bom "Vauxhall and I",  Morrissey nunca voltou a nos brindar com um disco como "Viva Hate". As excessivas trocas de produtores, de gravadoras, de parceiros de composição, a instabilidade de formatos de lançamento dos trabalhos (ora compilações, ora sobras, ora coletâneas com sobras, ora poucos álbuns de estúdio) fizeram com que o artista não conseguisse consolidar uma trajetória uniforme. No mais das vezes, letras brilhantes, inspiradíssimas, inteligentes, emocionantes sustentavam melodias pobres, fracas, sem poder algum, de parceiros que invariavelmente mostraram-se insuficientes para acompanhar o talento de Morrissey, constantemente apontado como um dos maiores letristas de todos os tempos.
Bom, talvez quando a voz interior que sussurra no ouvido do nosso caro inglês pare de lhe cobrar sua pureza de letrista possamos enfim saber como seria se o próprio resolvesse mostrar-nos quais seriam as melodias ideais para acompanhar cada uma de suas palavras, cada um de seus versos. Quero crer que seria melhor do que o que temos ouvido com ele ultimamente.
Enquanto isso resta-nos penas ouvir o "Viva Hate", o melhor que Morrissey conseguiu obter sem Johnny Marrao seu lado.
Mas por que limitar-se a este álbum? Mesmo o resto não sendo lá tão bom assim, por que não ouvir todo o resto também? O "Bona Drag", o "Ringleader...", um "Years of Refusal", um "Southpaw Grammar"... Ah, afinal de todo modo é Morrissey!
E, faça o que fizer, compondo ao lado de quem quer que seja, agora ou daqui a vinte anos, nós adoramos Morrissey.
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Morrissey volta a se apresentar no Brasil em março de 2012. As três datas previstas inicialmente são:
 7/3 - Porto Alegre - Pepsi On Stage
9/3 - Rio de Janeiro - Fundicão Progresso
11/3 - São Paulo - Espaço das Américas

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FAIXAS:
  1. "Alsatian Cousin"
  2. "Little Man, What Now?"
  3. "Everyday Is Like Sunday"
  4. "Bengali in Platforms"
  5. "Angel, Angel Down We Go Together"
  6. "Late Night, Maudlin Street"
  7. "Suedehead"
  8. "Break Up the Family"
  9. "The Ordinary Boys"
  10. "I Don't Mind If You Forget Me"
  11. "Dial-a-Cliché"
  12. "Margaret on the Guillotine"

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Ouça:
Morrissey Viva Hate

Cly Reis

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Morrissey - "Your Arsenal" (1992)





"['I Know It's Gonna Happen Someday' é]
Morrissey imitando Bowie."
David Bowie



Não, aquele topete não é por acaso. Fã de nomes como Elvis e James Dean, e apreciador da cultura dos anos 50 e 60, Morrissey sempre deixou transparecer essa predileção, desde a época dos Smiths com capas de discos como a de "The World Won't Listen" na qual um grupo de jovens ao estilo rockabilly aparece meio de costas na capa, nas de singles como o de "Bigmouth Strikes Again" na qual James Dean aparece montado em uma lambreta, ou do single "Shoplifters of the World Unite"  com Elvis Presley, e em músicas  como "Rusholme Ruffians", pra citar um bom exemplo, uma vez que esta , diretamente inspirada no Rei do Rock, ganhou inclusive na versão ao vivo do disco "Rank", um medley de introdução com "(Marie's the Name) His Latest Fame", tal a semelhança entre as duas. 
Embora seus discos solo tivessem trabalhos de produção bem variados, de certa forma o espírito rock'roll sessentista sempre esteve intrínsecamente presente nos trabalhos, fosse em seus astros decadentes, nas brigas de gangues ou nos garotos rebeldes. Era o universo, os personagens, "o mundo de Morrissey".
E essa veia rock'roll aparece com força mesmo é no terceiro disco do cantor. Em "Your Arsenal", Moz convocava uma gangue de jovens topetudos e carregando no rockabilly revitalizava seu som e reoxigenava sua trajetória naquele momento.
Pra não deixar dúvida das intenções, já sai chamando de cara com a espetacular  "You're Gonna Need Someone on Your Side" um rockabilly invocado, distorcido e acelerado de riff minimalista que destila todo o habitual rancor de Morrissey, "Day or night/ There's no diference/ You're gonna need  someone on your side" ("Dia ou noite, não faz diferença/ Você vai precisar de alguém a seu lado").
"Glamorous Glue" é  um típico glam-rock em uma das tantas referências, diretas ou indiretas a David Bowie no disco. Não  por acaso, uma vez que "Your Arsenal" fora produzido por Mick Ronson, guitarrista do Camaleão na época  do clássico ht"Ziggy Stardust". "We Let You Know" surge como uma balada acústica e, entre ruídos  de multidão, vai crescendo até explodir num final grandioso, numa das grandes interpretações  de Morrissey no disco.
A polêmica "The National Front of Disco", salvo sua, talvez, infeliz referência à Frente Nacional, que custou a Morrissey acusações  de racismo e xenofobia, é  uma baita duma música! Um pop rock tão delicioso e empolgante que faz perdoar qualquer equívoco involuntário deste grande letrista.
Não  menos deliciosa é  "Certain People I Know", outro rock com cara de anos 60, desta vez com uma pegada um pouco mais country.
"We Hate When Our Friends Become Successfull", o grande hit do disco e um dos maiores da carreira do cantor, talvez tenha um dos melhores refrões que eu já  tenha escutado na vida, apenas com a risada de Morrissey soando mais sarcástica  do que nunca, no que muitos dizem ser um deboche ao, até então, fracasso da carreira solo do ex-parceiro de Smiths, Johnny Marr.
Moz banca um Roberto Carlos e homenageia os gordinhos na adorável "You're The One For Me, Fatty", que, brincadeiras à  parte só  faz repetir a atenção que o artista sempre  dedicou aos menos lembrados.
As duas baladas que se seguem, "Seasick, Yet Still  Docked" e "I Know It's Gonna Happen Someday" são bastante parecidas embora esta última seja bastante superior com uma carga emotiva impressionante numa interpretação extremamente intensa de Morrissey, assumidamente  muito inspirada nas baladas de David Bowie, terminando inclusive aos acordes de "Rock'n Roll Suicide".
Mais uma peça  carregada de rock, "Tomorrow", se encarrega de botar ponto final em tudo com destaque para o baixo de Boz Boorer, de certa forma, grande impulsionador da tendência roqueira daquele momento da carreira de Morrissey.
Morrissey com "Your Arsenal" honrava o topete e fazia a alegria dos fãs mais afeitos ao seu lado rock. Com uma discografia  idolatrada, embora nem sempre muito inspirada, "Your Arsenal" era e continua sendo um dos trabalhos  mais coesos de sua carreia e para muitos, o melhor disco de sua história sem o parceiro Johnny Marr. Morrissey abria seu arsenal e mostrava armas que não vinham sendo usadas com a devida ênfase. O resultado foi um balaço.

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FAIXAS:
  1. "You're Gonna Need Someone on Your Side"
  2. "Glamorous Glue"
  3. "We'll Let You Know"
  4. "The National Front Disco"
  5. "Certain People I Know"
  6. "We Hate It When Our Friends Become Successful"
  7. "You're the One for Me, Fatty"
  8. "Seasick, Yet Still Docked"
  9. "I Know It's Gonna Happen Someday"
  10. "Tomorrow"

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Ouça:
Morrissey - Your Arsenal



Cly Reis

terça-feira, 10 de novembro de 2009

"Morrissey: The Pageant of His Bleeding Heart", de Gavin Hopps - ed. Continuum (2009)

Morrissey é o melhor letrista britânico de todos os tempos



Li hoje uma pequena matéria na Internet que confirma uma impressão que sempre tive desde que comecei a ouvir os Smiths e me interessei em saber o que diziam as letras que acompanhavam aquelas melodias encantadoras e cantadas daquele jeito tão emocional: Morrissey é o melhor letrista do mundo da música! É o que também afirma o sr. Gavin Hopps, palestrante da Universidade St Andrews, e especialista em romantismo britânico que escreveu o livro Morrissey: The Pageant of His Bleeding Heart. Segundo o ensaísta, que já discorreu em outras oportunidades sobre o mundo pop-rock, a qualidade do ex-Smiths pode ser comparada à de mestres das letras inglesas, inclusive a um dos ídolos do cantor (e meu também), Oscar Wilde.
Principalmente quando descobri Smiths ficava vendo aquelas letras e percebia que aquilo era algo diferente. Tinha conteúdo, tinha sensibilidade, poesia, tinha texto e qualidade de escrita. Muito raramente se vê boa qualidade de escrita em música. Muitos tem contundência, muitos tem mensagem, muitos tem boa construção mas tudo junto, somado a um bom texto, não sei..., talvez só Dylan tenha.
Mas ainda que admita que outros tenham letras tão boas, Mozz tem ainda um diferencial: o jeito que canta. Poucas vezes eu senti alguém conferir tão perfeitamente o significado das palavras, expressões, das frases. Seja extremamente triste, seja cínico, seja apaixonado, irado, ele coloca a entonação exata no que canta.
Mas no que diz respeito às letras, em particular, considerava exatamente isso que afirma o professor Hopps, sem a mesma bagagem de estudo dele, de que Morrissey é um genuíno herdeiro da grande tradição de letras britânica. Em Londres mesmo, em uma revista li também algo a respeito reverenciando esta verve literário-poética deste inglês; recentemente li também o crítico, ex-roqueiro, Kid Vinil também tecer loas à pena de Morrissey.
É legal para fã ver este tipo de análise qualificada. Não que a do fã não tenha qualidade -pode ter, sim-, mas muitas vezes nos perguntamos até que ponto a admiração nos conduz, nos cega e acaba elevando o ídolo mais alto do que ele mereça. No caso de Morrissey cada vez mais fica evidente que nós fãs não estamos enxergando demais. É isso aí, mesmo. Morrissey escreve como ninguém.





Cly Reis

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Morrissey - Bar Opinião - Porto Alegre/RS (Março /2000)



Morrissey chicoteando o ar
com o fio de seu microfone em uma apresentação
da Oye Esteban Tour.
Ele entrou no palco fazendo pose de esnobe, empinando o nariz e, logo ele que em hipótese alguma serviria à Coroa Britânica, surgia à nossa frente, transbordando ironia, ao som de "For Her Majesty's Secret Service", dos filmes de James Bond. Um sonho começava a se realizar. Se eu não podia mais ver The Smiths, uma das minhas bandas do coração, ao menos poderia ver seu ex-vocalista, não menos idolatrado por mim. Apesar de tão marcante na minha vida, muitos detalhes e até músicas me escapam da memória mais imediata, e acho que, de certa forma esse é um charme de uma época em que não ficava-se mais preocupado em fotografar e filmar, com os celulares pra cima, do que em ver e curtir o espetáculo.
O que lembro é que Morrissey vinha com uma banda jovem de uns garotos topetudos que pareciam saídos de "Juventude Transviada" ou de algum outro filme de James Dean. Não lembro de todas as músicas, é claro, mas me marcou bastante o fato de terem executado "The teachers are afraid about the pupils", música de um disco que, embora interessante, bem pegado no rock, "Sowthpaw Grammar", de 1995, tinha uma estrutura "difícil", iniciado e finalizado com duas canções quilométricas, ambas de letras curtas e de longa duração instrumental e "The Teachers...", por sinal, era uma delas, exatamente a qua abria o disco. Uma canção bastante boa, intensa, mas cuja execução, ali, ao vivo, não ficou das melhores, com uma base pré-gravada que não funcionou bem, rodando levemente descompassada em relação à original do disco, o que compromeu um pouco não somente o trabalho dos músicos, como até mesmo a própria performance vocal do cantor. Do mesmo disco lembro também de terem tocado a vibrante "Boy Racer" e ainda guardo vivo na retina Morrissey serpenteando o fio do microfone, como um chicote, acompanhando os primeiros acordes da música. Lembro com emoção de "Alma Matters" com o público entoando seu refrão como um hino, em coro com Moz, num dos momentos grandiosos do show. Dos Smiths, Morrissey e sua banda tocaram poucas, o que já era esperado pelo que se sabia de shows anteriores daquela turnê, até porque naquele momento profissional, o artista se empenhava com mais ênfase para que fosse reconhecido mais pelas virtudes de sua carreira solo do que pela trajetória exitosa de sua antiga banda. Mas com uma discografia de qualidade bem satisfatória e uma produção bastante prolífica e interessante, o repertório smithiano, embora superior ao da carreira solo do cantor, acabou não fazendo tanta falta e o show atendeu a todas as expectativas.
Lembro também que Moz usava naquele show camisetas com estampas vintage que ficava trocando o tempo inteiro e jogando a usada para a galera que disputava o pedaço de pano suado acirradamente. Embora bem posicionado para assistir à apresentação, não estava perto o suficiente para poder concorrer ao souvenir. Mas aquilo era dispensável. Minha maior recompensa eu já havia ganhado e era extamente estar ali. E isso ninguém podia tirar de mim.
Depois disso até já vi Morrissey, aqui no Rio de Janeiro, mais uma vez e quase vi uma terceira vez quando ele teve que cancelar por problemas de saúde, mas aquele show no Bar Opinião, em Porto Alegre, guarda o encanto de ser ainda o momento mágico de ter à minha frente pela primeira vez um dos meus maiores idolos e um dos grandes nomes da história do rock. Preferia que fosse com Johnny Marr mas... já que não tinha jeito mesmo, parte do desejo estava cumprido e, diga-se de passagem, a parte mais significativa. Sim, eu tinha visto Morrissey.

Morrissey - Oye Esteban Tour 1999/2000
O vídeo, a seguir, mostra trechos da turnê Oye Esteban, em várias localidades, sendo que a partir do minuto 5, pode-se ver boa parte da apresentação de São Paulo, ocorrida poucos dias depois da de Porto Alegre e bastante parecida com a que relatei aqui.





Cly Reis

sábado, 10 de março de 2012

Morrissey _ Fundição Progresso - Rio de Janeiro (09/03/2012)



Há uma estrela que nunca se apaga

Eu já havia visto Morrissey ao vivo na turnê anterior que fizera no Brasil, em Porto Alegre. Naquela ocasião foi um grande show.
Até por isso estava meio relaxado quanto ao que iria ver. Tipo: se não fosse lá tão legal, tão bom, pelo tempo ter passado pra ele (e pra todo mundo), pela idade, por algum eventual problema coma voz, porblema técnico, de som, desestímulo pessoal ou da banda, etc., eu já estaria no lucro por tê-lo visto uma vez em ótima performance; mas se tivesse a sorte de ver outra grande apresentação, ah, aí então eu estaria realizado.
Mas felizmente eu, e todos os fãs, admiradores e curiosos que estavam na Lapa, nesta última noite de sábado, fomos contemplados!
Senhores, Morrissey foi impecável!
Amigos, ele está em plena forma. Provavelmente, até, melhor de palco do que fora no passado. É verdade que não tem aquela vitalidade de outros tempos para ficar saracoteando de um lado para o outro do palco, chicoteando o fio do microfone, rebolando com flores no bolso traseiro, mas, assim como um grande jogador de futebol que quando vê que a idade está chegando passa a não correr mais o campo todo, Morrissey agora joga nos atalhos do campo. Faz o certo, faz simples mas com extrema competência.
Bem resguardado por uma banda de jovens vigorosos (sarados e descamisados, a propósito), praticamente a mesma banda de seu último álbum "Years of Refusal", Morrissey dominou completamente o palco e a plateia com interpretações admiráveis e potencial vocal ainda intacto.
Após uma pequena série de vídeos cinquentistas e sessentistas, com rapazes topetudos e moças de cabelos volumosos, a cortina que servia de tela de projeção subiu e por trás dela apareceu Morrissey e sua banda tascando pra começar a ótima "The First of the Gang to Die" que já incendiou a galera. Seguiu com algumas menos interessantes para meu gosto como "You Have Killed Me" e "When Last I Spoke to Carol" que apesar de não ser das minhas favoritas, tenho que admitir que ficou demais no show, com aquele climaço espanhol, seu violão flamenco poderoso, e contando até mesmo com o trumpete da original, tocado ao vivo.
A coisa ia com seu repertório de carreira solo até que sou surpreendido com "Still Ill" dos  Smiths . Putaquepariu! Me faltou o ar! Grande execução da banda, grande performance de  Morrissey , grande participação da galara. A emoção começava a aumentar.
"Everyday is Like Sunday", uma das mais aguardadas também teve participação bacana do público; "Speedway" foi uma das grandes do show, bem barulhenta e distorcida com aquelas guitarras que parecem motosserras mas com a paradinha, que existe na versão original, meio longa demais no show. "I Will See You in Far-Off Places", uma das minhas preferidas manteve sua intensidade e força; "Ouija Board, Ouija Board", outra que eu adoro foi legal, mas abreviada sem a última parte da letra; "You're the One for Me, Fatty" tratou de agitar o público; e a linda "Let Me Kiss You", foi simplesmente emocionante, com mias uma daquelas interpretações fantásticas e envolventes do cantor.
Ao contrário do show anterior dele que eu havia assistido, onde tocara algumas poucas de sua ex-banda, desta vez  Morrissey  caprichou no repertório  smithiano  e mandou várias. Atirou uma "Meat is Murder" comovente,  não sem antes dar uma alfinetada no príncipe Harry que, por acaso, também se encontrava no Rio naquele dia, surpreendeu com "Please, Please, Please, Let Me Get What I Want" brilhantemente executada pela banda; e quase pôs abaixo o local com "There's a Light That Never Goes Out". Particularmente, ME 'sacaneou', cantando "I Know It's Over" que às vezes eu já evito ouvir no CD pra não chorar e aí o cara vem lá de Manchester e me canta essa ali, na minha frente. Bom, tenho que dizer que fiquei vendo o palco embaçado durante toda a música. Mas o pior nem foi isso, lá pelas tantas começa aquela base  de guitarra com efeito, meio trêmula, repetida... Não... Não pode ser. 'How Soon Is Now?"!!! Era ela mesmo. Nossa! Mal tinha me recuperado e já estava em lágrimas de novo. Que frescura, né? Eu sei, eu sei. Mas foi impossível resistir.
Com esta acabaram a primeira parte, voltando apenas para "One Day Goodbye Will Be Farewell", que frustrou um pouco da expectativa de um gran finale com algo como "Suedehead", "Irish Blood, English Heart" ou "That's  How People Grow Up", mas pensando bem, valeu pelo recado. Talvez aquele adeuzinho não tenha sido ainda a despedida mesmo. Tomara. Volte sempre que quiser.


Cly Reis

domingo, 29 de outubro de 2017

O último disco dos Smiths ou o primeiro disco de Morrissey?


Aproveitando o ensejo pelo aniversário de 30 anos do lançamento de “Strangeways, Here We Come”, último álbum da banda inglesa The Smiths, e o recente anúncio do novo trabalho de seu ex-vocalista, Morrissey, depois de um intervalo de 12 anos, cutuco numa velha discussão muito recorrente entre fãs da banda de Manchester e seu vocalista, qual disco é melhor: o último dos Smiths ou o primeiro de Morrissey?
Concluído em meio a um ambiente pesado, conturbado no qual os problemas de relacionamento e divergências artísticas predominavam, “Strangeways, Here We Come” que apresentava evidentes sinais de desgaste e de uma certa crise criativa, ficava claramente aquém do restante da brilhante discografia dos Smiths. Por outro lado, Morrissey, já insatisfeito com uma série de situações internas, com grande quantidade de material escrito e com ideias próprias florescendo abundantemente, chamava num canto o próprio engenheiro de som da banda da qual ainda fazia parte, Stephen Street, e ainda durante as gravações do disco que encaminhava-se para ser o derradeiro daquele grupo, preparava seu material solo.
O resultado de ambas as empreitadas, uma desgastante e agônica e a outra fresca e vivaz fica evidente em seus produtos finais. “Strangeways...” embora seja o trabalho mais fraco do The Smiths consegue mesmo assim ser um bom disco pop-rock e se não consegue manter a regularidade, a uniformidade de outros momentos que fizeram dos discos anteriores praticamente obras-primas, tem o poder ainda de produzir clássicos e proporcionar alguns grandes momentos musicais. “Girlfriend In a Coma” e “I Won’t Share You” poderiam estar em qualquer dos maiores discos da banda, talvez sem roubar o brilho de uma "Bigmouth Strikes Again", “Girl Afraid” ou “How Soon Is Now?” mas com valor o suficiente para integrar seu repertório; “Stop Me If You Think That Yo’ve Heard This One Before”, sim, tem algum protagonismo; “Death of a Disco Dancer” é intensa, angustiante e tem um solo de piano de arrepiar pelas mãos do próprio Moz;  mas é “Last Night I Dreamt That Somebody Love Me”, uma balda irresistível e emocionada, que entrava imediatamente para o rol de grandes canções da banda.


Mas "Viva Hate", de Morrissey parecia carregar tudo aquilo que se esperava de um álbum dos Smiths e por isso caía nas graças dos fãs e da crítica logo de cara, inclusiva algo que “Strangeways, Here We Come” não conseguira:  dois hits de peso, a belíssima “Everyday Is Like Sunday” e, em especial, “Suedehead”, um clássico instantâneo que muitos consideram com ironia “a última grande música dos Smiths”. Stephen Street compensava o fato de não ter um Johnny Marr, com criatividade, um bom time de músicos  e uma ótima leitura musical, de modo a, sem parecer uma cópia, não se distanciar da linguagem que consagrara o cantor até então.  Assim, Morrissey ressurgia tão ácido, mordaz, romântico e impetuoso quanto nos melhores momentos do passado e entregava-nos um disco impecável, irretocável da primeira à última. Desde a ordem das faixas, abrindo com a agressividade de “Alsatian Cousin”,  fazendo uma transição sem deixar tempo pra respirar, para a batida insistente de “Little Man, What Now?”, até culminar gloriosamente numa guilhotina descendo sobre o pescoço de Margareth Tatcher; passando pelas letras inspiradas; por arranjos precisos e interpretações emocionantes;  “Viva Hate” acertava em cheio e deixava até nos fãs mais ferrenhos, nos mais religiosos a incômoda sensação que lhes perturbava como se fosse uma traição mas que era forçoso admitir, de que, sim, o primeiro álbum de Morrissey era verdadeiramente melhor do que o último do The Smiths.




Cly Reis
(texto publicado originalmente
no blog Zine Musical )

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

The Smiths - "The Queen Is Dead" (1986)


O Mais Ilustre dos Trintões



"Então eu invadi o Palácio
com uma esponja e uma ferramenta enferrujada
Ela disse: ' Eu conheço você, 
Você não pode cantar.'
Eu disse: 'Isso não é nada,
devia me ouvir tocando piano.' "
trecho da letra de
"The Queen is Dead"




O ano de 2016, que está acabando, viu grandes álbuns completarem 30 anos de seu lançamento. Não à toa, 1986 foi generoso em grandes discos e não por acaso é um dos anos com maior número de obras destacadas na nossa seção ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. "Brotherhood" do New Order, "True Blue" da Madonna, "So" de Peter Gabriel", "True Stories" dos Talking Heads, "Album" do PIL, aqui no Brasil o idolatrado "Dois" da Legião Urbana e o aclamado "Cabeça Dinossauro" dos Titãs são apenas alguns dos grandes registros fonográficos lançados naquele afortunado ano para a música.
Mas de todos estes grandes álbuns que completaramm trinta anos neste ano que está se despedindo talvez o mais importante e significativo seja "The Queen Is Dead" do The Smiths, disco frequentemente apontado como o melhor da década de '80 e não raro em listas de melhores de todos os tempos, até mesmo ocupando o topo contra obras respeitadíssimas como "Revolver" dos Beatles e o disco da banana do Velvet Underground, por exemplo.
Depois de um disco de estreia elogiadíssimo, reconhecido também com frequência como melhor debut em álbum de uma banda; de um segundo trabalho que confirmava todas as virtudes e dava alguns passos adiante do que fora apresentado inicialmente, o quarteto de Manchester chegava ao terceiro álbum de estúdio com completo domínio de suas habilidades, possibilidades e pretensões obtendo por conta disso um resultado maduro e coeso.
Em "the Queen Is Dead" aparecem pelo menos três dos maiores sucessos da banda e que se tornariam quase hinos da banda. "Bigmouth Strikes Again" canção na qual Morrissey, no auge de sua habilidade como letrista, cinicamente "se defende" das sugestões que "teria feito" para que se quebrasse a cara da então primeira-ministra britânica Margareth Tatcher. Nesta canção encontra-se alguns dos versos mais geniais e bem sacados de Morrissey, criando uma imagem martirizante de inquisição e aproximando-a temporalmente de sua geração, fazendo-a assim identificar-se com o com suposta injustiça do julgamento ao qual estaria sendo submetido: "And now I know how Joan Of Arc felt/ As the flames rose to heir roman nose and her walkman started to melt" ("E agora eu sei como Joana d'Arc se sentiu/ Enquanto as chamas subiam até seu nariz romano e seu walkman começava a derreter") . Outro dos hinos smithianos que o álbum traz é a suplicante "There's a Light That Never Goes Out", canção pop perfeita dotada de um desespero apaixonado comovente possuidora de outro daqueles versos definitivos de Morrissey: "And if a double-decker bus crashes into us/ To die by your side/ Is such a heavenly way to die" ("E se um ônibus de dois andares colidisse contra nós/ Morrer ao teu lado/ Que maneira divina de morrer"). De arrepiar! O outro grande hit do álbum e da carreira da banda é "The Boy With The Thorn In His Side", possivelmente, em termos gerais, a combinação mais perfeita da parceria Morrissey/Marr, numa das melodias mais sedutoramente inspiradas do guitarrista combinada com uma interpretação vocal irretocável do cantor tornando-se  tão emblemática que poderia ser considerada praticamente uma identidade auditiva doa banda.
Mas ao contrário do que pode-se pensar "The Queen Is Dead " não é um clássico apenas pelo fato de ter gerado grandes sucessos. Cada uma das outras sete faixas, embora não tenham atingido paradas, grandes execuções e vendas, tem seu valor que, diga-se de passagem, não é nada pequeno.
A canção que abre o disco e com ele compartilha o nome, "The Queen Is Dead", é uma das mais pungentes e viscerais da banda em um dos poucos exemplos de guitarradas rascantes e violentas de Johnny Marr servindo como uma inquieta esteira de fogo para a letra fulminante de Morrissey num ataque ridicularizador à família real britânica.
"Frankly Mr. Shanky" é graciosa e doce sonoramente mas ácida em sua letra; "Cemetery Gates", com seu violão de melodia envolvente é extremamente bem humorada; "Never Had No One Ever", possivelmente a menos boa do disco, o que não significa que seja ruim, é intensa e carrega aquela típica melancolia e pessimismo de Morrissey; "Vicar In a Tutu", é um gostoso rackabilly novamente repleto do humor mórbido característico de seu letrista. Particularmente destaco também "I Know It's Over", uma das minha preferidas da banda. Uma balada carente, angustiada, desesperada, de interpretação comovente e intensidade crescente que, desde que ouvi pela primeira vez até hoje, me leva às lágrimas. O pedido de "colinho" "Oh, mother I Can feel the soil falling over my head" (Oh, mãe, eu posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça") é pra derreter qualquer um.
Depois de tudo isso, a despretensiosa "Some Girls Are Bigger Than Others" tem o charme de surgir em um fade-in, começar, parecer sumir, desvanecer-se num fade-out e voltar para, numa letra aparentemente banal fechar em grande estilo o disco.
"The Queen Is Dead" foi o disco que colocou o The Smiths definitivamente num patamar superior. Se no início a banda chamou atenção por fazer um rock limpo e honesto em meio à selva de sintetizadores que habitavam o mundo pop, se depois se afirmaram enquanto banda e consolidaram um linha, a partir daquele disco eram, sim, definitivamente reconhecidos como uma das grandes bandas dos últimos tempos. Se o disco frequenta listas de melhores de todos os tempos, o nome da banda não faz menos e volta e meia é colocado à frente de peixes grandes do rock em respeitáveis listas de todo tipo de publicação. Sim, os anos 80 nos deram grandes obras, o ano de 1986, em especial, alguns dos mais marcantes e especiais, mas por toda essa reverência que lhe é atribuida, por sua qualidade, por toda a idolatria e aura mítica que envolve esta obra, "The Queen Is Dead" pode ser considerado, entre os discos "nascidos" em 86, entre os que apagam trinta velinhas este ano, o mais ilustre aniversariante.
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FAIXAS:

  1. "The Queen is Dead"
  2. "Frankly, Mr. Shankly" 
  3. "I Know It's Over" 
  4. "Never Had No One Ever"
  5. "Cemetry Gates" 
  6. "Bigmouth Strikes Again" 
  7. "The Boy with the Thorn in His Side" 
  8. "Vicar in a Tutu"
  9. "There Is a Light That Never Goes Out" 
  10. "Some Girls Are Bigger Than Others"


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Ouça:


Cly Reis

terça-feira, 5 de abril de 2011

Morrissey - "Your Arsenal" (1992)

Vim ouvindo hoje no carro, no caminho para o trabalho, "Your Arsenal" do Morrissey, um dos melhores da carreira solo do cantor na minha opinião. É uma espécie de volta às raízes de Morrissey justificando seu topete e sua admiração por Elvis e pela cultura dos anos 50. Uma espécie de renovação em relação a seus álbuns anteriores, muito devido também ao fato do cantor ter montado uma banda cheia de topetudos e fãs de rock tradicional. Aí a meninada pegou as guitarras e incendiou tudo. O resultado desta revisita é um disco bem rock'n roll, com canções que lembram coisas da fase final dos Smiths como "Rusholme Ruffians" e "Nowhere Fast".
Exemplo disso é "You're Gonna Need Someone on Your Side", um rockão intenso e cru, carregado de rockabilly, já começando o disco a todo vapor. "Certain People I Know" (veja o vídeo) é outra na mesma linha, porém com uma levada mais leve e com um ar meio country. Por certo por influência do produtor, Mick Ronson, ex-guitarrista de David Bowie, o disco traz alguns traços de glam, como em "Glamorous Glue", e na ótima "National Front of  Disco".
A mão do mesmo produtor é por certo responsável pelo conceito de "I Know It's Gonna Happen Someday", uma balada sentida interpretada à crooner por Morrisey, e que tem tanto a cara de Bowie, que o próprio, que a gravaria posteriormente, declarou que aquilo era Morrissey o imitando.
Destaque também para outra das grandes do disco, "We Hate When Your Friends Become Successfull", com seu genial refrão de gargalhada sarcástica de Morrissey. Dizem as más línguas que ele estaria rindo do ex-parceiro, Johnny Marr que desde que acabara a banda só vinha entrando em furadas e não gozava do mesmo prestígio pós-Smiths do vocalista... Eu não sei.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Morrissey no Brasil em 2012


Confirmado: Ele Estará Entre Nós
Depois de muita especulação e expectativa sobre datas no Brasil, número de apresentações e possíveis locais, Morrissey, ex-vocalista dos The Smiths confirma três shows em terras brasileiras para março, sendo uma delas aqui no Rio (Uhuuuuu!!!)
Tenho que admitir que como já o vi ao vivo, não me mexeria para outros estado para assistir a outro show dele, mas como vai passar por essas bandas, por aqui, a menos de meia-hora da minha casa, bom..., não tem como não ir. "Tamo lá"!
Morrissey é um daqueles casos raro de popularidade, respeitabilidade e idolatria. Mesmo depois de quase 25 anos do fim da banda que encabeçava, uma das mais adoradas dos últimos tempos no universo do rock, e com uma carreira solo bastante irregular qualitativamente falando, com trabalhos bastante medíocres à exceção de 2  ou 3 álbuns, é um fenômeno que continua emocionando os fãs, vendendo relativamente bem para os padrões da indústria fonográfica atual (mesmo brigando contra o sistema das gravadoras e não parando em nenhuma), mobilizando devotos no mundo inteiro e ainda sendo digno da menção de 'maior inglês vivo', por exemplo, como atribuiu o jornal inglês The Guardian.
Exagero? Talvez não.
Em minha passagem por Londres pude ratificar o respeito que o público e a imprensa tem com este artista. É como uma onipresença: mesmo quando não está com álbum na praça, gravando ou em turnê, o mínimo espirro dele tem que ser registrado. Sempre há uma referência, uma entrevista uma nota no jornal nem que seja pra dizer que ele está com dor de garganta (e houve mesmo uma notícia assim quando estive lá). Algo do tipo, 'não esqueçamos que Morrissey está entre nós'.
Podem ter certeza que nós não esquecemos. E, em março, amigos, é a nossa vez de tê-lo novamente entre nós. Desta vez aqui no Brasil. Novamente.
Preparem as carteiras e aguardem os preços de ingresso e locais de venda. Por enquanto, o que temos são apenas as datas e locais dos shows. Confiram aí:


7/3 - Porto Alegre - Pepsi On Stage
9/3 - Rio de Janeiro - Fundicão Progresso
11/3 - São Paulo - Espaço das Américas



C.R.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

"Autobiography", Morrissey - ed. Penguin (2013)









"Infelizmente, não sou homossexual,
sou humanossexual,
atraído por seres humanos.
Mas não muitos."
Morrissey 
(trecho do livro)


Às vezes fico meio desligado do mundo, na correira do dia-a-dia, e acabo ficando meio desatualizado das coisas. Só vim a saber agora que Morrissey, ex-vocalista dos Smiths, venerado quase religiosamente por milhões de fãs pelo mundo afora, acaba de lançar sua própria biografia e que a mesma é um sucesso absoluto e surpreendente de vendas na Inglaterra, batendo recordes e mais recordes de vendas. Na verdade, não é tanta surpresa se considerarmos que a menos de uma década, Morrissey foi apontado em pesquisa entre os leitores de um conceituado jornal britânico, como o maior inglês vivo. Exagero? Não sei, mas em Londres pude perceber um pouco desse carinho que a população tem por ele e notar uma espécie de idolatria superior sempre pairando no ar em qualquer coisa que lhe diga respeito.
Particularmente, não sou muito fã das biografias, mas neste caso, por ser deste personagem tão talentoso,  peculiar e que admiro sobremaneira; pelas particularidades acerca dos Smiths; pelas curiosidades possíveis sobre sua relação com o guitarrista Johnny Marr; pelos motivos um tanto nebulosos até hoje que levaram ao fim da banda; e pelo fato de ser redigida por ele mesmo, dono de uma escrita ácida, poética e sobretudo, altamente qualificada, há predicados o suficiente para me fazer abrir esta gloriosa exceção e adquiri-la.
Tenho que tê-la. Tenho que lê-la.
Mas eu, e os demais fãs brasileiros, vamos ter que esperar mais um pouquinho. Por enquanto, "Autobiography", que é como se chama, com toda a simplicidade, a biografia do cantor, só circula pelas bandas da Terra da Rainha e não há previsão para lançamento no Brasil.
Por certo repetirá o sucesso que vem fazendo por lá.
Aguardaremos ansiosos por aqui, Moz.


Cly Reis

segunda-feira, 24 de junho de 2019

The Smiths - "Hatful of Hollow" (1984)



"Eu me arrependo da produção dela agora."
Morrissey,
sobre "What Difference does it Make?"
no disco de estreia.

"Decidimos incluir as faixas extra
de nossos singles de 12 polegadas
para pessoas que não tinham todos eles
e para tornar completamente acessível."
Morrissey,
quando do lançamento de "Hatful of Hollow"

""How Soon Is Now?" foi
imediatamente reconhecida
como algo diferente,
algo que ia muito além do que
os Smiths já haviam tentado ou lançado;
algo completamente original,
uma música totalmente diferente de qualquer outra,
ela os impulsionou a uma categoria
inteiramente nova."
Tony Fletcher,
autor da biografia "The Smiths: A Light That Never Goes Out"



Tinha uma música, que eu sabia que era da banda The Smiths, que eu acabara de conhecer, que eu havia ouvido algumas vezes, curtia de montão, mas não sabia o nome. O refrão, que encerrava a canção, era bem marcante e repetia algo infinitamente até o final, misturando a voz do vocalista a uma espécie de coro infantil até desaparecer de todo em fade-out.  No meu limitadíssimo inglês entendia que ele cantava algo como "The teacher", "I'm the preacher" e, às cegas, adotando como prováveis títulos aquelas possibilidades que meu entendimento da língua inglesa sugeria, persegui a tal da música tentando descobrir de que disco ela seria. Pesquisei na revista Bizz, perguntei a amigos, fiquei atento às rádios e nada... Obviamente, não batendo os nomes existentes de canções com aqueles possíveis que eu supusera, percebi que nem eles, nem algo parecido, se constituíam efetivamente no título da canção. Deveria descobri-la ouvindo nos álbuns, faixa a faixa, tentando identificar o tal refrão que me seduzira. Um amigo tinha o "Hatful of Hollow" e consegui que ele me emprestasse. Não encontrei a que procurava mas fui surpreendido ao reconhecer outras que também já ouvira de passagem, mas não sabia que era da banda. "Please, please, please let me get what I want", por exemplo, eu conhecia de algum filme adolescente dos anos 80, que depois vim a lembrar que era do "Curtindo a vida adoidado". Outra delas era "Girl Afraid", uma impagável surpresa, uma vez que eu costumava escutá-la na abertura de um programa local sobre surf lá em Porto Alegre, o Realce, e sempre achava o máximo aquela guitarra e ficava me perguntando de quem seria uma coisa maravilhosa como aquela.
Mas havia outras maravilhas ali e naquele disco eu conheci a beleza encantadora de "William, it was realy nothing", a doçura charmosa de "This charming man", a intensidade sonora da sensual "Handsome Devil", a elegância da pessimista "Heaven knows I'm miserable now", e possivelmente, a melhor música dos Smiths, que me impressionou desde o primeiro instante, "How soon is now?", uma peça musical de feitura complexa que combinava camadas de guitarra sobrepostas, criando uma atmosfera tensa e quase sombria, com uma letra da mais exposta vulnerabilidade, interpretada de forma tão envolvente e dramática que era impossível que o ouvinte ficasse indiferente a seu comovente apelo por amor e atenção.
Enfim, o "Hatful of Hollow" me deu muito mais do que a, até então, misteriosa música que eu procurava. Com aquele disco eu passei definitivamente a apreciar e conhecer The Smiths.  As interpretações intensas daquele vocalista, a versatilidade, a inventividade e a técnica daquele guitarrista de poucas distorções e quase nenhum solo, aquele time azeitado com "coadjuvantes" que brilhavam nos momentos certos e aquelas letras que eu, em contato com o encarte pela primeira vez, começava a descobrir e me identificar faziam com que aquela minha estada com o álbum fosse algo especial e criasse uma relação de carinho com ele a partir de então. 
Na época achava que "Hatful of Hollow" fosse um álbum. Um álbum de carreira. Tempos depois foi que com a saber que se tratava de mais uma das tantas coletâneas, compilações, compensações, correções, contrapartidas que os Smiths costumavam fazer. No caso foi uma combinação da vontade de fazer justiça a alguns singles que não haviam recebido a devida importância quando do lançamento como "William, is was really nothing"; de exibir com a devida grandiosidade sua nova pérola, que a banda sabia ser um material diferenciado, "How soon is now?"; e de redimir uma certa insatisfação com a produção e mixagem do primeiro álbum e o resultado final de algumas músicas como "What difference does it make?", por exemplo, que Morrissey considerava que havia ficara melhor nas seções da BBC e que foi incluída em "Hatful of Hollow", do que na que entrara no disco de estreia da banda. Mesmo com essa estrutura de Frankenstein, um single aqui, uma demo ali, uma inédita acolá, "Hatful of Hollow", era tão bem montado e coeso que soava como um álbum e, mesmo com o conhecimento de sua natureza seletiva, permaneceria com um pouco desta aura de álbum concebido e, para nós fãs, com a reverência que este status costuma merecer.
E a música que eu procurava?
A tal da canção era "Panic" e o tal do verso que eu não identificava, ordenava, com o sarcasmo ácido e sádico de Morrissey, enforcar um DJ que tocava constantemente músicas que não diziam nada sobre a sua vida. "Hang the DJ, hang the DJ...", entoavam insistentemente o vocalista e o coro até o final da faixa. Fui encontrá-la mais tarde, no "The World Won't Listen", outra dessas coletâneas de motivações peculiares que os Smiths costumavam organizar. Mas aí, quando encontrei "Panic" ela já não era mais a única que me interessava. Eu havia tido contato com canções que falavam a mim muito sobre minha vida. A minha busca já havia chegado ao fim.
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FAIXAS:
  1. "William, It Was Really Nothing" - versão original do single (2:09) 
  2. "What Difference Does It Make?" - versão do programa de John Peel na Radio 1 da BBC, diferente da lançada no álbum "The Smiths" (3:11)
  3. "These Things Take Time" - versão do programa de David Jensen na Radio 1 da BBC (2:32)
  4. "This Charming Man" - versão do programa de John Peel na Radio 1 da BBC, diferente da versão do single e do álbum "The Smiths" (2:42)
  5. "How Soon Is Now?" - versão original do single posteriormente incluída na versão CD do álbum "Meat Is Murder" (6:44) 
  6. "Handsome Devil" - versão do programa de John Peel na Radio 1 da BBC, não tendo sido lançada nenhuma versão oficial de estúdio além desta (2:47)
  7. "Hand in Glove"  - versão original do single, diferente da lançada no primeiro álbum "The Smiths" (3:13)
  8. "Still Ill" - versão do programa de John Peel na Radio 1 da BBC, diferente da versão do álbum "The Smiths" (3:32)
  9. "Heaven Knows I'm Miserable Now"  versão original do single (3:33)
  10. "This Night Has Opened My Eyes" - versão do programa de John Peel na Radio 1 da BBC, não tendo sido lançada nenhuma versão oficial de estúdio além desta (3:39) 
  11. "You've Got Everything Now" - versão do programa de David Jensen na Radio 1 da BBC, diferente da versão do single e do álbum "The Smiths" (4:18)
  12. "Accept Yourself" - versão do programa de David Jensen na Radio 1 da BBC, diferente da versão do lado B do single "This Charming Man" (4:01)
  13. "Girl Afraid" - versão original, lado B do single "Heaven Knows I'm Miserable Now" (2:48)
  14. "Back to the Old House" - versão do programa de John Peel na Radio 1 da BBC (3:02)
  15. "Reel Around the Fountain" - versão do programa de John Peel na Radio 1 da BBC, diferente da lançada no álbum "The Smiths"  (5:51)
  16. "Please, Please, Please, Let Me Get What I Want" - versão original, lado B do single "William, It Was Really Nothing" (1:50)

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Ouça:



Cly Reis

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

The Smiths - "The Smiths" (1984)



"Agora eu sei como Joana D'Arc se sentiu
Enquanto as chamas subiam até seu perfil romano
E seu walkman começava a derreter."
verso de "Bigmouth strikes Again"


A propósito de show cover dos Smiths, já postei aqui sobre discos de diversas bandas mas nunca desta que é uma das minhas preferidas. Há um certo consenso dos fãs em torno da preferência pelo álbum “The Queen Is Dead”, que inegavelmente é um discaço, com as clássicas “Bigmouth Strikes Again” e “There’s a Light that Never Goes Out”; mas particularmente, poucas vezes ouvi um disco de estréia tão notável quanto “The Smiths” de 1984. Chegando com um nome simples, em contraponto aos elaborados de outras bandas da época e com um som limpo e TOCADO, num contexto cheio de bandas que só ligavam os sintetizadores e a bateria eletrônica e o resultado acabava sendo quase o mesmo; o quarteto de jovens de Manchester não demorou nada a se destacar no cenário musical. Parecia que era tudo o que o pop precisava. Melodias, guitarras, sensibilidade, letras inteligentes e bem elaboradas, vocal singular e autêntico. Era finalmente uma banda de gente. De gente como a gente. Não à toa, logo os jovens perceberam que Morrissey se colocava muito próximo a eles nas suas angústias, nas suas aflições, no seu sarcasmo e medida agressividade e a relação fãs-banda, desde então, passou as ser mais do que meramente musical.

"The Smiths (1984)” é doce, é violento, é apaixonante e apaixonado. “Reel Around the Fountain” que abre a seleção traz um início com uma bateria marcada que logo deixa entrar a voz terna de Morrissey cantando sobre uma relação complicada que sofreu acusações de pedofilia na época do lançamento do álbum. Johnny Marr já mostra seu cartão de visitas, com uma melodia aparentemente simples mas, como o restante da obra virá a mostrar, é altamente bem elaborada mas sem espalhafato, distorções ou grandes solos. “Miserable Lie”, uma das minhas prediletas do álbum é quase uma exceção a obra dos caras, com sua estrutura diferenciada, partindo de uma levada lenta até explodir em fúria e passar daí a evoluções vocais extremamente afetadas. Tudo isso com uma bateria inapelavelmente punk e curiosamente com uma guitarra sem distorção.

“This Charming Man”, um dos grandes clássicos da banda, que não saiu na edição inglesa, é outra destas coisas primorosas da história do rock com aquele riff marcante e inconfundível de Johnny Marr e com aquele vocal totalmente auto-revelador de Morrissey.

“Still Ill” é outra das fantásticas! Esta mais vigorosa e com a verve potente de Moz. Falar da guitarra de Marr já é redundância. Ele simplesmente dilacera tudo do início ao fim.

“What Difference Does It Make?”, falando sobre rejeição provavelmente seja uma das que representam mais perfeitamente a mistura amor-ódio-sarcasmo do mestre . Talvez tenha as frases mais apaixonadas e frustradas da história do rock: “...eu me jogaria em frente a uma bala voando por você”, ou “eu roubei e menti (...) porque você me pediu”, trazem toda a dedicação e o desgosto com uma pessoa amada.

A rotação depois dela dá uma aliviada com as ótimas “I Don’t Owe You Anything” e “Suffer Little Children” com aquele final provocante com umas risadinhas safadas.

Ainda hoje, mais ou menos uns 12 ou 13 anos depois de tê-lo ouvido pela primeira vez, ainda me impressiona e me faz acabar a audição com um sorriso no rosto.

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FAIXAS:
1. Reel Around The Fountain 5:55
2. You've Got Everything Now 3:58
3. Miserable Lie 4:27
4. Pretty Girls Make Graves 3:41
5. The Hand That Rocks The Cradle 3:45
6. This Charming Man 2:52
7. Still Ill 3:19
8. Hand In Glove 3:23
9. What Difference Does It Make? 3:49
10. I Don't Owe You Anything 4:04
11. Suffer Little Children 5:29

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Ouça:
The Smiths 1984




Cly Reis

domingo, 17 de janeiro de 2010

The Smiths Cover - Rio Rock & Blues Club - Rio de Janeiro (16/01/10)



Na minha Porto Alegre, quando morava lá, costumava ir muito nas noites de terça-feira a um bar chamado 8 e 1/2, onde acontecia a "Terça Clássica", a noite com apresentações de bandas cover dos clássicos do rock. Lá vi covers de Doors, Hendrix, Pink Floyd, Stones, Raul; algumas muito boas, outras nem tanto. Mas de qualquer forma adorava ir ao 8 e 1/2 para ver fãs, como eu, tocando as músicas dos nossos heróis.
Logo que cheguei ao Rio de Janeiro senti falta de ter lugares deste tipo, com rock, covers de bandas e tal. Infelizmente, ainda que se encontre este tipo de programa, a cultura local predominante é samba e funk, e lugares qualificados com boa música não são assim tão fáceis e comuns.
Aqui, depois de alguma procura, depois de alguma demora, fui brindado com a existência do Rio Rock & Blues Club que me proporciona estas oportunidades, das quais com alguma frequência desfruto. Ontem, em especial tive uma das melhores experiências neste local. A casa apresentou uma banda cover do quarteto de Manchester, The Smiths. Pela fila, pela espera, pelas camisetas, pelos topetes já se via que não seria uma apresentação cover como as outras da casa. Quando se fala em The Smiths, em Morrissey, a gente sabe que existe aquela coisa meio "religiosa" dos fãs. E, de fato, foi um dos shows cover mais emocionantes que já assisti.
Contando com um vocalista simpaticíssimo e músicos competentes a banda empolgou mesmo os espectadores mais exigentes. O Morrissey-cover não se limitava às imitações de postura e trejeitos do original e mandou bem no microfone conseguindo se aproximar do timbre do inglês, e o nosso Johnny Marr, impressionantemente, não fez feio e segurou até algumas difíceis como "Still Ill", por exemplo. Tá certo que quando alguém pediu "Girl Afraid" o vocalista disse que aí teria que chamar o próprio Marr, mas a gente compreende. Seria complicado mesmo.
Pontos altos pra mim foram a ótima e muito bem executada "Handsome Devil"; a surpresa de "Headmaster Ritual" que não é das mais conhecidas e a já citada "Still Ill" que eu tinha mesmo expectativa de ouvir. Mas o ápice do show foi "Suedehead", da carreira solo de Morrissey, que o vocalista definiu como uma "quase Smiths". Eu já tinha visto pessoas cantarem juntas lá no RR&BC refrões conhecissimos e populares do rock como "can't buy me loooove" ou "smoooke on the water...", mas nunca tinha presenciado o bar todo em uníssono entoar um refrão, e assim foi com "i'm so sorry" de "Suedehead". Todos juntos. Lindíssimo. Verdadeiramente incrível!
Como se não bastasse tudo isso, me pegaram de surpresa com a inusitada "Last Night I Dreamt that Somebody Love Me" que invariavelmente me emociona. Nunca imaginei que fossem tocá-la até porque não foi dos hits da banda. O fato de ser a "cópia" dela não fez com que me tocasse menos e o resultado foi que quase cheguei às lágrimas.
Mas como disse o prórpio vocalista, Robeto Freitas, gostar de bandas como Smiths e Legião (que faria o show cover de fundo) não é pra qualquer um, "tem que ter sensibilidade" disse ele, ao que alguém respondeu de algum lugar da platéia, "tem que ter coração". E é mesmo. É por isso que um show assim consegue provocar todas estas reações. Os fãs de Smiths tem, sobretudo, coração.


Cly Reis