Um marco para os filmes de super heróis! "Batman, O Caveleiro das Trevas" definiu qual seria a direção que os longas da DC/WARNER tormariam da li para frente. Um clima realista, bem pesado e um grande vilão, são as principais marcas desse ótimo longa.
Após dois anos desde o surgimento do Batman (Christian Bale), os criminosos de Gotham City têm muito o que temer pois o vigilante agora conta com a ajuda do tenente James Gordon (Gary Oldman) e do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart) para limpar as ruas. Acuados com o combate, os chefes do crime aceitam a proposta feita pelo Coringa (Heath Ledger) e o contratam para combater o Homem-Morcego.
Sei lá, o visual é legal
mas ainda não é "o meu Bat"
Se o diretor Christopher Nolan já tinha nos acertado em cheio com o seu primeiro Batman, aqui ele nos dá um nocaute. Todos o personagens são bem construídos, a trama é super bem trabalhada, o clima fica tenso desde da cena inicial, com um fantástico assalto a banco até as últimas sequências onde se dá um combate com o Duas Caras. A fotografia e trilha contribuem para manter o clima sempre "dark". Em Gotham, tudo é muito escuro, a trilha sempre surge no momento certo, pesada, batendo com força. Não é um filme que se sustenta meramente pelos efeitos e ação. Sim, eles são utilizados, mas na medida certa, como nas cenas da explosão do hospital e do caminhão.
Christian Bale como Batman continua regular, não e o Batman que nos queremos, talvez nem seja o que precisamos, porém é o que temos. Falta desenvultura e imposição a ele como cavaleiro das trevas, coisas que sobram nele como Bruce. Aaron Eckhart está ótimo, até porque seu personagem, Harvey Dent, é muito bom e sua transição de herói para vilão faz todo sentido e você até o entende, a ponto de eu chegar a me colocar no lugar dele e pensar "será que eu não faria o mesmo?". Gary Oldman como comissário está mais uma vez bem e os outros personagens secundários como policias e mafiosos também conseguem transmitir seus problemas, raivas, loucuras, medos, ou seja, o elenco do filme todo funciona bem.
Uau, que caracterização! Que atuação fantástica!
O grande destaque do filme, é claro, Heath Ledger como Coringa. Sombrio, violento, estranho e louco (Louco? não! Louco não, não, não). Ledger foi um pouco mais longe do que os atores anteriores ao interpretar o personagem, que também tiveram grandes atuações. Ele não é mais um simples palhaço querendo diversão, que sai destruindo obras de arte (não pensem errado da minha pessoa, eu adoro aquela cena), agora ele é um homem de gostos simples,"Eu gosto de pólvora, dinamite e gasolina", como ele mesmo revela. A única coisa que temos certezas é que ele quer causar o caos, desequilibrar as coisas. "Eu não faço planos, sou apenas um agente do caos. E você sabe qual é a principal ferramenta pra se trazer o caos? Medo!". Sim ele causa muito medo. Não nos é contada a origem do persongem, nada sobre o passado dele antes de virar Gotham de pernas por ar é dito. Na verdade algumas coisa são ditas, porém são ditas pelo próprio Coringa, então, não temos como saber se é verdade ou não. Merecidamente, Heath Ledger levou o Oscar de melhor ator caodjuvante, por sua interpretação no filme, tornando-se o segundo ator a recebe um Oscar póstumo, já que já havia falecido, de maneira um pouco obscura, antes do lançamento filme.
O último ato do filme é seu único ponto baixo. Apesar daquela tensão das balsas, a solução "sociedade boazinha" não combinou muito com filme, e o destino do Duas Caras faz todo sentido na história, porem não era o que eu preferia. Com certeza é uma obra espetacular que vai além de simplesmente mostrar as aventuras de um super-herói. "O Cavaleiro das Trevas" aborda as loucuras de uma sociedade, e que tipo de consequências um cara fantasiado de morcego pode causar nela, boas e ruins. Tudo isso sem perder a essência Batman.
Um bom roteiro tem ótimas construções de personagens.
Gostei muito de ver que Heath Ledger, com sua brilhante atuação como Coringa em "O Cavaleiro das Trevas", levou o Oscar de coadjuvante derrubando as restrições da Academia, não apenas quanto a homenagens póstumas mas também quanto a personagens de quadrinhos.
Mais que merecida premiação.
Também gostei do fato de "O Curioso Caso de Benjamin Button" não ter ganho os principais prêmios, principalmente o de melhor filme. Ainda que reconheça o valor da direção de David Fincher, e mesmo sem ter visto ainda o grande vencedor "Quem quer ser um milionário", no qual aposto mais na qualidade, tenho certeza desde que assisti que "O Curioso Caso..." não tinha essa bola toda pra levar a grande estatueta da noite.
De resto achei a festa meio pobrinha. O Mestre de Cerimônias, Hugh "Wolverine" Jackman até brincou com a situação atual de crise mundial em um dos números musicais mas a coisa toda não me parece ter ficado só no campo da sátira. Acho que a contenção de gastos chegou a Hollywood também.
No geral, mesmo não tendo visto ainda todos os vencedores, me pareceu sem muitas grandes injustiças a premiação.
Infelizmente o último filme da trilogia dirigida pelo bom Christopher Nolan é o pior dos três episódios. Tinha grande expectativa, na época que saiu no cinema, acabei perdendo a oportunidade de ver em tela grande e agora vejo que não perdi grande coisa. Depois de uma boa introdução do personagem em "Batman Begins", de um filme convincente com uma atuação épica de Heath Ledger em "O Cavaleiro das Trevas", a nova aventura do Homem-Morcego, "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é, de certa forma, decepcionante. Filme fraco, inconsistente, o roteiro mais mal trabalhado dos três, situações extremamente inverossímeis e absurdas. Sei que para se ver um filme de super-herói, de quadrinhos tem que se estar com a mente aberta mas desta vez o Sr. Nolan forçou em alguns casos e abusou da boa vontade do espectador.
Até tem a alusão ao imperialismo americano, aos fundamentalistas islâmicos, ao terrorismo, etc., mas o que é, além de mal explorado e representado de forma duvidosa, insuficiente para segurar as pontas em uma trama tola e estapafúrdia.
Uma pena que exatamente o desfecho desta saga, conduzida por um dos meus diretores favoritos da atualidade, seja exatamente o mais fraco, quando o legal era que se tivesse um gran-finale épico. Se bem que, ainda que não tenha mais a mão deste diretor, o final do filme dá a entender que um novo início se escreve a partir dali. Vamos ver. Seria a chance de recuperação. Aguardemos um próximo.
2020 foi uma no esquisito! Tudo parou, coisas foram suspensas, canceladas, adiadas, e não foi diferente com a indústria cinematográfica. Por conta disso, a premiação do Oscar, que, a essas alturas já teria sido realizada, em circunstâncias normais, só agora teve divulgados os indicados das produções da última temporada.
Mas se a época foi complicada, repleta de interrupções percalços e dificuldades, não foi por isso que deixamos de ter grandes filmes e ótimos concorrentes este ano. "Mank", filme de David Fincher, lidera as indicações com 10 categorias, incluindo melhor filme mas, contra minhas apostas iniciais, fica fora de melhor roteiro. original, contudo, o número de indicações não lhe garante nenhum favoritismo prévio considerando que "Minari", de Lee Isaac Chung, e "Nomadland", de Chloé Zhao, vêm abocanhando as principais categorias em outras premiações,
Por falar em Chloé Zaho, o Oscar desse ano marca o ineditismo de, pela primeira vez, ter duas mulheres concorrendo na categoria de melhor direção, tendo a sul-coreana a concorrência de Esmerald Fennel, por "Bela Vingança".
No que diz respeito a nós brasileiros, a expectativa que se alimentava de que "Bacurau" pudesse ter indicações, acabou não se materializando, mas, certamente, não é nada que desmereça a qualidade do filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, que já faturou o prêmio do júri de Cannes, no ano passado.
No que diz respeito a atuações, Chadwick Boseman, a exemplo de Heath Ledger, foi indicado a prêmio póstumo por seu papel em "A Voz Suprema do Blues" e, assim como o brilhante Coringa, tem boas chances de ter premiada sua interpretação; na parte musical, a curiosidade fica por conta dos Nine Inch Nails, Trent Raznor e Atticus Ross, já vencedores por "A Rede Social" , que dessa vez tem dupla chance de ganhar, concorrendo por dois filmes, "Mank" e "Soul", filme da Pixar que, por sinal também tem grandes chances na categoria de animação.
A cerimônia de premiação acontece, dessa vez, em 25 de abril então a gente aproveita para deixar você a par de todos os indicados pra você aproveitar esses novos tempos em que, em parte por causa da pandemia, em parte por conta de novos hábitos e tendências, muitas das produções estão disponíveis, desde já, em plataformas de streaming.
Dá uma conferida na lista aí abaixo, prepara a pipoca e cai dentro dos aplicativos na Smart TV.
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Melhor Filme
Meu Pai
Judas e o Messias Negro
Mank
Minari
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Melhor Direção
Chloé Zhao – Nomadland
Thomas Vinterberg – Another Round
David Fincher – Mank
Lee Isaac Chung – Minari
Emerald Fennell – Bela Vingança
Melhor Ator
Riz Ahmed – O Som do Silêncio
Chadwick Boseman – A Voz Suprema do Blues
Anthony Hopkins – Meu Pai
Gary Oldman – Mank
Steven Yeun – Minari
Melhor Atriz
Viola Davis – A Voz Suprema do Blues
Andra Day – The United States vs. Billie Holoday
Vanessa Kirby – Pieces of a Woman
Frances McDormand – Nomadland
Carey Mulligan – Bela Vingança
Melhor Ator Coadjuvante
Sacha Baron Cohen – Os 7 de Chicago
Daniel Kaluuya – Judas e o Messias Negro
Leslie Odom Jr. – Uma Noite em Miami
Paul Raci – O Som do Silêncio
LaKeith Stanfield – Judas e o Messias Negro
Melhor Atriz Coadjuvante
Maria Bakalova – Borat: Fita de Cinema Seguinte
Glenn Close – Era Uma Vez um Sonho
Olivia Colman – Meu Pai
Amanda Seyfried – Mank
Yuh-jung Youn – Minari
Melhor Roteiro Original
Judas e o Messias Negro
Minari
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Melhor Roteiro Adaptado
Borat: Fita de Cinema Seguinte
Meu Pai
Nomadland
Uma Noite em Miami
O Tigre Branco
Melhor Fotografia
Judas e o Messias Negro
Mank
Notícias do Mundo
Nomadland
Os 7 de Chicago
Melhor Figurino
Emma
A Voz Suprema do Blues
Mank
Mulan
Pinóquio
Melhor Trilha Sonora Original
Destacamento Blood
Mank
Minari
Notícias do Mundo
Soul
Melhor Canção Original
“Fight For You” – Judas e o Messias Negro
“Hear My Voice” – Os 7 de Chicago
“Husavik” – Festival Eurovision da Canção
“Io Si (Seen)” – Rosa & Momo
“Speak Now” – Uma Noite em Miami
Melhor Design de Produção
Meu Pai
A Voz Suprema do Blues
Mank
Notícias do Mundo
Tenet
Melhor Edição
Meu Pai
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Melhores Efeitos Visuais
Lov and Monsters
O Céu da Meia-Noite
Mulan
O Grande Ivan
Tenet
Melhor Cabelo e Maquiagem
Emma
Era Uma Vez Um Sonho
A Voz Suprema do Blues
Mank
Pinóquio
Melhor Produção de Som
Greyhound
Mank
Notícias do Mundo
Soul
O Som do Silêncio
Melhor Documentário
Collective
Crip Camp: Revolução pela Inclusão
The Mole Agent
My Octopus Teacher
Time
Melhor Filme Estrangeiro
Another Round (Dinamarca)
Better Days (Hong Kong)
Collective (Romênia)
The Man Who Sold His Skin (Tunísia)
Quo Vadis, Aida? (Bósnia)
Melhor Filme de Animação
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
Over The Moon
Shaun, o Carneiro: O Filme – A Fazenda Contra-Ataca
Gotham City, 1981. Em meio a uma
onda de violência e a uma greve dos lixeiros, que deixou a cidade imunda, o
candidato Thomas Wayne (Brett Cullen) promete limpar a cidade na campanha para
ser o novo prefeito. É neste cenário que Arthur Fleck (Joaquin Phoenix)
trabalha como palhaço para uma agência de talentos, com um agente social o
acompanhando de perto, devido aos seus conhecidos problemas mentais.
Uma direção perfeita,
tecnicamente impecável, uma atuação espetacular, uma das melhores construções
de arco de personagem que já vi, fazem de “Coringa” uma obra de arte, que, no entanto, pode vir a se tornar extremamente perigosa se for interpretado de certas maneiras.
É, mas o fato de classificá-lo como perigoso, não deixa de ser também um mérito, uma vez que mostra o personagem principal como um homem que apenas está respondendo, tomando ações para
confrontar a forma com que pessoas e o sistema, o tratam, levando um cidadão a atitudes e ações extremamente violentas, que na
obra, dentro deste contexto, acabam mostrando-se justificadas. E digo que pode ser perigoso, no caso de qualquer um assistir ao filme e acabar se identificando com Arthur (o que é bem possível devido ao realismo da
trama) e tudo aquilo servir como inspiração e um gatilho para atitudes
parecidas. Então, cuidado! Procure conversar com alguém sobre o filme, ok?
Como obra cinematográfica, o
longa chega perto da perfeição. Desde de um roteiro bem escrito, uma fotografia
sublime, e uma direção que sabe o quequer, onde pretende chegar e nos levar. Mas o que torna o filme realmente
memorável é atuação de Joaquin Phoenix. O homem está possuído em cena! Tudo,
definitivamente TUDO, que ele faz no filme é ESPETACULAR! Uma atuação com o
corpo todo, uma fisicalidade assustadora e visceral. Seus olhares, suas falas, até
os momentos que está em silencio conseguem ser espetaculares. Me chamou muito
atenção a mudança de postura de Arthur quando se transforma em Coringa: deixa de
ser aquela pessoa com aparência fraca, corcunda para se tornar um homem poderoso,
intimidador.
Um dos melhores estudos e
construção de personagem dos últimos tempos no cinema. Um protagonista que sai do ponto
A e vai até o ponto B muito bem conduzido pelo roteiro e direção, o que é ótimo de observar. Ver que ao final da história,
não só o personagem mudou você também mudou. Isso é cinema e o seu melhor como
arte. Aquilo que instiga, faz refletir e ainda é delicioso de se assistir. E como se não bastasse tudo isso, "Coringa" é uma bela homenagem a Scorsese e seu cinema da nova Hollywood.
Vá
com calma, acompanhe toda jornada desse palhaço louco, tenha medo, mas não
deixe de acompanhá-lo pelas perigosas ruas deNova..ops.. , quero dizer... Gotham.
Pura genialidade! Uma aula de atuação.
Algo que não se esquece tão cedo.
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A descida ao inferno
por Daniel Rodrigues
Poucos filmes me geraram tamanha expectativa antes de assisti-lo como “Coringa”, de Todd Phillips. Mas neste caso, foi mais do que expectativa: foi medo mesmo. Medo de ficar decepcionado com a comum ideologização permeada de parcialidade do cinema comercial norte-americano, com a superficialidade com que tratam muitas vezes assuntos profundos ou, pior, com a recorrente banalização de temas ricos como se fossem apenas produtos de entretenimento. Geralmente tento estar com a mente aberta ao que o filme me trará, não raro sem ler nada a seu respeito antes. Mas com Coringa era impossível, pois tinha receio que o deturpassem, e isso me irritaria muito, uma vez que me é um personagem caro. Já não basta o que fizeram com o seu arquirrival, Batman, cuja DC Comics, sem controle de seu personagem mais icônico na transposição para o cinema – diferentemente da Marvel para com as suas marcas – deixou que o Homem-Morcego fosse mais inexpressivo que os vilões nas versões de Tim Burton, virasse um existencialista falastrão na trilogia de Christopher Nolan e alterasse totalmente o porquê de seu embate com Superman por pura falta de colhões em reproduzir a obra original dos quadrinhos.
Com o Coringa não podiam cometer o mesmo erro. Não podiam desperdiçar uma mitologia tão rica, a oportunidade e contar uma história inigualavelmente promissora como ainda não se tinha feito. Quem como eu acompanhou os HQ’s de Batman nos anos 80 e 90 sabe o quanto este personagem é especial e – mesmo com o fio condutor que monta a sua biografia desde que foi criado – complexo. E foi exatamente isso que o filme de Phillips conseguiu: construir um personagem denso e crível, não apenas respeitando a sua saga como amarrando aspectos sociológicos e psicológicos com surpreendente minúcia.
O ponto que mais me preocupava antes de assistir era o de se querer dar a um maníaco assassino como Coringa um caráter meramente vitimista para sustentar o clichê de que a sociedade moderna é a principal responsável por criar monstros como ele. Subterfúgio, claro, usado unicamente para imobilizar as consciências e manter tudo como está em favor daqueles que comandam o sistema. É quase isso, uma vez que a opressão social, política, ideológica e a consequente invisibilidade que esta condição subalterna dá aos desfavorecidos ou diferentes como ele é, sim, combustível para a formatação da persona Coringa a que o personagem Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) acaba por assumir em sua caminhada de loucura e dor. O problema é que Coringa é um velho conhecido, uma vez que não se trata de um personagem como os de vários filmes em que os elementos narrativos vão dando subsídios para que se construa do zero na cabeça do espectador o psicológico e a identidade dele. Trata-se, no caso do principal vilão dos quadrinhos do Batman – quiçá de toda a história dos HQ’s – de uma “pessoa” a quem já se sabe onde vai chegar e quais os traços essenciais o compõem enquanto sujeito. Ou seja: precisavam ser bastante críveis para me convencer.
Por isso, a questão é mais profunda quando se fala em Coringa. Entretanto, o roteiro do filme é muito feliz ao abarcar todos esses aspectos e ir ao cerne das coisas. Além da visível esquizofrenia e a propensão à psicopatia, controladas até certo ponto pelo sistema através não só de medicações como da opressão social, há nele uma motivação estritamente subjetiva e humana, que é a família. O histórico de maus tratos, o desajuste familiar e a condição de pobre, inadequado e fracassado poderiam até ser equalizadas se continuasse levando uma vida medíocre e sem visibilidade como de fato tinha.
Mas é a perda da figura central da mãe (a quem ele duplamente perde, simbólica e materialmente, uma vez que ele mesmo a mata) a chave para o desencadeamento do que lhe havia de pior, para que se concretizasse o Coringa que conhecemos. Representa a ruptura, a definitiva descida ao que estava represado, a qual o cenário da escadaria simboliza na trama o caminho: para cima, a redenção, para baixo, o inferno. A mãe, única pessoa a quem ele podia dedicar carinho, era a como o pino de uma granada: se fosse removida, a bomba explodiria. E foi. Uma justificativa altamente plausível que, aí sim, juntada aos fatores externos da igualmente violenta sociedade é um prato cheio para o surgimento de indivíduos perigosos como Coringa. Ele é vítima, sim, mas é também produto do descuido da sociedade para com o dessemelhante, o cidadão não-comum, que não se encaixa nos padrões estabelecidos. Fosse pelo talento de artista, a encarnação do dualístico e bufão clown, fosse pela loucura latente que lhe prejudicava a socialização, nunca lhe deram atenção. Ninguém. Sua resposta veio em forma de um empedramento doentio e de vingança. Agora teriam que lhe dar atenção, da pior maneira possível.
O ótimo resultado de “Coringa” é em grande parte fruto da atuação exuberante de Phoenix – o que, aliás, mesmo com a desconfiança do que o filme apresentaria, tinha certeza de que seria brilhante. A construção que Phoenix dá a Coringa considera a trajetória dos HQ’s, a literatura, o imaginário social e todos os outros que vestiram o personagem antes dele no audiovisual. É possível enxergar Jack Nicholson, Heath Ledger, Cesar Romero e Jared Leto, assim como estão ali o Coringa dos HQ’s “A Piada Mortal”, “Asilo Arkham” ou “O Cavaleiro das Trevas”. Porém, Phoenix, até por esta capacidade cênica muito sensível de síntese, consegue o feito de superar todos.
Mas fora o encanto que protagonista causa, tudo funciona em “Coringa”. A obra, mesmo que tenha na atuação justificadamente a sua maior força, é incrivelmente coesa, harmônica, forte e crítica. Um tapa na cara sem concessões ao modo de vida norte-americano e ao que a nação mais rica do mundo vende ao mundo como modelo de felicidade. Além disso, a fotografia suja e fantasmagórica, a trilha sonora econômica e muito bem escolhida, a direção de arte impecável e a edição, que faz questão de deixar subentendimentos em nome do foco da narrativa, são igualmente destaques.
Dentro da crítica aos modelos norte-americanos que o longa traz, a referência a dois filmes de Martin Scorsese – não à toa ambos estrelados por Robert De Niro, brilhante no papel do apresentador de tevê Murray Franklin – são sintomáticas. Primeiro, “Taxi Driver” (1976), quando Arthur, em seu mundo interno, aponta um revólver para a televisão e para os “inimigos imaginários” de sua sala. A condição de degradação mental a que o ex-combatente do Vietã vivido por De Niro e a de um rejeitado como Arthur são sujeitados expõe o quanto a política dos Estados Unidos é capaz de gerar indivíduos tão desassistidos e doentes. Igualmente, “Coringa” retraz, ao abordar o stend-up comedy e os programas de auditório em que as massas riem do que lhe é imposto como piada, o controvertido “O Rei da Comédia” (1983). Naquele, a piada sem/com graça é o sequestro do astro da televisão Jerry Langford (Jerry Lewis) pelo obsessivo e igualmente invisível Rupert Pupkin (De Niro) para que este apresentasse seu número no lugar do apresentador oficial. A reflexão que “Coringa” levanta, assim como o filme de Scorsese, é um questionamento do que é “felicidade” numa sociedade acrítica e controlada pela indústria do entretenimento como a atual.
“Coringa” não tem nada a ver com os filmes de super-heróis explosivos, frenéticos e plastificados como os que Hollywood vem fazendo às pencas. É um drama sobre uma pessoa inventada mas talvez tão mais real quanto um ser humano de carne e osso. Um drama sobre um triste arquétipo da doença e da violência as quais somos submetidos hoje. Um drama sobre alguém que bem que poderia existir. E será que não existe mesmo?
Coringa na escadaria: a definitiva descida para o seu inferno interior
Consegue reunir ingredientes interessantes o suficiente para "pegar" o espectador.
Com imagens bem realistas de uma favela indiana e da pobreza em que vivem seus habitantes, o filme apresenta um retrato social cru, retratando toda a dificuldade da vida nas ruas e a violência desse universo, contrapondo no entanto com bom humor em algumas situações inusitadas e divertidas, e com o romance vivido pelo protagonista Jamal e sua amada Latika.
Além destes elementos que garantem o interesse crescente, fica no ar, intercalando com o decorrer da trama, a expectativa sobre o desfecho da participação de Jamal, já adulto, em um programa milionário de perguntas e respostas na TV, no qual ele está prestes a se tornar um milinário, e cujas cenas são apresentados de forma brilhante pelo diretor Danny Boyle (Trainspotting) ora como bastidores, ora como se estivéssemos assistindo na TV, também.
Não é o melhor filme de todos os tempos, não é sequer o melhor dos útimos tempos mas tem méritos os suficiente para ter ganho os prêmios que ganhou neste ano se comparado, por exemplo, ao seu mais forte concorrente "Benjamim Button".
Tenso, forte, dinâmico, romântico, colorido e divertido!
um filme assim, com este tipo de retrato social, ganhando a categoria principal do Oscar, acaba de abrir definitivamente as portas para que um filme brasileiro ganhe em breve uma estatueta de Melhor Filme Estrangeiro, que é tão aspirada por nós brasileiros nos últimos tempos, mas que às vezes dá na trave exatamente porque a academia não gostam muito dessa coisa de realidade social de países mais pobres.
Talvez caia o preconceito, afinal este ano mesmo já cairam alguns como, por exemplo, um deste filme mesmo, que falado parcialmente em outra língua, coisa que eles não aprovam muito para a categoria principal; ou mesmo o tabu de Heath Ledger que foi premiado por uma produção inspirada em quadrinhos, o que também não é muito do gosto da Academia de Artes Ciematogáraficas de Hollwood, além do fato de ser um prêmio póstumo, o que também era uma barreira até então.
O cinema é capaz de mexer
com as nossas emoções como pouca coisa consegue, mesmo a gente sabendo que, na
grande maioria das vezes, aquilo que estamos vendo seja apenas uma encenação.
Somos, com total aceitação, levados a acreditar na “mentira” e com ela se comover.
Jean-Claude Carrière, fascinado por essa magia que talvez apenas o cinema tenha
no universo das artes, comenta em seu “A Linguagem Secreta do Cinema” que os
instrumentos de persuasão do cinema podem parecer simples: emoção, sensação de
medo, repulsa, irritação, raiva, angústia. Mas, pontua ele, “na realidade, o processo é muito mais
complexo”, provavelmente até indefinível.
“Envolve os mais secretos mecanismos do nosso cérebro, incluindo, talvez a preguiça,
a natural indolência, a disposição para renunciar às suas virtudes por qualquer
adulação.”
Isso explica em parte porque
sentimos tanto medo de alguns personagens. E não estou falando apenas dos
assassinos dos filmes de terror: há pessoas (afinal, acreditamos que elas,
mesmo lá dentro da tela, existam de verdade) que, mesmo num drama ou outro
gênero menos horripilante nos provocam igual sensação de temor. Quando essa
magia intrínseca do cinema observada por Carrière se junta ao talento de
cineastas e atores, a química é bem dizer infalível. Aí, soma-se a isso ainda nossa
aceitação quase pueril ao que vemos e dá pra imaginar o que acontece: frio na espinha.
Ainda por cima, o universo
dos vilões aterrorizantes é inegavelmente fascinante. Quem, mesmo tremendo as
pernas a cada gesto que o dito cujo venha a dar, não aprecia (ou pelo menos
reconhece que é sui genneris) a
figura de um Freddy Krueger ou Michael Myers? Mas, como disse, não tratamos
aqui somente dos carniceiros, afinal, destes é até previsível que imputem medo.
Elencamos aqueles personagens e seus respectivos atores cujos papeis são tão
críveis que não faríamos nenhuma questão de cruzar com eles algum dia na vida –
e não precisa nem ser uma pessoa, inclusive.
O penetrante olhar do canibal Lecter.
1 – Hannibal Lecter (Anthony Hopkins)
O absolutamente frio
psiquiatra, que atravessou a fronteira da sanidade para passar a matar por
prazer – às vezes, até se alimentando de suas vítimas, dando-lhe o simpático
apelido de Hannibal “Canibal” –, é provavelmente o mais célebre psicopata da história
do cinema. Hopkins, com talento e muita sensibilidade, dá vida ao personagem do
escritor Thomas Harris, o qual aparece pela primeira vez na tela no clássico “O Silêncio dos Inocentes” (Demme,
1991). Continuou assustador em outros longas, “Hannibal” (2001), “Dragão
Vermelho” (2002) e “Hannibal - A Origem do Mal” (2007), mas vê-lo no primeiro e
disparado melhor da série é até hoje imbatível em termos de qualidade cênica –
e de medo também.
2 – Norman Bates (Anthony Perkins)
É inegável que as patologias
psíquicas dão muito substrato para a criação deste tipo de personagem, seja na
literatura ou no cinema. E claro que os diversos transtornos mentais existentes
são um prato cheio para roteiristas. Norman Bates, psicótico atormentando pelo
Complexo de Édipo encarnado como jamais o próprio Perkins conseguiu igualar, é
até hoje um enigma que desafia os psiquiatras. Mas numa coisa todo mundo
concorda: o cara dá medo pacas! Com a mão habilidosa de Alfred Hitchcock, "Psicose", de 1960,tem talvez o melhor personagem de um thriller no melhor filme do mestre do suspense.
Monólogo final de Norman Bates - "Psicose"
Pacino, mais assustador que
muito serial-killer.
3 – Michael Corleone (Al Pacino)
Os filmes de máfia são
recheados de personagens marcantes e não raro assustadores, pois altamente
violentos. Porém, talvez pelo tratamento literário de drama dado por Mario Puzo,
pela escolha acertada de Coppola do jovem Pacino para o papel e, obviamente, pelo
talento do ator, nenhum se compare ao filho mais novo de Don Corleone. Empurrado
pelo destino para o crime organizado, o ex-oficial do Exército tornou-se, mais
do que qualquer outro de seus irmãos, o chefão mais impiedoso e frio da cosa nostra. Se no primeiro longa vê-se
sua conversão à máfia até a natural sucessão ao pai, em "O Poderoso Chefão - parte 2", de 1974, ele está mais apavorante do
que muito serial killer. Com um
olhar, ele faz qualquer um congelar. Poderoso, dá-se direito a qualquer coisa,
e nunca se sabe o que está maquinando naquela mente obsessiva. Coisa boa, não
é. Seja nos acessos de raiva, seja no mais contido e calculista silêncio,
Michael é apavorante.
Close com um sorriso nada covidativo.
4 - Alex Forrest (Glenn Close)
Não são apenas homens que
fazem o espectador arrepiar. A maníaca de Alex Forrest, de “Atração Fatal” (Lyne, 1988), vivida por Glenn Close, é o melhor
exemplo. Inconformada com um “pé na bunda” que levara de um homem casado, Dan
Gallagher (Michael Douglas), com quem tivera um caso, ela passa a persegui-lo e
a assombrar não apenas a ele, mas toda a sua família. Memoráveis cenas, como a
do coelhinho de estimação da filha de Dan cozinhando na panela ou quando,
depois de uma briga em que ele quase a estrangula, ela solta um sorriso
horripilante, não deixam dúvida da força dessa personagem. Aliás, através da
psicopatia, um símbolo à época do novo comportamento feminino, que não aceita
mais a imposição machista nas relações. Não tem mais perdão: traiu, é
penalizado.
5 - Alien (Bolaji Badejo)
Na magia do cinema, o medo
pode vir da maneira que se bem entender. Pois não é a forma humana do ator
nigeriano Bolaji Badejo que configura o seu personagem mais marcante. É a
fantasia que ele veste, a do extraterrestre mais apavorante do cinema: Alien. Vários da mesma espécie dão as
caras no bom “Aliens - O Resgate” (Cameron, 1986) e nas desnecessárias
sequências. Mas nada se compara à excelente ficção-terror de 1979, de Ridley
Scott, em que apenas um exemplar da espécie vai parar dentro da nave espacial
em uma missão cheia de problemas. Um, aliás, é mais que suficiente para botar
terror em todo mundo. O mais interessante é que o bicho não é muito visto, pois
há o recurso fotográfico e cênico de dificultação do olhar, como pede um bom thiller. O vemos de fato, por inteiro e
em luz suficiente, apenas mais para o fim da fita, quando o clímax já está lá
em cima. Aí, só resta se segurar na poltrona.
Cena do gato de Ripley - "Alien, o oitavo passageiro"
O Cady da primeira e o da segunda vaersão.
6 - Max Cady (Robert De Niro)
Um dos maiores atores da
história, De Niro de tempo em tempo encarna figuras assustadoras, desde o
taxista louco de “Taxi Driver’ até o comerciante de escravos Rodrigo Mendoza de
“A Missão”. Mas nada se compara a Cady, em que revive o já ótimo personagem de Robert
Mitchum na versão que inspirou Martin Scorsese a rodar "Cabo do Medo", de 1991 (“Círculo
do Medo”, 1962). União de QI elevado e músculos, o algoz da família
Bowden é capaz de, aliado à abordagem do roteiro, confundir os papeis de vilão
e herói. Quem é mais filha da puta ali: o ex-presidiário que se vale da
liberdade para perseguir os outros, o advogado que o prendeu deliberadamente, a
esposa conivente ou as leis da sociedade, interpretáveis e permissivas?
7 - HAL-9000 (Douglas Rain – voz)
Quem disse que só a
violência do homem ou a selvageria do bicho podem assustar? A inteligência,
quando direcionada para o lado ruim, é devastadora. Ainda mais quando essa
inteligência for artificial, como a do computador HAL-9000, o cérebro-mãe da
nave especial de "2001: Uma Odisseia no Espaço"(1968). Kubrick e Clarke criam o personagem mais estático e, talvez
até por isso, amedrontador do cinema moderno. Mirar aquele seu “olho” de plástico
é deparar-se com a frieza inumana capaz das piores coisas. Através de
meticulosos comandos, a máquina, rebelde e neurótica, põe à sua mercê toda a
tripulação, afetando, mesmo depois de “morto”, toda a expedição. Detalhe: a voz
original de Douglas Rain já é suficientemente aterradora, mas a da dublagem
para o português, feita pelo célebre Marcio Seixas na clássica versão da
Herbert Richards, consegue superar.
Dublagem clássica de HAL-9000 - "2001: Uma Odisseia no Espaço"
8 - Zé Pequeno/Dadinho (Leandro Firmino da Hora/ Douglas Silva)
Tem que ser muito sem noção
para dizer para um mal-encarado “como é
que tu chega assim na minha boca?!” Não precisa ser cinéfilo pra conhecer a
resposta que é dada, pois é naquela cena que um dos personagens mais incríveis
do cinema dos últimos 30 anos surgia ainda mais temível. Se o pequeno Dadinho
já apavorava por se ver uma criança com sede de matar nos olhos, o jovem
traficante vivido magistralmente por Firmino em “Cidade de Deus” (2002),
então, “lavou a égua” neste quesito. Violento, entorpecido, marginal, cruel.
Como não esbugalhar os olhos quando esse cara manda matar uma criança pequena a
sangue frio? Ninguém se meta com Dadinho! Ops! Agora é Zé Pequeno, foi mal aí.
O brilhante personagem de Barden.
9 - Anton Chigurh (Javier Barden)
Os irmãos Cohen são mestres
do anticlímax, uma vez que seus filmes se valem largamente desse expediente,
usado por eles com muita habilidade de forma a gerar impactos surpreendentes no
espectador pelo jogo oportuno de quebra ou confirmação da expectativa. O
personagem Anton Chigurh, encarnado por Javier Barden no faroeste moderno"Onde Os Fracos Não Tem Vez"(2007), é
montado todo em cima dessa premissa. Absolutamente inexpressivo e
unidirecional, o psicótico Anton não sente nada, apenas mata. A naturalidade
com que ele elimina suas vítimas não tem glamour nenhum. Ele simplesmente pega
e mata, e nada é capaz de freá-lo. Fora isso, dá um pavor danado sempre que ele
aparece com aquela arma de ar comprimido.
10 - Harry Powell (Robert Mitchum)
“Lobo em pele de cordeiro” é
a melhor definição para Harry Powell. Afinal, quem desconfiaria que um pastor
aparentemente cheio de boas intenções se revelaria um tirano doméstico da pior
espécie? Se a interpretação de Mitchum fora superada pela de De Niro como Max
Cady, esta de "O Mensageiro do Diabo"(Laughton,
1955) fica para a história do cinema como uma das mais fortes e impressionantes
já vistas nas telas. Filme impecável, também mas não apenas pelas atuações. Mas
Mitchum, inegavelmente é o destaque.
"Amor-Ódio" - "O Mensageiro do Diabo"
Mais insano que qualquer outro Coringa.
11 – Coringa (Heath Ledger)
O alucinado e diabólico
vilão das histórias do Batman é um dos personagens mais originais da cultura
pop mundial. Interpretá-lo é, obviamente, um privilégio. George Romero o fez
muito bem na série e até o craque Jack Nicholson mandou muito bem no papel, mas
nada se compara ao que Heath Ledger fez em "O Cavaleiro das Trevas" (Nolan, 2008). Ele encarna Coringa, a ponto de,
dizem, amaldiçoar-se, haja vista que morreu logo depois das filmagens. Ledger
achou como poucos atores para o limiar entre a loucura e a lucidez, entre o
burlesco e o austero. Menção que não podia deixar de faltar na lista.
12 - Jack Torrance
(Jack Nicholson)
Se Stanley Kubrick já conseguira assustar com um computador,
imagina quando ele volta toda a história para isso. É o caso do perfeito "O Iluminado"(1979), outra das
obras-primas do cineasta costumeiramente reconhecido como o grande filme de
terror de todos os tempos e a melhor adaptação de Stephen King para as telas.
Mas seu impacto certamente não seria o mesmo se não tivesse a força de
Nicholson no papel de Jack Torrance. Ele vale-se de toda sua técnica e
sensibilidade cênicas a serviço da construção do personagem que vai perdendo o
controle de sua sanidade, pois, mediunicamente vulnerável, sucumbe aos
espíritos “sanguessugas” ligados àquele que Jack foi na vida passada: um serial killer que matou toda sua
família.