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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

"Elvis", de Baz Luhrmann (2022)




“Elvis” é vibrante, é bem dirigido, tem boas atuações, direção de arte perfeita, é feito com o coração, é tecnicamente de alto nível mas... não emociona. Aprendi que, com cinema, não é certo nutrir expectativas em relação a um filme antes de vê-lo. No máximo, permito-me ler a sinopse previamente quando não tenho ideia do que se trata. Mas quando o assunto é a cinebiografia do maior astro da música pop de todos os tempos, essa relação é necessariamente diferente. Afinal, é impossível dissociar o fã do crítico em se tratando de Elvis Presley. Ambos são os espectadores capazes de entender o filme do australiano Baz Luhrmann, que assisti em uma sessão especial no GNC Cinemas do Praia de Belas Shopping.

Incluo-me nesta dupla avaliação por três motivos. Primeiro, porque soaria ilógico abordar um ícone tão popular a quem todos de alguma forma são tocados de maneira distanciada. Segundo, porque, neste caso, a admiração ao artista, dada a dimensão inigualável deste para a cultura moderna, colabora com a avaliação, visto que imagem pública e carisma se balizam. Ainda, em terceiro, mesmo que desprezasse essa abstenção, a avaliação final não muda, pois talvez só a reforce.

Afinal, “Elvis” é, sim, um bom filme. Além da caracterização e atuação digna de Oscar de Austin Butler no papel do protagonista, bem como a de Tom Hanks na pele do inescrupuloso empresário de Elvis, Tom Parker, há momentos bem bonitos e reveladores. Um deles é como se deu toda a concepção do histórico show “From Elvis in Memphis”, gravado pelo artista ao vivo em 1969, evidenciando os desafios e êxitos daquele projeto ambicioso. Igualmente, o momento do "batismo" do pequeno Elvis na igreja evangélica ainda no Tenessee, quando, em transe, conhece a música negra na voz de ninguém menos que Mahalia Jackson.

O pequeno Elvis sendo batizado pela música e a cultura negra 

No entanto, essa sensação é um dos sintomas de não inteireza do filme, percepção que passa necessariamente pela parcialidade crítica. Em qualquer obra artística, quando partes são destacadas, como retalhos melhores que outros, algum problema existe. É como um quadro com traços bonitos, mas de acabamento mal feito, ou um disco musical com obras-primas no repertório, mas desigual por conta de outras faixas medíocres. Luhrmann é bom de estética, mas cinema não é somente isso. A estética precisa funcionar a favor da narrativa e não se desprender dela. Se fosse somente isso, seria exposição de arte ou desfile de moda. Aí reside uma das questões do filme: a sobrecarga de estetização – inclusive narrativa. Além de prejudicar a continuidade, resulta nestes espasmos catárticos ajuntados e não integrados.

Por isso, a narrativa, na primeira voz de Parker, parece, ao invés de solucionar um roteiro biográfico não-linear (o que é lícito, mas perigoso), prejudicar o todo, desmembrando em demasia os fatos uns dos outros. O ritmo começa bastante fragmentado, tenta se alinhar no decorrer da fita, mas a impressão que dá é que em nenhum momento estabiliza, como se, para justificar uma narrativa criativa e "jovem", lançasse de tempo em tempo dissonâncias que tentam surpreender, mas que, no fundo, atrapalham. O cineasta, aliás, tem histórico de resvalo nesta relação forma/roteiro. Havemos de nos lembrar de “Romeu + Julieta”, de 1997, seu primeiro longa, totalmente hype visualmente mas em que o diretor preguiçosamente delega o texto para o original de Shakespeare, resultando num filme desequilibrado do primeiro ao último minuto.

Butler ótimo como Elvis: digno de Oscar

O positivo em casos assim é que a probabilidade de agradar pelo menos em lances esporádicos é grande. A mim, por exemplo, não foi o clímax (a meu ver, um tanto apelativo e simplório) que tocou, mas, sim, cenas talvez nem tão notadas. Uma delas, é a escapada de Elvis para a noite no bairro negro à mítica Beale Street, em Memphis. O que me encheu os olhos d'água não foi nem o Rei do Rock trocando ideia com B.B. King (ao que se sabe, licença poética do roteirista) ou assistindo tête-à-tête Sister Rosetta Tharpe e Little Richard se apresentarem, mas a chegada do já ídolo Elvis ao local. Ele é respeitosa e admiravelmente recebido pelos negros e não com histeria como já o era em qualquer outro lugar que fosse. É como se os verdadeiros criadores do rock 'n' roll, gênero musical a que muitos ainda hoje atribuem roubo cultural por parte de Elvis, lhe admitissem, dizendo: "Tudo bem de você circular entre nós. Você é um dos nossos".

Outra cena que me emocionou foi a do show na reacionária Jacksonville, na Florida, em 1955, quando Elvis, indignado com as imposições da sociedade moralista, resolve não obedecer que o censurem de cantar e dançar do seu jeito julgado tão transgressor para a época. Claro, que deu tumulto. Aquilo é o início do rock. O gênero musical, misto de country e rhythm and blues, os artistas negros já haviam inventado. Mas a atitude, tão essencial quanto para o que passaria a ser classificado como movimento comportamental de uma geração, nascia naquele ato. Ali, naquele palco, estão todos os ídolos do rock: Lennon, RottenJim, JaggerNeil, Jello, PJ, Hendrix, Kurt, Ian, Rita, Iggy e outros. Todos são representados por Elvis. Impossível para um fã ficar impassível. Além disso, a sequência é filmada com requintes técnicos (troca de ISO, edição ágil, uso de foto P&B, etc.) que lhe dão um ar documental ideal. Aqui, Luhrmann acerta em cheio: estética a serviço do roteiro.

O polêmico show Jacksonville recriado por Luhrmann: o início do rock

Por outro lado, há desperdícios flagrantes. As primeiras gravações do artista, feitas para a gravadora Sam Records, entre 1954 e 55, um momento tão mágico e gerador de um dos registros sonoros mais sublimes da cultura moderna, são abordadas somente en passant. Algo que seria bastante explorável em uma cinebiografia que intenta fantasia.

Todos esses motivos justificam o olhar não só do crítico como também o do fã, uma vez que um embasa o outro. Se o filme é bom, mas não decola, é justamente porque o primeiro condiciona-se a avaliar tecnicamente, mas quem tem propriedade - e direito - de esperar ser encantado pela obra é quem curte de verdade Elvis e rock 'n' roll. Pode ser que tenha obtido sucesso com muita gente, mas a mim não arrebatou. Uma pena. A se ver que as cinebiografias de Freddie Mercury e Elton John, artistas que nem gosto tanto quanto Elvis, me arrebataram e esta, não. Não saí com uma sensação negativa, mas com a de que se perdeu uma oportunidade de ouro. “It’s now or never”? "Now", pelo menos, não foi.

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trailer do filme "Elvis", de Baz Luhrmann



Daniel Rodrigues


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Elvis Presley - "Elvis" (1956)

"Elvis atingiu um novo
patamar de degeneração espiritual"
Reverendo Gray
da Igreja Batista da Trindade,
em 1956



É impossível, inadmissível, inaceitável falar em algo fundamental na história do rock, na história da música, na história do mundo até mesmo, sem falar em Elvis Presley. Acho até que já me demorava demais para incluí-lo aqui. Se seu primeiro disco "Elvis Presley" de 1956 fora o responsável por lançá-lo, por impulsioná-lo, torná-lo conhecido, foi verdadeiramente no segundo que ele obteve um resultado mais maduro, pessoal e mais qualificado. Ao passo que o primeiro trabalho era ainda cru, excessivamente influenciado pelos ritmos sulistas brancos por conter as músicas da época de sua primeira gravadora, a Sun Records, no segundo disco simplesmente chamado "Elvis" de 1956, o Rei do Rock colocaria sua marca particular de forma mais incisiva criando releituras todas especiais de sucessos da música negra. Ainda que aquilo representasse musicalmente um marco, uma revolução e sucesso comercial entre os jovens, essa coisa toda de ficar cantando música de negros não caía bem entre a sociedade conservadora branca, mas curiosamente não descia bem na goela do negros também, que não gostavam muito da ideia daquele branquelo se aproveitar do que eles faziam bem e há muito mais tempo sem ter o reconhecimento que aquele garoto vinha tendo então.
O fato é que provavelmente por ser acima da média, dono de uma voz fantástica, de interpretações singulares e um talento fora do comum, o garoto do Tenessee passou por cima de tudo como um trem e o disco foi um enorme sucesso elevando então definitivamente o cantor ao status até então inédito de superstar. Elvis, por exemplo, confere a  "Rip Me Up", "Long Tall Sally" e "Ready Teddy" já imortalizadas por Little Richard, de quem já gravara "Tutti-Frutti" no primeiro álbum, interpretações tão ímpares que estas chegam a ser provavelmente melhores que as do próprio Richard. Tem ainda outras 'negras' como "Paralyzed" em parceria com Otis Blackwell e a excelente "So Glad You're Mine" do blueseiro Arthr Crudupp. Canta "Love Me" de uma maneira absolutamente sensual e envolvente, assim  como a doce e melancólica "First in Line"; retorna às raízes com "Old Shep" canção que cantara anteriormente em 1945 num concurso em sua cidade natal; detona outro bluesão em "Anyplace is Paradise"; e no final põe um pouco de molho com a balançada "How Do You Think I Fell".
Uma reedição posterior traria mais algumas canções no álbum, entre elas, outro clássico, "Don't Be Cruel", e a histórica "Hound Dog", canção interpretada na famosa apresentação do cantor no programa de Milton Berle, que mudaria os rumos da TV, uma vez que sua dança, requebrando as cadeiras, foi considerada tão escandalosa a ponto de haver recomendação das emissoras de só filmarem Elvis da cintura para cima.
São coisas como esta, um disco como este que provam o quão importante é um artista como este para seu tempo. Isso é mudar a música, isso é mudar comportamento e isso é mudar a história!

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ELVIS PRESLEY
Elvis Aaron Presley (East Tupelo, 8 de janeiro de 1935 — Memphis, 16 de agosto de 1977) foi um famoso músico e ator, nascido nos Estados Unidos da América, sendo mundialmente denominado como Rei do Rock. É também conhecido pela alcunha Elvis The Pelvis, apelido pelo qual ficou conhecido na década de 1950 por sua maneira extravagante e ousada de dançar. Uma de suas maiores virtudes era a sua voz, devido ao seu alcance vocal, que atingia, segundo especialistas, notas musicais de difícil alcance para um cantor popular. A crítica especializada reconhece seu expressivo ganho, em extensão, com a maturidade; além de virtuoso senso rítmico, força interpretativa e um timbre de voz que o destacava entre os cantores populares, sendo avaliado como um dos maiores e por outros como o melhor cantor popular do século 20. Acompanhado pelo guitarrista Scotty Moore e pelo baixista Bill Black, Presley foi um dos criadores do rockabilly, uma fusão de música country e rhythm and blues.
Elvis tornou-se um dos maiores ícones da cultura popular mundial do século XX. Entre seus sucessos musicais podemos destacar "Hound Dog", "Don't Be Cruel", "Love me Tender", "All Shook up", "Teddy Bear", "Jailhouse Rock", "It's Now Or Never", "Can´t Help Falling In Love", "Surrender", "Crying In The Chapel", "Mystery Train", "In The Ghetto", "Suspicious Minds", "Don't Cry Daddy", "The Wonder Of You", "An American Trilogy", "Burning Love", "My Boy" e "Moody Blue". Na Europa, canções como "Wooden Heart", "You Don't Have To Say You Love Me", "My Boy" e "Moody Blue" fizeram sucesso. Particulamente no Brasil, foram bem-sucedidas as canções "Kiss Me Quick", "Bossa Nova Baby", "Bridge Over Troubled Water".
Após sua morte, novos sucessos advieram, como "Way Down" (logo após seu falecimento), "Always On My Mind", "Guitar Man", "A Little Less Conversation" e "Rubberneckin". Trinta anos depois de morrer, Presley ainda é o artista solo detentor do maior número de "hits" nas paradas mundiais e também é o maior recordista mundial em vendas de discos em todos os tempos com mais de 1 bilhão e meio de discos vendidos em todo o mundo.
(fonte: Wikipédia)


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FAIXAS:
  1. "Rip It Up" - 1:50
  2. "Love Me" - 2:41
  3. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" - 2:18
  4. "Long Tall Sally" - 1:51
  5. "First In Line" - 3:21
  6. "Paralyzed" - 2:24
  7. "So Glad, You're Mine" - 2:18
  8. "Old Shep" - 4:10
  9. "Ready Teddy" - 1:55
  10. "Anyplace is Paradise" - 2:26
  11. "How's The World Treating You" - 2:23
  12. "How Do You Think I Feel" - 2:10
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Ouça:

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Oscar 2023 - Os Indicados


O fraquissimo "Top Gun" Maverick" foi um
dos destaques nas indicações.
Saíram os indicados ao Oscar 2023.

Tenho que admitir que, por enquanto, não assisti a muitos ainda, mas hoje em dia com a facilidade dos streamings, a oportunidade está dada para quem quiser, a partir de agora, maratonar os filmes até 12 de março, quando serão conhecidos os vencedores.

"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", lidera as indicações com 11, seguido por "Os Banshees de Inisherin" e pela produção alemã "Nada de novo no Front", com 9, esta disputando, inclusive, por melhor filme e melhor filme internacional. "Elvis", da brilhante atuação de Austin Butler, aparece com 8, "Os Fabelmans", de Steven Spielberg, com 7, e o badalado "Top Gun: Maverick", com 6, e destaque também para o vencedor da Palma de Ouro do ano passado, "Triângulo da Tristeza", indicado a melhor filme, além de outras duas categorias.

Particularmente, me chamou atenção a indicação de "Top Gun: Maverick", para melhor filme, a meu juízo um gloriosa porcaria; as indicação de "Batman", com 3; e a não indicação da animação "Pinóquio" de Guillermo del Toro para a categoria principal de melhor filme, o que não foi exatamente uma surpresa, mas era uma expectativa tal a qualidade do filme. Quanto ao mais indicado "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" , embora já tenha aparecido aqui no ClyBlog, na opinião do nosso parceiro Vagner Rodrigues, de minha parte não posso fazer juízo, por enquanto, mas fico com a impressão positiva pelo que foi descrito na resenha.

Mas chega de papo. Fiquem com a lista dos indicados:


  • Melhor Filme

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Os Banshees de Inisherin

Elvis

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans

Tár

Top Gun: Maverick

Triângulo de Tristeza

Women Talking


  • Melhor Ator

Austin Butler (Elvis)

Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin)

Brendan Fraser (A Baleia)

Paul Mescal (Aftersun)

Bill Nighy (Living)


  • Melhor Atriz

Cate Blanchett (Tár)

Ana de Armas (Blonde)

Andrea Riseborough (To Leslie)

Michelle Williams (Os Fabelmans)

Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)


  • Melhor Atriz Coadjuvante

Angela Bassett (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)

Hong Chau (A Baleia)

Kerry Condon (Os Banshees de Inisherin)

Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)

Stephanie Hsu (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)


  • Melhor Ator Coadjuvante

Brendan Gleeson (Os Banshees de Inisherin)

Brian Tyree Henry (Causeway)

Judd Hirsch (Os Fabelmans)

Barry Keoghan (Os Banshees de Inisherin)

Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)


  • Melhor Direção

Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)

Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)

Steven Spielberg (Os Fabelmans)

Todd Reid (Tár)

Ruben Ostlund (Triângulo de Tristeza)


  • Melhor Animação

Pinóquio por Guillermo del Toro

Marcel the Shell with Shoes On

Gato de Botas 2

A Fera do Mar

Red: Crescer é uma Fera


  • Melhor Curta  de Animação

The Boy, The Mole, The Fox and the Horse

The Flying Sailor

Ice Merchants

My Year of Dicks

An Ostrich Told Me The World is Fake and I Think I Believed It


  • Melhor Roteiro Original

Os Banshees de Inisherin

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans

Tár

Triângulo de Tristeza


  • Melhor Roteiro Adaptado

Nada de Novo no Front

Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Living

Top Gun: Maverick

Women Talking


  • Melhor Curta em Live-Action

An Irish Goodbye

Ivalu

Le Pupille

Night Ride

The Red Suitcase


  • Melhor Design de Produção

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Babilônia

Elvis

Os Fabelmans


  • Melhor Figurino

Babilônia

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Elvis

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Sra. Harris vai a Paris


  • Melhor Documentário

All That Breathes

All the Beauty and the Bloodshed

Fire of Love

A House Made of Splinters

Navalny


  • Melhor Documentário em Curta-Metragem

The Elephant Whisperers

Haulout

How Do You Measure a Year?

The Martha Mitchell Effect

Stranger at the Gate


  • Melhor Som

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Batman

Elvis

Top Gun: Maverick


  • Melhor Direção de Fotografia

Nada de Novo no Front

Bardo

Elvis

Empire of Light

Tár


  • Melhor Edição

Os Banshees de Inisherin

Elvis

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Tár

Top Gun: Maverick


  • Melhores Efeitos Visuais

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Batman

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Top Gun: Maverick


  • Melhor Maquiagem e Cabelo

Nada de Novo no Front

Batman

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Elvis

A Baleia


  • Melhor Filme Internacional

Nada de Novo no Front (Alemanha)

Argentina, 1985 (Argentina)

Close (Bélgica)

EO (Polônia)

The Quiet Girl (Irlanda)


  • Melhor Trilha Sonora Original

Nada de Novo no Front

Babilônia

Os Banshees de Inisherin

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans


  • Melhor Canção Original

Diane Warren – “Applause” (Tell It Like a Woman)

Lady Gaga – “Hold My Hand” (Top Gun: Maverick)

Rihanna – “Lift Me Up” (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)

M.M. Keeravaani e Chadrabose – “Naatu Naatu” (RRR)

Ryan Lott, David Byrne, Mitski – “This Is a Life” (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)


Que comece a maratona!



C.R.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Elvis Presley - "Elvis Christmas Album" (1957)





“Existiam muitos; diversos;
todos fazendo basicamente a mesma coisa
e tentanto superar um ao outro.
Mas ele, estava acima,
acima de qualquer um deles;
simplesmente, acima..”
Tom Petty



Feliz Natal a todos!!
Merry Christmas at all, folks!!
O ano e 1957. O frio e a nevasca natalina consolidam um ano de prosperidade norte-americana.
Assim como foi 1956, e seriam 1958, 59, 60 e por ai adiante…
O avanço ‘tecnológico’, a supervalorização econômica, a sistematização urbanística e viária a todo o vapor, atravessam as imensidões latifundiárias e as planícies desérticas do país mais promissor do planeta naquele período de ressaca pós a segunda Grande Guerra.
A maior festa cristã sempre foi levada muito a sério e com muita tradição de norte a sul dos Estado Unidos. Por falar em sul, e justo lá que a grande ironia natalina se faz presente. Sob mensagens de paz, amor e respeito ao próximo que sempre bordaram o conceito do natal cristão, as diferenças e o preconceito racial permanecem alheios a tudo e a todos. Santa Claus dos brancos não e o mesmo Santa Claus dos negros – mas que antagonismo provinciano, não!?
Pois eis que o grande representante da simbiose musical sulista traz ao comércio, e consequentemente, para dentro da casa de cada cristão desenganado a estes tão significativos detalhes, uma rajada de peso, agressividade, lamento, oração e ternura.
Quem mais poderia naquele momento se fazer infiltrar nos lares mais reacionários e conservadores, justo no natal, com esse coquetel de elementos ‘nefastos’ em um álbum musical natalino?!
Pois Elvis Presley , já bem amadurecido dos seus primórdios anos; 1953 e 1954, quando ainda era nada mais que um ‘hillbilly cat’, lança o primeiro de dois álbuns natalinos de sua carreira, e abre a primeira faixa do lado A do “Elvis Christmas Álbum” com um verdadeiro tiro de bazuca no pinheirinho de natal: "Santa Claus is Back in Town", justamente foi escolhida pelo próprio para ser a faixa de abertura. Um Rhythm n’ Blues de pegada forte; bateria marcante e cadência ritmada por um piano travestido de ‘menino bonzinho’ aos primeiros segundos de arranjo com os vocais; já na sequência, como faixa 2, para amenizar uma possível aterradora impressão, sua voz ganha suavidade e ternura na talvez a mais clássica e tradicional canção de natal norte-americana de todos os tempos: "White Cristmas".
Basicamente sob este enfoque elementar, este álbum reúne doze canções natalinas na sua maioria seculares, das quais seis se encontram no lado A, somando-se a duas no lado B, mais quatro canções gospel, das quais duas se encontram anteriormente presentes no seu álbum "Peace In The Valley".
"Elvis Christmas Album", acima de tudo, não tem compromisso com o Natal do católico ou do mórmom, muito menos com o do branco, do índio ou do negro, este ÁLBUM FUNDAMENTAL tem compromisso com a síntese de uma obra de rock atemporal. Reconhecer Elvis Presley como base da sustentação do Rock n’Roll e acima de tudo um dever cívico. E antecedentes históricos mostram, que este foi o grande expoente de uma geração que ainda engatinhava sobre os processos compositivos musicais e tecnológicos de estúdio e gravação, que ainda hoje, passado meio século de existência, buscam essa fonte como inspiradora.

por Gulherme Liedke
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FAIXAS:
1. Santa Claus Is Back In Town
2. White Christmas
3. Here Comes Santa Claus (Right Down Santa Claus Lane)
4. I'll Be Home For Christmas
5. Blue Christmas
6. Santa Bring My Baby Back (To Me)
7. O Little Town Of Bethlehem
8. Medley
9. (There'll Be) Peace In The Valley (For Me)
10. I Believe
11. Take My Hand, Precious Lord
12. It Is No Secret (What God Can Do)

Formação em 1957:
Elvis Presley – vocals, guitar
Scotty Moore – guitar
Gordon Stoker - piano, backing vocals
Dudley Brooks - piano
Hoyt Hawkins - organ
Marvin Hughes - piano
Bill Black – bass
D. J. Fontana - drums
Millie Kirkham - backing vocals
The Jordanaires - backing vocal

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Ouça:
Elvis Christmas Album





Guilherme Liedke é artista gráfico e musico; formado em arquitetura, trabalha com ilustração, edição e pintura. Sua veia artística se estende também à área musical fundamentada nas vertentes dos anos 40 e 50. Nascido e criado em Porto Alegre, foi também uma das vozes ativas, nos duros anos 80 e 90 da torcida colorada na Zona Norte da capital; quarto distrito.
Grande amigo, talentosíssimo, inteligente e bem-humorado cuja participação em meu blog muito me honra. Que venham outras. O espaço estará sempre à disposição.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Grant Lee Buffalo – “Fuzzy” (1993)



"O melhor álbum de 1993 folgado".
Michael Stipe



É pura mentira, mas se um dia Elvis Presley refletisse sobre o seu legado para o futuro do rock ‘n’ roll, ele almejaria que se criasse um som de raiz, usando instrumentações e timbres típicos do rock genuíno, porém que se evoluísse naquilo que fizeram precursores como ele, Little RichardJerry Lee LewisJohnny CashChuck Berry e cia.. A música ambicionada pelo Rei haveria de conter, além desses predicados, melodias belas e bem elaboradas, referenciando não apenas a ele e seus companheiros de primeiros anos, mas a outras vertentes que o rock ganharia a partir de então – o country-rock, o punk, o hard-rock, a new wave, o folk-rock, o shoegaze. Ah! E também não abriria mão de ser uma música bem tocada e bem cantada, com um vocal afinado e de timbre apreciável (consciente, dispensaria que fosse necessariamente o vozeirão dele).

Até que, 40 anos depois de inaugurar o estilo mais subversivo, popular e eletrizante da história da música, Elvis, do auge do seu trono em que se senta lá em cima, veria os rapazes da Grant Lee Buffalo lançarem seu primeiro disco: “Fuzzy”. Estava ali o que ele esperava!  Pondo o vinil pra tocar em seu toca-discos celeste, os primeiros sons que Elvis ouviria são de uma introdução ligeira da bateria na caixa com escovinhas, herdada do jazz swing e ao estilo do rock que ele inventara. “Que beleza! É isso aí, rapaziada!”, vibrou. Ele está escutando “The Shining Hour”, um rockabilly matador em que a banda de Los Angeles liderada por Grant Lee Phillips – juntamente com Paul Kimble, baixo, e Joey Peters, nas baquetas – apresenta de cara as qualidades que fazem de “Fuzzy” o disco que é: a influência direta do blues, a prevalência da sonoridade acústica, simplicidade nos arranjos (não há nenhum sopro ou cordas de orquestra) e o espírito desafiador do bom e velho rock ‘n’ roll. Embalada, “The Shining Hour” conta ainda com um piano, como a letra diz, saído de um “salão de bilhar azul de Monterey”, que sola lá pelo meio e ainda a desfecha numa nota grave e impositiva.

Em “Jupiter and Teardrop”, balada lindíssima em que Phillips, se já tinha mostrado suas habilidades vocais na primeira faixa, aqui, ele impressiona. Principalmente nos momentos de maior emotividade, a qual a canção vai ganhando à medida que se desenrola. Esse clima é ampliado pelas guitarras que, rosnantes, aparecem pela primeira vez no disco para comporem junto com a base do violão 12 cordas um clima carregado e melancólico. A letra acompanha a sonoridade, contando a triste história de um casal cujo rapaz, Teardrop, encrencado com a polícia, está prestes a ser preso novamente, forçando a distanciar-se de sua Jupter. ”Apenas uma garota que não pode dizer não/ E seu namorado em liberdade condicional/ Seus pais lhe deram o nome de Jupiter/ Para abençoá-la com uma alma de sorte/ Ele é um garoto que nunca chorou/ Quando eles o prenderam lá dentro/ E ela o apelidou de ‘Lágrima’/ Para fazer uma tatuagem de seu olho.” Ela sonha com filhos e casamento, mas teme que o pior aconteça antes do esperado: “O telefone toca/ É para ela/ ‘Tenho que ver você, Jupiter’/ ‘Estou com problemas com a lei’/ ‘Traga minha calibre 38’.” Uma crônica urbana romântica e de final trágico.

Talvez a melhor da banda, se não, seu maior sucesso – o que para um grupo alternativo como eles é algo considerável –, a faixa-título é outra balada com estrutura semelhante à anterior (base no violão, guitarras intensificando o clima semiacústico, tom tristonho), visto que ganha emotividade conforme avança. “Fuzzy”, no entanto, traz um refrão absolutamente tocante, em que Phillips, mais uma vez explorando suas qualidades de canto, lança falsetes para dizer com sentimento: “I've been lied to/ Now I'm fuzzy” (“Eu tenho mentido/ Agora estou confuso”). Em seguida, “Wish You Well”, com uma base de guitarra bem interessante, é mais pesada mas sem deixar de ser bastante melodiosa. Realce para a interessante linha de bateria, forjada em pequenos rolos no surdo com a caixa.

“The Hook”, totalmente acústica, é uma bela canção em que tudo funciona com perfeição: violão de cordas de aço, baixo acústico, bateria nas escovinhas e a voz ora deslizante ora impregnada de Phillips. Outro destaque do disco é “Soft Wolf Tread”, que inicia só na voz e frases do violão para, em seguida, explodir em peso e fúria. Assim é também “America Snoring”: melodiosa mas permeada pela distorção das guitarras e por uma bateria alta, pericialmente amplificada na produção assinada pelo próprio Kimble.

O piano estilo country volta na excelente “Dixie Drug Store” em que, por óbvio, homenageia o bluesman Willie Dixon mas, igualmente, referencia a ligação intrínseca que o blues tem com a música folk, tal como outro bluesmanMuddy Waters, fizera no clássico “Folk Singer”, de 1959 – disco em que, não coincidentemente, Dixon produz e toca. Aqui, Phillips manda ver mais uma vez nos falsetes, os quais incorpora de forma muito natural ao próprio timbre. Com essa, Elvis deve ter ficado arrepiado. “Stars n' Stripes”, delicada, é talvez a mais fraca do álbum, o que nem de longe tira a graça do trabalho como um todo.

E é justamente essa característica que desfecha “Fuzzy”: graça. Afinal, “Grace”, penúltima faixa, seguindo o mesmo conceito de “The Hook”, que revela a leveza d’”a rocha”, contrariamente, traz agora a densidade da “clemência”. Imagino que para alguém que morava numa mansão chamada Graceland deve ter sido uma feliz surpresa ouvir esse tema. “You Just Have to be Crazy”, baixando novamente os ânimos, finaliza o álbum com a mesma pegada acústica e doce já apresentada em vários momentos. A bela letra que diz: “Você apenas tem que ser louco, não você/ Você apenas tem que estar fora de sua mente/ Você apenas tem que ser louco, não você/ Você apenas tem que ser/ Verdade ou não/ Verdade ou não.”

Com todo respeito que tem a seus súditos Neil YoungBob DylanJohn LennonRaul Seixas, Robbie Robertson, Jimmy PageElton JohnRenato RussoElvis Costello, Johnny Thunders e mais centenas e centenas de roqueiros e não-roqueiros mundo afora, Elvis Presley – na minha invencionice apaixonada –, deu seu troféu para a Grant Lee Buffalo por “Fuzzy”. Foi neste disco que ele identificou aquilo que imaginava que sua música um dia chegaria a ser: sofisticada mas popular e pungente. Dá pra enxergar Elvis tirando dos ouvidos seu fone dourado, recostando-se no trono e dizendo emocionado: “Muito bem, rapazes! Aprenderam direitinho. Obrigado”.
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FAIXAS:
1. The Shining Hour
2. Jupiter and Teardrop
3. Fuzzy
4. Wish You Well
5. The Hook
6. Soft Wolf Tread
7. Stars n' Stripes
8. Dixie Drug Store
9. America Snoring
10. Grace
11. You Just Have to be Crazy
todas as faixas compostas por Grant Lee Phillips

****************** 
OUÇA O DISCO:




quarta-feira, 27 de maio de 2015

Burt Bacharach & Elvis Costello - "Painted From Memory" (1998)


“Burt é um gênio.
Ele é um compositor de verdade,
no sentido tradicional da palavra;
em sua música você pode ouvir a linguagem musical,
a gramática do que ele faz."
Elvis Costello

“De todas,
eu realmente gostei das canções
 que eu escrevi com Elvis Costello,
como 'This House Is Empty Now'
e 'God Give Me Strength'.”
Burt Bacharach,
sobre suas composições favoritas



Este disco tem uma história que começa em 1971 com minha mãe, Véra Marisa de Andrade Moreira. Naquele ano, ela, que gostava de música da sua época, comprou um disco do maestro e compositor americano Burt Bacharach (aquele da capa verde em que ele está sentado numa cadeira vermelha e tem "Close to You", "Nikki" e “Wives and Lovers"). Quem se apaixonou pelo disco fui eu. Ouvia todo o dia. Não consigo explicar o que me atraiu àquele disco aos 11 anos de idade. Talvez já o gosto pela boa música.

Pulamos 27 anos. Eu já com 38 anos, soube que Burt Bacharach estava lançando um disco com Elvis Costello, inglês que tinha me impressionado 10 anos antes com o disco "Spike". Não tive dúvidas de que seria um grande disco, mas não estava preparado para o que ouvi, quando o Schmidt do Guion me disse que a encomenda havia chegado (sim, não aguentei e comprei importado. Cerca de três meses depois, foi lançado no Brasil). Era muito melhor do que jamais poderia ter imaginado. Uma simbiose perfeita entre o "estilo Bacharach" de ser com a finesse de Costello, que conseguiu traduzir em palavras todo aquele universo que Hal David (o parceiro de Bacharach nos anos 60 e co-autor daqueles sucessos todos) descortinou. Por isso tudo "Painted From Memory", de Burt Bacharach & Elvis Costello, lançado em 1998, é um dos meus discos favoritos.

Tudo começa de forma sombria com a apropriadamente chamada "In The Darkest Place". Como a maioria das canções deste disco, esta fala de amores desfeitos, de traições, de tristeza. O protagonista começa dizendo que está "No lugar mais escuro/ eu sei que você vai me encontrar/ Apesar de não ter de lhe lembrar/ que eu apaguei as luzes/ seus olhos se ajustam/ eles jamais serão os mesmos/ Você sabe que eu te amo/ vamos começar tudo de novo". Está sofrendo, mas não se exime de culpa deste relacionamento não ter dado certo. Lá pelas tantas, o narrador diz que “Mas eu tenho de dizer pra mim mesmo/ Você deveria estar com outra pessoa... seus amigos vão vir me dizer/ ‘tente arranjar um novo amor’/ Ele não vai te amar como eu”. A dor deste relacionamento fracassado ainda é muito forte. A flauta de Steve Kujala dá o clima soturno da canção. E os backing vocals, como em todo o trabalho de Bacharach, fazem uma resposta ao que diz Costello.

“Toledo” inicia com aqueles flugelhorns característicos do mestre, tocados em uníssono por Jerry Hey e Gary Grant. Nesta canção, o narrador é que cometeu a traição. E Costello usa a metáfora das cidades para contar esta história. “Mas as pessoas em Toledo sabem que seu nome não tem viajado muito bem/ E qualquer um em Ohio sonha com aquela cidadela espanhola/ mas não adianta nada dizer que aquela garota não significou nada/ E que cada pessoa que fitar seus olhos/ não vai encontrar perdão”. E o contracanto das backing diz: “Você ouve a voz dela, ‘como você pode fazer isso?’”. A pisada na bola foi das grandes. E a dor de cotovelo também: “Então eu caminho pelo sol/ E amantes passam rindo e brincando/ mas eles não sabem o tolo que eu fui/ Por que deveriam eles se importar com o que foi perdido, com o que foi quebrado?”. Pobre rapaz, pulou a cerca e dançou.

“I Still have That Other Girl” diz tudo no título. O homem está terminando o relacionamento porque ainda pensa na outra. E ele não faz questão de esconder. “Tenho de dizer que nos deveríamos terminar agora/ Antes que a gente fraqueje porque sabemos que está errado/ Eu poderia me entregar/ às vezes acho que sim/ apesar da tentação, tento ser muito forte”. Este discurso todo pra acabar com a atual porque “Eu ainda tenho aquela outra garota na minha cabeça”. Neste disco, Costello consegue mostrar porque é um ótimo cantor, pois além de usar toda sua técnica, ainda interpreta cada canção com o cuidado que merece. E o piano de Bacharach faz a moldura sonora para esta voz brilhar.

Na sequência, o compositor e pianista revisita um grande sucesso seu e dá uma nova versão para “A House is Not a Home” em “This House is Empty Now”. Com o violino de Belinda Whitney-Barratt iniciando a melancolia da canção, mais o baixo fretless de Dave Coy reforçando, Costello canta: “Estes quartos brincam com você/ Lembra quando eles estavam cheios de alegria?/ Mas agora estão desertos/ Eles parecem ecoar as vozes que soaram agressivas/ Talvez você veja meu rosto refletido na vidraça/ da janela de nosso pobre, infeliz e quebrado lar/ Ainda esta casa está vazia agora/ Não há nada que eu possa fazer para que você queira ficar/ Então me diga como deverei viver sem você?”. Ele não acredita que tudo acabou. “Você era mesmo tão infeliz?/ Você nunca me disse”. O sofrimento de ver a casa vazia onde tanta coisa aconteceu é demais para aguentar. Ele não vê saída. Muito triste. Uma das canções mais melancólicas de todo o disco. E uma continuação digna do sucesso dos anos 60.

“Tears at the Birthday Party” também é triste, mas o sax barítono de Dan Higgins e a bateria de Jim Keltner dão um certo alento. “Pense quando éramos jovens/ Sempre haviam lágrimas na festa de aniversário/ Você sabe quanto as crianças podem ser cruéis/ É como começa/ e se nós nunca tenhamos aprendido a nos comportar/ Eu fiz algo e você nunca me perdoou/ Nunca imaginei que seria assim/ Mas agora eu vejo/ eu vejo você repartindo o bolo com ele/ abrindo presentes que eu deveria ter mandado/ O que devo fazer?/ Devo ficar te observando?/ fechar a porta, diminuir as luzes e soprar a vela/ é feliz aniversário de novo”. A tristeza se instala quando vê sua ex feliz em seu aniversário, abrindo presentes e começando uma nova vida. Sem ele. E quando a dor aperta, ele diz: “E se nunca aprendermos com nosso erros/ Então, você nunca vai saber quanto dói meu coração/ Nunca pensei que seria assim”. As backing Donna e Lisa Taylor e Sue-Ann Carwell se deliciam com o refrão maravilhoso.

Bem no meio do disco está a única canção em que os amores dão certo. “Such Unlikely Lovers”. Nela, os teclados de Steve Nieve, velho parceiro de Elvis Costello estão mais proeminentes do que o piano de Bacharach. E isso é feito de propósito, pois é a faixa que tem também o clima mais pop de todo o disco. Ele aguarda a chegada de seu amor e, quando ela vem, ele diz: “Ouça agora/ não vou dizer que teremos violinos/ mas não fique surpresa se eles aparecerem/ tocando em alguma porta/ ainda não acredito no que está acontecendo/ nós somos amantes incomuns”. E quando fala em violinos eles tocam MESMO! No final, as cantoras perguntam: “você acredita que está acontecendo?” e Elvis responde: “Estou perplexo”. Nesta música também a guitarra de Dean Parks, veterano dos estúdios, se faz presente.

Mas a alegria dura pouco. “My Thief” conta mais uma história triste de um homem que não se convence de que acabou e todas as noites sonha com seu ex-amor. “Quando vou dormir, você é minha ladra”, ele inicia. Mas adiante, ele se entrega: “Me sinto quase possesso/ até que eu não perca este glorioso sofrimento então/ Você pode levar tudo o que sobrou/ Sei que acabou/ Se você não puder ser minha amante/ seja minha ladra”. Ele deixa a porta do quarto aberta, esperando que esta mulher volte um dia para sua alegria. Mas ela não vai voltar. No final, a mulher em questão responde na voz de Lisa Taylor: “Não te conduzi/ Mas sempre haverá/ um pequeno incendiário em todo mundo/ Então se acalme e não chore/ Estou tentando ser amável/ porque eu tenho um álibi perfeito”. Se você não chorou até agora é porque não tem nenhum tipo de sentimento neste seu coraçãozinho empedernido!

“The Long Division” inicia com o oboé de Earle Dumler e os teclados do convidado Greg Phillinganes e conta a história de um triângulo amoroso complicado. No refrão, o narrador diz: “E toda a noite você se pergunta/ ‘O que devo fazer?’/ Pode ser tão difícil de calcular?/ Quando três se transformam em dois, não sobra nada”. Com o destino já traçado, o narrador tenta ainda se aproximar: “Alguém disse/ Podemos ser amigos?”. Phillinganes faz um solo de moog impensável num disco das antigas de Bacharach, que, novamente, senta no banco de trás desta música. Separação embalada com música pop. Até que dá pra superar.

O que não dá é pra aguentar sem chorar é “Painted From Memory”, que é carregada pelo piano de Steve Nieve e pelo violão e guitarra de Dean Parks, além de uma seção de cordas inteira. Outra vez, a mulher foi embora e ele só pode lembrar de seu rosto de memória. No momento mais crucial ele diz: “estes olhos que eu tentei capturar/ estão perdidos pra mim para sempre/ eles sorriem para outra pessoa/ engraçado, como as aparências podem enganar/ mas ela não é facilmente lembrada de memória”. A memória lhe trai e ele está triste exatamente por isso. Porque a imagem do seu amor se desvanece. Melancolia pura.

“The Sweetest Punch” é mais animada, mas a temática é a mesma: amores desfeitos. E nesta canção, Costello usa o ringue como metáfora de uma separação. E, desta vez, a mulher é que desfere “o soco mais suave” do título. “Você abandonou o jogo, não consigo entender/ não depois de tudo que passamos/ Palavras começam a voar, meu queixo de vidro e eu encontramos algo que veio direto/ Você me nocauteou/ foi o soco mais suave/ o sino tocou/ Posso ouvi-lo soar mas não vi chegando/ Todos nos dizemos coisas que não queremos dizer/ Você não pode retirá-las/ Agora a sala está girando e eu fui o último a notar?/ Posso ver que nunca vou ganhar/ então, se você vai, é melhor que vá com ele/ Então é melhor ir com ele”. Depois disso, uma seção de cordas regida pelo maestro Bacharach carrega o tema musical até o fim.

Com Burt Bacharach e Elvis Costello, o amor sempre tem este viés de tristeza e abandono. Em “What’s Her Name Today?”, não importa quem se abandona. O sentimento é o mesmo. O narrador não sabe o que aconteceu. “Era ela quem levou embora seu orgulho e sua razão?/ Oh por que você decidiu punir toda garota que encontrou/ para tentar fazer aquele sentimento sumir?”. Ao perguntar qual é o nome da garota hoje, ele mostra que, mesmo tentando mudar o cenário, o sentimento é igual.

Pra fechar o disco, uma canção feita de encomenda e que marcou o encontro dos dois compositores: “God Give me Strength” foi feita para o filme “A Voz do meu Coração”, que conta a história de uma cantora e compositora que trabalha nos anos 60 e se apaixona por um cantor de uma banda surf music. O resumo não é dos melhores, mas é só pra dizer que, a partir desta encomenda, é que surgiu a parceria entre ambos. Costello pede que Deus lhe dê forças, porque tudo acabou. “Esta canção já foi cantada/ este sino já tocou/ ela era a luz que me abençoava/ Ela levou minha última chance de ser feliz/ Então Deus me dê forças... Talvez eu tenha sido lavado como uma marca de batom na sua camisa/ veja, eu sou apenas humano, eu quero que ele sofra/ Eu quero que ele/ Eu quero que ele sofra”. Ao dizer isso, Costello imprime uma marca de ódio e desespero na voz que nos comove, auxiliado pelas cordas sempre precisas de Bacharach.

É difícil chegar ao fim deste disco sem se comover. Os dois, Costello e Bacharach, conseguiram fazer um disco onde as temáticas e os estilos de um e de outro se completem plenamente. E criaram uma obra-prima moderna, utilizando sonoridades do passado e atualizando-as, sem cair num clima nostálgico caricatural e nem ser “muderno” demais. Se fosse você, eu pegaria uma dose de alguma coisa bem forte para ouvir com calma “Painted From Memory”, um disco cheio de nuances musicais e vocais que merece ser curtido.

vídeo de "God Gve Me Stenght" - Burt Bacharach and Evis Costello
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FAIXAS:
1. In The Darkest Place (4:15)
2. Toledo (4:31)
3. I Still Have That Other Girl (2:44)
4. This House Is Empty Now (5:08)
5. Tears At The Birthday Party (4:37)
6. Such Unlikely Lovers (3:22)
7. My Thief (4:17)
8. The Long Division (4:11)
9. Painted From Memory (4:11)
10. The Sweetest Punch (4:07)
11. What's Her Name Today? (4:05)
12. God Give Me Strength (6:10)

todas as composições são de autoria de Bacharach/Costello
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OUÇA:


terça-feira, 24 de novembro de 2009

200 Melhores Músicas de Todos os Tempos

Saiu uma dessas listas da Rolling Stone com as 200 melhores músicas de todos os tempos.
Concordo com muitas, é lógico, discordo de alguma ordem que outra mas fundamentalmente me parece uma lista excessivamente conservadora. Só foi no certo. Não arrisca quase nada acima dos anos 80. Pode ser que o crítico, os críticos, os votantes, sei lá quem, realmente achem que não existe nada que valha a pena nos últimos tempos, mas assim parece uma lista de melhores até 1975, com raras exceções.
Exceção louvável é ver o Nirvana com justiça já figurar nas 10 primeiras posições.
Vale pela curiosidade:

1. Bob Dylan "Like a Rolling Stone" 1965
2. Rolling Stones "(I Can't Get No) Satisfaction" 1965
3. John Lennon "Imagine" 1971
4. Marvin Gaye "What's Going On" 1971
5. Aretha Franklin "Respect" 1967
6. Beach Boys "Good Vibrations" 1966
7. Chuck Berry "Johnny B. Goode" 1958
8. Beatles "Hey Jude" 1968
9. Nirvana "Smells Like Teen Spirit" 1991
10. Ray Charles "What'd I Say" 1959
11. The Who "My Generation" 1966
12. Sam Cooke "A Change Is Gonna Come" 1965
13. Beatles "Yesterday" 1965
14. Bob Dylan "Blowin' in the Wind" 1963
15. The Clash "London Calling" 1980
16. Beatles "I Want to Hold Your Hand" 1964
17. Jimi Hendrix "Purple Haze" 1967
18. Chuck Berry "Maybellene" 1955
19. Elvis Presley "Hound Dog" 1956
20. Beatles "Let it Be" 1970
21. Bruce Springsteen "Born To Run" 1975
22. The Ronettes "Be My Baby" 1963
23. Beatles "In My Life" 1966
24. Impressions "People Get Ready" 1965
25. Beach Boys "God Only Knows" 1966
26. Beatles "A Day in the Life" 1967
27. Derek and the Dominos "Layla" 1971
28. Otis Redding "Sitting on the Dock of the Bay" 1968
29. Beatles "Help!" 1965
30. Johnny Cash "I Walk the Line" 1956
31. Led Zeppelin "Stairway To Heaven" 1971
32. Rolling Stones "Sympathy For The Devil" 1968
33. Ike and Tina Turner "River Deep, Mountain High" 1966
34. Righteous Brothers "You've Lost That Lovin' Feelin'" 1964
35. The Doors "Light My Fire" 1967
36. U2 "One" 1991
37. Bob Marley and the Wailers "No Woman No Cry" 1974
38. Rolling Stones "Gimme Shelter" 1969
39. Buddy Holly and the Crickets "That'll Be the Day" 1957
40. Martha and The Vandellas "Dancing In The Street" 1964
41. The Band "The Weight" 1968
42. The Kinks "Waterloo Sunset" 1967
43. Little Richard "Tutti Frutti" 1956
44. Ray Charles "Georgia On My Mind" 1960
45. Elvis Presley "Heartbreak Hotel" 1956
46. David Bowie "Heroes" 1977
47. Simon and Garfunkel "Bridge Over Troubled Water" 1969
48. Jimi Hendrix "All Along The Watchtower" 1968
49. The Eagles "Hotel California" 1977
50. Smokey Robinson and the Miracles "The Tracks Of My Tears" 1965
51. Grandmaster Flash and The Furious Five "The Message" 1982
52. Prince "When Doves Cry" 1984
53. Sex Pistols "Anarchy In The UK" 1977
54. Percy Sledge "When A Man Loves A Woman" 1966
55. The Kingsmen "Louie Louie" 1963
56. Little Richard "Long Tall Sally" 1956
57. Procol Harum "Whiter Shade Of Pale" 1967
58. Michael Jackson "Billie Jean" 1983
59. Bob Dylan "The Times They Are A-Changin'" 1963
60. Al Green "Let's Stay Together" 1971
61. Jerry Lee Lewis "Whole Lotta Shakin' Goin' On" 1957
62. Bo Diddley "Bo Diddley" 1957
63. Buffalo Springfield "For What It's Worth" 1968
64. Beatles "The She Loves You" 1964
65. Cream "Sunshine of Your Love" 1968
66. Bob Marley and the Wailers "Redemption Song" 1968
67. Elvis Presley "Jailhouse Rock" 1957
68. Bob Dylan "Tangled Up In Blue" 1975
69. Roy Orbison "Cryin'" 1961
70. Dionne Warwick "Walk On By" 1964
71. Beach Boys "California Girls" 1965
72. James Brown "Papa's Got A Brand New Bag" 1965
73. Eddie Cochran "Summertime Blues" 1958
74. Stevie Wonder "Superstition" 1972
75. Led Zeppelin "Whole Lotta Love" 1969
76. Beatles "Strawberry Fields Forever" 1967
77. Elvis Presley "Mystery Train" 1956
78. James Brown "I Got You (I Feel Good)" 1965
79. The Byrds "Mr. Tambourine Man" 1968
80. Marvin Gaye "I Heard It Through The Grapevine" 1965
81. Fats Domino "Blueberry Hill" 1956
82. The Kinks "You Really Got Me" 1964
83 Beatles "Norwegian Wood" 1965
84. Police "Every Breath You Take" 1983
85. Patsy Cline "Crazy" 1961
86. Bruce Springsteen "Thunder Road" 1975
87. Johnny Cash "Ring of Fire" 1963
88. The Temptations "My Girl" 1965
89. Mamas And The Papas "California Dreamin'" 1966
90. Five Satins "In The Still Of The Nite" 1956
91. Elvis Presley "Suspicious Minds" 1969
92. Ramones "Blitzkrieg Bop" 1976
93. U2 "I Still Haven't Found What I'm Looking For" 1987
94. Little Richard "Good Golly, Miss Molly" 1958
95. Carl Perkins "Blue Suede Shoes" 1956
96 Jerry Lee Lewis "Great Balls of Fire" 1957
97. Chuck Berry "Roll Over Beethoven" 1956
98. Al Green "Love and Happiness" 1972
99. Creedence Clearwater Revival "Fortunate Son" 1969
100. Rolling Stones "You Can't Always Get What You Want" 1969
101. Jimi Hendrix "Voodoo Child (Slight Return)" 1968
102. Gene Vincent "Be-Bop-A-Lula" 1956
103. Donna Summer "Hot Stuff" 1979
104. Stevie Wonder "Living for the City" 1973
105. Simon and Garfunkel "The Boxer" 1969
106. Bob Dylan "Mr. Tambourine Man" 1965
107. Buddy Holly and the Crickets "Not Fade Away" 1957
108. Prince "Little Red Corvette" 1983
109. Van Morrison "Brown Eyed Girl" 1967
110. Otis Redding "I've Been Loving You Too Long" 1965
111. Hank Williams "I'm So Lonesome I Could Cry" 1949
112. Elvis Presley "That's Alright (Mama)" 1954
113. The Drifters "Up On The Roof" 1962
114. Crystals "Da Doo Ron Ron (When He Walked Me Home)" 1963
115. Sam Cooke "You Send Me" 1957
116. Rolling Stones "Honky Tonk Women" 1969
117. Al Green "Take Me to the River" 1974
118. Isley Brothers "Shout - Pts 1 and 2" 1959
119. Fleetwood Mac "Go Your Own Way" 1977
120. Jackson 5, "I Want You Back" 1969
121. Ben E. King "Stand By Me" 1961
122. Animals "House of the Rising Sun" 1964
123. James Brown "It's A Man's, Man's, Man's, Man's World" 1966
124. Rolling Stones "Jumpin' Jack Flash" 1968
125. Shirelles "Will You Love Me Tomorrow" 1960
126. Big Joe Turner "Shake, Rattle And Roll" 1954
127. David Bowie "Changes" 1972
128. Chuck Berry "Rock & Roll Music" 1957
129. Steppenwolf "Born to Be Wild" 1968
130. Rod Stewart "Maggie May" 1971
131. U2 "With or Without You" 1987
132. Bo Diddley "Who Do You Love" 1957
133. The Who "Won't Get Fooled Again" 1971
134. Wilson Pickett "In The Midnight Hour" 1965
135. Beatles "While My Guitar Gently Weeps" 1968
136. Elton John "Your Song" 1970
137. Beatles "Eleanor Rigby" 1966
138. Sly and the Family Stone "Family Affair" 1971
139. Beatles "I Saw Her Standing There" 1964
140. Led Zeppelin "Kashmir" 1975
141. Everly Brothers "All I Have to Do is Dream" 1958
142. James Brown "Please Please Please" 1956
143. Prince "Purple Rain" 1984
144. Ramones "I Wanna Be Sedated" 1978
145. Sly and the Family Stone "Every Day People" 1968
146. B-52's "Rock Lobster" 1979
147. Iggy Pop "Lust for Life" 1977
148. Janis Joplin "Me and Bobby McGee" 1971
149. Everly Brothers "Cathy's Clown" 1960
150. Byrds "Eight Miles High" 1966
151. Penguins "Earth Angel (Will You Be Mine)" 1954
152. Jimi Hendrix "Foxy Lady" 1967
153. Beatles "A Hard Day's Night" 1965
154. Buddy Holly and the Crickets "Rave On" 1958
155. Creedence Clearwater Revival "Proud Mary" 1964
156. Simon and Garfunkel "The Sounds Of Silence" 1968
157. Flamingos "I Only Have Eyes For You" 1959
158. Bill Haley and His Comets "(We're Gonna) Rock Around The Clock" 1954
159. Velvet Underground "I'm Waiting For My Man" 1967
160. Public Enemy "Bring the Noise" 1988
161. Ray Charles "I Can't Stop Loving You" 1962
162. Sinead O'Connor "Nothing Compares 2 U" 1990
163. Queen "Bohemian Rhapsody" 1975
164. Johnny Cash "Folsom Prison Blues" 1956
165. Tracy Chapman "Fast Car" 1988
166. Eminem "Lose Yourself" 2002
167. Marvin Gaye "Let's Get it On" 1973
168. Temptations "Papa Was A Rollin' Stone" 1972
169. R.E.M. "Losing My Religion" 1991
170. Joni Mitchell "Both Sides Now" 1969
171. Abba "Dancing Queen" 1977
172. Aerosmith "Dream On" 1975
173. Sex Pistols "God Save the Queen" 1977
174. Rolling Stones "Paint it Black" 1966
175. Bobby Fuller Four "I Fought The Law" 1966
176. Beach Boys "Don't Worry Baby" 1964
177. Tom Petty "Free Fallin'" 1989
178. Big Star "September Gurls" 1974
179. Joy Division "Love Will Tear Us Apart" 1980
180. Outkast "Hey Ya!" 2003
181. Booker T and the MG's "Green Onions" 1969
182. The Drifters "Save the Last Dance for Me" 1960
183. BB King "The Thrill Is Gone" 1969
184. Beatles "Please Please Me" 1964
185. Bob Dylan "Desolation Row" 1965
186. Aretha Franklin "I Never Loved A Man (the Way I Love You)" 1965
187. AC/DC "Back In Black" 1980
188. Creedence Clearwater Revival "Who'll Stop the Rain" 1970
189. Bee Gees "Stayin' Alive" 1977
190. Bob Dylan "Knocking on Heaven's Door" 1973
191. Lynyrd Skynyrd "Free Bird" 1974
192. Glen Campbell "Wichita Lineman" 1968
193. The Drifters "There Goes My Baby" 1959
194. Buddy Holly and the Crickets "Peggy Sue" 1957
195. Chantels "Maybe" 1958
196. Guns N Roses "Sweet Child O Mine" 1987
197. Elvis Presley "Don't Be Cruel" 1956
198. Jimi Hendrix "Hey Joe" 1967
199. Parliament "Flash Light" 1978
200. Beck "Loser" 1994