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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Elton John - “Captain Fantastic and The Brown Dirt Cowboy" (1975)



Este é um dos melhores álbuns de Elton John.
Ele não tentou repetir
 os principais sucessos do passado,
apenas dar continuidade ao bom trabalho
que vem fazendo.
E ele conseguiu.”
Jon Landau,
para a Rolling Stone, em 1975



Em 1975, todas as grandes bandas de rock estavam na ativa e bombando. Rolling StonesLed ZeppelinDeep PurpleBlack Sabbath, entre outras. O rock progressivo nunca viveu um melhor momento. E o punk ainda não tinha chegado. Mas o mundo da música pop tinha um único rei: Reginald Dwight Kenneth, mais conhecido no circo pop como Elton John.

Desde 1970, quando lançou seu disco chamado “Elton John”, ele vinha colecionando um sucesso atrás do outro. E não eram só LPs! Na época, o cara gravava muitos compactos, que nem sempre entravam nos discos de carreira. Elton já tinha em seu currículo “Your Song”, “Skyline Pigeon” (em duas versões), “Rocket Man”, “Daniel”, “Crocodile Rock”, “Goodbye Yellow Brick Road”, “The Bitch is Back”, “Saturday Night’s Alright for Fighting”, “Pinball Wizard”, “Don’t Let The Sun Go Down on Me”, “Bennie and The Jets”, “Candle in the Wind”, "Philadelphia Freedom", sua versão pra “Lucy in the Sky with Diamonds”, ufa!, não termina nunca. Isso sem falar em grandes canções como “Levon”, “Burn Down the Mission” e “Tiny Dancer” (que só fez sucesso 29 anos depois ao ser incluída no filme “Quase Famosos”).
O que mais poderia querer um garoto a não ser tocar numa banda de rock, perguntaram Mick Jagger e Keith Richards. Chegar ao primeiro lugar da parada da Billboard no dia do lançamento. E Elton conseguiu este feito com um dos meus 5 discos favoritos: “Captain Fantastic and The Brown Dirt Cowboy", lançado em maio de 1975.

Uma das chaves é a seguinte: Elton e Bernie Taupin, seu letrista, resolveram contar a história de sua própria escalada ao sucesso. A outra é o amor pela música americana de Elton (um inglês) e de Bernie, nascido nos Estados Unidos. Especialmente a country music. Isto fica explícito na faixa-título do disco, que abre o lado 1. Nela, o violão e o mandolin de Davey Johnstone abrem o caminho para Elton e o resto da banda começarem a contar esta história. A letra fala, inclusive, dos fracassos que eles enfrentaram: "Jogamos a toalha muitas vezes/ Cansados quando estamos baixo astral/ Capitão Fantástico e o Cowboy sujo/ Do fim do mundo pra sua cidade".

Na faixa seguinte, "Tower of Babel", a situação começa a pesar. Os clubes obscuros e a dificuldade de tocar em lugares legais faz Elton dizer que: "É hora da festa na Torre de Babel/ Sodoma encontra Gomorra, Caim encontra Abel/ e todos se divertem". Tudo com o apoio da incrível banda que o acompanhava na época: Além de Johnstone nas guitarras, violões e todos instrumentos de cordas, Dee Cooper, no baixo, Nigel Olsson, na bateria, e Ray Cooper, na percussão. E todos cantavam! Backing vocais dignos dos Beach Boys.

Em "Bitter Fingers", a banda dá um show de vocais e de dinâmica. A canção começa dominada pelo piano de Elton e, de repente, explode um rockão daqueles irresistíveis com um refrão chiclete que gruda no seu ouvido e faz você ficar cantando a música o dia inteiro. Elton conta sua dificuldade em ter de compor músicas de encomenda no formato que todo mundo quer: "É difícil compor com dedos amargos/ Muito a provar e poucos a te dizer porque... Parece que uma mudança é necessária/ estou cansado de de tra-la-las e la-di-das". Nesta música, a guitarra de Davey Johnstone brilha como nunca, fazendo um solo que percorre todo o final da canção.

Na sequência, Elton – sempre uma esponja dos sons que estavam no mundo pop – faz sua incursão no "Som da Filadélfia", de muito sucesso na ocasião, com "Tell me When the Whistle Blows". Pra tanto, chama o arranjador de The Three Degrees, The O'Jays e da orquestra MFSB, Gene Page, para fazer as cordas. E os músicos de Elton dão conta desta soul music com desenvoltura. Novamente, Johsntone se destaca com sua guitarra. Por incrível que pareça, ele é o único músico da banda que continuou todos estes anos com EJ e se apresentou aqui em Porto Alegre em 2013.

Depois vem o momento mais dramático do disco, "Someone Saved my Life Tonight", no qual Elton conta sem rodeios sua tentativa de casamento e a subsequente tentativa de suicídio. "Alguém salvou minha vida esta noite/Quase teve suas garras em mim, não é querida?/Você quase me teve amarrado e preso/ Direto pro altar, hipnotizado/ A doce liberdade soprou no meu ouvido/ Você é uma borboleta/ E borboletas são livres pra voar/ Voar pra longe, bem alto, adeus". Este refrão dá à medida o drama que Elton viveu neste momento. Tudo apresentado numa moldura pop onde todo o grupo chega ao ápice de uma balada. E os backing vocais... nossa!

O lado 2 começa com rock'n’roll de "Meal Ticket". Só mesmo Elton pra falar de ticket refeição e da falta de comida num rockão. "Enquanto os outros sobem, atingindo alturas O mundo está na minha frente em preto e branco/ Estou no fundo do poço, estou no fundo do poço... E eu tenho que conseguir um ticket de alimentação/ pra sobreviver eu preciso de um ticket de alimentação". As coisas não estavam exatamente boas pra Elton e Bernie neste momento.
Já "Writing" fala das dificuldades que eles enfrentavam, mas a salvação estava em compor. No entanto, a incerteza sempre rondando: "As coisas que escrevemos hoje/ Vão soar tão boas amanhã?". Como o disco inteiro não teve uma música de trabalho, como diziam os executivos das gravadoras, "Writing" é a canção que mais se aproxima deste conceito. Uma melodia marcante bem pop com o piano elétrico e o violão carregando o som.

"Better Off Dead" tem um tom dramático usando o piano e a bateria em uníssono e a letra dizendo que: "Se a chaleira está fervendo e o carvão está no fogo/ Se você pergunta como estou eu digo inspirado/ Se o espinho da rosa é o espinho cravado em você/ então é melhor você estar morto se ainda não morreu". Uma constante neste disco é a intervenção da banda de Elton nos backing vocais. Poucas vezes se ouviu num disco pop um grupo tão coeso e inspirado como este. Eles dão um show nesta canção.

A música mais dolente do disco vem a seguir: "We All Fall In Love Sometimes". Como o título diz, todos nós nos apaixonamos às vezes. Uma canção de amor com o piano de Elton segurando a melodia, enquanto um sintetizador faz a cortina. A banda entra mas é Elton quem brilha. "A lua está cheia/ E a luz das estrelas encheu a noite/ Compusemos e eu toquei/ Alguma coisa aconteceu, é estranha esta sensação/ Noções tímidas que são infantis/ Canções simples que tentaram esconder/ Mas quando chega/ Todos nós nos apaixonamos às vezes". A doçura de EJ se descortinando inteira nesta canção.

E como todo disco pop da época, o final é bombástico. "Curtains" traz Elton e sua banda com todo o gás pra fechar esta história de luta, sofrimento e superação. É a cortina que fecha o palco onde este drama se desenvolveu. Tem até sinos e um "Lum-de-lum-de-lay" nos vocais. E a letra diz: "Mas tá certo/ Tem tesouros que as crianças sempre procuram/ E como nós/ Você deve ter/ O seu era-uma-vez". Esta crônica destes tempos difíceis iria ser retomada 31 anos depois com um disco bom chamado "The Captain and The Kid", no qual o resto da história é contado. Mas posso fazer um resumo pra vocês. Até 1970, Elton lutou muito e sofreu todo este calvário que um músico enfrenta, aqui ou em qualquer lugar, E, então, o sucesso chegou. Durante cinco anos, Elton John Silva foi o rei do mundo pop. E, em 76, lançou "Rock of the Westies", que não fez tanto sucesso assim. Logo, outro rei foi colocado no trono: Peter Frampton, com seu "Frampton Comes Alive". Mas essa é outra história.
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FAIXAS:
1. Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy - 5:46
2. Tower of Babel - 4:28
3. Bitter Fingers - 4:33
4. Tell Me When the Whistle Blows - 4:20
5. Someone Saved My Life Tonight - 6:45
6. (Gotta Get A) Meal Ticket - 4:00
7. Better Off Dead - 2:37
8. Writing - 3:40
9. We All Fall in Love Sometimes - 4:15
10. Curtains - 6:15

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OUÇA:






quinta-feira, 28 de março de 2019

Elton John - "Don't Shoot me, I'm Only the Piano Player" (1973)



"O coração do álbum é uma sequência de fantasias de filmes 
americanos cujo principal objetivo 
é encantar."
Stephen Holden, em matéria 
da Rolling Stone de 1973

Um disco que comprei em 1973, chamado "Don't Shoot me, I'm Only the Piano Player", de Elton John, depois de ouvir "Daniel" no programa de inglês do Professor Fisk, que praticamente abria a programação da TV Gaúcha, lá pelas 10h30 da manhã. Me encantei com a música e a letra - apesar de ser ingênuo e não entender que era uma declaração de amor do Elton para um rapaz - e fui comprar na loja de discos do Krahe (bah, mas tu és velho mesmo!!!).

Sexto disco da carreira do Elton, eu já tinha ficado fascinado com "Rocket Man" no ano anterior. Neste trabalho, Reginald Kenneth Dwight tem a seu lado a banda que lhe acompanhou durante quase toda a sua carreira de mega sucessos nos anos 70: Davey Johnstone na guitarra e que toca com ele até hoje, sem interrupções; Dee Murray no baixo, que morreu em 1992, e o batera Nigel Olsson.

Além de "Daniel" e Crocodile Rock" (o hit radiofônico de Elton), o disco tem "Have Mercy on the Criminal" e "High Flying Bird" como outros destaques. Mas o disco inteiro é muito bom. Daí pra frente, Elton John se transformou no hitmaker dos anos 70. Todos os LPs e compactos que lançava faziam o maior sucesso. Dois anos depois, lança o que eu considero seu melhor disco, "Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy" mas aí já é outro papo.

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FAIXAS:
1. "Daniel" – 3:54
2. "Teacher I Need You" – 4:10
3. "Elderberry Wine" – 3:34
4. "Blues for My Baby and Me" – 5:42
5. "Midnight Creeper" – 3:55
6. "Have Mercy on the Criminal" – 5:57
7. "I'm Gonna Be a Teenage Idol" – 3:55
8. "Texan Love Song" – 3:33
9. "Crocodile Rock" – 3:58
10. "High Flying Bird" – 4:12
Todas as composições de autoria de Elton John e Bernie Taupin

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OUÇA O DISCO:

por Paulo Moreira

quarta-feira, 5 de abril de 2017

James Taylor e Elton John – Anfiteatro Beira-Rio – Porto Alegre /RS (04/04/2017)


Duas ou três palavras sobre o show de ontem de James Taylor e de Elton John. Em primeiro lugar, sou fã declarado e juramentado dos dois. Acompanho o Elton John desde meus 12 anos, quando ouvi pela primeira vez "Rocket Man" e pedi para minha professora de inglês no colégio. Já o JT foi um pouquinho adiante, quando começou a tocar "You've Got a Friend" e "Fire and Rain" na Continental. Entrei no glorioso Beira-Rio já gostando. 

Não me surpreendeu eles se apresentarem com bandas acima de qualquer suspeita. O James Taylor sempre se fez acompanhar pelo melhor dos estúdios americanos. Só que desta vez ele extrapolou!! Steve Gadd na bateria é um luxo só. Um dos maiores bateristas do mundo que tocou com todo mundo, desde Steely Dan até Bee Gees (é, o batera que vocês ouvem em “Stayin’ Alive” e Night fever” é ele!!!); Lou Marini no sax (da banda dos Blues Brothers); o trompetista e tecladista Walt Fowler, que integrou a banda de Frank Zappa e o espetacular Arnold McCuller, provavelmente o melhor backing vocal do planeta. Com tudo isso, mais aquele repertório maravilhoso de quase 50 anos de carreira só podia dar no que deu: um show impecável, com ele se esforçando para se comunicar com o público e ainda tirando da cartola “Steamroller”, aquele blues que mandou no meio do show. Só faltou uma namorada para abraçar na hora do “Handy Man” e do “Shower the People”. 

Já Elton John resolveu tirar as backing vocals do espetáculo anterior e a banda ganhou um punch roqueiro muito interessante. Parecia que estava vendo um show do começo dos anos 70. O repertório foi nessa linha: “Levon”, “Tiny Dancer”, “Skyline Pigeon”, “Your Song”, “Burn Down the Mission” em, especialmente pra mim, que sou fãzaço do disco “Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy”, “Someone Saved my Life Tonight”. Isso sem falar nos hits, que são obrigatórios. Endiabrado ao piano, solando como senão houvesse amanhã, ele colocou pra fora toda a influência do jazz de New Orleans no seu jeito de tocar. O público meio morno é que pareceu esperar pelas chatérrimas “Nikita” e “Sacrifice”, canções menores na carreira de Elton. Pra mim, foi um banho de música pop com os melhores do gênero. Alma lavada foi pouco.

por Paulo Moreira
Fotos gentilmente cedidas por Marcelo Bender da Silva

domingo, 9 de outubro de 2016

John Lennon and Yoko Ono - "Double Fantasy" (1980)



"O disco é um diálogo,
e temos ressuscitado nós mesmos,
de certa forma, como John e Yoko.
Não como John ex-Beatle e Yoko ex-Plastic Ono Band.
É apenas nós dois,
e nossa posição foi a de que,
se o disco não vendesse,
isso significava que as pessoas
 não querem saber sobre John e Yoko.”
John Lennon,
na histórica última entrevista
à Rolling Stone em maio de 1980

Eu acho que John está aqui conosco hoje.
Ambos, John e eu, sempre nos sentimos muito orgulhosos
e felizes por fazermos parte da raça humana.
E ele fez uma boa música
para a Terra e para o universo.
Yoko Ono,
ao receber o Grammy de Álbum do Ano
por “Double Fantasy” em fevereiro de 1981



Nesta semana, eu não poderia colocar outro disco entre os meus favoritos de todos os tempos que não fosse esta maravilha de “Double Fantasy”, o último disco de John Lennon. Por todos os motivos do mundo. Inclusive por ser a semana do aniversário dele. E por ser um disco que fala de uma coisa muito em desuso hoje em dia: relacionamentos que dão certo, apesar de tudo. E não briguem comigo, pois acho que a Yoko tem tudo a ver com este disco e com sua proposta. Montado como uma crônica da vida de um casal normal – mais ou menos, né? Afinal, eles eram John e Yoko –, o disco passeia pelas várias fases legais e outras nem tanto do cotidiano. Coisa que muita gente não quer nem ver pintada.

Vamos começar com “(Just Like) Starting Over”, o primeiro grande sucesso do disco. John diz nela que, mesmo que se conheçam há tempos e já tenham atravessado poucas e boas, “É como se nós estivéssemos nos apaixonando de novo/ será como começar de novo”. Claro que no caso deles, um ex-Beatle e uma artista plástica de classe alta japonesa, as coisas ficam mais fáceis, mas a luta com o dia-a-dia é a mesma. Lá pelas tantas, John diz pra Yoko: “Por que não nos mandamos sozinhos/ Viajamos para algum lugar muito, muito longe/ Estaremos juntos por nós mesmos/ como fazíamos nos velhos tempos”. A velha tática de escapar da rotina. Só que, aqui, o lance é estar juntos.

“Kiss Kiss Kiss” traz Yoko pedindo pra John beijá-la, tocá-la, dar-lhe carinho num clima new wave (estilo musical de sucesso na época). Durante a canção, Yoko lhe pede atenção para que este amor não se perca. Como na vida real, os beijos e os carinhos levam até o orgasmo, que é explícito. Pelo menos, em japonês.

“Cleanup Time” já traz John contando suas vicissitudes caseiras. Naquele tempo, Yoko foi cuidar das finanças da família, enquanto John ficou responsável pelo filho Sean e pela casa. “A rainha está na casa da moeda/ contando o dinheiro/ o rei está em casa fazendo pão e mel/ sem amigos e até agora sem inimigos/ completamente livres/ Sem ratos a bordo do navio mágico de harmonia (perfeita)”. A perfeição da harmonia está entre parênteses porque nada é realmente perfeito. Enquanto “Starting Over” fazia a apologia da viagem para fugir da rotina, em “Cleanup Time”, John garante que “Não interessa quão longe viajemos/ Onde nós formos/ O centro do nosso círculo/ será sempre nosso lar”. O casal se entocou no seu apartamento no Edifício Dakota durante os anos em que John esteve fora do circuito.

Depois dessa lição caseira de felicidade, as coisas começam a pesar. Yoko vem com “Give me Something”. E as reclamações aparecem com tudo: “A comida está fria/ Seus olhos estão frios/ A janela é fria/ A cama é fria/ Me dê alguma coisa que não esteja fria, me dê”. É bom lembrar que Yoko fez parte daquelas famílias japonesas que criaram suas filhas para o casamento, mas que piraram no meio do caminho. Ela se envolveu com artes plásticas, teve uma filha e começou seu caso com John enquanto ele estava casado. O feminismo estava em seu DNA. No final, ela afirma: “Te dei minhas batidas do coração/ e um pouco de lágrimas e carne/ não é muito, mas enquanto estiver aí/ você pode pegar”. Tudo isso num cenário novamente new wave. É de se notar que, enquanto John é mais tradicional em suas escolhas musicais, Yoko sempre circulou pela vanguarda.

Depois desta reclamação, ele se dá conta de que as coisas não estão exatamente muito bem e diz: “Estou perdendo você” numa batida blues. A música, “I’m Losing You”, conta um pouco do que foi o famoso “Lost Weekend” de John em 1974, quando se separou de Yoko e tomou todas ao lado de bebuns juramentados como Ringo Starr, Harry Nilsson, Elton JohnKeith Moon, entre outros menos cotados. Pra começar, ele diz que: “Aqui em um quarto estranho/ no final da tarde/ O que estou fazendo aqui?/ Não tem dúvidas sobre isso/ Estou perdendo você/ De alguma maneira, as linhas se cruzaram/ A comunicação se perdeu/ Nem consigo falar contigo pelo telefone/ apenas tenho de gritar/ que estou perdendo você”. A dor de John é palpável, assim como as guitarras lancinantes de Hugh McCraken, Earl Slick e do próprio John. Ele tenta se defender, afirmando que “você diz que não está ganhando o suficiente/ Mas eu te lembro de todas as coisas ruins/ Então que diabo tenho de fazer?/ Botar um bandaid?/ E parar com o sangramento agora/ parar com o sangramento agora”. No final da canção, John tenta novamente se defender dizendo: “Sei que te magoei então/ mas isso foi muito tempo atrás/ E bem, você ainda tem de carregar esta cruz?/ Não quero ouvir sobre isso/ Estou perdendo você”.

O curioso é que, na mesma batida firme e no tempo de Andy Newmark, Yoko dá sua versão da história. Em “I’m Moving On”, ela mantém sua postura de confronto. “Guarde sua conversinha suave pra quando estiver paquerando/ Guarde seus beijos de segunda-feira para sua dama de vidro/ Quero a verdade e nada mais/ Estou indo embora, estou indo embora, você está ficando chato”. Ao contrário de todo o disco – e mantendo sua postura de sempre –, Yoko foge da vanguarda e da modernidade da new wave daquele momento e segue sua diatribe na batida do blues, mostrando que o sofrimento é dos dois.

Para aliviar a pressão, John faz sua homenagem ao filho Sean, então com cinco anos de idade. “Beautiful Boy” inicia com o pai dizendo ao filho para “Fechar os olhos/ não ter medo/ O monstro se foi/ está indo embora e seu pai está aqui”. Os steel drums de Robert Greenidge dão a medida da suavidade da canção. Mesmo assim, algo dizia a John que as coisas não estavam bem. Em diversos momentos do disco, tanto ele quanto Yoko, soltam pistas de que havia uma ameaça no ar. “No oceano, navegando pra longe/ mal posso esperar/ ver você crescer/ mas acho que ambos deveremos ser pacientes”. E a premonição se consuma quando afirma: “Antes de atravessar a rua/ pegue minha mão/a vida é o que acontece a você/ enquanto você está ocupado/ fazendo outros planos”. É bom lembrar que, na noite em que foi assassinado, John e Yoko voltavam do estúdio onde mixavam seu próximo disco, “Milk and Honey”, lançado postumamente.

“Watching the Wheels” é, provavelmente, a melhor música de todo o disco. Usando a metáfora de uma roda gigante como o movimento da vida, John faz um inventário da atitude das pessoas, fãs e jornalistas em relação ao seu sumiço. “As pessoas dizem que estou louco fazendo o que faço/ Bem, eles me dão todos os tipos de avisos pra me salvar a da ruína/ Quando digo que estou ok, eles me olham de um jeito estranho/ certamente você não está feliz, não está mais jogando”. No refrão, ele reforça sua postura: “Estou apenas sentado olhando a roda gigante girando e girando/ Eu realmente adoro vê-la rolar/ Não mais andando no carrossel/ eu apenas tive de deixar ir embora”. O oberheim de Ed Walsh percorre toda a música, enquanto John faz o tema ao piano. Outro destaque é para o baixo sempre presente de Tony Levin.

“Yes, I’m your Angel” traz Yoko brincando de jazz da década de 30, meio Billie Holiday, meio Bessie Smith (sem, é claro, o poder vocal destas duas cantoras). Até parece uma daquelas paródias jazzísticas que o grupo Queen fazia em seus discos dos anos 70, “A Night at the Opera” e “A Day at the Races”. A letra fala de um amor de conto de fadas que Yoko usa para dar um relax neste disco, onde o relacionamento entre homem e mulher, às vezes, chega a momentos muito difíceis.

“Woman” é simplesmente a maior declaração de amor que um cantor e compositor já fez para sua amada perpetrada em disco. Não somente porque tem um clima romântico, mas porque John admite suas falhas na condução do sucesso e da fama e porque dá o crédito a Yoko por tê-lo colocado no caminho certo. “Mulher, sei que você entende/ a criança dentro do homem/ por favor, lembre que minha vida está em suas mãos”. Depois de dizer isso, sobra muito pouco para John entregar. E ele consegue: “Mulher, deixe-me explicar/ Nunca pretendi te causar sofrimento ou dor/ então deixe-me dizer de novo, de novo, de novo/ Te amo agora e pra sempre”. Ao ouvir com fones, vocês vão notar os Benny Cummings Singers, um coral de igreja que participa sutilmente.

O disco até poderia terminar aqui tamanha a carga emocional que esta canção carrega. Mas Yoko ainda fala de seus “meninos” John e Sean em “Beautiful Boys”. Do filho, ela diz que “você é um menino bonito/ com todos os teus pequenos brinquedos/ teus olhos tem visto o mundo/ apesar de ter apenas quatro anos de idade... Por favor, nunca tenha medo de chorar”. Já a respeito de John, Yoko afirma que “sua mente mudou o mundo/ e agora você tem quarenta anos de idade/ você tem tudo o que conseguir carregar/ e ainda assim se sentir vazio/ Nunca tenha medo de voar”. O violão clássico de McCracken se mistura ao baixo fretless de Levin e aos teclados de Walsh dando um clima soturno à canção.

Na última participação de John no disco, a pop music beatelesca volta com “Dear Yoko”, outra declaração de amor, embalada numa faixa dançante e onde John retoma a harmônica dos velhos tempos, mesclada com as guitarras de Slick e McCracken, dois mestres dos estúdios. A canção chega a ser bobinha em alguns momentos como “mesmo quando eu vejo TV/ Tem um buraco onde você deveria estar/ Não tem ninguém deitado perto de mim, Yoko”. “Double Fantasy” também é um disco interessante porque alterna estes momentos mais “pesados”, de dificuldade no relacionamento de um casal, com climas mais animados, pra cima.

A influência da cultura japonesa na vida Yoko se faz presente em “Every Man Has a Woman Who Loves Him”, uma afirmação que eu realmente gostaria que existisse. Os teclados e as guitarras tecem uma teia de informação musical nipônica, enquanto as batidas de Newmark e o baixo de Levin marcam o ritmo. “Todo homem tem uma mulher que lhe ama/ na chuva ou no sol, na vida ou na morte/ se ele a encontrar em sua vida/ ele saberá ao colocar o ouvido em seu seio”. Depois, ela troca a perspectiva, falando da mulher: “Toda mulher tem um homem que a ama/ ao levantar ou cair na sua vida ou na morte/ e se ela o encontrar em sua vida/ Ela vai saber ao olhar em seus olhos”. No refrão, ela é quem faz o mea culpa: “Por que fico circulando quando sei que tu és a pessoa/ Por que eu corro quando tenho vontade de te abraçar?”.

O impressionante é que, ao chegar o final de “Double Fantasy”, Yoko tenha feito um exercício de premonição absoluto, sem imaginar o que iria acontecer. “Hard Times Are Over” ou “Os Tempos Difíceis Terminaram”. Num tom celebratório, Yoko começa dizendo que “tem sido muito difícil/ mas está ficando mais fácil agora/ Os tempos difíceis terminaram, terminaram por um tempo”. Mal sabia ela que, dois meses depois do disco ter sido lançado, Mark David Chapman faria todo aquele estrago na vida da gente em dezembro daquele mesmo ano. Com solo de sax de David Tofani, a canção usa os backing vocals para dar aquele astral de fim de disco. No relançamento do CD, ainda constam uma música que John estava terminando, “Help Me to Help Myself”, e a criticada “Walking on Thin Ice”, cuja mixagem encerrou no dia da morte de John e que Yoko lançou em fevereiro de 1981.

Além deste tom “cinema verité” de todo o disco, quando nem John nem Yoko escondem seus problemas e suas dificuldades, “Double Fantasy” tem a seu favor uma divisão bem clara de sonoridades: John mais clássico, tanto rock quanto pop, e Yoko trafegando com desenvoltura pela vanguarda e pelo new wave, muito em moda na época e cujos praticantes – especialmente The B-52’s – citavam nominalmente Yoko como grande influência.
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FAIXAS:
1. (Just Like) Starting Over - 3:56            
2. Kiss Kiss Kiss - 2:41   
3. Cleanup Time - 2:58 
4. Give Me Something - 1:34     
5. I'm Losing You - 3:57
6. I'm Moving On - 2:21
7. Beautiful Boy (Darling Boy) - 4:05     
8. Watching the Wheels - 3:59 
9. Yes, I'm Your Angel - 3:09      
10. Woman - 3:32           
11. Beautiful Boys - 2:55             
12. Dear Yoko - 2:34      
13. Every Man Has a Woman Who Loves Him - 4:03       
14. Hard Times Are Over - 3:19

Faixas inclusas na versão em CD, de 2000:
15. Help Me to Help Myself - 2:37
16. Walking on Thin Ice - 6:00
todas as faixas compostas por John Lennon e Yoko Ono

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OUÇA O DISCO

por Paulo Moreira

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2020

 


Corre pro abraçaço, Caetano!
Você tá na liderança.

Como de costume, todo início de ano, organizamos os dados, ordenamos as informações e conferimos como vai indo a contagem dos nossos  ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, quem tem mais discos indicados, que país se destaca e tudo mais. Se 2020 não foi lá um grande ano, nós do Clyblog não podemos reclamar no que diz repsito a grandes discos que apareceram por aqui, ótimos textos e colaborações importantes. O mês do nosso aniversário por exemplo, agosto, teve um convidado para cada semana, destacando um disco diferente, fechando as comemorações com a primeira participação internacional no nosso blog, da escritora angolana Marta Santos, que nos apresentou o excelente disco de Elias Dya Kymuezu, "Elia", de 1969
A propósito de país estreante nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, no ano que passou tivemos também a inclusão de belgas (Front 242) e russos (Sergei Prokofiev) na nossa seleta lista que, por sinal, continua com a inabalável liderança dos norte-americanos, seguidos por brasileiros e ingleses. 
Também não há mudanças nas décadas, em que os anos 70 continuam mandando no pedaço; nem no que diz respeito aos anos, onde o de 1986 continua na frente mesmo sem ter marcado nenhum disco nessa última temporada, embora haja alguma movimentação na segunda colocação.
A principal modificação que se dá é na ponta da lista de discos nacionais, onde, pela primeira vez em muito tempo, Jorge Ben é desbancado da primeira posição por Caetano Veloso. Jorge até tem o mesmo número de álbuns que o baiano, mas leva a desvantagem de um deles ser em parceria com Gil e todos os de Caetano, serem "solo". Sinto, muito, Babulina. São as regras.
Na lista internacional, a liderança continua nas mãos dos Beatles, mas temos novidade na vice-liderança onde Pink Floyd se junta a David Bowie, Kraftwerk e Rolling Stones no segundo degrau do pódio. Mas é bom a galera da frente começar a ficar esperta porque Wayne Shorter vem correndo por fora e se aproxima perigosamente.
Destaques, de um modo geral, para Milton Nascimento que, até este ano não tinha nenhum disco na nossa lista e que, de uma hora para outra já tem dois, embora ambos sejam de parcerias, e falando em parcerias, destaque também para John Cale, que com dois solos, uma parceria aqui, outra ali, também já chega a quatro discos indicados nos nossos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS.

Dá uma olhada , então, na nossa atualização de discos pra fechar o ano de 2020:



PLACAR POR ARTISTA INTERNACIONAL (GERAL)

  • The Beatles: 6 álbuns
  • David Bowie, Kraftwerk, Rolling Sones e Pink Floyd: 5 álbuns cada
  • Miles Davis, Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Wayne Shorter e John Cale*  **: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, John Coltrane, Van Morrison, Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden, Bob Dylan e Lou Reed**: 3 álbuns cada
  • Björk, The Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Herbie Hancock, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Lee Morgan, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, R.E.M., Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, U2, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Grant Green e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"
**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 5 álbuns
  • Jorge Ben: 5 álbuns *
  • Gilberto Gil*, Tim Maia e Chico Buarque: 4 álbuns
  • Gal Costa, Legião Urbana, Titãs e Engenheiros do Hawaii: 3 álbuns cada
  • Baden Powell**,, João Bosco, João Gilberto***, Lobão, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Paulinho da Viola, Ratos de Porão, Sepultura e Milton Nascimento**** : todos com 2 álbuns 
*contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"
** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"
*** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto" ****
contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 15
  • anos 60: 90
  • anos 70: 132
  • anos 80: 110
  • anos 90: 86
  • anos 2000: 13
  • anos 2010: 13
  • anos 2020: 1


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 21 álbuns
  • 1985, 1969 e 1977: 17 álbuns
  • 1967, 1973 e 1976: 16 álbuns cada
  • 1968 e 1972: 15 álbuns cada
  • 1970, 1971, 1979 e 1991: 14 álbuns
  • 1975, e 1980: 13 álbuns
  • 1965 e 1992: 12 álbuns cada
  • 1964, 1987,1989 e 1994: 11 álbuns cada
  • 1966, 1978 e 1990: 10 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 171 obras de artistas*
  • Brasil: 131 obras
  • Inglaterra: 114 obras
  • Alemanha: 9 obras
  • Irlanda: 6 obras
  • Canadá: 4 obras
  • Escócia: 4 obras
  • México, Austrália, Jamaica, Islândia, País de Gales: 2 cada
  • País de Gales, Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de páises diferentes, conta um para cada)

terça-feira, 18 de junho de 2019

"Rocketman", de Dexter Fletcher (2019)



Que filme bacana! Que filme legal! Que filme gostoso de ver! "Rocketman", cinebiografia do astro pop Elton John, é um filme apaixonante e envolvente. Consegue ser empolgante o tempo todo, não somente nos momentos de redentores, entusiásticos, mas também nos momentos duros e dramáticos. Com uma estrutura muito dinâmica e inteligente, o filme do diretor Dexter Fletcher narra a trajetória de Reginald Dwight desde a promissora infância de prodígio do piano em uma família cheia de problemas, passando pela transformação em Elton John, pelo estrelato, pela autodescoberta de sua sexualidade, chegando a todas as crises inerentes à condição de superstar. O roteiro, muito bem escrito e inteligente, utiliza números musicais como transições de tempo ou de estado, garantindo um desenvolvimento muito eficiente e estimulante para o espectador, fazendo dos avanços de tempo algo sempre interessante, intercalando-os com canções cujas letras cumprem papel importante no andamento do longa, mostrando-se ora reveladoras, ora sugestivas às situações da história às quais estejam vinculdas. Taron Egerton se não é brilhante, é competente e, sobretudo dramaticamente, dá conta do recado. A fotografia, o figurino, a direção de arte são impecáveis e a parte musical é muito bem desenvolvida, funcionando como parte fundamental no argumento. Como não podia deixar de ser, uma proposta tão audaciosa unida a um personagem tão visual, proporciona cenas marcantes e, desde já, inesquecíveis. Uma delas é, bem no início (mas que se estende pelo filme todo), quando Elton entra na sala de alcoólicos anônimos, ainda todo caracterizado no figurino de palco e senta-se entre os demais do grupo e começa a narrar sua história. Ele, escarlate, alado, com imponentes chifres retorcidos, parece, ali, naquele momento (ainda), um deus entre mortais, sensação que, no entanto, vai se desfazendo ao longo do filme, à medida que a fantasia vai sendo retirada e o cantor vai demonstrando cada vez mais suas fragilidades. Outro momento incrível é o da gloriosa apresentação no clube Troubador, a primeira nos Estados Unidos, em que o diretor consegue nos transmitir, dentro de suas possibilidades, toda a mágica que deve ter acontecido naquele instante, nos tirando do chão tanto quanto Elton saiu e deve ter feito flutuar o público do local. E por falar em cena mágica... O que dizer da que o astro sobe aos céus como um... homem-foguete? Meu Deus!
As comparações com a outra biografia recente e consagrada "Bohemian Rhapsody" são inevitáveis e nela é imperativo admitir-se que "Rocketman" é um filme muito melhor. "Rocketman" é mais filme, é mais cinema, é mais arte, enquanto a saga do Queen é mais pipoca, mais padrão, mais forjada para o grande público. Rami Malek é um diferencial, um show à parte, é mais impressionante, é verdade, mas Taron Egerton não decepciona e, de certa forma, se expõe mais ao emprestar a própria voz, cantando, verdadeiramente, as canções no filme. Mas, méritos à parte, independente de qual seja melhor, mais ousado, mais artístico, o fato é que é muito bom que tenhamos biografias cinematográficas de figuras importantes do rock com a qualidade que estas duas recentes em questão. São personagens riquíssimos que, cada um à sua maneira, fizeram nossas cabeças, deram sua parcela de contribuição artística para o mundo e ajudaram a mudar o comportamento em nosso tempo. Que venham sempre mais e mais filmes como estes. Quem é o próximo rockstar na fila?
Cena fantástica em que Elton chega no grupo de ajuda totalmente "montado".
Um deus entre os mortais.




Cly Reis

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Dossiê ÁLBUNS FUNDAMENTAIS 2023

 



Rita e Sakamoto nos deixaram esse ano
mas seus ÁLBUNS permanecem e serão sempre
FUNDAMENTAIS
Chegou a hora da nossa recapitulação anual dos discos que integram nossa ilustríssima lista de ÁLBUNS FUNDAMENTAIS e dos que chegaram, este ano, para se juntar a eles.

Foi o ano em que nosso blog soprou 15 velinhas e por isso, tivemos uma série de participações especiais que abrilhantaram ainda mais nossa seção e trouxeram algumas novidades para nossa lista de honra, como o ingresso do primeiro argentino na nossa seleção, Charly Garcia, lembrado na resenha do convidado Roberto Sulzbach. Já o convidado João Marcelo Heinz, não quis nem saber e, por conta dos 15 anos, tascou logo 15 álbuns de uma vez só, no Super-ÁLBUNS FUNDAMENTAIS de aniversário. Mas como cereja do bolo dos nossos 15 anos, tivemos a participação especialíssima do incrível André Abujamra, músico, ator, produtor, multi-instrumentista, que nos deu a honra de uma resenha sua sobre um álbum não menos especial, "Simple Pleasures", de Bobby McFerrin.

Esse aniversário foi demais, hein!

Na nossa contagem, entre os países, os Estados Unidos continuam folgados à frente, enquanto na segunda posição, os brasileiros mantém boa distância dos ingleses; entre os artistas, a ordem das coisas se reestabelece e os dois nomes mais influentes da música mundial voltam a ocupar as primeiras posições: Beatles e Kraftwerk, lá na frente, respectivamente. Enquanto isso, no Brasil, os baianos Caetano e Gil, seguem firmes na primeira e segunda colocação, mesmo com Chico tendo marcado mais um numa tabelinha mística com o grande Edu Lobo. Entre os anos que mais nos proporcionaram grandes obras, o ano de 1986 continua à frente, embora os anos 70 permaneçam inabaláveis em sua liderança entre as décadas.

No ano em que perdemos o Ryuichi Sakamoto e Rita Lee, não podiam faltar mais discos deles na nossa lista e a rainha do rock brasuca, não deixou por menos e mandou logo dois. Se temos perdas, por outro lado, celebramos a vida e a genialidade de grandes nomes como Jards Macalé que completou 80 anos e, por sinal, colocou mais um disco entre os nossos grandes. E falando em datas, se "Let's Get It On", de Marvin Gaye entra na nossa listagem ostentando seus marcantes 50 anos de lançamento, o estreante Xande de Pilares, coloca um disco entre os fundamentais logo no seu ano de lançamento. Pode isso? Claro que pode! Discos não tem data, música não tem idade, artistas não morrem... É por isso que nos entregam álbuns que são verdadeiramente fundamentais.
Vamos ver, então, como foram as coisas, em números, em 2023, o ano dos 15 anos do clyblog:


*************


PLACAR POR ARTISTA (INTERNACIONAL)

  • The Beatles: 7 álbuns
  • Kraftwerk: 6 álbuns
  • David Bowie, Rolling Sones, Pink Floyd, Miles Davis, John Coltrane, John Cale*  **, e Wayne Shorter***: 5 álbuns cada
  • Talking Heads, The Who, Smiths, Led Zeppelin, Bob Dylan e Lee Morgan: 4 álbuns cada
  • Stevie Wonder, Cure, Van Morrison, R.E.M., Sonic Youth, Kinks, Iron Maiden , U2, Philip Glass, Lou Reed**, e Herbie Hancock***: 3 álbuns cada
  • Björk, Beach Boys, Cocteau Twins, Cream, Deep Purple, The Doors, Echo and The Bunnymen, Elvis Presley, Elton John, Queen, Creedence Clarwater Revival, Janis Joplin, Johnny Cash, Joy Division, Madonna, Massive Attack, Morrissey, Muddy Waters, Neil Young and The Crazy Horse, New Order, Nivana, Nine Inch Nails, PIL, Prince, Prodigy, Public Enemy, Ramones, Siouxsie and The Banshees, The Stooges, Pixies, Dead Kennedy's, Velvet Underground, Metallica, Dexter Gordon, Philip Glass, PJ Harvey, Rage Against Machine, Body Count, Suzanne Vega, Beastie Boys, Ride, Faith No More, McCoy Tyner, Vince Guaraldi, Grant Green, Santana, Ryuichi Sakamoto, Marvin Gaye e Brian Eno* : todos com 2 álbuns
*contando com o álbum  Brian Eno e John Cale , ¨Wrong Way Out"

**contando com o álbum Lou Reed e John Cale,  "Songs for Drella"

*** contando o álbum "Five Star', do V.S.O.P.



PLACAR POR ARTISTA (NACIONAL)

  • Caetano Veloso: 7 álbuns*
  • Gilberto Gil: * **: 6 álbuns
  • Jorge Ben e Chico Buarque ++: 5 álbuns **
  • Tim Maia, Rita Lee, Legião Urbana, Chico Buarque,  e João Gilberto*  ****, e Milton Nascimento*****: 4 álbuns
  • Gal Costa, Titãs, Paulinho da Viola, Engenheiros do Hawaii e Tom Jobim +: 3 álbuns cada
  • João Bosco, Lobão, João Donato, Emílio Santiago, Jards Macalé, Elis Regina, Edu Lobo+, Novos Baianos, Paralamas do Sucesso, Ratos de Porão, Roberto Carlos, Sepultura e Baden Powell*** : todos com 2 álbuns 


*contando com o álbum "Brasil", com João Gilberto, Maria Bethânia e Gilberto Gil

**contando o álbum Gilberto Gil e Jorge Ben, "Gil e Jorge"

*** contando o álbum Baden Powell e Vinícius de Moraes, "Afro-sambas"

**** contando o álbum Stan Getz e João Gilberto, "Getz/Gilberto"

***** contando com os álbuns Milton Nascimento e Criolo, "Existe Amor" e Milton Nascimento e Lô Borges, "Clube da Esquina"

+ contando com o álbum "Edu & Tom/ Tom & Edu"

++ contando com o álbum "O Grande Circo Místico"



PLACAR POR DÉCADA

  • anos 20: 2
  • anos 30: 3
  • anos 40: -
  • anos 50: 121
  • anos 60: 100
  • anos 70: 160
  • anos 80: 139
  • anos 90: 102
  • anos 2000: 18
  • anos 2010: 16
  • anos 2020: 3


*séc. XIX: 2
*séc. XVIII: 1


PLACAR POR ANO

  • 1986: 24 álbuns
  • 1977 e 1972: 20 álbuns
  • 1969 e 1976: 19 álbuns
  • 1970: 18 álbuns
  • 1968, 1971, 1973, 1979, 1985 e 1992: 17 álbuns
  • 1967, 1971 e 1975: 16 álbuns cada
  • 1980, 1983 e 1991: 15 álbuns cada
  • 1965 e 1988: 14 álbuns
  • 1987, 1989 e 1994: 13 álbuns
  • 1990: 12 álbuns
  • 1964, 1966, 1978: 11 álbuns cada



PLACAR POR NACIONALIDADE*

  • Estados Unidos: 211 obras de artistas*
  • Brasil: 159 obras
  • Inglaterra: 126 obras
  • Alemanha: 11 obras
  • Irlanda: 7 obras
  • Canadá: 5 obras
  • Escócia: 4 obras
  • Islândia, País de Gales, Jamaica, México: 3 obras
  • Austrália e Japão: 2 cada
  • Itália, Hungria, Suíça, França, Bélgica, Rússia, Angola, Nigéria, Argentina e São Cristóvão e Névis: 1 cada

*artista oriundo daquele país
(em caso de parcerias de artistas de países diferentes, conta um para cada)