Curta no Facebook

Mostrando postagens com marcador Ratos de Porão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ratos de Porão. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Drops Ratos de Porão e Código Penal - Bar Opinião - Porto Alegre (RS) - 31/08/24


Esse show está previsto lá para agosto, mas entra já como drops do Cly_live por um bom motivo. E não é somente a próprio Ratos de Porão, a quem já assisti em mais de uma ocasião, inclusive, no mesmo Bar Opinião, em 2013 e 2015. Mas, sim, por que a banda Código Penal, do meu primo-brother Lucio Agacê, vai fazer o show de abertura!

A excelente apresentação que a banda fez no Preto no Metal Festival, em dezembro do ano passado, que registramos aqui, não haveria de passar – com o perdão da aparente contradição – em branco. Como, de fato, não passou. A produtora, na busca por uma banda local legal que pudesse introduzir os veteranos do hardcore brasileiro, chegou na Código em virtude daquela participação também ocorrida no Opinião. Não deu outra.

Felicíssimo com essa conquista da Código e de Lucio, há tento tempo na estrada e cavando oportunidades neste meio. Parabéns, CP! Vocês merecem, e tenho certeza de que irão fazer um show ainda mais matador que aquele primeiro em que pisaram o palco sagrado do Opinião. Estarei lá, certamente – e, com todo respeito, menos pela Ratos do que pela Código.


Daniel Rodrigues


terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Ratos de Porão - Vale dos Sinos Fest Tattoo - Pavilhões da FENAC - Novo Hamburgo / RS (12/02/2022)




O carismático João Gordo, à frente 
de sua lendária banda
Eis que o Ratos de Porão finalmente retorna aos palcos! A banda começou por São Paulo uma série de shows comemorativos aos 40 anos de carreira, onde tocam, na íntegra, o repertório dos álbuns "Crucificados pelo sistema" (1984), "Descanse em Paz" (1986), "Cada Dia mais Sujo e Agressivo" (1987), "Brasil" (1989) e "Anarkophobia" (1991), respectivamente.

E então é 12 de fevereiro de 2022... 

Aguardei ansioso por esse dia. 

Depois do confinamento forçado pela pandemia nada melhor que um evento que reúne coisas que fazem do underground um ambiente único de se estar.

Vale dos Sinos Tattoo Fest foi realizado nos pavilhões da FENAC em Novo Hamburgo e vários artistas da tattoo e muita gente legal circulava pelo local. Foram duas noites memoráveis!

Na sexta feira, dia 11, rolou o show da Surra, uma banda foda que recomendo a audição e, sábado, no dia 12, nada mais nada menos que a lendária e melhor banda de hardcore crossover da América Latina, RATOS DE PORÃO, que, para esse show reservou uma apresentação que, na minha opinião, é a mais foda deles nos presenteando com clássicos de quase todos os discos até 1992.

Sim, senhoras e senhores, eles trouxeram para Novo Hamburgo o show do álbum ao vivo tocando na mesma ordem do disco, com direito à antológica frase, "Estou lindo de cabelo vermelho?".

Visitando algumas do "Século Sinistro", de 2014, foi um espetáculo com momentos de esquecimento dos músicos, dado ao tempo sem tocar as músicas.

Entre roda-punk, doses de Aerolin e muitos "Fora Bolsonaro!", foi uma noite inesquecível da mais
bela celebração do underground, PUNK ,tatoo e cerveja pós pandemia. Isso sem contar os vários
e vários amigos de várias cidades se reencontrando.

Sejam bem vindos ao novo normal!!!!

#oldpunksneverdie!

Showzaço com tudo de 1984 a 1992, e um pouquinho mais.









quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Música da Cabeça - Programa #125


Fernanda Young, que nos deixou essa semana, certamente estava puta da cara com as queimadas na Amazônia. O Música da Cabeça mantém o seu grito de revolta, falando sobre ela e sobre a terrível situação no pulmão do mundo. Mas também vai falar, claro, sobre música, que terá de bastante e muito variada: Louis Armstrong, Ratos de Porão, The Yardbirds, Joy Division, John Lennon e mais. Também o músico japonês Yuzo Toyama num novo quadro “Cabeção”.  Como sempre, é hoje às 21h, na Rádio Elétrica. Produção, apresentação (e zero de focos de incêndio): Daniel Rodrigues.


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS ESPECIAL 10 ANOS DO CLYBLOG - Ratos de Porão - "Século Sinistro" (2014)




“É o cotidiano desprezível, sabe? (...)
[O álbum] tem uma indignação da minha parte,
com a política, com a impunidade.
Retrata o cotidiano da gente
com a maior raiva e desprezo”
João Gordo, 
em entrevista à Rolling Stone



Quase 35 anos depois de "Crucificados pelo Sistema" (1984), um clássico álbum punk de uma das mais importantes, influentes e fundamentais bandas de som pesado no Brasil, os Ratos de Porão permanecem até hoje entre as maiores referências, uma vez que atravessaram três décadas de existência e resistência seguindo firmes e fortes como a mais bem sucedida da cena da qual fizeram parte nos anos 80.
Com uma discografia que ultrapassa 12 discos de estúdio, sempre expelindo toda sua fúria contra o sistema e rompendo as barreiras do punk/hardcore, broches desde quando arriscaram ligações com o metal no início dos anos 90, a banda se encontra em sua melhor fase.
Atualmente formada por Jão (guitarra), João Gordo (vocal), Boka (bateria) e Juninho (baixo), os Ratos passaram por um hiato de oito anos e, em 2014, lançaram esse incrível "Século Sinistro", gravado e mixado em formato analógico com produção assinada por Jean Dellabella (ex-Sepultura) e pela própria banda.
Eleito o 7° melhor disco nacional da década pela Rolling Stone, "Século Sinistro" reflete veementemente seu título em 13 faixas (12 autorais e 1 cover) recheadas de fúria, energia, guitarras rápidas e ótimos riffs. Sob letras sempre muito reflexivas, a temática nos problemas atuais está sempre em foco, como em “Conflito Violento” – faixa que abre o disco relatando a violência policial contra manifestantes nos atos contra o governo em 2013, quando o povo achava ter “acordado” -; “Puta, Viagra e Corrupção”; “Pra Fazer Pobre Chorar”; “Viciado Digital” e críticas às desgraças que acontecem por aqui como em “Jornada Para O Inferno”; “Prenúncio Das Trevas” – em uma alusão a situação precária dos presídios brasileiros – e “Stress Pós-Traumático”.
O cover de “Progeria Of Power” da banda punk sueca Anti-Cimex e as participações: Moyses Kolesne (Krisiun) no solo de “Neocanibalismo”, trazem à tona as influências do metal que moldaram a sonoridade desde Anarkophobia (1991). Já em “Sangue & Bunda” o destaque especial são os grunhidos guturais de Atum, o porquinho de estimação de 
João Gordo.


por Helson Luiz Trindade

****

FAIXAS:
1. "Conflito Violento" 3:20
2. "Neocanibalismo" 2:42
3. "Grande Bosta" 3:15
4. "Sangue & Bunda" 2:13
5. "Século Sinistro" 1:47
6. "Jornada Para o Inferno" 3:20
7. "Prenúncio de Treta" 2:46
8. "Stress Pós-Traumático" 3:01
9. "Viciado Digital" 2:15
10. "Boiada Pra Bandido" 3:24
11. "Progeria Power" 1:10
12. "Puta, Viagra e Corrupção" 2:20
13. "Pra Fazer Pobre Chorar" 2:26


****
Ouça:


****


Helson Luiz Trindade, carioca, residente no Rio de Janeiro, é, como ele mesmo se define, um 'apaixonado por música'; e por isso mesmo seu envolvimento com esta paixão é enorme e constante. Além de estar sempre às voltas com seus álbuns preferidos ou com o fone de ouvidos, Helson administra o blog Acervo Básico (acervobasico.wordpress.com) e colabora com seu repertório, conhecimento e atualização no blog Zine Musical (zinemusical.wordpress.com).

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Periferia S/A - "Fé+Fé=Fezes" (2014)


"Povo burro 
é povo submisso"
Jão



Então fazia algum tempo que eu não trazia algo para o AF, mas aí estava eu em casa a cozinhar quando resolvi pôr algo no YouTube para ouvir/assistir. Entre tantas opções modernas, entre tantos lançamentos, resolvi assistir a uma entrevista que há alguns dias eu vinha namorado na telinha. Nada mais nada menos que João Carlos Molina Esteves, o Jão, guitarrista fundador de uma das bandas que na minha opinião foi uma das precursores do movimento punk brasuca: os Ratos de Porão. Esta foi a banda que me inspirou e me fez querer fazer hardcore. Os caras tinham uma energia, uma verdade que eu sentia em poucas bandas. Mas até aí é a história que todo mundo conhece: o pioneirismo, a força, a fúria, as letras a influência... O que quero chamar atenção aqui, no entanto, talvez só quem tenha vivido aquele punk brasileiro dos anos 80 entenda o sentido. Eu curto RDP desde 1987 quando os ouvi na coletânea "Ataque Sonoro" e depois fui conhecer o "Sub", outra coletânea clássica do punk nacional dos oitenta, que é justamente o tiro inicial dessa resenha. Quando ouvi o "Ataque Sonoro", fiquei um tanto confuso quanto àquela banda. Eu havia gostado mas havia algo ali que voltimeia me fazia pular as músicas. Porém, depois, quando ouvi no "Sub" aquele baixo marcante da faixa “Vida Ruim” tive vontade de pegar imediatamente meu skate e descer a maior ladeira que eu pudesse entoando o “NÃO VAI DAAARR DESSE JEITO O MUNDO VAI ACABAARR”!!!! Aquilo me fez me fez sentir o motivo de ser punk naquele momento.
Mas os Ratos  de repente deram, meio que do nada, um salto pra um crossover. Seguiram naquele rip e eu, fã, mesmo não tendo compreendido bem aquela mudança, aprendi a amar e me mantive fiel durante todo esse tempo. Só após trinta anos, finalmente compreendi aquele salto, aquela passagem brusca daquele punk pro crossover. Estava tudo guardado na cabeça de um cara: o Jão. Um cara que com toda sua humildade e generosidade soube guardar e esperar o exato momento para, quem sabe, explicar a transição após todo esse tempo.
No meu ponto de vista, a retomada daquele ponto foi inconsciente. Uma coisa que aconteceu. Tipo, aquela namorada de adolescente que você resolve fazer um recibo mas que de repente explica o motivo de muitos erros e acertos na vida. Me refiro à Periferia S/A, banda formada por Jão na guita e vocal, Jabá no baixo e Dru na batera. A banda traz um som punk enérgico com letras de protesto que vão desde revolta contra o sistema, até o tiozinho bebaço que põe a vida fora na cachaça. E porquê eu falo deles no AF??? Porque eles me fizeram entender tal transição e também me fizeram acreditar que mesmo que o Ratos não fosse o Ratos que tanto curto e acompanho, eu teria o que acompanhar caso eles não existissem. Ouvindo o disco, o ótimo "Fé+Fé=Fezes" de 2014, segundo trabalho dos caras, vejo que seria ducaralho ouvir esse álbum de 2014 lá em 1989, por exemplo, e se por acaso o RDP não tivesse lançado o "Cada Dia Mais Sujo e Agressivo", este, o "Fé+Fé=Fezes", seria tão contemporâneo (não que pareça antigo, é que Ratos sempre esteve a frente do seu tempo), que teríamos discos para três ou quatro gerações futuras.
Mas situando-o devidamente em sua época e seu contexto, o álbum do Periferia S/A, se formos analisar de uma maneira mais ampla, pode ser visto como um acontecimento importante no cenário cultural e social brasileiro da atualidade. Numa época em que há tanto pelo que se gritar e pouca gente no mundo artístico parecendo disposta ou com capacidade para fazê-lo, trabalhos como este do Periferia configuram-se como obras necessárias e fundamentais. Sabemos que esse grito atinge poucos, e àqueles a quem chega estes já tem a consciência da necessidade de um insurgimento popular, mas já que a cena nacional de rock praticamente inexiste e ao contrário dos anos 80 quando pelo menos havia um rol de bandas, ainda que comerciais, com poder de discurso e mobilização, que a voz da periferia seja a representante de nossa legítima insatisfação. Mais do que o alcance, o importante neste momento é a indignação, o sangue nos olhos e isso o Periferia S/A tem de sobra. Como diz o título de uma das músicas do álbum, "devemos protestar" e nenhum gênero, estilo, movimento é mais legítimo do que o punk para fazer um convocação como essa. Sim, o bom e velho punk está de volta e com toda a fúria e energia. Longa vida a ele.


Lucio Agacê

*****************************

FAIXAS:
1. Pindorama Pindaíba (01:59)
2. Urbanóia (01:46)
3. Fé + Fé = Fezes (01:09)
4. Problema de Ninguém (02:31)
5. Fé + Fé = Fezes (01:27)
6. 12XU )01:33)


7. Pindorama Pindaíba (01:48)*
8. Recomeçar (03:06)*
9. Eles (01:59)*
10. A Farsa do Entretenimento (02:31)*
11. Segunda Feira (01:40)*
12. Oprimido (01:48)*
13. Carestia (01:11)*
14. Parasita (01:22)*
15. Padre Multimídia (03:31)*
16. Devemos Protestar (02:18)*

* (7 a 16 gravações ao vivo)

************************
Ouça:

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Ratos de Porão – 30 Anos de “Crucificados pelo Sistema” – Segunda Maluca – Bar Opinião – Porto Alegre/RS (19/10/2015)




A banda tocando "Crucificados pelo Sistema" na íntegra.
foto: Leocádia Costa
O show do Ratos de Porão na Segunda Maluca, no bar Opinião, já é um programa anual confirmado em Porto Alegre. A galera alternativa, que curte de verdade a pioneira banda do punk nacional, não deixa de comparecer, tanto que se veem os mesmos malucos por lá ano após ano – eu, inclusive, que os vi numa mesma ocasião, em 2013.
 Porém, agora teve um porque ainda mais especial: os 30 anos do seminal “Crucificados pelo Sistema”, histórico álbum lançado por eles em 1984 e que, passando por cima de toda a precariedade típica dos punks da época, abriu portas para toda uma geração do punk nacional (e gringo!) ao mesclar a “fudência” do hardcore com outras vertentes do rock pesado, como heavy metal, grind-core, trashcore e afins, o crossover. A comemoração pelo primeiro álbum individual de uma banda de hardcore da América Latina incluiu um documentário (lançado ano passado) e shows como este com sua execução na íntegra, além do reencontro da formação antiga da banda: o irreverente João Gordo no vocal, Jabá, no baixo, e Mingau na guitarra, uma vez que o guitarrista oficial desde 1985, Jão, que tocou bateria nas gravações de “Crucificados...”, reassumiu as baquetas para essa ocasião excepcional.
João Gordo,
sempre empático com a galera.
foto: Leocádia Costa
 Para completar, o show de abertura foi em alto nível com Os Replicantes, minha banda favorita de punk-hardocre brasileiro. Mesmo sem seu principal cabeça, Carlos Gerbase, nem o performático Wander Wildner – ambos participantes esporádicos hoje –, o grupo mandou muito bem com a rascante Julia Barth à frente. Set-list de primeira, intercalando clássicos replicantes (“África do Sul”, “Chernobil”, “Nicotina”) com outras do repertório novo – na mesma linha baixo-rock-bateria pegado e riffs inteligentes com letras idem. Mas, principalmente, a boa surpresa foi ver a própria Julia comandando o palco, numa performance de tirar o chapéu. Até me desfez a má impressão que fiquei dela do show de 30 anos d'Os Replicantes, há dois anos, quando, provavelmente intimidada com os integrantes mais velhos (Gerbase, Wander, Luciana Tomasi), mostrou-se numa postura defensiva e um tanto pedante. 
Eu vidrado no show da RDP.
foto: Leocádia Costa
Mas e o Ratos de Porão? A qualidade de sempre. Desta vez, porém, somente para tocar os “tiros curtos” de “Crucificados...”, disco que tem pouco mais de 18 minutos no original. No caso, com bis e outras coisas, foi pouco mais de meia-hora. Conforme anunciou Gordo, orgulhoso e brincalhão: “’Cês tão ligado que hoje não tem essa coisa metal, não, né?. Com essa formação é só a coisa pura, a coisa ingênua, do coração”, referindo-se à sonoridade ainda crua e bastante inspirada no punk e hardcore do final dos anos 70 e início dos 80, como Dead Kennedy's, D.R.I. e Exploited. “Morrer”, com sua memorável abertura – a bateria cavalgando rápida, guitarra e baixo na combinação 2/2 e Gordo abrindo com aquele berrado: “Um dois, três, quaaaaa...” –, incendeia de cara a plateia, que cai no pogo e não para até o fim da apresentação. “Caos”, a mais curta de todas (ridículos 15 segundos) e “Guerra Desumana” antecedem outra boa de poguear: “Agressão/Repressão”, cantada em coro no refrão. Igualmente, “Que vergonha!”, que emenda com outra clássica, “Poluição Atômica”, presente também na coletânea "Sub", primeiro registro da RDP e de vários outros grupos do punk brasileiro. 
O melhor performer
do rock nacional em ação.
foto: Leocádia Costa
Também das mais queridas da galera é “FMI”, cujo refrão simplesmente genial todos entoaram: “O FM-ê não está nem aê!”. “Só penso em matar”, com seu riff poderoso, é outra das grandes do disco e do show. “Não me Importo”, mais um hino do punk nacional (“Não me importo com o mal/ Que assola a humanidade/ E a poluição que sufoca minha cidade/ Não me importo com o papa/ Fazendo caridade/ E a corrupção me tira a liberdade”), é daqueles de sair dando botinada pra tudo que é lado. A melhor – e talvez mais conhecida do disco fora do meio alternativo –, a faixa-título, é daqueles riffs geniais, prenúncio do avanço composicional que a banda teria mais tarde, a partir de 1987, com “Cada dia Mais Sujo e Agressivo”, principalmente. Os próprios integrantes, totalmente à vontade e curtindo o momento, gostaram tanto de tocá-la (e o público de ouvir e dançar) que a repetiram logo em seguida – o que não somou 3 minutos, visto que a música tem menos de 1 e meio. Fechando com “Corrupção”, o bis trouxe “Periferia”, faixa do próprio disco que tinham se esquecido de tocar, e outras três clássicas: “Velhus Decréptus” (do “Descanse em Paz”, de 1986), “Vida Ruim” (“Não dá mais pra aguentar/ Essa vida ruim/ Essa vida de pião/ Você anda sem nenhum tostão...”), e “Realidades da Guerra” (essas duas últimas do “Sub”).
 Festa punk completa, com direito a entrada, prato principal e cereja do bolo. Leocádia Costa, que registrou em fotos e vídeo o show, e nunca tinha visto os Ratos ao vivo, saiu positivamente impressionada. Afinal, uma coisa é certa – e pouco falada –: o RDP é das grandes bandas do rock mundial e João Gordo é o melhor performer do rock brasileiro. Ponto. Que venham os Ratos de Porão novamente em 2016, que estarei lá na certa. Quem sabe, comemorando o aniversário do “Descanse em Paz”?

***
vídeo Ratos de Porão - “Só pensa em matar”



fotos e vídeo: Leocádia Costa




sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Ratos de Porão – “Brasil” (1989)




“Em ‘Brasil’ a gente fala mal do país o tempo inteiro,
desde a capa até a última música.
Esse disco marcou uma época para nós (...)
Também fizemos uma versão em inglês desse álbum,
mas ficou uma bosta.
Mas era uma bosta bem produzida (risos).”
João Gordo

“Eu comecei a perceber essa aproximação
quando ia na Galeria do Rock e via
os moleques metaleiros com camiseta do Ratos de Porão
e LP’s de hardcore debaixo do braço.
Foi nessa época que começaram
a me chamar de ‘traidor do movimento’,
coisa que só parou quando
eu assumi que sou traidor mesmo.
De movimento que é só baixaria e briga,
sou traidor mesmo.”
João Gordo


Veja bem! Lá por meados dos anos 80, mais especificamente 89, eu vinha ouvindo bastante hardcore. Eu curtia muitas bandas nacionais, mas uma em especial uma sempre me chamou a atenção: Ratos de Porão ou RDP. Para nós fãs, banda conhecida mundialmente pela sua pegada agressiva e letras de cunho político-social, isso sem contar os riffs únicos de seu guitarrista João Carlos (Jão) e a figura por muitos odiada e por outros amada de João Gordo. E é desses caras que venho falar hoje, mais especificamente sobre um álbum que fez com que meu conceito musical mudasse significativamente tanto na percepção quanto artisticamente. Trata-se de “Brasil”, LP lançado pertinentemente numa época na qual o país passava por uma fase quase que como a de hoje: crise política financeira engatinhando, numa democracia maquiada, etc.

Lançado em 1989, esse disco pra mim é sem dúvida o melhor disco da RDP, de uma época em que eles andavam extremamente entrosados e com muito assunto relevante para por pra fora. Gravado em Berlim, “Brasil” foi lançado pela gravadora Roadrunner. Nele, os caras tiraram uma sonoridade monstra. Apesar das peripécias e drogas pelo decorrer do percurso (hehehe), conseguiram dar à luz o que seria um divisor de águas e um ponto final naquela velha máxima de traidores do movimento, pois definitivamente aqueles punks escrachos da periferia cravaram de vez sua bandeira no cenário crossover mundial, abrindo a partir dali portas de extrema importância para sua carreira.

Produzido por Arris Johns, foi lançado em dois idiomas, em inglês e em português, e tendo como a cereja do bolo a mais que perfeita ilustração para essa obra assinada pelo cartunista Marcatti. Além dos já citados Gordo e Jão, Jabá, no baixo, e Spaghetti, bateria, completam a banda, que teria para as gravações a participação de David Pollack e Archi (ambos da banda Happy Hour) e Frank Preece (da Exumer) nos vocais de apoio.

“Brasil”, o disco, é o melhor Brasil tipo exportação.
****************** 

FAIXAS:

Português
  1. "Amazônia Nunca Mais" - 1:54
  2. "Retrocesso" - 1:34
  3. "Aids, Pop, Repressão" - 1:18
  4. "Lei Do Silêncio" - 2:14
  5. "S.O.S. País Falido" - 1:27
  6. "Gil Goma" - 0:43
  7. "Beber Até Morrer" - 2:19
  8. "Plano Furado II" - 1:35
  9. "Heroína Suicida" - 2:16
  10. "Crianças Sem Futuro" - 1:41
  11. "Farsa Nacionalista" - 2:30
  12. "Traidor" - 0:50
  13. "Porcos Sanguinários" - 1:51
  14. "Vida Animal" - 1:28
  15. "O Fim" - 0:59
  16. "Máquina Militar" - 1:57
  17. "Terra Do Carnaval" - 2:14
  18. "Herança" - 1:53
Inglês
1.       "Amazon Never More" - 1:54
2.       "Backwards" - 1:34
3.       "Aids, Pop, Repression" - 1:18
4.       "Law Of The Silence" - 2:14
5.       "S.O.S. Broken Country" - 1:27
6.       "Gil Coma" - 0:43
7.       "Drink' Till You Die" - 2:19
8.       "Fucked Plan II" - 1:35
9.       "Suicide Heroin" - 2:16
10.   "Children Without Future" - 1:41
11.   "Nationalist Farse" - 2:30
12.   "Traitor" - 0:50
13.   "Bloody Pigs" - 1:51
14.   "Animal Life" - 1:28
15.   "The End" - 0:59
16.   "Military Machine" - 1:57
17.   "Land Of Carnival" - 2:14
18.   "Will I Receive My Heritage?" - 1:53

******************
OUÇA O DISCO


  

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Ratos de Porão - Bar Opinião - Porto Alegre/RS (11/11/13)



foto: Lucio Agacê
Nunca tinha assistido ao Ratos de Porão ao vivo. Devia isso pra mim mesmo. Do rock nacional já tinha visto shows de quase todos que considero importantes: Titãs (Arnaldo Antunes e Nando Reis, além do Marcelo Frommer ainda vivo), Camisa de VênusParalamas do Sucesso, Fausto Fawcett, De Falla, Replicantes.Até Humberto Gassinger (sem Engenheiros do Hawaii, mas tocando músicas da banda) eu vi. Legião Urbana que fazia pouco show, ainda mais aqui no Sul, não deu pra ver (quando ia fazê-lo, Renato Russo morreu). Por isso, dos grandes do rock brasileiro faltava-me, de fato, o Ratos. Os caras que inventaram (isso mesmo: sem aspas!) o que pode ser chamado de metal-core antes de qualquer outra banda gringa; o grupo criador de discos essenciais como “Crucificados pelo Sistema”, “Descanse em Paz” e “Brasil”; os desbravadores, no Brasil, de uma malvista e desvalorizada, porém riquíssima, cena juvenil chamada punk junto com Olho Seco, Cólera, Inocentes, Garotos Podres, Lobotomia e outros; os verdadeiros cronistas suburbanos de um Brasil que insiste em ser desigual e decadente desde que eles surgiram, há mais de 30 anos, e bem antes disso; a primeira banda a levar, junto com o Sepultura, o rock nacional pro exterior a custas de muito esbravejo e porrada. Faltava o Ratos a mim.
Faltava.
Depois de mais de um ano me penalizando por não estar na cidade para assisti-los em 2012, quando estiveram em Porto Alegre depois de um bom tempo sem virem, pude, enfim, presenciar João Gordo & cia. “destruírem” o Opinião no projeto 2ª Maluca, da Rei Magro Produções. Showzasso! Gordo, muito a fim de tocar e à vontade com um público verdadeiramente amante da banda, subiu no palco com a gana de realmente fazer um grande show. Com Jão, esmerilhando na guitarra, Juninho, super bem no baixo, e Boka, sempre destruidor na bateria, não foi diferente. O show teve aproximadamente 1 hora e 10 minutos, o que, para uma banda como o RDP, que tem faixas até de 17 segundos, (como “Caos”, que tive o prazer de ouvi-los tocar: “Esse mundo é um caos/ Essa vida é um caos/ Caaaaaos!"), esse tempo todo dá pra executar um monte de coisa. E foi assim, repleto de “crássicos” que incendiaram a roda de pogo.
foto: Lucio Agacê
Eles mandaram ver com “Agressão/Repressão”, “Crianças sem Futuro”, “Aids, Pop, Repressão”, “Sentir Ódio e Nada Mais”, “Realidades da Guerra”, entre outras. Só as foda! “Mad Society”, de uma fase já “madura” dos caras e das minhas preferidas, veio num arranjo super legal junto com “Morrer”, das antigonas. “Sofrer”, das mais conhecidas, claro, enlouqueceu a galera, assim como a versão deles de “Buracos Suburbanos”, da Psykóze, outra memorável do punk rock brazuca. Teve ainda as imortais “Crucificados pelo Sistema” e “Beber até Morrer” - música que, há 25 anos, nos faz pensar se não é, de fato, esta a solução num país, à época da composição, de Plano Cruzado e inflação galopante e, hoje, de Bolsa Família e Mensalão... 
Mas pra pirar mesmo o público de fé que foi lá naquela noite do dia mais chuvoso na cidade em um século (!), o Ratos presenteou-nos com uma execução do clássico do rock gaúcho (quando este ainda era bom pra caralho): “O Dotadão Deve Morrer", d’Os Cascavelletes. Ao seu estilo, tal como gravaram em 1995 no álbum “Feijoada Acidente - Brasil”, ou seja, menos rockabilly e mais hardcore, a banda fez o Opinião vir abaixo, ainda mais no refrão, entoado por toda a plateia - inclusive este que vos fala. Gordo cantava: “Hey, rapazes/ Esse cara deve morrer”, e nós respondíamos em coro: “Deve morrer, deve morrer, deve morrer!”. De arrepiar!
Pra fechar, outro clássico cantado por todos: “FMI” (“O FM’ê’ não está nem a’ê’...”). Como se não bastasse a felicidade de minha realização de, finalmente, assistir ao RDP ao vivo, ainda pude fazê-lo ao lado de meu primo-brother e colaborador deste blog, Lucio Agacê, justamente quem, em meados dos anos 80, mostrou pra mim esta que é, certamente, a maior banda brasileira em atividade hoje. E será que não foi sempre?



fotos: Lucio Agacê


terça-feira, 2 de julho de 2013

"Ataque Sonoro" - Vários (1985)


A capa da coletânea em destaque, no alto
e, abaixo a foto da contracapa do LP,
velhinho, remendado,
rabiscado, mas guerreiro.
"Tudo aconteceu na manisfetação
O povo protestava contra exploração
Diziam em voz alta "abaixo a repressão"
Num coro organizado diziam os explorados"
"Reprecaos", Vírus 27


Já que estamos vivendo em uma época onde a livre expressão e manifestação popular estão em alta, resolvi escrever sobre esse disco na sessão ÁLBUNS FUNDAMENTAIS do clyblog.
Conheci boa parte das musicas contidas nessa pérola exatamente no ano de 1987 quando ingressei em uma escola profissionalizante e aquele foi provavelmente o dia em que o menino virou um revoLUCIOnário! 
Por problemas respiratórios não podia jogar bola, então, normalmente ficava responsável pelo som nas festas, jogos ou torneios de skate, tendo sido assim apresentado ao universo PUNK.
O "Ataque Sonoro" é uma compilação que reúne grandes nomes do movimento punk brasuca: RxDxP, Cólera, Lobotomia, Expermogramix, Armagedom,Vírus 27, Garotos Podres, Auschwitz, Desordeiros e Grinders.
Lançado originalmente no ano de 1985 pelo selo Ataque Frontal, na minha humilde opinião foi o primeiro registro oficial de boa qualidade do movimento punk.
Vale conferir.
*******************************************
FAIXAS:
lado A
  1. "Reprecaos" (Vírus 27)
  2. "Condenado" (Ratos de Porão)
  3. "Anarquia" (Garotos Podres)
  4. "Trabalhadores Brasileiros" (Espermogramix)
  5. "Ignorância Cega" (Auschwitz)
  6. "Progresso" (Desordeiros)
  7. "Rebeldes" (Cólera)
  8. "Skate Gralha" (Grinders)
  9. "Super Projetos" (Armagedom)
  10. "Faces da Morte" (Lobotomia)

lado B
  1. "Lobotomia" (Lobotomia)
  2. "Cérebros Atômicos" (Ratos de Porão)
  3. "Mortos de Fome" (Armagedom)
  4. "Bombas" (Espermogramix)
  5. "Eu Não Sei o que Quero" (Garotos Podres)
  6. "Corrupção!" (Auschwitz)
  7. "Vira-latas" (Cólera)
  8. "Como é que Pode" (Grinders)
  9. "Capitalismo" (Vírus 27)
  10. "Holocausto" (Desordeiros)

**************************************
Ouvir:
Ataque Sonoro

quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Sub" - Vários (1983)


"O Mundo vai acabar"
da letra de “Terceira Guerra”
do Fogo Cruzado


Vale coletânea?
Vale, ué!
Quem falou que não pode ter álbum com ias de um artista aqui nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS? Já teve ao vivo, compacto, EP, por que não poderia ter coletânea?
Até porque a seleção em questão é extremamente significativa para o seu segmento em particular. Falo do disco “Sub” , uma compilação de bandas punk nacionais do início dos anos 80, que junto com outra coletânea, “Grito Suburbano”, que podem ser consideradas de certa forma a síntese do punk paulista, que a rigor foi o berço do movimento no Brasil. Embora haja controvérsias quanto ao fato de Brasília ter dado início à tendência, com certeza a região operária de São Paulo, o ABC, com suas características de proletariado industrial, conjuntos habitacionais, até mesmo as lutas sindicais foram decisivas para a formação mais efetiva, ativa e característica do movimento punk brasileiro na periferia de São Paulo, como cantaria Gilberto Gil na sua "Punk da Periferia", ao passo que em Brasília a atitude ficava por conta de uma outra faixa social intermediária, composta por filhinhos de papai, de diplomatas ou  às vezes até mesmo por filhos de militares. Ou seja, a de São Paulo era mais autêntica, mais verdadeira, mais sincera e honesta.
E é isso que vemos no “Sub”. Aquele grito juvenil indignado, muitas vezes ingênuo, clamando por justiça social, por igualdade, por paz mundial em tempos de Guerra-Fria e ameaças nucleares, denunciando a fome, o desemprego, o racismo, o preconceito e o regime militar que àquelas alturas já estava no final e bem mais fácil de ser contestado em plena Abertura.
As músicas? Tosquice pura! Faixas curtas, muito barulho, limitação de recursos de gravação e absoluta falta de qualidade técnica dos músicos. As letras por sua vez, agressivas, raivosas, rebeldes, muitas vezes, demonstram extrema inocência até, com conceitos e idéias um tanto pueris (“O homem ingênuo sobe na vida
sem nada saber de sua burguesia”
), e não raro, deixando transparecer a extrema pobreza gramatical dos compositores que incorriam em erros de português clamorosos ( “a noite escureceu, o dia esclareceu” ou “eu vi a barca atravessando a avenida pareciam deguladores” ). Sem falar que muitas vezes os versos ficavam quase incompreensíveis dada a rapidez da música ou da pronúncia do vocalista.
A coletânea conta com quatro bandas: dois dos nomes mais importantes da cena punk brasileira, Cólera e Ratos de Porão, nessa época ainda sem o emblemático João Gordo, e os outros dois menos conhecidos do grande público, Fogo Cruzado e o Psykóze, que não ficam devendo em nada aos consagrados e por vezes roubam a cena com músicas até mais interessantes e mais bem elaboradas.
Destaques para “Vida Ruim” dos Ratos de Porão; do Cólera “Quanto Vale a Liberdade?” vale a indicação, e a que leva o ‘doloroso’ título “X.O.T.”, abreviação absurda de “Xantagem Ocasional Tramada” mesmo com seu erro grotesco de português; “Terceira Guerra Mundial” e “Buracos Suburbanos” são as melhores do Psykóze na minha opinião; e do Fogo Cruzado, os meus preferidos da coletânea, destaco “Delinqüentes”, “Inimizade” e “Terceira Guerra” com sua ‘bombinha’ caindo no final pra destruir tudo e finalizar o disco.
Lembro que o meu primo Lucio Agacê me apresentou isso empolgado na época que estava descobrindo essas coisas, o punk rock, o hardcore. Me mostrou brasileiros como o Vírus 27, o Olho Seco o Hysteria Oi, estrangeiros como o Exploited, Kennedy's , G.B.H. mas não curti muito de início. Estava mais voltado pro som dark dos anos 80  e  não dei muita atenção. Fui dar valor mesmo anos depois quando entendi que na verdade, punk, pós-punk, gótico, era tudo uma continuidade e muito do que eu ouvia era resultado do que os punks haviam desenvolvido. Aí saí à cata de coisas que eu não havia dado a devida atenção em outro momento e numa dessas topei com o “Sub” por aí e não tive nem dúvida: tinha que ser meu.
Entre tantas outras contribuições musicais na minha vida e nossas colaborações na época da nossa banda, devo ao Lucio essa iniciação ao som punk. Sem ele não teria conhecido esse universo e neste caso específico, o “Sub”, bola da vez aqui nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS.
Valeu por mais essa, Lucio!
**********************************

FAIXAS:
  1. "Parasita" (Ratos de Porão) - 01:11
  2. "Vida Ruim" (Ratos de Porão) - 01:32
  3. "Poluição Atômica" (Ratos de Porão) - 01:08
  4. "X.O.T." (Cólera) - 01:38
  5. "Bloqueio Mental" (Cólera) - 01:36
  6. "Quanto Vale a Liberdade?" (Cólera) - 02:18
  7. "Terceira Guerra Mundial" (Psykóze) - 01:42
  8. "Buracos Suburbanos" (Psykóze) - 01:33
  9. "Fim do Mundo" (Psykóze) - 00:55
  10. "Desemprego" (Fogo Cruzado) - 01:49
  11. "União entre Punks do Brasil" (Fogo Cruzado) - 01:23
  12. "Delinqüentes" (Fogo Cruzado) - 01:09
  13. "Não Podemos Falar" (Ratos de Porão) - 00:51
  14. "Realidades da Guerra" (Ratos de Porão) - 00:50
  15. "Porquê?" (Ratos de Porão) - 01:04
  16. "Histeria" (Cólera) - 01:11
  17. "Zero Zero" (Cólera) - 01:27
  18. "Sub-Ratos" (Cólera) - 01:13
  19. "Vítimas da Guerra" (Psykóze) - 00:54
  20. "Alienação do Homem" (Psykóze) - 00:53
  21. "Desilusão" (Psykóze) - 01:02
  22. "Inimizade" (Fogo Cruzado) - 01:17
  23. "Punk Inglês" (Fogo Cruzado) - 01:45
  24. "Terceira Guerra" (Fogo Cruzado) - 01:38
************************************************
Ouça:


por Cly Reis
para meu primo Lucio Agacê