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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

"Na Vertical", de Alain Guiraudie (2016)


Ousado. Muito ousado, mas ao mesmo tempo muito natural. “Na Vertical”, é um grande destaque para você que procura algo que vá te instigar, te tirar da zona do conforto, fazer pensar na natureza humana.
Leo (Damien Bonnard) é um cineasta que está à procura de um lobo no sul da França. Durante uma excursão, ele conhece e é seduzido por Marie, uma pastora de espírito livre e dinâmico. Nove meses depois, ela dá à luz um filho. Sofrendo de depressão pós-parto e sem fé em Leo que vai e vem sem aviso, Marie abandona os dois. Leo encontra-se então sozinho com um bebê para cuidar. Não é fácil mas no fundo ele adora.
Tem que ir conhecendo o filme. Faça uma pesquisa, leia algo ou talvez tente conhecer seu diretor. Temos uma obra que foge um pouco do convencional pela forma um tanto maluca como funciona sua narrativa. O longa tem momentos bem pé no chão mas outros que são bem doidos, como é o caso de toda sequência da terapia de Leo, ou da visita do homem exigindo a entrega do seu roteiro que foi um momento bem difícil de entender no filme, e por esses coisas assim é que "Na Vertical" torna-se uma obra um tanto confusa.
Por mais complicado, o relacionamento
desses dois é muito bonito.
O filme e muito cru e exibicionista ao falar de sexualidade, tendo closes em genitais, nu frontal masculino e feminino, cenas de sexo, inclusive uma entre homens, o que pode incomodar alguns espectadores mas, se acontecer, é o caso de se rever alguns conceitos. Não há vergonha em mostrar a natureza humana. Se a história pode parecer bem bagunçada, esse aspecto natural da obra compensa e a torna interessantíssima.
Ao tratar da natureza humana, não poderia faltar o nascimento e a morte. “Na Vertical” tem duas cenas muitos intensas: uma de um parto e se você tem problemas com sangue ou nunca viu um parto natural antes,é bom se preparar; e a cena da morte, que também pode ser algo muito forte para muitos. Mas são momentos que tiram o filme da mesmice e em que ele mostra realmente sobre o que quer falar.
Se só a casca de um roteirista com problemas criativos em busca de se autoconhecimento ou um pai solteiro tentando se virar para cuidar de seu bebê não for o suficiente para prender sua atenção, o conteúdo de interior de uma análise da natureza humana pode ser uma boa aula pra você se auto conhecer. Temos a vida, a morte, as obrigações, a sexualidade, tudo nessa obra que, além disso tudo, ainda nos dá um belo exemplo de como enfrentarmos os lobos que querem nos devorar no dia a dia.
Lembre-se erga a cabeça, sempre.

A estranha terapia de Leo.

por Vagner Rodrigues