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domingo, 7 de maio de 2017

"A Onda", de Dennis Gansel (2008)


Deixa eu me levantar, ajeitar minha postura, respirar e pronto, já posso falar. Uma obra muito bem realizada, "A Onda", além de ótimas atuações, nos coloca para pensar o quanto somos manipuláveis (você ai também). É uma crítica social que funciona como um soco.
Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais.
A única coisa  que nos distancia do filme, é o fato da sua cronologia fazer com que as coisas aconteçam rápido demais, tudo se desenvolve numa velocidade enorme para apenas uma semana, mas vamos encarar isso como uma licença poética.
Fora isso, o longa e um "tapa na cara" da sociedade. A forma clara e direta com que mostra como funciona o fascismo ou comunismo, ou dê o nome que você achar melhor é provocativa e questionadora. Aqui o professor utiliza sua influência e poder para impor suas ideias sobre a turma formada por adolescentes que ainda não tem suas ideias totalmente formadas e, portanto, ainda buscam um lugar na sociedade para se encaixar, assim acabam sendo seduzidos pelos ideais desta ONDA.
Essa liderança que a princípio parece ser boa, justa, disciplinadora, libertadora vai se tornando hegemônica, abusiva, autoritária, acabando por excluir os diferentes, ficando cada vez mais poderosa julgando invariavelmente suas ideias como sendo superiores às demais.
O filme retrata muito bem isso e o quanto maléfico esse tipo de ditadura pode ser. Ao mesmo tempo que a turma fica unida, vestem o mesmo uniforme, compartilham os mesmos gostos, até mesmo se protegem entre si, passam a se considerar superiores ao resto da escola, ou até mesmo da cidade, como é retratado na cena das pichações e na partida de polo aquático.
Uma obra cinematograficamente muito bem realizada, que consegue passar bem por todos os personagens. Mesmo com um elenco bastante numeroso, o filme não deixa de ninguém sem seu devido destaque e nada acontece por acaso. O melhor é quando termina o filme e você ainda consegue vê-lo, transportá-lo para conversas além da tela, e “A Onda” faz isso, trazendo um assunto muito delicado e importante, ainda mais no atual momento que vivemos no Brasil (e porque não no mundo), onde temos uma juventude tão descrente com figuras políticas. É necessário que professores tomem muito cuidado e percebam a importância e dificuldade do seu papel. Sim devemos lutar pelo o que acreditamos, mas não devemos subjugar os outros.
Uma imagem assustadora, e não, não estou exagerando.



Vagner Rodrigues

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