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terça-feira, 4 de abril de 2017

"A Tartaruga Vermelha", de Michael Dudok de Wit (2016)

Silêncio
por Vagner Rodrigues



Sabe aquelas fabulas de animais mágicos que você nem se importa se a história faz sentido, se pode ser real ou não, que você só embarca na história e aproveita todas sua beleza, sua doçura, sua fantasia? É muito bom entrar nesse mundo, na verdade nessa ilha, se apaixonar pelos personagens, ver que o amor pode ser gritado até mesmo no silêncio, chegando a dar vontade de sair por aí nadando com as tartarugas gigantes.
O filme conta a história de um homem perdido em uma ilha e sua luta por sobrevivência, até o encontro com uma tartaruga gigante que muda suas perspectivas.
Por se tratar de uma fábula, uma história de fantasia e  por ser extremamente colorida, “A Tartaruga Vermelha” pode até chamar atenção das crianças, mas essa não é uma animação direcionada para o público infantil, embora possa funcionar. Se tiver filhos bem pequenos, recomendo você assistir junto e ir conversando, vai ser legal. O ritmo é lento. Mesmo tendo muita ação o longa parece ser parado devido aos poucos personagens, sem falar no fato de ser um filme mudo. Sim, não há diálogos. Muitas pessoas (erradamente) não assistem a animações nem a filmes mudos, e o ritmo lento desta obra especificamente pode desestimular essas pessoas a assistirem ao longa,  mas se você se enquadra neste perfil saiba que está perdendo um grande filme.
Estamos falando de Estúdio “Ghibli” e isso já atesta a qualidade da animação. É perfeita! As cores, tudo muito claro durante o dia e cinza a noite: a movimentação dos personagens, principalmente da tartaruga; um cuidado técnico de outro mundo. Como é possível um desenho ser tão real? Como?
A qualidade visual que beira a perfeição é tão bem representada que numa cena onde a personagem, a tartaruga, então transformada em mulher, desenha uma tartaruga na areia da praia e no meio do desenho percebe que errou e o refaz, parece simples mas tal o realismo, chegou a me fazer, parar, esfregar os olhos e pensar, “Pera aí, isso  um desenho? Isso não é real? ”.
A história narrada pelo filme, também é linda e a forma como ela contada é mais linda ainda. Uma história de amor, mas o AMOR verdadeiro. O longa, da metade para o final dá uma mudada de protagonista, mas é tão bem feito que você quase não percebe. A narrativa segue fluindo sem precisar parar. Achei isso genial, magistral.
Uma animação, que não é só um desenho, é uma obra de arte. É cinema da maneira mais pura e bela. O clima de fantasia do filme está lá o tempo todo, o longa inteiro e os sentimentos são passados de uma maneira única mesmo sem nenhuma palavra ser dita. Mesmo sem emitir uma palavra “A tartaruga Vermelha”, diz muito. Sobre o amor, sobre encontrarmos uma pessoa que nos dê a motivação para irmos em frente e buscarmos algo maior. Sobre olharmos para o nosso mundo de uma nova maneira, mesmo que a pessoa que procuramos seja diferente de nós, mas mesmo assim faça quereremos ficar com ela para sempre.
O longa é todo belo: o roteiro, a arte, a trilha.
Um verdadeiro espetáculo.





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