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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Paulinho da Viola - CentenáRIO Samba - Praça Mauá - Rio de Janeiro (06/11/2016)


Paulinho da Viola, à frente de sua banda, emocionou o público na Praça Mauá.
Sob uma brava lua crescente que teimou em se impor às turvas nuvens na noite de ontem aqui no Rio de Janeiro, nas adoráveis companhias de minha mãe e minha irmã, tive a oportunidade assistir a mais um grande show deste homem que é um dos nomes mais notáveis da música brasileira: Paulinho da Viola.
Minha mãe falava antes do show que muito do que nos levava a estarmos ali, nós três, naquele dia para assistir àquele show era nossa memória afetiva de um show que havíamos visto de Paulinho da Viola, há muitos anos atrás em Porto Alegre, e que nos marcou até hoje. Acredito que ela tivesse razão. Não que eu duvidasse do artista mas aquilo seria uma especia de confirmação. Pois tem artistas que a gente vê novamente para ter a sensação de renovação e de confirmação de que realmente a primeira não havia sido por acaso. Às vezes a segunda vez acaba desfazendo a magia como foi para mim no caso do Pearl Jam, que vi num show espetacular em Porto Alegre em 2005 e depois fez um show xoxo no Maracanã no ano passado. Também tem aqueles que frustraram, de certa forma, na primeira, como foi o caso da minha banda favorita, o The Cure, que me decepcionou no Hollywood Rock de 1996 mas que, na segunda chance, aqui no Rio, em 2014 não deixou dúvidas do porquê de minha devoção. No caso de Paulinho da Viola devo dizer que tudo se confirmou. Toda sua musicalidade, poesia, altivez, competência estavam lá de novo. Um grande show ainda que no fundo do meu coração, mantenha a sensação de que aquele, despretensioso, numa manhã de domingo em Porto Alegre, sem nenhuma grande infraestrutura de palco, cenário, iluminação nem nada, talvez pela presença do pai do cantor, o legendário violonista César Faria, tocando na banda, pelo jeito quase de "improviso"que toda a coisa tinha, pela minha descoberta do samba numa época em que minha cabeça roqueira era muito menos aberta do que hoje em dia, acredito que possivelmente continue sendo um dos melhores que eu já assisti. Mas talvez seja apenas memória afetiva.
Mas no que diz respeito à noite de domingo, Paulinho da Viola desfilou sua tradicional elegância de porte e de interpretação e com seu jeito simples e cativante emocionou o grande público presente à reformulada e hoje convidativa Praça Mauá, no centro do Rio como atração principal do evento CentenáRIO Samba, parte do Festival Villa-Lobos que acontece em diversas partes da cidade. Com uma banda competentíssima e um repertório certeiro o cantor teve a companhia das milhares de vozes lá presentes para interpretar seu grandes clássicos. A sensacional "Argumento" e sua ironia fina; a belíssima "Coração Leviano"; a exaltação ao rival "Sei lá, Mangueira" e a "retratação" com a sua comunidade, o hino "Foi um rio que passou em minha vida"; "Pecado Capital", tema inesquecível da novela que levava o mesmo nome; "Dança da Solidão", um dos momentos mais emocionantes da apresentação; e a apaixonada confirmação do ofício "Eu canto samba". O show teve ainda um curto mas marcante momento que foi quando Paulinho interpretou um samba de Moreira da Silva sobre um homem que via-se diante de uma partida de carteado com o Diabo, "Jogando com o Capeta" que levou o público à gargalhada e por fim a mais um estrondoso aplauso.
Ao final do show podia-se ver na plateia pessoas chorando, emocionadas com o que acabavam de presenciar, numa daquelas apresentações que pode-se definir como "de arrepiar". Ou seja, Paulinho da Viola conseguiu em pouco mais de duas horas nos proporcionou um festival de emoções: alegria, arrepio, gargalhada, euforia, nostalgia, paixão, choro, riso...
Minha filha pequena costuma chamar a lua crescente de "lua sorriso". Pois lá, naquele clima bom, naquela vibração gostosa, diante daquele espetáculo dava pra entender perfeitamente o porquê da lua estar sorrindo.

Paulinho da Viola - "Dança da Solidão"


Cly Reis



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