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sexta-feira, 29 de julho de 2016

cotidianas #452





Nada importava. Nenhuma outra conversa era mais interessante. Tudo que pudesse ser debatido naquele círculo de amigos tão heterogêneo não era relevante. Apenas um tema era digno de atenção: ele. Cenário político? Contexto econômico? Lançamentos do cinema? Último capítulo da novela? Não. Só o que importava era ele. O tema que deveria conduzir a atenção e o diálogo dos cinco, três mulheres e dois caras, era o que ele pensava e o que tinha a dizer sobre si próprio.
Ele sofreu muito com o antigo relacionamento e hoje é uma pessoa melhor. Ele se considerava um problemático e hoje encontrou paz de espírito na meditação transcendental. Ele não ganha tão bem, mas é um vencedor se encararmos sua trajetória sempre ascendente. E ainda tentou emular Woody Allen, em “Annie Hall”, e seu monólogo sobre sua relação com as mulheres serem como a de Groucho Marx com clubes: nunca me associaria com clubes que me aceitem como sócio, nunca se relacionaria profundamente com mulheres que o aceitassem por completo.
Ele jurou que estava sendo original e encantador. Jurou que arrebatava a atenção e o apreço de todos. Ledo engano. Estava apenas revelando o que era: um narcisista com problemas de autoestima.



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