Curta no Facebook

segunda-feira, 4 de julho de 2016

cotidianas #446 - A Casa dos Horrores



Aos 54 anos Arthur foi morar naquela casa. Muito ouvira falar a respeito dela, de maldições, espíritos, almas penadas e assombrações. Não deu ouvidos. Instalou-se lá. Tudo que queria era fastar-se do mundo e tentar superar a dor pela morte da esposa que tanto amara. Nunca a esqueceria. Na verdade tinha a impressão de que ela estava ainda de certa forma perto dele.
Numa das primeiras noites que passara na casa, antes de dormir, ouvira um barulho estranho em um dos quartos. Cuidadoso, lentamente caminhou até o cômodo de onde vinha o ruído estranho. Abriu a porta que, desacostumada com o uso, rangeu penosamente. Entrou no dormitório, tudo parecia em ordem, os antigos móveis da casa todos cobertos por lençóis brancos. Notou que uma das folhas da janela entreaberta deixava passar uma corrente de ar que a fazia bater. Foi até ela e fechou. Devia ser isso. Devia ser o barulho que escutara. Voltou a seu quarto, deitou na larga cama e logo adormeceu. Morreu dormindo, naquela mesma cama, aos 96 anos sem nunca entender o porquê dos horrores que falavam daquela casa.


Cly Reis

Nenhum comentário:

Postar um comentário