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segunda-feira, 8 de junho de 2015

cotidianas #373 - A Batalha de Vsär


A Batalha de Vsär, como ficou conhecida nos tempos seguintes, vinha sendo uma das mais longas, desgastantes e sangrentas daquela guerra. O batalhão via-se reduzido a pouco mais de cem homens que, além de extremamente cansados, já tinham que encarar a carência de provisões e de munição.
No meio da trincheira, mesmo entre estrondos de bombas e estampidos de tiros, o Comandante Grosvenor, absorto, ao contrário do que poderia algum dos seus comandados imaginar, não tinha o pensamento distante daquela brutal realidade. Eram poucos, estavam feridos, famintos, cansados, cada soldado economizava tiros talvez guardando a última bala para si próprio na hora exata. Além disso estavam na parte mais desfavorável da colina e ali fatalmente seriam presa fácil para o inimigo, para uma bomba de morteiro, granadas, ou mesmo para uma invasão em massa daquele devassável refúgio escavado na terra. Tais pensamentos foram interrompidos pelo mensageiro que trazendo na mão o bucal do aparelho de rádio, angustiado, desorientado e assustado, dirigiu-se ao superior:
 - Senhor, o comando pergunta se temos alguma possibilidade de alcançar a posição prevista?
Grosvenor olhou à sua volta. Homens caídos, partes amputadas, dor, morte. E ainda queriam saber se era possível algum avanço? Por outro lado... o que teriam a perder? Suas vidas, a resposta era óbvia, Mas que vidas? Já as tinham perdido desde que entraram naquela guarra imunda. Além do mais, um recuo daquele ponto, àquelas alturas, seria tão suicida quanto uma investida.
Olhou nos olhos daqueles que à sua volta esperavam por uma posição e falou em voz alta:
- Ora, que se foda! Não viemos aqui para tomar chá da tarde. Diga-lhes que vamos conquistar aquele alvo.
Viu os homens entreolharem-se estupefatos e completou:
- Quem vem comigo?
Com exceção daqueles que tratavam dos feridos, todos os que tinham alguma condição, ergueram-se aprumaram-se, pegaram suas armas.  Impávidos e destemidos, abandonaram a trincheira rumo ao inexorável destino.



Cly Reis

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