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sábado, 3 de novembro de 2012

"Avenida Paulista", de Luiz Gê - Companhia das Letras (2012)


Terminei há poucos dias a leitura da HQ “Avenida Paulista” , do arquiteto,artista, quadrinista e roteirista Luis Gê, que é uma espécie de cult dos quadrinhos nacionais. Originalmente idealizado apenas para uma publicação anual especial de uma empresa privada, por conta de sua qualidade propagada boca-a-boca e na imprensa, acabou virando objeto de desejo de fãs dos quadrinhos e colecionadores. E eis que finalmente agora, 12 anos depois de seu lançamento original, atendendo aos apelos destes curiosos, ela é publicada para o publico em geral com as devidas revisões e adaptações do autor para esta condição, agora comercial e de grande tiragem.
Luis Gê nos leva a uma admirável e inusitada viagem no tempo mostrando a formação e crescimento da cidade de São Paulo como um todo, focando mais especificamente, é claro na avenida que é uma espécie de centro nervoso da cidade, passeando por ela desde que era um caminho de tropeiros, depois uma área de chácaras de lazer de nobres paulistanos, logo uma concentração de casarões refinados e luxuosos, acompanhando a destruição de patrimônios afetivos e históricos da cidade, chegando até o crescimento descriterioso e devastador com os grandes edifícios bancários e multinacionais; e visitando possíveis futuros imagináveis e impressionantes segundo a mente do autor. Tudo isso narrado de maneira singular, surreal. poética e criativa com um roteiro notável muitíssimo bem elaborado.
A HQ peca um pouco pela quantidade excessiva de caixas de texto, alguns explicativos ou informativos, que se, por um lado, situam bem a história do lugar, contextualizam bem os momentos históricos e apresentam personagens, por outro lado quebram um pouco o ritmo do livro. Mas nada que desdoure a qualidade obra como um todo. Quadrinhos de alta qualidade, “Avenida Paulista” é História mas contada de uma maneira diferente, de uma maneira muito particular, dotada de todo o envolvimento de quem viveu aquele lugar durante toda a vida, permitindo-se, contudo, devaneios que todo o artista tem direito de deixar fluir, de deixar a mente viajar.
Deixe-se levar nessa viagem também.


Cly Reis

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