Curta no Facebook

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

"O Artista", de Michel Hazanavicius (2011)





O filme já começa avisando,
"Eu não direi uma palavra!!!".
Símbolo da resitência do
personagem em enfrentar os novos tempos

Já havia saudado aqui, sem ter mesmo visto o filme, a iniciativa da conservadora e tendenciosa (comercialmente) Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood em premiar com suas principais honrarias a um filme mudo e em preto-e-branco mas agora, mesmo com todo o atraso que já me é característico, tendo-o visto, não posso deixar de além de ratificar minha reverência, dizer que diante de tão admirável, expressiva, inspirada e notável obra, os velhos da Academia não fizeram mais que a obrigação pois não tinham mesmo como ignorá-la. “O Artista” , dirigido pelo francês Michel Hazanavicius é um daqueles filmes mais do que importantes, necessários para a vida do cinema. Uma obra que em face à utilização de seus recursos técnicos ‘superados’ é contraditoriamente oportuno e renovador. Sua disposição em simplificar o cinema repleto de efeitos especiais, de três-dês excessivos, de excesso de informação, de diálogos batidos, previsíveis e estúpidos, é uma espécie de sopro de frescor que se fazia imperioso neste momento no universo cinematográfico. Era preciso realmente se redescobrir a arte da sétima arte e, nesse sentido, sem querer ser redundante e já sendo, o filme da Hazanavicius é absolutamente artístico.
Através do ocaso de um astro do cinema mudo pela chegada dos filmes falados o diretor, utilizando-se do formato mais primitivo do cinema, levanta exatamente a questão sobre essa aceitação do moderno, do novo, não só no cinema, mas no meio artístico em geral e por que não, na vida, por outro lado não esquecendo fato de que o passado não pode e não deve simplesmente enterrado, ignorado a cada avanço tecnológico técnico, a cada modismo, que, ambos, passado e futuro, de alguma forma sempre se encontram e se completam.
Grito mudo - os sons
invadem o mundo de Valentin
Com uma narrativa brilhantemente conduzida, inteligentíssima dada a ausência de falas, o filme, repleto de de metáforas visuais, de falas (na tela) genialmente sugestivas e referências a outras obras do cinema, trata da resistência do astro George Valentin, interpretado brilhantemente pelo expressivíssimo Jean Dujardin, em aceitar a o advento do cinema falado Rejeitando-o por orgulho e vaidade, Valentin é relegado então ao esquecimento enquanto outros atores, inclusive a graciosa Peppy Miller (Bérénice Bejo), apadrinhada por ele inicialmente, são guindados à condição de estrelas do novo cinema que se afigura.
Além das atuações de Dujardin, de Bejo, do motorista Clifton (James Cromwell), da direção de arte e da espetacular fotografia em preto-e-branco, não tem como deixar de falar do gracioso cachorrinho Uggie, um show à parte de papel destacado e importante na história. E mais, a cena da escadaria cheia de simbologias e referências, Peppy dançando com o casaco, a fantástica seqüência do sonho onde os sons invadem o mundo do astro Valentin, ou a do tiro com a inversão de expectaviva com a onematopéia na tela. Tudo sensacional! 
Eu que sou um chorão assumido de cinema, tenho que admitir que neste, “O Artista”, em momento algum tive lágrimas nos olhos. Mantive, sim, foi um constante sorriso no rosto. Do início ao fim.
Simplesmente, sem palavras. 



Cly Reis


Nenhum comentário:

Postar um comentário