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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

The Rolling Stones "Let It Bleed" (1969)


“Todos precisamos de alguém
para sangrar em cima
Se você quiser
pode sangrar em mim.”

Mick Jagger - letra de "Let It Bleed"



Independente da qualidade da contribuição musical dos Beatles ao mundo da música através dos tempos, inegável e fundamental, sempre tive para mim a impressão de que os Garotos de Liverpool eram os bons moços e os Rolling Stones os maus. Ainda que os Beatles também possuam polêmicas, episódios com mulheres e tal, a conduta de Mick Jagger e companhia sempre me pareceu muito mais roqueira. Até o jeito de cantar, de vestir, da postura do palco, tudo. Talvez por tudo isso sempre tenha gostado mais dos Stones.
O próprio título deste disco já é mostra desta diferença. É dasafiador e irônico em relação ao “Let It Be” dos Beatles. Algo como, “vocês fazem isso? nós fazemos ISSO!”.
E verdadeiramente o disco é TUDO ISSO. Uma obra admirável e grandiosa quase que sem igual na história do rock.
Pra começar, abre com “Gimme Shelter” que na minha opinião é a melhor canção de rock de todos os tempos. Jagger com um vocal impetuoso, quase agressivo; os vocais femininos de arrepiar, a guitarra precisa de Richards e aquele tom apocalítico da letra fazem de “Gimme Shelter” algo mágico e superior.
“Love in Vain” que vem na seqüência é demonstração evidente de uma das influências mais fundamentais da banda, o blues, e particularmente, Robert Johnson, que imortalizou a canção. A propósito, os chatos (mas bons) irmãos Reid do Jesus and Mary Chain, chegaram a afirmar que os Stones eram apenas “a melhor banda de blues do mundo”, e quando dizem APENAS de blues, quer dizer que não consideram uma banda de rock. Mas tirando essa antipatia dos Reid, eu compreendo a afirmação, pois no fim das contas os Rolling Stones incrementaram seu rock com muito blues e deram ao blues traços mais roqueiros e fizeram isso como ninguém.
O blues se faz presente em vários momentos no disco e outros bons exemplos no disco são a ótima “Midnight Rambler”, mais agitada, forte e vibrante, e a faixa título “Let It Bleed”, mais melancólica.
O álbum fecha com a grandiosa “You Can’t Always Get What You Want” pontuada por um belíssimo coral gospel, num crescendo mejestoso que confere um final digno a uma obra fantástica como esta. Se eu até posso não ter sempre o que quero, não sei, mas a sensação que se tem ao ouvir “Let It Bleed” é de que não se precisa de mais nada.

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FAIXAS:
  1. "Gimme Shelter" – 4:32
  2. "Love in Vain" (Robert Johnson) – 4:22
  3. "Country Honk" – 3:10
  4. "Live with Me" – 3:36
  5. "Let It Bleed" – 5:34
  6. "Midnight Rambler" – 6:57
  7. "You Got the Silver" – 2:54
  8. "Monkey Man" – 4:15
  9. "You Can't Always Get What You Want" – 7:30
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Ouça:

Um comentário:

  1. Lembro desta declaração dos Reid sobre os Stones. Na época, não entendi o que eles quiseram dizer minorizando tanto os Stones, mas pela tua forma de ler as entrelinhas compreendi melhor.
    O "Let it Bleed" tem um outro fator que diferencia os Stones de qualquer outra banda e até deles mesmos depois disso: é o último disco com o Brian Jones antes do cara morrer. Baita arranjador, era ele o responsável pelas ideias de coral de "You can't...", pela guitarra wha-wha de "Gimme" ou a base de vibrafone de "Under my Tumb", do Aftermath, por exemplo. Mesmo as músicas sendo da dupla Jagger e Richards, era ele quem dava personalidade para as músicas. Coisa que, por mais que os Stones tenha continuado a ser bom e até espetacular em outros momentos posteriores, ss canções stonianas nunca mais tiveram tamanha personalidade e diferencial.
    Abç,
    Dã.

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