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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Fellini "O Adeus de Fellini", "Fellini Só Vive Duas Vezes", "3 Lugares Diferentes", "Amor Louco"e "Amanhã é Tarde"


Chegou, para mim, na semana passada uma encomenda que fiz do selo Baratos Afins de São Paulo que é o CD da banda Fellini com os álbuns "O Adeus de Fellini" e o "Fellini só vive duas vezes" juntos num 2 em 1.
Pra quem não sabe a Baratos Afins é uma gravadora independente que atuou mais intensamente nos anos 80 tendo em seu cast bandas como Mercenárias, Smack, Akira S e o próprio Fellini, além de outros nomes do underground do rock brasileiro.
O Fellini nunca foi conhecido do grande público, nunca estourou vendagens nem emplacou hits, mas gozava de um grande respeito de críticos, músicos e do pessoal alternativo desde o seu aparecimento. Lembro que a Bizz, que na época era a maior revista do segmento musical no Brasil, costumava eleger todos os anos os melhores em diversas categorias e na escolha do público dava, Titãs, Legião, Paralamas e para crítica, Fellini. Eu ficava curioso pra saber do que se tratava. Por que esta banda tinha tal simpatia dos especialistas? Só fui conhecer algum tempo depois, num especial na TVE de Porto Alegre, com trechos de um show, acho que realizado na Reitoria da UFRGS. Conheci ali gostei e fiz o processo retroativo, fui buscar os tais dos discos que a Bizz tanto elogiava e relamente não me decepcionaram.
Curiosamente o primeiro disco da banda chama-se "O Adeus de Fellini", um álbum de uma banda pretensiosa (num bom sentido), cheia de gás, ainda com respingos de punk e com bastante influência do rock inglês. Destacam-se "Funziona Senza Vapore", "Rock Europeu", a agressiva e sarcástica"Cultura" e a adorável "História do Fogo".
"Fellini só vive duas vezes", o segundo disco, gravado num mini-estúdio de 4 canais, apenas pelo núcleo da banda, o volcalista Cadão e pelo guitarrista Thomas Pappon, ainda traz esse rock inglês incorporado mas já apresenta alguma queda para o samba e para a bossa-nova, além de muitos experimentalismos, que se dão muito, em parte, por conta da limitação técnica de serem apenas os dois e uma bateria eletrônica, que ainda soa muito crua e pouco trabalhada neste disco.
"Tabu" é um poema declamado sobre uma base samba-canção, "Mãe dos Gatos" e "Socorro" e as duas "Padre Hippie" demonstram bem o experimentalismo e alguma inconseqüência do disco, que tem destaque para "Domingo de Páscoa", a melhor do disco, que também tem uma levada meio samba e traz o "trumpete-bucal" de Cadão Volpato, como ele mesmo definiu.
O resultado destas duas experiências anteriores chega preciso e afinado no terceiro álbum, "3 lugares diferentes", no qual o rock, o pop, o samba, a bassa-nova e os experimentalismos estão todos juntos mas com um produto final muito mais maduro.
Mesmo a batida eletrônica que soava crua para se fazer sambas, neste disco volta aparecer mas fica mais bem entrosada com os outros elementos e a proposta do samba/rock/bossa-nova fica maravilhosa em "Ambos Mundos", "Teu Inglês", "Lavorare Stanca" e "Rio-Bahia". As "doideiras" do disco anterior aparecem também neste mas neste, mais musicais, como em "Rosas" e "Onde o Sol se Esconde". "Massacres da Coletivização" lembra o pop-rock do primeiro disco, "Valsa de la Revolución" mistura espanhol com português com uma letra falada sobre uma base de bateria eletrônica e "Zum Zum Zum Zazoeira" com uns efeitos de bichos na introdução tem um sotaque meio nordestino e soa até meio regionalista.
Depois destes o Fellini trocou de gravadora, saiu da Baratos e foi para a Wop-Bop e lá lançou o bom disco "Amor Louco" no qual esta linguagem samba já estava bem consolidada. A ótima faixa título é doce e delicada, "Cidade Irmã" traz uma poesia urbana cheia de imagens e "Kandinsky Song" é arrebatadora.
Soube que o Fellini tentou ainda mais uma experiência posterior, com o álbum "Amanhã é Tarde", mas que não teria sido muito bem sucedida. Este eu não ouvi e não posso opinar, mas dos que conheço posso dizer que entendo perfeitamente porque a crítica tomava aquele rumo diferente da opinião geral, mesmo diante de álbuns como o "Dois" do Legião e o "Cabeça Dinossauro" dos Titãs, dos quais o ótimo "3 lugares diferentes", por exemplo, é contemporâneo.
Pra quem quiser dar uma conferida, abaixo links de dois trabalhos da banda: "O Adeus de Fellini" e "3 lugares diferentes".

















Ouça:
O Adeus de Fellini
Três Lugares Diferentes

2 comentários:

  1. Eu ouvi o Amanhã É Tarde e achei ele legalzinho

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    Respostas
    1. Eu até hoje não ouvi, Matheus. Não me passou pela frente e também não procurei. Mas imagino que mesmo não se igualando ao3 Lugares, deva ser melhor que a maioria das coisas que se ouve por aí.
      Obrigado pelo comentário e apareça sempre.

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