Curta no Facebook

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Os Causo de Dois Morro - "Por um tantinho assim"




Hamilton? Massa?
Cês acha qui aquilo foi corrida disputada? Qui aquilo foi final emocionativo?
Hmmff!!! Aquilo num foi, é, nada!
Carrera braba mesmo, com finarzinho de mareá os olho até de domador de touro chucro, foi a que se deu-se em 1849 em Dois Morro.
Naqueles tempo não tinha auto de motor ainda, entonce que a corrida era de carroça mesmo. Era cousa mui concorrida esse páreo e vinha gente do mundo intero pra ver o Grande Prêmio de Dois Morro. Vinha também gente das estranja pra corrê: vinha índio das Ulropa, das Constantinopla, das Pérsia, de Esparta e tudo mais quanto é lugar. Mas os nêgo bão mesmo era um tar de Luiz Amílton, que tinha um potro lindo que puxava a carroça, meio cinzentado que ele batizô Flecha de Prata, e um otro, um colono que chamavam de Felipe “Macarrão”, que tinha esse pelido por adorá um bom prato de massa com guizado. Esse aí tinha uma carroça vermelha, vistosa e um tordilho preto que puxava ela que ele chamava de Ferrado.
O causo é que o tar de Amílton tinha ganhado uma corrida a mais que o Macarrão e por causa disso podia até perdê que mesmo assim ganhava o prêmio, qui era um boi, ofrecimento generoso do Coronézinho . Isso porcausdeque tinha chegado uma vez a mais em segundo, e entonces que o Macarrão, que era mui querido das gente da cidade, tinha que ganhá e o Amílton completá só pra mais de tercêro. Em quátrimo, cínquimo... Qualqué cousa, só num podia ganhá nem sê segundo, nem tercêro.
Pois entonce que começô o troço e o Macarrão num tardô em sartá pra diante. O Flecha de Prata saiu meio que manquitolando mas mesmo assim fico em segundo.
Eles seguiro assim por umas 150 vorta (a corrida ia tê 165) até que começou uma chuvarada. Mais, meu Deus, um toró que tu não faizidéia! Aí, qui como os pangaré começaro a atolá, tivero que ir pras baia trocá as ferradura.
Foi aquele alvorolço: toda a peonada, moiada feito uns pinto, se apurando pra trocá os casco e dá água pros bicho.
E voltaro pra cancha. A peonada do Macarrão foi mais ligera e ele vortô inda na frente. O Amílton vortô atráis e ainda com o tar de Sebastião no cangote dele.
A corrida, foi, foi, até qui chegô a úrtima vorta. O tar do Luiz Amílton já tava atráis, com o tordilho dele rengueando e a água batendo forte, a ainda pra piorá o Sabastião, com seu pangaré meio avermeiado que levava o nome de Toro Encarnado, foi passando. Botô as fuça, botô meio-corpo, corpo intero e tava na frente dele. O Amílton tava em muitíssimo atrais e não ia ganhá mais de jeito manera.
O Macarrão tava mais forgado que peido em bombacha, lá na diantera quando aconteceu o acontecido: na reta derradêra um dos pangaré tropicô e os otro tudo foi junto. Foi aquela misturança de perna de cavalo pra tudo que era lado. Os que vinha traís caía junto. E era lama, bicho caído, carroça quebrada e nisso o Macarrão já tinha cruzado a faxa de ganhador. As gente, tudo encostada na cerca tava numa faceirice igual a piá qui levanta a saia de guria, quando o Amílton apareceu no início do retão só com um pangaré rengo na frente dele e do Sebastião, que já tinha passado ele antes. O potrinho esse, fraquinho que tava, não agüentava nem puxar mais a corroça, até qui o Sebastião foi passando, o Amílton passando, os dois passáro e o potrinho caiu sem força. Agora era só o Amílton comemorá! Não... não era. E não é que o Amílton me tropeça num otro qui tava caído? A claque que tava acabrunhada se ouriçô dinovo. Mas a pista tava mas encharcada que cuêro de nenê mijão e no caí no chão, o Amílton foi deslizando, deslizando, até que parô na berinha da linha de chegada. O povo vibrô di novo achando que não tinha dado pra ele. Mas aí o Intendente Geral que ia dá o aceno de lenço pro ganhador, desceu do palanque foi até a cancha e viu que a crina do bicho tinha passado da linha. E pronto: o Amílton chegou em tercêro por causa da crina do bicho.
O dia foi de muita tristeza pra gringaiada que queria vê o Macarrão ganhá. O Luiz Amílton comemorô feito lôco e carneou o boi qui ganhô pra fazer uma churrascada pros seus.
O Macarrão ficou sorumbático uns dia, mas logo se recompôs e depois ganhô muitas e muitas otras temporada.
Foi a carrera mais impressionante que teve em Dois Morro e em qualqué lugar do mundo, podetêcerteza.
Por uma crina de cavalo!


postado por Chico Lorotta

Nenhum comentário:

Postar um comentário